Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Justiça à brasileira: Demóstenes Torres curte Ano Novo na Itália

Dois homens, duas acusações, dois pesos e duas medidas.
O ex-senador Demóstenes Torres foi flagrado mantendo relações com um chefe do crime organizado de Goiás. Há fartas provas materiais contra ele, inclusive gravações em que aparece se corrompendo.
Demóstenes foi flagrado por uma fonte deste blog desfrutando das delícias que o dinheiro pode comprar. A foto que o leitor vê acima foi tirada na cidade italiana de Firenze no primeiro dia deste ano.
José Genoino foi acusado de corrupção ativa e formação de guadrilha e condenado a 6 anos e 11 meses de prisão sem uma única prova material ou mesmo testemunhal. Para condená-lo, usaram a teoria de que seria “verossímil” que fosse culpado.
No mesma foto acima, Genoino aparece em prisão domiciliar, em Brasília, no dia 6 último, após a justiça ter decidido lhe cobrar uma multa que vale mais do que a casa humilde em que reside, num bairro de periferia da grande São Paulo.
Os fatos acima resumem a Justiça brasileira. Abaixo, as fotos de como a elite judiciária trata a elite política deste país, que paira acima das leis enquanto debocha delas.

SEM PRENDER JEFFERSON, BARBOSA ANTECIPA FÉRIAS

KENNEDY E 1964: COMO ARROMBAR PORTA ABERTA Jornalões não sabem que furo é furado.

Roberto Jefferson PT Joaquim Barbosa mensalão
Só o Gaspari não sabia ...


A propósito do “furo” de reportagem “Kennedy cogitou (de) ação armada para depor João Goulart”, o Conversa Afiada recebeu o seguinte comentário de atento amigo navegante:

Paulo,

É impressionante como nossa imprensa cobre mal assuntos de grande relevância para o Brasil. Os jornais apresentam hoje como se fosse um furo de reportagem a gravação de diálogos do Kennedy na Casa Branca onde ele dá o sinal verde para o golpe militar no Brasil. O registro, bem como o de um diálogo do Johnson comemorando o golpe meses depois, já havia sido revelado no imperdível documentário de Camilo Tavares “O dia que durou 21 anos”.

No entanto, os jornalões e as televisões passaram batido pelo filme, que foi exibido na TV Brasil, em salas de cinema e inclusive numa sessão especial no Palácio da Alvorada.

Só me pergunto: Por que? Provavelmente porque sequer destacaram um bom repórter para ver o documentário.

Sobre o mesmo tema, o Conversa Afiada recomenda também o documentário “Dossiê Jango”.
Ali se verá que – segundo o ínclito Waldyr Pires – Jango preferiu não resistir no Rio Grande do Sul, porque tinha a informação – de San Tiago Dantas – de que os americanos iam dividir o Brasil ao meio, como tinham feito, há pouco, na Coreia.
O “furo”, como se sabe, é de autoria do historialista – não é Historiador nem Jornalista – que usa múltiplos chapéus.
O “furo”, nos Estados Unidos, é um documento público.
“Privados” são os documentos dos arquivos do major Aquino Ferreira, em que se sustenta a extensa obra do historialista.
Arquivos acumulados quando o major servia no Palácio do Planalto, como funcionário público.
O historialista terá dificuldade em arrombar essa porta ainda que aberta – só ele sabe que os americanos derrubaram Jango.
Porque dele é a tese de que Jango caiu porque gostava de pernas – de coristas e cavalos.
Clique aqui para ler “Jango não foi deposto”, e aqui para ler “Kruel traiu Jango por seis malas de dólares”.





Paulo Henrique Amorim

Quem vai fazer o serviço?

A sedimentação da agenda conservadora para 2014 envolve a adesão de um pedaço da esquerda e o silencio desfrutável de outro. O padrão é o cerco ao IPTU em SP.

por: Saul Leblon 

Arquivo













Quem vai fazer o serviço?

A sedimentação da agenda conservadora para 2014 envolve a adesão de um pedaço da esquerda e o silencio desfrutável de outro.

O padrão foi testado e bem sucedido no cerco ao reajuste do IPTU em São Paulo. 

Os interesses atingidos só tiveram sucesso em sabotar  a medida graças à omissão dos que sabiam o que estava em jogo, mas preferiram silenciar.

É essa capacitação ao exercício da cumplicidade que a emissão conservadora  opera de forma explícita nos dias que correm.

Colunistas e editores espetam sinais  para ordenar o fluxo na direção almejada: a seringa do piquete onde se conta o rebanho.

Quantas cabeças  teremos para oferecer aos mercados?

Nas manchetes e fotos, mais que nos textos, espetam-se os ferros com as iniciais do dono.

O ponto de encontro tem data e local  definidos: 12 de junho de 2014, 17 hs, estádio do Itaquerão, onde o Brasil abre a Copa do Mundo diante da Croácia.

Durante um mês, até 13 de julho, novas oportunidades  se abrem: há jogos distribuídos nas principais  capitais do país.

Alguém duvida que a tabela será explorada na emissão conservadora como ponto de encontro de gente ansiosa para mostrar o seu valor a fotógrafos e cinegrafistas generosos?

