Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Desde Amato, em 1989, elite demoniza nome à esquerda






Toma cá, dá lá: indenização de R$ 1 milhão paga por Aécio pelo aeroporto na fazenda do tio, Múcio Tolentino, é o dobro do que o parente deve à justiça, que cobra ressarcimento da pista original feita ali em 1983 pelo então governador Tancredo Neves
 
Fazenda do aeroporto de Aécio abrigava 80 trabalhadores em regime análogo à escravidão, resgatados por equipe do Ministério do Trabalho em 2009 (site Entrefatos)


Regime de trabalho análogo à escravidão predominava na destilaria de cachaça Alpha, pertencente à fazenda onde Aécio construiu um aeroporto familiar com dinheiro público (site Entrefatos)


O pigmeu moral: Israel já matou mais de 800 pessoas em Gaza; bombardeio atinge escola lotada de refugiados, mata 15 e fere 200

De 187 nações, apenas 18 subiram no IDH em 2013, o Brasil foi uma delas: ONU destaca o salto do país na inclusão dos 40% mais pobres, avanço das cotas no ensino, Bolsa Família, formalização do trabalho e políticas anticíclicas na crise mundial
 Política de valorização do salário mínimo eleva os pisos de todas as categorias: em 2013, o aumento médio dos salários foi de 1,25%, mas os pisos profissionais subiram 2,8% , em linha com os 2,6% do mínimo.

Fonte: site carta maior.



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Rejeitar um candidato de esquerda acima de todas as coisas é um dogma para a elite financeira e empresarial brasileira; em 1989, na primeira eleição direta após o regime militar, então presidente da Fiesp Mario Amato produziu a pérola de que se Lula fosse eleito, 800 mil empresários sairiam do País com destino a Miami; o que hoje é folclore, ali se levou a sério; mais tarde, em 2002, primeira vitória do petista teve campanha cercada por previsões catastrofistas jamais realizadas; pelo banco Goldman Sachs, economista Daniel Tenengauzer chegou a criar um 'lulômetro' para equiparar disparada do dólar ao crescimento do PT nas pesquisas; agora, banco Santander assusta clientes ricos sobre perdas com a reeleição de Dilma Rousseff; desculpas não escondem repetição do mantra de cada quatro anos: o fim do mundo vem aí

247 – O relatório destinado a clientes ricos, produzido pelos analistas do banco Santander, no qual projetam perdas financeiras diante de uma escalada da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais é típico. O pedido de desculpas feito logo a seguir à divulgação da peça não esconde o fato de que sempre, entra e sai eleição para presidente, tanto o mercado financeiro quanto os empresários de maior visibilidade procuram, acima de todas as coisas, temer, rejeitar e demonizar os candidatos de esquerda à Presidência da República.

Como quem tem chances reais de vencer, desde 1989, são os candidatos do PT – com Lula cinco vezes candidato, e Dilma Rousseff desenvolvendo agora sua segunda campanha -, o nome do partido e a própria legenda acabando sofrendo a pressão.

Hoje é folclore, virou piada, Mas quando o então presidente da poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mario Amato, declarou que 800 mil empresários iriam embora do País se Lula vencesse as eleições de 1989, a frase foi levada muito a sério. Foi estampada na primeira página de jornais como a Folha e o Estado, repercutiu em programas de televisão e veio acompanhada de teses sobre a incapacidade de governança do PT e intenções de intervir em empresas e no mercado financeiro que, por fim, foram praticadas pelo vitorioso Fernando Collor.

A demonização a Lula, no entanto, prosseguiu em todas as campanhas nacionais disputadas pelo ex-presidente, inclusive as que ele ganhou. Em 2002, a missão de superar o tucano José Serra incluía, também, superar uma impressionante série de rumores, boatos e fofocas que apontavam para um estouro nas contas públicas no caso da vitória do ex-metalúrgico. Com a chancela do banco americano Goldman Sachs, o economista Daniel Tenengauzer ganhou seus quinze minutos de fama ao criar o que chamou de "lulômetro". Consistia em medir o nível da disparada da cotação do dólar sobre o real de acordo com o crescimento que Lula apresentava nas pesquisas. Assim, quanto mais o futuro presidente avançava, mas o "lulômetro" apurava que se chegava mais perto do fim do mundo cambial. O real seria pulverizado.

O que se viu, no entanto, desde o primeiro do mandato de Lula foi a normalização de todos os grandes indicadores da economia e, em seguida, o "espetáculo do crescimento" que deu ao presidente uma reeleição tranquila.

