Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Cobertura do Mais Médicos em SP fortalece Padilha e explica ataques

Bananas eleitorais: torcida formada pela emissão conservadora e institutos de pesquisa afins joga bananas no campo e atiça a sociedade contra Dilma e o PT; falta responder ao jogral conservador comendo a banana e sacudindo a rede adversária

Lula dá a pista da virada: eu vou para a rua (ser cabo eleitoral de Dilma)

Choque de alimentos perde força e inflação desacelera no país

Uma breve pesquisa na internet ajuda a explicar a tempestade que se abateu sobre o pré-candidato do PT a governador de São Paulo, Alexandre Padilha. São Paulo, para quem não sabe, é um dos principais destinos dos profissionais do programa Mais Médicos, implantado pelo pré-candidato do PT durante sua gestão no Ministério da Saúde.
Vamos aos números. Até aqui, o Sudeste foi a região que mais recebeu profissionais do programa federal, com 4.170 médicos; o Nordeste ficou em segundo, com 4.147 médicos; o Sul, com 2.261; o Norte, com 1.764; o Centro-Oeste, com 893. Juntas, as regiões Sul e Sudeste receberam 6.431 dos 13.235 profissionais do Mais Médicos existentes hoje no país.
São Paulo tem 287 municípios contemplados pelo Mais Médicos, ou 44% dos seus 645 municípios. Nesse universo de pequenas e grandes cidades paulistas, a população mais carente desses lugares passa a ter, muitas vezes pela primeira vez, a presença de um médico por perto.
São Paulo, portanto, agora tem 100% da sua demanda por médicos atendida pela iniciativa do governo federal. São 2.101 médicos em 287 municípios. A atuação desses profissionais vai beneficiar 7,2 milhões de paulistas, ou quase um quarto do eleitorado do Estado – hoje com cerca de 30 milhões de eleitores.
As classes média-média e média-alta, com seus planos de saúde, acham que embromam o povão com essa história de médicos cubanos escravos. O povão está vivendo ao lado desses médicos. Devido à natureza do povo cubano, seus médicos estão se misturando à população, estão ficando conhecidos. Alguém acha que nesses locais beneficiados irão acreditar nessa história?
O povo atendido pelo Mais Médicos sabe muito bem quanto esses profissionais eram necessários nessas regiões em que médico não dava as caras, obrigando legiões de pobres coitados a se deslocarem para as regiões que dispõem de médicos, mas sofrendo durante horas com a viagem para muitas vezes conversarem com eles durante 15 minutos.
A expectativa da direita paulista é a de que exista mais classe média-média e média-alta em São Paulo do que povão sem plano de saúde e que não tinha acesso a médicos e que agora passa a ter. Tolice. Ignorância da realidade. A classe social beneficiada pelo Mais Médicos é maioria esmagadora.
Ora, mas são “só” 7 milhões de beneficiados pelo Mais Médicos em São Paulo, dirão os mais desatentos. Não é bem assim. Os 7 milhões beneficiados são os atendidos diretamente, mas essas pessoas beneficiadas têm amigos, parentes, colegas de trabalho etc. E sobre essas pessoas de seu círculo de relações sociais exercerão influência, contando do benefício.
O mesmo vale para o Brasil. Quem tenta enxergar a realidade do país através da mídia acha que todo mundo é contra o PT. Ocorre que na mídia quem fala é um contingente diminuto, quem ouve é um contingente diminuto dos brasileiros. A maioria vive em outro mundo e não é ouvida nem em pesquisas de opinião.
Padilha, portanto, ainda será muito alvejado, nesta campanha. Isso porque na hora em que o eleitorado beneficiado pelo Mais Médicos souber que o autor do programa é candidato a governar o Estado por certo irá votar nele em peso, pois o programa implantado pelo pré-candidato do PT tem uma aprovação próxima à unanimidade no país todo.
O PT tem uma candidatura forte para o governo do Estado e um adversário dessa candidatura que está se enfraquecendo e que pode se enfraquecer muito mais quando as pessoas passarem a pensar em eleição.
O cartel tucano no metrô e na CPTM sumiu da mídia para não afetar Alckmin, mas durante a campanha eleitoral o assunto vai ressurgir. Uma CPI está sendo criada no Congresso. Não vai dar para esconder dos paulistas que o sofrimento deles nos trens decorre da corrupção na compra e na reforma destes.
Alckmin não é cobrado na mídia, mas será cobrado na campanha.
Aliás, a premissa que embasa este texto vale para as eleições em todos os níveis. Hoje, só a oposição fala – através da mídia “isenta”. Mas se a campanha na TV e no rádio for bem feita, ficará difícil convencer os brasileiros a trocar a melhora de vida que vêm experimentando por catilinárias ideológicas contra Cuba ou sobre “corrupção”.

