Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Helena Chagas sai e Franklin Martins ressurge no programa Contraponto


Já contei essa história várias vezes neste Blog, mas nunca é demais repeti-la para que o leitor possa mensurar como a comunicação social do governo federal mudou (para pior) do governo Lula para o governo Dilma, apesar de este último ter tanto de bom quanto o anterior a comunicar – por certa ótica, inclusive, talvez até mais.
Em 2009, publiquei no Blog da Cidadania vídeo de uma entrevista que o então presidente Lula dera ao apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena. Foi uma excelente entrevista e muitos que não tinham visto vieram a esta página fazê-lo. Contudo, a publicação exclusivamente do vídeo criou dificuldade a alguns leitores.
No post em que o vídeo da entrevista foi publicado, leitores surdos fizeram comentários explicando que, por razões óbvias, não tinham como assistir à entrevista, necessitando, pois, da transcrição dela para poderem saber como foi.
Respondi aos leitores que não tinha como fazê-lo porque era uma entrevista longa e transcrevê-la me tomaria talvez um dia inteiro de trabalho.
No dia seguinte, recebo um telefonema surpreendente em meu celular. Do outro lado da linha, alguém da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo.
O funcionário do então ministro Franklin Martins informou-me de que o ministro lera os comentários dos surdos no meu Blog e pedira àquele que ora me ligava para me informar de que eu poderia obter a transcrição da entrevista no site da Secom, onde todas as entrevistas que os presidentes da República dão são transcritas e disponibilizadas ao público.
Eis, aí, a maior prova da diferença gritante entre a Secom de Lula e a de Dilma. O ministro da pasta não apenas lia os posts deste e de outros blogs; lia, também, os comentários.
A Secom, naquele tempo, aproximou-se dos diversos grupos que travavam na internet a guerra de informação contra a artilharia oposicionista da grande mídia. Tanto que, em novembro de 2010, pouco antes de deixar o cargo, o ex-presidente concedeu a primeira entrevista de um chefe de Estado brasileiro a blogueiros.
Detalhe: em pleno Palácio do Planalto.
A mídia foi à loucura. O jornal O Globo, por exemplo, dedicou uma página inteira para desancar a iniciativa do governo e, obviamente, este blogueiro e outros que entrevistaram o presidente.
Confira, abaixo, matéria da Folha de São Paulo sobre a entrevista de Lula a blogueiros em 24 de novembro de 2010. Em seguida, assista à pergunta deste blogueiro ao ex-presidente.
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FOLHA DE SÃO PAULO
25 de novembro de 2010
Presidente diz que mídia praticou “leviandades” e “inverdades” contra ele e diz que vai virar blogueiro