Agora, ao completar 12 anos sem representantes de seu campo político-ideológico no poder central, setores do sistema financeiro e da classe empresarial voltam a dar as mãos para rezar o mantra do medo da esquerda acima de todas as coisas.

Nesta sexta-feira 25, a divulgação do relatório do Santander a seus clientes de alta renda trouxe à luz do dia o que está correndo solto nos bastidores das mesas de investimentos e dos encontros entre grandes barões da indústria. Apesar de os três governos sucessivos dos presidente de esquerda terem preservado todos os princípios da economia de mercado, acrescentando o dado do aumento do mercado consumidor como um ponto que deveria ser atribuído a seu favor, seus representantes continua a ser atacados. Das mais diferentes maneiras. Desta vez, foi um relatório sem base técnica seguido de pedido de desculpas. Aguarda-se para ver o nível da próxima provocação.

Mino: quantos palestinos Israel quer eliminar ? “Louvo a iniciativa da chancelaria brasileira: chama às falas o embaixador israelense e de volta ao País o embaixador brasileiro em Tel-Aviv”.


Quem é o anão e quem é o gigante ?
O Conversa Afiada reproduz editorial de Mino Carta, extraído da Carta Capital:

O silêncio oportunista


Por que, para a paz mundial, a derrubada do avião malaio é muito menos ameaçadora do que a invasão de Gaza

por Mino Carta

Não pergunto aos meus botões em que mundo vivemos, temo a resposta. A crise mundial dispensa maiores apresentações. Moral e intelectual antes que econômica, embora esta confirme aquelas precedentes. Por que a humanidade rendeu-se à religião do deus mercado? Por que aceitou passivamente as leis de uma fé que aproveita a poucos e infelicita os demais?

Às vezes me colhe a sinistra sensação de que já começou uma nova, peculiar Idade Média. O mundo, seduzido pelo chamado avanço tecnológico, vítima de uma globalização dos interesses da minoria, distanciados os homens uns dos outros não somente pelo crescente desequilíbrio social, mas também pela versatilidade da mirabolante internet, não se apercebem do eclipse dos valores e dos princípios, e da ausência de poetas e pensadores.

É nesta moldura que se desenrolam os acontecimentos destes dias a agitarem a política internacional, e também se movem minhas dúvidas e perplexidades em relação aos comportamentos dos donos do poder, das chamadas opiniões públicas e dos sistemas midiáticos. No caso, a mídia nativa confirma apenas a sua insignificância, ao imitar simplesmente os exemplos chegados de fora.

Então vejamos. Por que os restos retorcidos do avião malaio derrubado no céu ucraniano ganham a primazia nas primeiras páginas e na fala sincopada dos locutores, no confronto com os mortos e a devastação na Faixa de Gaza? Não proponho um enigma. Trata-se do resultado da demonização de Putin misturada com o longo alcance do lobby judeu. De certa forma, a queda do avião veio a calhar para os senhores do mundo, sem detrimento da brutal gravidade do fato e a desolação causada pela morte de 298 semelhantes. Serviu, porém, para desviar a atenção, até onde foi possível, de algo muito mais grave para a paz global.

É no Oriente Médio que se decide o futuro do planeta, e isso é do entendimento até do mundo mineral. A questão da Ucrânia é complexa e ameaçadora, mas o império soviético, cuja presença estaria habilitada a precipitar severas complicações, ruiu há 25 anos. O Ocidente, ainda sujeito ao império norte-americano, tende a apresentar Putin como uma espécie de herdeiro tanto da URSS quanto do czar. Não é bem assim, está claro. O defeito do líder russo é sua inteligente independência, em que pesem sua prepotência e eventual ferocidade, e sem falar das preocupações geradas por seu envolvimento na criação de uma nova ordem pelos BRICS. Outra a dimensão da questão médio-oriental, para a qual reflui o efeito dos momentos mais tensos das últimas décadas.

Feridas profundas continuam a sangrar em toda a região, marcada pela progressão do fundamentalismo islâmico, por revoluções em pleno curso, pelos erros das políticas ocidentais, que aliás são seculares. E por guerras fracassadas, por revoltas malogradas, por atrocidades sem conta, por desmandos imperdoáveis. Etc. etc. No centro deste arcabouço instável, sempre à beira do desastre fatal, está Israel, Estado poderosíssimo por força própria e de quem o sustenta, a ocupar, desde o pós-Guerra, uma terra antes habitada por outro povo, conquanto também semita, há cerca de 2 mil anos.