Na hora em que o brasileiro tiver que colocar seu ganha-pão e seu novo padrão de vida em jogo numa aposta eleitoral, quem conhece este povo sabe que irá votar pelo que tem na mão, não pelo que lhe prometem dar aqueles que, quando ocuparam o Poder, não deram nada, razão pela qual foram defenestrados pelos eleitores.

DOCUMENTO PROVA: STF PROTEGEU DANTAS !​ O sumiço do Inquérito 2474 teve o efeito de ​ ​esconder o “esquema criminoso” !!!​


O blogueiro Alexandre Cesar Teixeira, do valente Blog da  Megacidadania​ acessou documentos do Ministério Público que reabrem o “mensalão”do PT, porque o dos tucanos jamais será julgado !

Como disse o Lula: 80% do julgamento no STF foi político, porque o mensalão não existiu !​

​É o que o Alexandre agora demonstra inequivocamente:


No exato momento em que o ex presidente Lula declara à imprensa internacional que o julgamento do ‘mensalão’ teve “80% de decisão política e 20% jurídica”, o blog Megacidadania apresenta documento inédito no qual se comprova que Joaquim Barbosa sabia da existência do Laudo 2828 e que ele serviu de base para o ainda sigiloso inquérito 2474.

INFORMAÇÕES PRELIMINARES

No dia 06 de março de 2007 foi aberto no STF o inquérito 2474 que ficou sob a responsabilidade exclusiva de Joaquim Barbosa até o dia 01 de agosto de 2013.

Diversos blogs por toda blogosfera já divulgaram trechos deste sigiloso inquérito 2474, mas, nunca antes se teve acesso a qualquer documento oficial que tratasse publicamente do 2474. Pois agora temos. Trata-se do Voto 3946 de 20 de maio de 2013.





VOTO 3946 DE 20 DE MAIO DE 2013

Neste importante documento o MPF analisa um conflito de atribuições entre o MPF do DF e o de MG, exatamente sobre quem deva acompanhar o caso do inquérito 2474.

E neste Voto 3946 são feitas afirmações surpreendentes, a saber:

* A estrutura básica do esquema criminoso se erigiu sobre a formação de quadrilha, a corrupção, o peculato e a lavagem de dinheiro;

* O inquérito 2474 decorre do fato de a denúncia que originou a AP 470, não ter incluído outros eventos que não puderam ser, naquela altura, objeto de imputação;

* Investigação realizada pela PF encontrou elementos de prova que confirmam que empresas pertencentes ao grupo Opportunity aderiram ao esquema de Marcos Valério.

LEIA A SEGUIR TRECHOS INÉDITOS DO VOTO 3946/2013 (clique aqui para acessar a íntegra)


Clique na imagem para maior nitidez


CRONOLOGIA DEMOLIDORA COMPROVA OCULTAÇÃO DO LAUDO 2828 DA PF





CONCLUSÕES

Este Voto 3946/2013 é bem curto, são apenas 10 (dez) páginas. E nele estão registrados fatos já superados como a denúncia de Marcos Valério contra o ex presidente Lula. Porém, o surpreendente é que pela primeira vez se pode ler, em um documento oficial da própria PGR/MPF, que o Laudo 2828 foi utilizado como instrumento decisivo para fundamentar os trabalhos do sigiloso inquérito 2474. E isso derruba definitivamente o argumento de Joaquim Barbosa de que o 2474 nada tinha que ver com a AP 470.