Dos 10 blogs escolhidos para sabatina, 8 apoiam governo; petista critica Serra por agressão na eleição, e tucano revida
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
Na primeira entrevista já concedida a um grupo de blogueiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os entrevistadores se uniram nas críticas à grande imprensa.
Dez blogueiros autoclassificados “progressistas” participaram da entrevista, de duas horas, na manhã de ontem no Palácio do Planalto.
Um dos blogueiros, Altamiro Borges, é filiado ao PC do B. Outro, conhecido como “Sr. Cloaca” [ele não revela o nome], é assessor de imprensa de político do PT no Rio Grande do Sul, cujo nome também não revelou.
O blog Amigos do Presidente Lula, que não estava na lista divulgada pelo Planalto, também participou. O Planalto disse que o blog não entrou na lista por “erro”.
Dos 10 sites, 8 têm como linha a defesa do governo Lula e se alinharam, na eleição, à candidatura de Dilma Rousseff, reproduzindo uma série de ataques ao candidato do PSDB, José Serra. Os outros têm uma linha mais neutra.
O blogueiro Eduardo Guimarães, fundador do Movimento dos Sem Mídia, que já fez protestos em frente à Folha, citou a sigla “PIG”. Coube ao secretário de imprensa do Planalto, Nelson Breve, traduzi-la a Lula: “PIG é o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista”.
Ao lado do ministro Franklin Martins (Comunicação Social), Lula voltou a afirmar que não lê jornais e revistas, mas que, quando sair da Presidência, vai “reler tudo”.
“Eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito, quantas coisas que não foram ditas.”
Ainda sobre a relação com a imprensa, disse que “o jogo não é fácil”. “Sobretudo quando você não quer se curvar.” Afirmou que órgãos de imprensa se assustaram com sua popularidade “pois trabalharam o tempo inteiro para não acontecer isso”.
Para Lula, que prometeu virar “blogueiro e tuiteiro”, “não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada”.
O presidente voltou a defender uma regulação da mídia, mas rechaçou a ideia de censura. Ele quer entregar ao menos um esboço de marco regulatório para o setor.
Lula ainda disse que o pior momento vivido em seu governo foi o dia do acidente da TAM, em São Paulo, que deixou 199 mortos. “Nunca vi tanta leviandade”, disse, sobre a cobertura da mídia.
Afirmou que sentiu “alívio” ao descobrir que não houve falha do governo e que o acidente tinha sido provocado, essencialmente, por erro humano. “Foi uma sensação de alívio por ter descoberto a verdade.”
SERRA
Lula também retomou o episódio da agressão a Serra por militantes ligados ao PT em ato de campanha no Rio.
Ele voltou a dizer que o tucano simulou uma agressão grave, e se disse “decepcionado” com a Globo. “Foi uma cena patética, uma desfaçatez. Fiquei decepcionado [com a Globo] porque quiseram inventar uma outra história, um objeto invisível que até agora não mostraram.”
Serra, que estava ontem em Brasília, respondeu. “Como foi comprovado, foi um outro objeto atirado em mim, inclusive está filmado, e o presidente sabe disso.”
O tucano continuou: “Lula talvez já tenha começado sua campanha para 2014, dizendo mentiras inclusive”.
IRÃ E STF
Lula defendeu a relação com o presidente Mahmoud Ahmadinejad e tentou explicar a posição do iraniano sobre o holocausto. “Ele explicou que o que quis dizer, na verdade, era que morreram 70 milhões de pessoas na Segunda Guerra, e parece que só morreram judeus”, disse.
Ele afirmou que deixará a indicação do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) para Dilma Rousseff, no caso de o Senado não sabatinar o escolhido até o próximo dia 17, quando o Congresso entra em recesso.
Luís Inácio Adams, a advogado-geral da União, e Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça, são os mais cotados.
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Assista, abaixo, a trecho da entrevista de Lula a blogueiros no penúltimo mês de seu governo.

A iniciativa do governo Lula de realizar esse encontro deveu-se em muito não só ao trabalho de contrainformação da blogosfera ao longo de seu mandato, mas ao papel que esses blogueiros desempenharam durante a campanha eleitoral de 2010, quando ajudaram a desmontar inúmeras farsas perpetradas a quatro mãos por José Serra e a grande mídia ao longo daquele ano.
A importância do fato supracitado é mostrar como era diferente a relação do governo com movimentos como o de blogueiros, relação que foi abortada com a chegada da presidente Dilma ao poder.
Muito dessa interrupção levada a cabo por Dilma se deveu à escolha da ex-auxiliar de Franklin Martins Helena Chagas, que se tornaria a nova comandante da Secom e convenceria a presidente da República de que a relação conflituosa do governo com a “imprensa” se devera a “erros de estratégia” da gestão anterior.
Que erros? Relacionar-se com blogueiros teria sido um deles. Helena e outros na Secom convenceram Dilma de que Lula e a mídia entraram numa “guerra de machos” e de que se a presidente tentasse estabelecer com Globos, Folhas, Vejas e Estadões uma relação harmoniosa, ela não enfrentaria os mesmos problemas que o antecessor.
Devo esclarecer que aprecio Helena Chagas como pessoa. Durante a gestão de Franklin Martins ela era leitora deste Blog e chegou a colocar comentários aqui. Tivemos conversas amistosas, como por exemplo quando, delegado da Confecom, encontrei-a naquele evento.
Contudo, entendo que Helena cometeu vários erros na condução da política de comunicação do governo. Todos, seguramente, tentando acertar. Mas que cometeu, cometeu.
Um desses erros – talvez o maior – foi ter convencido a presidente a se afastar da “guerra de machos” que a blogosfera e Lula travaram com a mídia ao longo do governo do ex-presidente. E a se afastar, também, da blogosfera ao mesmo tempo em que se aproximava da grande mídia.
Com efeito, um dos primeiros compromissos de Dilma, no âmbito de sua iniciativa de aproximação com a mídia, foi prestigiar a festa de 90 anos da Folha de São Paulo logo no início do primeiro ano do seu mandato.
Dali em diante, Dilma aproximou-se do resto dos veículos que fustigaram seu antecessor durante oito anos, numa guerra absolutamente aberta contra ele. Contudo, ao longo de 2013 descobriu que não há paz possível com empresas de mídia que se autodeclaram oposicionistas.
Na semana que finda, Helena Chagas foi substituída por um conhecido jornalista da Secom cujo perfil ainda não está bem claro, mas a simples mudança em cargo tão vital já permite especular um certo realismo que vai se apoderando de Dilma em relação à grande mídia.
Outro efeito positivo da mudança de comando na Secom é o anúncio do governo de que finalmente irá rebater, via ampla campanha oficial, a avalanche de mentiras e distorções dos fatos que vinha sendo despejada sobre o governo por ter trazido para o Brasil Copa do Mundo de 2014.
Nesse momento, ressurge Franklin Martins.
No primeiro, no segundo e no terceiro anos do governo Dilma, ele se fechou em Copas. Falava muito pouco, publicamente. Ao longo dos últimos meses, porém, começou a falar mais, publicou alguns artigos, deu algumas entrevistas, mas na próxima segunda-feira dará a primeira entrevista livre a blogueiros desde que deixou o poder.
A entrevista irá ao ar por Web TV – será transmitida por blogs e sites, inclusive por este blog –, no programa Contraponto, iniciativa do Sindicato dos bancários de São Paulo em parceria com este blogueiro (autor da idealização do programa) e com o Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé.
Para entrevistar Franklin Martins, Maria Inês Nassif (Carta Capital), Altamiro Borges (Barão de Itararé), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania) e Rodrigo Vianna (TV Record/blog Escrevinhador). O programa irá ao ar às 19 horas da próxima segunda-feira, 3 de fevereiro.
Abaixo, o banner do programa.
Você, leitor, pode enviar sua pergunta a Franklin Martins via comentário nesta página. Todas as perguntas serão analisadas e, eventualmente, este blog poderá levar alguma ao ex-ministro de Lula, com o crédito a quem a formulou. Perguntas que não forem feitas no ar serão entregues a Franklin e o interessado deverá receber resposta, provavelmente por email.
Espero você aqui na segunda-feira, às 19 horas. Até lá.