Eu, por exemplo, não sou responsável pelo holocausto. Lamento, mesmo porque ceifou a vida de excelentes amigos dos meus pais, mas não me induz ao remorso, e tanto menos até hoje, quando a invasão da Faixa de Gaza pelas formidáveis tropas israelenses evoca a invasão do Corredor Polonês pelo exército de Hitler em 1º de setembro de 1939, estopim da Segunda Guerra Mundial. O Ocidente neoliberal diz que Tel-Aviv tem direito a se defender contra o terrorismo do Hamas. Já o Hamas sustenta estar em luta pelo resgate da terra usurpada.

Por cima das razões de cada um, a disparidade exorbitante entre as forças não pode deixar de influenciar qualquer juízo, para fortalecer a inequívoca percepção de que de um lado morrem soldados e do outro civis, e muitas crianças, em proporções absolutamente incomparáveis. Estamos diante de uma ofensa irreparável aos Direitos Humanos. Que visa Israel? Eliminar 1,8 milhão de palestinos? Dói demais, na circunstância, a falta de reação de uma porção do mundo que se pretende civilizado e democrático e, de verdade, sucumbe à soberania do dinheiro. Avulta, nesta encenação trágica, a ausência de lideranças, a falta daquele gênero de personagens que já ofereceram espaço à política e a praticaram com competência para assumir o controle da situação e ditar as regras.

Contamos com uma galeria de figuras medíocres, quando não parvas, incapazes de enfrentar a turva realidade para impor um rumo. E isso tudo nesta hora que denigre o gênero humano e denuncia a chegada da nova Idade Média. Louvo a iniciativa da chancelaria brasileira: chama às falas o embaixador israelense e de volta ao País o embaixador brasileiro em Tel-Aviv. Mas o Brasil pode e deve muito mais. Por exemplo, convocar a ONU, como sempre inerte, a condenar o massacre e mostrar às lenientes democracias ocidentais o caminho da razão.



O sub-do-sub-do-sub da Chancelaria de Bibi Netanyahu disse, em resposta à reação do Itamaraty, que o Brasil é um “anão diplomático”, “irrelevante”, portanto. O que mereceu do PiG (*) reações de orgasmo delirante.
Bibi tem a arrogância dos que levam às costas um patrão cada vez mais constrangido: os Estados Unidos.
A posição da diplomacia brasileira é irretocável: Israel é responsável, sim, pelo morticínio de crianças, velhos, mulheres e civis, inclusive em prédio da ONU, numa escalada militar “desproporcional”. Ao mesmo tempo, o Hammas não tem o direito de lançar foguetes sobre Israel e, também, matar civis – em número, porém, imensamente menor dos que morrem em Gaza. Como diz o Mino, sem o lobby de Israel nos Estados Unidos, Bibi e seu sub-do-sub valem o que John Kerry pensa e não ousou exprimir.
O Brasil não precisa pagar o preço – exorbitante – que a diplomacia americana paga para sustentar no poder de Israel extremistas da direita ultra-radical.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Talvez você seja um experimento de Popper. Talvez a Raquel de “Blade Runner”

Praça Tahrir, Egito e a Primavera Árabe
(11/2/2013)
Quando ocorreram as trágicas, (agora sabemos devido ao retrocesso e condenações à morte) jornadas da primavera árabe, fui tomada por um senso de déjà vu, confesso.
Durante minha estada na Europa, tive a oportunidade de conviver com vários ucranianos e outros imigrantes, seja em instituições de ensino ou ajuda humanitária. Perguntados sobre a vida em seu país, reportavam-me uma realidade dura e as novidades no lado da União Europeia (UE) eram consideradas a certeza de uma vida melhor. 
Já em 2012, uma pesquisa revelava que 80% dos imigrantes ucranianos eram mulheres envolvidas em trabalho doméstico, um fenômeno recente se comparado aos países da área.
As ucranianas que conheci faziam tarefas como cidadãs de “segunda classe”, ilegais. Elas estavam no centro da economia informal junto com polonesas e romenas, sejam como babás, cuidadoras ou faxineiras e outros. Muitas delas possuíam curso superior e estavam na maturidade dos seus 40 anos fazendo cursos extensivos e graduação. Questionadas, os discursos eram sempre de mandar dinheiro para família ou comprar um celular. Depois disso, voltar para o país de origem após algumas temporadas de trabalho in nero (ilegal). 
Penso (conhecendo bem) em como estas pessoas se decepcionaram com a não entrada da Ucrânia na União Europeia (UE) quando esta acenou com “tamanha benevolência”. Ali, estava a solução para anos de trabalho análogo a escravidão.
Dentro deste contexto, fica claro parte dessas forças externas que atuaram na Ucrânia sem uma visão mais amiúde de tudo que estaria em jogo.
Entretanto, devido as circunstâncias atuais, parece que os cidadãos ucranianos estão descobrindo que a União Europeia não é aquela que o marketing e a idealização inicial “contou”. Dados recentes comprovam a mudança inevitável:
TAXA DE DESEMPREGO MENORES DE 25 ANOS
Alemanha - 7,8%
Espanha - 54%
Eurozona - 23,3%
França - 22,5%
Grécia 57,7%
Itália - 43%
Portugal - 34,8%
Fonte: Eurostat - Maio/14
Essa é a realidade da UE de hoje.
Os dados acima, tornam muito compreensível que o governo ucraniano, à época inicial dos eventos, fizesse a escolha pela estabilidade russa descartando a entrada na União Europeia.
Trata-se de objetividade e realismo diante de um novo contexto. Se agrava também uma espécie de conjunção profana no encontro da esquerda e direita radicais em diversos eventos da atualidade, festejadas inclusive na arte geral. Obras digitais, a exemplo de recente exposição em Viena, reunindo várias delas sob o título de EU SOU UMA GOTA NO OCEANO [I Am a Drop in the Ocean - vídeo] e cinema, além de outras não diretamente ligadas a Ucrânia. 
"Eu sou uma Gota no Oceano"