Joaquim Barbosa como relator da AP 470 e também do inquérito 2474, sempre soube da existência do Laudo 2828 da Polícia Federal. Este Laudo 2828 ficou pronto em 20 de dezembro de 2006. E tudo confirma que, s.m.j., ao ter ciência de que o Laudo 2828 desmontava o principal argumento da acusação que é o desvio de dinheiro público do Banco do Brasil realizado por um petista, o relator encaminhou este Laudo 2828 para dentro do inquérito 2474, impedindo assim que – antes da aceitação da denúncia – as defesas e os demais ministros tivessem acesso a este vital Laudo 2828.

INSIDE JOB


O que FHC fez para (destruir) vender a Petrobrax Quero ver a CPI chamar o Barbosa da Editora Abril !


Em excelente artigo – “A direita levanta a cabeça”- na Folha (que Deus o proteja da companhia !), Ricardo Melo aponta seis indícios de um Golpe de Estado contra a Dilma.

O primeiro deles, a decisão da Ministra Weber de “decidir que a CPI tem que ser assim e assado”, independente da decisão do Senado.

Outro, a guerra contra a Petrobras. E ele pergunta:

“Onde foram parar nessa historia toda Fabio Barbosa, Claudio Haddad e Jorge Gerdau Johannpeter, expoentes do “empresariado” brasileiro que, como Dilma Rousseff e outros aprovaram o negócio ? Serão convocados a depor ou deixa pra lá ?”

Para ver “como é que a direita levanta a cabeça” e destrói o patrimônio público – uma das atividades a que se dedica quando a cabeça está de pé – vale a pena ler Claudio Puty, extraído do Blog do Miro:

A estratégia tucana contra a Petrobras



Por Claudio Puty, no site da Fundação Mauricio Grabois:

Os tucanos passaram oito anos no poder tentando, de todas as formas, privatizar a nossa maior empresa, a Petrobras, criada em 1953 na esteira da campanha nacionalista “O petróleo é nosso”. Agora, a pretexto de investigar supostas irregularidades na compra, pela estatal, de uma refinaria em Pasadena (Texas) em 2006, a oposição procura enfraquecer a imagem da empresa, uma das maiores conquistas do povo brasileiro. Essa é a principal função da CPI pedida no Senado.

A estratégia antinacional traçada pelo Estado-Maior da oposição conservadora e levada a cabo pelo ‘general’ Aécio Neves é mostrar que os governos Lula e Dilma levaram a empresa à bancarrota. Entretanto, se nos dermos ao trabalho de comparar a desastrosa gestão da Petrobras durante a gestão FHC com os resultados obtidos por ela desde 2003, constataremos que a atual campanha da oposição não passa de cortina de fumaça para uma nova investida para a privatização da estatal. Tanto que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender essa medida, numa afronta à memória de seu tio, o general Felicíssimo Cardoso, um dos líderes da campanha pela criação da Petrobras.

O fato é que as ações de FHC no poder mostram coerência do tucanato com o ideário privatista. Em 1994, ainda como ministro da Fazenda de Itamar Franco, ele manipulou a estrutura de preços dos derivados de petróleo de forma que, nos últimos seis meses que antecederam a implantação do Plano Real, a Petrobras teve aumentos de combustíveis 8% abaixo da inflação, enquanto que as distribuidoras tiveram aumentos 32% acima da inflação. Com isso, houve uma transferência do faturamento da Petrobras para o cartel das distribuidoras, cerca de US$ 3 bilhões anuais. Já como presidente, FHC pressionou a Petrobras para que ela assumisse os custos da construção do gasoduto Brasil-Bolívia, obra que beneficiava a Enron e a Repsol, donas das reservas de gás boliviano.

