Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Quem pagava “bolsa esmola” era o PSDB

Para entender por que o PSDB virou freguês do PT no século XXI, basta olhar o discurso dos tucanos sobre o Bolsa Família. Apesar de hoje estarem correndo atrás do prejuízo que o que disseram sobre o programa lhes causou, um olhar sobre as políticas de transferência de renda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mostra quem criou “bolsa esmola”.
O termo “bolsa esmola” é de autoria do PSDB, ainda que a mídia ligada a esse partido – bem como ele mesmo – já tenha tentado até atribuir esse mesmo termo ao ex-presidente Lula por ter criticado a distribuição de cestas básicas que o governo de seu antecessor direto usou como programa social até o penúltimo ano de seus oito anos.
Até 2001, o programa social mais vistoso do governo federal era a distribuição de cestas básicas. A crítica de Lula a esse programa foi feita durante a campanha eleitoral de 1998 porque, após quatro anos de governo, FHC não tinha nenhuma outra iniciativa em termos de transferência de renda.
Abaixo, um vídeo que os tucanos e sua mídia difundiram à larga durante a eleição presidencial de 2010 para tentarem distorcer os fatos. Vale conferir que, em nenhum momento, Lula se referiu a programas de transferência de renda como “esmola”, apesar de que criticava os baixíssimos valores que passaram a ser pagos à população carente na undécima hora do governo FHC, aparentemente visando a eleição de 2002.

De fato, os programas de transferência de renda criados por FHC de afogadilho no penúltimo ano de seu governo de oito anos – até então ele só distribuía cestas básicas, vale repetir – eram mesmo esmola.
O gráfico abaixo foi retirado do trabalho monográfico A assistência social nos governos FHC e Lula apresentado por Patrícia Taconi de Moraes Scotton Alves ao curso de pós graduação em Gestão de Políticas Sociais do INBRAPE-FECEA no ano de 2009. O material mostra que programa de transferência de renda tinha o governo FHC após 7 anos.
Como se vê, era esmola mesmo e paga com finalidade político-eleitoral de forma meio desesperada, haja vista a baixíssima aprovação do ex-presidente tucano naquele 2001 – FHC encerrou seu segundo mandato com apenas 35% de aprovação, enquanto que Lula encerrou o seu segundo mandato com 83% de aprovação.
Apesar dos valores absurdamente baixos e pagos a cerca de um quinto das famílias que hoje são beneficiadas pelo Bolsa Família, o PSDB, em editorial publicado em seu site em 2004, chamou o programa social petista de “bolsa esmola”. Abaixo, o texto – com o devido link para a página original.
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Bolsa Esmola – Editorial
13 de setembro de 2004 
Para um governo comandado por um partido que historicamente se fortaleceu sob a bandeira da redenção dos pobres de todo o país, o balanço das políticas federais de inclusão social tem sido profundamente desapontador.
O programa Fome Zero, eixo central do discurso de campanha do então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, sofre de inanição desde a sua festejada criação e atabalhoada execução. Para superar as deficiências congênitas, o governo, sensatamente, uniu-o ao Bolsa Escola, formando o Bolsa Família – em resumo, a unificação de vários programas assistenciais, a maioria já existente na gestão de Fernando Henrique Cardoso, como o Bolsa Alimentação, o Cartão Alimentação e o Auxílio Gás. O que parecia uma saudável correção de rota tem sido enxovalhado pela evidência de que o governo deixou de fiscalizar, por exemplo, a freqüência em sala de aula dos alunos beneficiados pelo Bolsa Família.
O principal programa social petista reduziu-se, enfim, a um projeto assistencialista. Resignou-se a um populismo rasteiro. Limitou-se a uma simples distribuição de dinheiro, sem a contrapartida do comparecimento à escola, condição fundamental para que populações excluídas tenham maiores possibilidades de emprego no futuro, com elevação da renda de maneira produtiva. A ausência de controle também deixa o programa vulnerável a desvios e pouco propício à avaliação de resultados e correção de rumos. Uma expressão do senador Cristovam Buarque (PT-DF) resume o problema: “O Bolsa Escola virou Bolsa Esmola“.
Exposta a crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, no fim da semana passada, que o chefe da Casa Civil, José Dirceu, assumirá o comando das discussões internas para resolver as falhas na execução do programa. Presidente da Câmara de Política Social, da Câmara de Desenvolvimento Econômico e de outros 19 grupos coletivos dedicados a reuniões na Esplanada dos Ministérios, Dirceu convocará os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Humberto Costa (Saúde) e Tarso Genro (Educação) com o objetivo de encontrar uma solução conjunta para a falta de controle. Deseja-se que novos rumos não sejam turvados pelo hábito palaciano de perder-se em extensos e contraproducentes debates internos.
Três exigências seriam originalmente necessárias para as famílias que recebem o benefício do Bolsa Escola: freqüência escolar, vacinação e acompanhamento de gestantes. A última checagem, admitiu o governo, é de 10 meses atrás. (Tais falhas, convém lembrar, vêm desde a gestão de FHC). Enquanto isso, os três ministérios envolvidos com o programa seguem batendo cabeça sobre as atribuições de cada um no controle das contrapartidas.
Trata-se de um símbolo tristonho da negligência governamental para aquela que seria prioridade absoluta da atual gestão. Os entraves dos programas sociais do governo federal são a evidência clara de uma política embotada pelo apego a números que podem render dividendos políticos musculosos, porém com eficácia social bastante questionável. São 4,5 milhões de famílias beneficiadas, orgulha-se o Palácio do Planalto. O risco é que, ao fim do mandato petista, boa parte delas continue à espera da esmola presidencial.
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O texto está cheio de mentiras. Antes de rebatê-las, porém, vale dar uma olhada no gráfico do Ministério do Desenvolvimento Social que mostra quanto o Bolsa família paga – e a quem.