O Batman precisa de um analista, coitado…

batman
A matéria de Bernardo de Mello Franco, hoje, na Folha, mostra, coitado, o estado de fragilidade psicológica daquele rapaz que se tornou conhecido como “Batman” das manifestações.
“Tenho síndrome de super-herói”, diz o rapaz boboca (altere as vogais a seu gosto) para dizer que “não consegue ficar parado quando vê uma injustiça”.
O “Bruce Wayne” carioca, tem 32 anos. Será que ele só não conseguiu ficar parado diante das  injustiças nos últimos seis ou sete meses?
Ou será que antes de junho não havia injustiça no Brasil?
Há doze ou treze anos atrás, e ele já era maior de idade, não se tem noticia do dito cujo  desfilando suas fantasias em atos de protesto contra o arrocho salarial, contra a entrega do patrimônio público aos grupos privados, contra as exigências do FMI…
O pateta da capa e máscara é apenas mais um idiota da cultura de subcelebridades que a mídia vem construindo há tempos neste país.
Não importa como ou porque, o importante é aparecer.
Seja um “brother”, uma mulher-melancia, padre-voador pendurado em balões de gás.
O nosso Batman é só um pobre coitado que não cresceu e que, acredito, só tem uma tradução doentia daquela ideia de fama, que não vem pelo trabalho, pelo esforço, pela capacidade ou pelo talento: vem apenas pelo ridículo.
E também traduz, como o outro personagem com transtornos emocionais que vem sendo chamado de Batman por aqui, aquele desprezo olímpico pelo povo e sua capacidade, porque acha que é preciso este tipo exato de “herói” para salvá-lo.
Algo como o Bruce Wayne da série, um riquinho entediado e recalcado, que surge na noite para “vingar” os desvalidos.
O nosso Batman enverga suas roupas justas como uma criança veste uma capa para viver uma fantasia própria de sua imaturidade.
E a “tia Mídia”, como dizemos aqui no Rio, “bate palmas pra maluco dançar”  sem nenhuma cerimônia.
Mas Eron de Melo não é uma criança, tem 32 anos.
Deveria refletir e resolver seus desajustamentos de forma privada, não ajudando a promover conflitos, quebradeiras e, acima de tudo, querendo aparecer para os seus “15 minutos de fama”.
Aproveite a fantasia no Carnaval que vem aí, menino, e se quiser venha debater como um adulto que você deveria ser.
Escreva o que você pensa, apresente suas ideias e exponha-se ao debate político.
Senão, você será só uma pessoa com problemas que gosta de seu mundinho particular, onde é apreciado apenas por ser “diferente”.
Nós preferimos o contrário: queremos que as pessoas possam ser mais iguais.
E felizes sendo elas próprias, sem precisarem se fantasiar.

BARBOSA TIRA FOTO EM MIAMI COM EMPRESÁRIO FORAGIDO