Ocorre que a taxa de retorno do gasoduto era 10% ao ano e o custo financeiro, 12%, mas a Petrobras foi obrigada a desviar recursos da Bacia de Campos – com taxa de retorno de 80% – para investir nesse empreendimento. A empresa também teve que assinar uma cláusula que a obrigava a pagar pelo gás boliviano mesmo que não o comprasse. Com isso, pagou por cerca de 10 milhões de metros cúbicos sem ter conseguido vendê-los.

Em 1998 o governo federal impediu a Petrobras de obter empréstimos no exterior de emitir debêntures para a obtenção de recursos para novos investimentos. Ao mesmo tempo, FHC criou o Repetro (regime aduaneiro especial), isenção fiscal às empresas estrangeiras que importam equipamentos de pesquisa e lavra de petróleo, sem a devida contrapartida para as empresas nacionais. Com isso, cinco mil empresas brasileiras fornecedoras de equipamentos para a Petrobras quebraram, provocando desemprego e perda de tecnologia nacional.

Em 2000, o então presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, levou Pelé a Nova York para o lançamento de ações da Petrobras na Bolsa de Valores de Wall Street. O governo vendeu, então, 20% do capital total da estatal e, posteriormente, mais 16%, pelo valor total de US$ 5 bilhões. No mesmo ano, os tucanos privatizaram a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) por meio de troca de ativos com a Repsol argentina, do grupo Santander, braço do Royal Scotland Bank Co. Nessa transação, a Petrobras deu ativos no valor de US$ 500 milhões e recebeu ativos no valor de US$ 500 milhões. Soma zero? Não, porque os ativos da estatal brasileira eram avaliados em US$ 2 bilhões e os que ela recebeu passaram a valer US$ 170 milhões, em razão da crise financeira da Argentina. Nada simboliza melhor esse período nefasto do que o naufrágio da plataforma P-36, com 11 mortes e prejuízos de US$ 2 bilhões.

A privatização da Petrobras foi revertida pelos governos do PT, mas agora os demo-tucanos pensam ter encontrado o pretexto ideal para colocá-la novamente na agenda. Para desespero da oposição, os números representados pela estatal são a melhor arma contra a estratégia de desmoralização. A produção média mensal de petróleo na camada de pré-sal atingiu a marca de 387 mil barris/dia, novo recorde. A estatal também bateu recorde de processamento de suas refinarias, com uma média de 2.151 mil barris de petróleo por dia. E também foi recorde a produção de diesel e gasolina com baixo teor de enxofre, com 24 milhões de barris de diesel e 14,8 milhões de barris de gasolina. Em relação ao gás natural, a Petrobras ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 100 milhões de metros cúbicos por dia (101,1 milhões).

* Claudio Puty é deputado federal (PT-PA) é vice-líder do governo no Congresso Nacional.

Democracia social X oligarquia argentária

A prostração política e ideológica nas fileiras progressistas é talvez o mais grave desafio à reeleição da Presidenta Dilma. O PT topa virar esse jogo?

por: Saul Leblon
 

O jogo de 2014: democracia social X oligarquia argentária. O PT topa?

A prostração política e ideológica nas fileiras progressistas é talvez o mais grave desafio à reeleição da Presidenta Dilma.

Sem superá-lo -- ao menos mitigá-lo-- fica difícil esperar da sociedade a compreensão mais que nunca necessária sobre o que está em jogo em outubro de 2014.

A dissipação que reduz tudo a uma grande noite dos gatos pardos é a lenha na fornalha do conservadorismo. A isso se dedica em tempo integral a emissão conservadora.

Para reagir é preciso desassombro na identificação dos problemas.

O primeiro passo é admitir os erros de avaliação estratégica na origem do desalento.

Não se trata do varejo das perdas e danos intrínsecos a um governo de coalizão, determinado pela correlação de forças existente na sociedade e no cenário internacional.