Esse fato tem, enfim, despertado a atenção de muitos para a propagação de um determinado conceito. Dito isso, volto a uma afirmação vista em alguns jornais: a parte ocidental da Ucrânia é mais propensa a receber influências externas, além de ter menor média etária.
Os jovens são mais propensos a esse contato midiático. Talvez sejam, mas de um fascínio fugaz e pouco analítico. Os jovens vivem um desejo por realizações pessoais e embevecidos por fazer história. No entanto, o enredo se assemelha as telenovelas na sua produção, visto que os atores muitas vezes não sabem o que o autor lhes reserva, utilizando-os ao sabor da audiência e interesses momentâneos dos anunciantes.
Tal fato pode ser comparado à formação observada na Ucrânia, em um estado que se aproxima cada vez mais de ser um grande conglomerado financeiro sem regras claras para a população e instituições democráticas. Devido a isso, o país enfrenta uma longa crise onde surge a necessidade, e pré-acordada na transição, de mais empréstimos para pagar dívidas já “insolventes”, deixando de se investir no país. 
Dentro deste contexto, agentes externos aliam-se com antigas e escabrosas forças políticas ucranianas como os partidos fascistas (Svoboda e Setor Direita).
Os agentes externos aliados e esses partidos “exigem” que Estado Russo pague a conta, passivamente, dos acordos desfeitos. Mas isto não vai acontecer. Agora, não há mais espaço para opiniões ou dissidências entre todos os desiguais envolvidos, imersos num mesmo poço inesperado.
Karl Popper
Mergulhados em uma crise mortal e vida barbaresca, a Ucrânia sedimenta um modus operandi percebido já no Egito, na Líbia, etc. (salvo particularidades culturais, óbvio). Aos poucos, vai tomando corpo a teoria que muitos desconhecem e insistem em repetir mundo afora, sem perceber que sufocará o direito a manifestação e escolha chamados por muitos de democracia.
Um fator importante nos últimos acontecimentos dessa novela, que tem sido escrita em várias partes do planeta, é um filosofo nascido em 1902 em meio a efervescência cientifica do período, Karl Popper.
Para ele uma teoria só é considerada cientifica se puder ser contestada. Popper talvez não seja tão conhecido nestas sociedades, mas teve como seu discípulo o magnata George Soros. Este, junto a outros agentes mais ou menos conhecidos, leva às últimas consequências (como sociopatas, digamos) os conceitos de Popper na vida das massas.
A teoria só é cientifica se possibilita a contestação exitosa ou não. Mas como isso se aplica na Ucrânia? A resposta é Open Society Fondations (OSF).
Henri Bergson
Nome originário de um conceito do filósofo francês, estudioso da memória, o que é imensamente relevante para nosso argumento já que a memória é uma construção mental e sofre diversas influências nessa construção, entre outras, de Henri Bergson. 
A primeira fase da OSF foi como organização criada para fazer a transição comunista para um sistema de capital. A Open Society tem muitos serviços prestados com esse fim, ela pertence a Soros, “muito entusiasta dos movimentos sociais” e com muitos tentáculos em países no Oriente Médio, África e emergentes. Ao todo 60 países no mundo. Soros é também um hábil homem de negócios. Soros, tem textos onde exorta jovens ucranianos. Por volta de 07 abril de 1914 George Soros escreveu: Mantenha o Espírito do Maidan Vivo (em inglês) direcionado aos jovens da Ucrânia conclamando pessoalmente os ucranianos a contestar.
George Soros, aproveita essa sede de contestação natural que é parte da busca da identidade, inerente ao jovem e na ideia dessa “Sociedade Aberta” (Open Society) um conceito social de Karl Popper, seu mentor, onde a “resistência” é o contraditório de sua vida e ações ao discurso que faz; é maleável em diversos momentos.
Investe em várias ações para alcançar seus objetivos. Se vale de diferentes abordagens, métodos, paradigmas e muitos formadores de opinião sempre “uns jovens contestadores”, “repetidores independentes”, ligados a sua obra.