Textos gordurosos como os autores, tortuosos como seus valores,  arregimentam as adversativas do léxico para  assegurar  o verniz ‘jornalístico’ à panfletagem.

Não importa o  tema da coluna.

O objetivo predefinido é dar suporte a logos,  títulos e manchetes que disseminem  ordem unida.

‘Em 2014, vem prá rua você também’, convocava-se na Folha no dia de Natal;  ou o soberbo, ‘Não vai ter Copa’, abraçado neste domingo por um vulgarizador do mercadismo  no mesmo  veículo.

À falta de projeto defensável à luz do dia – arrochar 70% do país para lubrificar  30% só rende votos em saraus elegantes--  escava-se o vazio em busca de chão firme.

De joelhos e com as unhas, se preciso for para satisfazer os sinais vindos das  direções de redação.

O tesouro cobiçado  é tanger multidões  à frente única em curso para enfrentar Dilma em outubro próximo. 

Procura-se, em suma, alguém que  faça o serviço que os cabedais do conservadorismo, sozinhos, são incapazes de entregar.

É esse vazio adicionado de urgência que reduz  colunistas à função rastaquera de insuflar a indignação sem explicar a fórmula do elixir  que vai contemplá-la.

Se quiser,  o público alvo –as organizações com capacidade de mobilização - tem elementos para confrontar  o aceno dos charlatães com os ingredientes da gororoba historicamente  despejada por eles na goela do país – não raro com funil e camisa e força. 

A sedimentação golpista de uma parte da opinião pública brasileira não ocorreu por acaso nos últimos anos.

Trata-se de obra deliberada de gente bem paga --e eficiente, diga-se, na arte de popularizar generais redentores, santificar consensos neoliberais, incensar  janios, collors, demóstenes , carlinhos cachoeira, joaquins, serras  e assemelhados.

O florescimento desse acervo não prosperaria sem o trabalho prestimoso dos que esculpem o seu busto em bronze de credibilidade e veneração.

É um equívoco  dissolver  essa assinatura numa edulcorada predisposição da sociedade ou de parte dela para ser canalha ou 'egoísta'.

Ainda que exista a receptividade estrutural em certas camadas, é  indispensável o fermento que transforme o instinto em história.

Incensar  os joaquins e  Demóstenes; satanizar os lulas e respectivas agendas é uma parte do bicarbonato  requerido  na receita. 

Sem ele a  massa não cresce.

Antecedentes  referenciais  testemunham o notável  desempenho da emissão conservadora  na tarefa de sovar a massa.

Escondidas até agora nos arquivos da Unicamp, para onde foram exiladas pelo próprio Ibope,  pesquisas de opinião feitas às vésperas do golpe de 1964 mostram, todavia, que o labor midiático sozinho não leva a receita ao ponto.

Os dados dissecadas em entrevista recente do pesquisador Luiz Antônio Dias à revista Carta Capital, transcrita no blog de Luis Nassif ,  detalham o paradoxo:

- em junho de 1963, Jango tinha 66% de aprovação em SP;

- em março de 1964, caso fosse candidato no ano seguinte, ele teria mais da metade das intenções de voto na maioria das capitais;

- o apoio  à reforma agrária, então satanizada pelas elites, era superior a 70% em algumas capitais;

- na semana anterior ao golpe, as pesquisas mostravam que Jango tinha 72% de aprovação popular  –entre os mais pobres, o índice chegava a 86%.

O mesmo conservadorismo que  hoje torce por  protestos na Copa colocaria então milhares de pessoas  nas ruas de São Paulo, em 19 de março de 1964,  na Marcha da Família Com Deus pela Liberdade.

O movimento  ecoado na mídia como a evidência cabal do isolamento (inexistente) do governo  não saltou espontaneamente das páginas da imprensa para o asfalto.

Foi preciso organizá-lo meticulosamente.

A mídia cumpriu a sua parte, como o faz hoje, legitimando a ‘revolta da sociedade e da família contra o desgverno’.

Mas coube a Igreja e às ligas de senhoras católicas, com forte participação de esposas de empresários, botar a mão na massa.

Senhoras da elite  usaram sua ascendência para intimar  famílias operárias, sobretudo as mulheres, a integrarem  e divulgar o movimento.

Quase 50 anos depois, a regressão conservadora não dispõe mais da estrutura capilar de mobilização de que lançou mão às vésperas do golpe de Estado que prendeu, torturou, matou, decretou a censura à imprensa e às artes e colocou os partidos e sindicatos  na ilegalidade.

Escribas do jornalismo isento sugerem que podem superar as mais dilatadas expectativas no esforço para reeditar o mutirão cinquentenário na presente  intersecção entre a Copa do Mundo e as eleições presidenciais de outubro.

Para que ele signifique alguma coisa de equivalente ao papel legitimador desempenhado pela Marcha da Família, quando  Jango  tinha  mais da metade das intenções de votos –como Dilma as tem-- alguém terá que puxar o cordão.

A coalizão conservadora espera que cada um cumpra o seu dever.

Ou seja, que um pedaço dos setores progressistas  insatisfeitos com o governo  acenda o forno a 180º  e reforce a levedura na massa.

Uma vez pronto o bolo, vá para casa, e deixe a coisa com quem entende de comer o Brasil.

A ver.