Esse ônus sempre existiu, desde que o PT optou por ser uma força eleitoralmente competitiva.

O partido, todavia, tinha –e tem— a obrigação histórica de manter viva a tensão política e ideológica decorrente das suas escolhas.

O conflito entre o respeito ao jogo institucional e o compromisso com a construção de uma democracia social no país tornou-se endógeno ao PT.

Lula personifica essa contradição que manteve viva, transparente, em seus dois governos.

A superlativa presença do seu discurso na cena política era a evidencia mais crua de uma tentativa de negociar e repactuar , diariamente quase, o equilíbrio entre os dois polos.

O que se fez nos últimos anos, em certa medida, foi a tentativa de hibernar essa tensão insolúvel nos marcos da democracia representativa brasileira.

Em vez de expressá-la, adotou-se a aposta economicista , ancorada na suposta repetição de um desempenho de indicadores convencionais semelhantes ao do ciclo Lula.

A premissa mostrou-se incompatível com a transição de ciclo em curso no capitalismo mundial, refletida internamente na anemia do investimento , da exportação, da receita fiscal e da renda.

O conjunto trouxe o conflito redistributivo --despolitizado pelo governo-- para o campo desgastante do terrorismo inflacionário, a ser combatido com juros siderais, segundo o mantra argentário.

Expectativas expansionistas imaterializáveis fizeram o resto, contratando frustrações que o conservadorismo agora se esmera em hipertrofiar, salgando o preço da luta eleitoral.

Hoje parece claro que a superação da ênfase no consumo (correta durante a crise), rumo a um novo ciclo de investimento, deveria ter sido precedida da obsessiva construção de linhas de passagem para impulsionar um salto da passividade política ao discernimento engajado nas escolhas do desenvolvimento.

Não foi feito.

A evidência mais crua dessa omissão, que deu ao conservadorismo a hegemonia narrativa do processo, foi o fato de o PT, seus principais líderes e dirigentes, ademais de o governo, terem subestimado a importância de uma regulamentação da mídia para, ao menos, criar um contraponto de pluralidade ao monólogo plutocrático.

O conjunto obriga agora o campo progressista a disputar a narrativa econômica nos termos insolúveis impostos pela emissão conservadora, a saber: descontrole inflacionário versus juros argentários.

Mais que isso.

A avalanche ofuscou o discernimento ideológico dos quadros progressistas mais avançados, rebaixando a sua percepção sobre a verdadeira natureza do embate histórico em curso no país.

O nome do jogo não é inflação versus arrocho, mas democracia social negociada versus anomia conservadora.

Ou alguém acredita que um governo Aécio Neves --ou Campos/Marina, tanto faz, teria outro lubrificante para sua receita ortodoxa que não um vergalhão de desemprego e esmagamento do poder aquisitivo do mercado de massa criado nos últimos anos?

Por força dessa omissão, o saldo desses 12 anos de conflito – objetivamente favorável à sociedade brasileira como o demonstram as estatísticas sociais-- vem sendo pulverizado entre as pás de um moinho satânico.

Interesses rentistas insaciáveis , uma coalizão conservadora desprovida de proposta defensável em palanque e uma guerra aberta midiática unem-se na determinação de sepultar, de uma vez por todas, o último obstáculo eleitoral à hegemonia absoluta dos mercados no país: o PT.

O tempo e o terreno perdidos nesse rally têm uma chance de ser parcialmente recuperados na campanha eleitoral de 2014.

Desde que se dê a ela a destinação correta que não poder ser confundida com a mera formalidade publicitária.

Trata-se de um momento condensado da luta política.

Assim entendido pode corrigir o passado com a pactuação de um futuro distinto do mero compromisso com a inércia do presente.

O divisor de águas consiste em devolver ao programa de 2014 uma dimensão crucial do desenvolvimento esmaecida nos últimos anos: a sua determinação política.

Não se pode mais atribuir à economia aquilo que compete à correlação de forças decidir.