Não à toa o nome dado a esse organismo criado por Soros teve em suas duas edições, mudando o nome, mas mantendo sempre a “Open Society”: é o conceito do mestre Popper, que definiu assim a sociedade aberta:
Um lugar em que os indivíduos são confrontados com decisões pessoais.
Distanciando por fim das escolhas tradicionais e coletivas do tribal, o que seria uma evolução natural, segundo ele.
Voltando a Bergson, o estudioso da memória, podemos encontrar a conclusão que definem as ações de cidadãos ucranianos (ou não pelo mundo das manifestações) simples, jovens e criando sociedades convulsionadas pelos agentes da tese de Popper que se regozija no túmulo.
O capitalismo sempre se utilizou dessas maquinações e do desconhecimento de propagação de conceitos. Soros parece negar Popper para um leitor menos atento, mas muito pelo contrário, o utiliza para um mais perspicaz observador de forma sistemática e coerente.
Quando se vir o filósofo, porém, não o identificará com sociedade aberta democrática ou capitalismo laissez-faire, mas sim com um “quadro crítico de espírito por parte do indivíduo” (nem esquerda, nem direita o que eu quero é “liberdade”?).
Ucrânia e a Praça Maidan em Kiev
Os manifestantes agem de acordo a interesses comuns, em um grupo de qualquer espécie ao utilizar um discurso de sociedade que se rebela, de forma criticar, e despreza o conceito de esquerda ou direita para aderir a só sua individualidade, e mistura diferentes ideologias. Cria-se então, uma pasta humana que serve aos aliciadores e multiplicadores de organizações como a OSF, mas não ao público.
George Soros
É uma mudança rumo ao desconhecido. Aplicado tão bem por Soros quando “reconhece a força emocional de continuar”, do que o filósofo chamou de “espírito de grupo perdido do tribalismo”, tal como se manifesta por fim, por exemplo, nos totalitarismos do século passado.
Isso que, na prática, foi a aposta no Egito e está se dando na Ucrânia, por exemplo.
Para aqueles sem nenhuma consciência de como seus anseios pessoais são usados em benefício de algumas experiências de negócios lucrativas, e de sobrevida do sistema, abrindo novos parceiros em nações que serão mais dependentes, gerar mais empréstimos e menos cooperação com parceiros próximos geográfica e culturalmente.
O sucateamento da memória de um povo é condição sem a qual, ao se crer independente e em novos movimentos “supostamente” sem lideres, sem partidos e sem fins objetivos, se repetem em alguns eventos.
Para articuladores financistas ainda é prazeroso poder olhar as teorias apreendidas na juventude sendo provadas (implementadas) arriscar em meio aos momentos de lazer com as massas, entre os negócios, a Sociedade Aberta e o seu teste sendo aplicado como teoria social em constante aperfeiçoamento ao sabor do contexto em que se aplica.
O discípulo nega e se mostra critico, mas está aplicando perfeitamente seu mestre que se sentiria homenageado. 

PS: Quando criança pensava e dizia à minha mãe que tudo que repetimos massivamente já foi pensado e disposto por algum professor em uma universidade pelo mundo.
Camille Helena Claudel
[*] Camille Helena Claudel é uma pesquisadora, historiadora e licenciada. Nascida no Brasil, estudou na Itália, Espanha e Alemanha onde trabalhou com projetos sociais e culturais. Tem diversos cursos na Itália e Brasil, além de artigos publicados em revistas voltadas a história e também de cultura italiana e brasileira. Colabora atualmente com o Jornal Rebate, redecastorphoto e sites no exterior como o Jornalistas Sem Fronteiras e Informare per Resistere. Foi militante contra a ditadura pelas diretas e movimentos dos estudantes secundaristas. Atuou nos movimentos sociais de ajuda e reabilitação de crianças de rua, imigrantes e também a pastoral carcerária, na Alemanha.