É preciso trazer para o embate eleitoral a verdade nua e crua temida pelo conservadorismo: a repactuação negociada de um novo ciclo de investimento com a distribuição da riqueza é indissociável de um avanço da democracia.

O resto é arrocho.

E há requisitos incontornáveis para que não seja arrocho.

O principal deles é equilibrar a presença do grande capital na mídia e no sistema político.

A regulação da estrutura de comunicação audiovisual e a reforma do sistema político, subtraindo de ambos a supremacia do dinheiro sobre a pluralidade, constitui o grande requisito à retomada do investimento, do crescimento e da reordenação do futuro.

Nada disso é estranho à história do PT e à trajetória do campo progressista brasileiro.

Essa aderência –repita-se, com as contradições e conflitos que lhe são intrínsecos— precisa retomar o espaço nobre no discurso e na prática petista.

Ignorar a centralidade da democracia na campanha de 2014 pode transformá-la num gigantesco buraco negro da esperança progressista.

A democracia, como diz o historiador e ensaísta italiano Luciano Canfora, em entrevista recente no El País, não consiste no governo da maioria simplesmente por dar à contagem dos votos a sua representação política.

Ela o será na medida em que exista um Estado social diante do qual quem não detém a riqueza na sociedade, ainda assim, tem peso efetivo na vida política e instrumentos para exercê-lo.

Ainda que ziguezagueante e contraditório quem guarda coerência com essa agenda no Brasil é o campo progressista liderado pelo PT. Mas não raro empurrado por outros partidos e movimentos sociais, ademais de arguido pela crítica de intelectuais que se colocam à esquerda nesse espectro político.

A essência do conflito com o qual o PT fundiu o seu destino consiste –para emprestar mais uma vez as lições de Canfora-- em entender a democracia como um experimento político que, sem expropriar radicalmente a riqueza, assume como imperativo coloca-la a serviço da finalidade social do desenvolvimento.

Até onde essa contradição poderá evoluir nos marcos de um sistema produtor de mercadoria não é um problema meramente teórico, mas de prática política.
É também, em essência, a grande esfinge que habita a alma do PT.

Mas que ainda não o devorou.

Ao contrário.

Os últimos 12 anos deram ao partido e a seus militantes um conjunto objetivo de conquistas a defender contra a regressividade intrínseca ao projeto conservador para o Brasil.

Mas revelaram, também, desafios incontornáveis a encarar.

O principal deles é a rebelião rentista que insiste em subordinar a democracia aos seus desígnios, amputando sua capacidade de dar à riqueza uma finalidade social.

O economista Thomas Piketty, professor da Escola de economia de Paris, autor do elogiado ‘O capital no século XXI’ (leia a série de resenhas sobre o livro nesta pág), demonstra como a regressividade patrimonialista, inerente à hegemonia financeira em nosso tempo, está promovendo uma mutação na sociedade capitalista.

Ela conduz a uma desigualdade extremada, que aprofunda e perpetua as diferenças de berço, caminhando exatamente no sentido de destruir o papel social da democracia, pelo qual lutam as forças progressistas de todo o mundo. Sendo o PT uma de suas expressões relevantes.

Piketty mediu a regressão em marcha calibrada pela supremacia financeira nas últimas décadas.

Nos EUA e na Inglaterra, por exemplo, antes da Primeira Guerra Mundial, o 1% mais rico detinha 20% da renda nacional. Por volta de 1950, essa proporção cairia a menos da metade. De 1980 para cá a parcela reservada ao 1% disparou de novo.

Nos Estados Unidos ela já retornou ao ponto em que estava um século atrás.

É como se o ciclo neoliberal tivesse varrido do mapa histórico, de fato, a revolução russa e a construção do Estado do Bem Estar Social dela decorrente.

Daí para configurar aquilo que Piketty denomina como a consolidação de uma desigualdade de castas hereditárias, basta acrescentar o declínio de bandeiras republicanas como a taxação da herança e dos lucros superlativos do rentismo.

As conquistas sociais e o crescimento do emprego no Brasil nos últimos anos, na contramão da restauração neoliberal pós-crise, não excluem o país do risco de se tornar também uma correia de transmissão da perversidade hereditária --quase biológica.

A causa apontada por Piketty nas economias ricas está presente no capitalismo brasileiro.

Ganhos sempre superiores ao crescimento médio da economia, deslocam para o capital a juros –o rentismo-- fatias progressivamente mais gordas da riqueza social.

A dilatação da desigualdade daí decorrente, não sendo corrigida por políticas públicas de taxação de lucros e herança, semeia os alicerces de uma sociedade oligárquica ordenada pela posse original do patrimônio, transmitido de pai para filho.

Uma rápida comparação entre a série histórica do PIB e a evolução da taxa de juro no país (fontes: IBGE, FGV, Ministério da Fazenda e BC) mostra que no período entre 1995 e 2012, ou seja, por 17 anos, a taxa de juro real praticada no Brasil só ficou abaixo da variação do produto uma única vez, em 2010 (6,2% e 7,5%, respectivamente).

No segundo governo FHC, para um crescimento médio do PIB da ordem de 2%, a taxa de juro real ficou em 18,5%.

No segundo governo Lula, para um PIB médio de 4,5% a taxa de juro real foi da ordem de 11,7%.

Nos três primeiros anos de Dilma (2010-2013), o PIB médio foi da ordem de 2%.
A taxa de juro real foi caiu para 3,3%.

O estreitamento progressivo da diferença explica uma fatia expressiva do jogral do Brasil aos cacos recitado incansavelmente pela colunismo isento, a serviço do dinheiro grosso.

A rebelião contra a ‘Dilma intervencionista’, nesse sentido, é a rebelião da república rentista e de seus porta-vozes de orelhada ou holerite contra a redução real da Selic.

Ademais de corroer as pontes que levam a uma convergência da riqueza, o interdito preserva um confortável bunker de rentabilidade líquida para o capital a juro, imiscível com as urgências de investimento do país.

O conjunto remete à esfinge que povoa a alma do PT : o dinheiro não pode determinar o limite da democracia que, ao contrário, deve subordina-lo aos interesses da sociedade.

A palavra de ordem do conservadorismo em 2014 é deixar ao mercado o escrutínio desse conflito.

A campanha progressista, ao contrário, deve repactuar com o eleitor as linhas de passagem –que incluem sacrifícios, prazos e avanços, mas que deem à democracia a hegemonia do processo.

Foi abraçado a essa bandeira que o PT nasceu e se tornou a principal força política do país.

Deve agora reafirmar ao eleitor a sua capacidade de aprofundar esse compromisso na direção do país por mais quatro anos.

Em última instância, significa fazer do embate entre democracia social versus oligarquia argentária o grande duelo da eleição de 2014. E do futuro brasileiro.

O PT topa?

Cláusula Marlim: a partilha da Petrobras no Governo FHC. E a Globo estava lá…


 Autor: Fernando Brito
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Todo mundo já ouviu falar da tal “Cláusula Marlim”, sobre a qual se diz o diabo nestas denúncias sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras.
Mas porque ela tem este nome?

Um artigo do engenheiro Pedro Celestino Pereira, no site do Clube de Engenharia, dá pistas para entender a razão e, procurando um pouquinho, contar uma história escabrosa.
A de como pelo menos 30% do petróleo do maior campo de petróleo do Brasil até meados da década passada – uma espécie de Libra do pós-sal – foi colocado á disposição de um grupo de empresários por um acordo, sem leilão ou outra modalidade de licitação, com lucro garantido e apropriação do valor do óleo diretamente na sua comercialização, em caso de não pagamento destes ganhos.
Pelo menos 30% na maior parte do tempo,  porque havia a previsão de em 2002, a Marlim ter o direito de abocanhar até 70% de todo o petróleo de Marlim.
E era muito petróleo…

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Não são alguns pocinhos mixurucas, mas a maior reserva de petróleo do Brasil àquela época, representando quase a metade de toda a produção da bacia de Campos.
Como você lê no recorte antigo do Estadão, 410 mil barris de petróleo por dia,  que chegaram a 500 mil no auge de sua produção, e que hoje, 14 anos depois, ainda produz 200 mil barris diários, o terceiro maior campo do Brasil.

A obra foi resultado da ação de dois presidentes da Petrobras do período FHC – Joel Mendes Rennó e Henri Philippe Reichstul e de um diretor financeiro da estatal, o senhor Ronnie Vaz Moreira.
Sob a coordenação do ABN Amro Bank – dirigido por Fábio Barbosa, depois membro do Conselho Administrativo da própria Petrobras e agora CEO do Grupo Abril – um grupo de investidores reuniu-se para formar a Companhia Petrolífera Marlim e, a seguir, a Marlim Participações, um truque para permitir que o governo empurrasse para lá dois fundos de pensão, os da Petrobras (Petros) e da Vale (Valia), que a legislação impedia de participarem diretamente.

O objetivo era financiar a complementação do projeto de exploração do campo, onde a Petrobras já tinha gasto US$ 3,5 bilhões, de um total de US$ 5 bilhões previstos.
Entre os acionistas, além do ABN Amro, estavam a Sul América, o Bradesco e o JP Morgan e, claro, o BNDES, que desempenhou um papel muito importante: o de permitir que nenhum deles tirasse sequer um tostão do bolso, oferecendo um empréstimo para a integralização dos primeiros 200 milhões de dólares, a ser pago com os lucros da Marlim.

O resto foi obtido no mercado, com o lançamento de notas promissórias de médio prazo (Medium Term Notes) lançadas pela Marlim no exterior e por debêntures recompráveis e com cláusulas de garantia de lucros.

As debêntures foram compradas por grandes empresas, muitas delas beneficiárias da privatização: Vicunha Siderurgia (Benjamin Steinbruch – CSN), Machadinho Energia (associação entre a Alcoa e a Votorantim), CPFL (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa), Telemar, Finasa (família Bueno Vidigal, à época) e…

Globocabo…

A Globocabo, como se sabe, era a NET, que a Globo acabou vendendo para Carlos Slim, o dono da Claro…

Todo o negócio, que era uma forma de encobrir um endividamento da Petrobras, foi resgatado ao longo de dez anos e se constituiu uma espécie de “partilha” informal do petróleo de Marlim, do qual a Petrobras era concessionária integral e operadora.
Só que, ao contrário da partilha hoje vigente, não foi um processo público de disputa e não havia risco algum para os investidores, porque o petróleo estava penhorado em garantia dos pagamentos.

Por isso o nome Marlim passou a representar rentabilidade garantida.

O negócio era tão bom que seus dois principais operadores na Petrobras, Reichstul e Ronnie Vaz, saíram de lá, em 2002, direto para serem os chefes da Globopar, dedicados à tarefa de captar recursos para evitar a iminente falência da empresa dos Marinho, atolada em dívidas monstruosas.
Reichstul foi expelido alguns meses depois, mas Ronnie Vaz ficou como presidente da Globopar, até ser convocado por Aécio Neves para a direção financeira da Light, quando esta foi comprada pela Cemig.

Agora, trabalha para a alemã EON, cuidando de salvar do desastre a Eneva, novo nome da MPX de Eike Batista.

Agora que vai mesmo ter a CPI da Petrobras, é um tema bem adequado a ela, para estabelecer a origem da tal “Cláusula Marlim” de que tanto falam.

Será que, depois disso, o PSDB tem alguma pergunta a fazer sobre esta cláusula que, frise-se, não valeu na compra de Pasadena?

Afinal, o objetivo é investigar o que se fez na Petrobras, não é?

Então que se investigue os pais da “Marlim”.