Como se vê, o Bolsa família chega a pagar mais de 300 reais às famílias beneficiadas pela maior amplitude do programa, enquanto que as “bolsas” de FHC pagavam uma fração desse montante em condições análogas.
Não foi por outra razão que ao longo dos governos Lula e Dilma a pobreza caiu de forma tão mais acentuada do que durante os oito anos de FHC. O gráfico abaixo, extraído da Folha de São Paulo, mostra como a maior preocupação com o social de Lula e Dilma e a abolição das esmolas tucanas melhoraram a vida dos brasileiros.
FHC encontrou o país com 38,2 milhões de pobres e o entregou a Lula com 39,6 milhões; só no governo Lula, os pobres caíram de 39,6 milhões para 21,2 milhões. E só até 2011. Dali em diante, o tamanho da pobreza no Brasil continuou diminuindo e segue em queda até hoje.
O que fez a pobreza praticamente permanecer estática durante o governo FHC e ter caído tanto durante o governo Lula encontra explicação em uma das últimas manifestações do PSDB sobre o Bolsa Família, nas palavras de seu pré-candidato a presidente Aécio Neves.
Veja o que ele disse em novembro ao jornal O Estado de São Paulo:
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Um dos problemas que constatamos é que pais de família, mesmo com uma oferta de trabalho, têm receio de amanhã eventualmente serem demitidos e terem que voltar ao programa e não conseguirem rapidamente sua reinserção”, disse. Aécio deve apresentar ainda outras propostas “para que haja um esforço maior do que existe hoje para a qualificação daqueles beneficiários do Bolsa Família e um acompanhamento maior“.
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Esse enfoque da pobreza é o que torna o PSDB um partido danoso aos brasileiros também no que diz respeito ao combate a essa que é a maior chaga deste país. Em vez de se preocuparem em aumentar o tamanho do Bolsa Família para que a pobreza continue caindo, os tucanos se preocupam com “portas de saída” e outras artimanhas para desidratar o programa.
Eis por que Aécio não deslancha. Os brasileiros sabem quanto sofreram enquanto o PSDB mandava no país. Sabem como nascer pobre, no Brasil, era para sempre e sabem como após Lula, e agora com Dilma, a mobilidade social virou realidade. Por isso, dificilmente Dilma deixará de se reeleger. Quem bate, esquece. Mas quem apanha não esquece.

Superávit alcançado? Não importa, as razões do lobo não têm limites

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Autor: Fernando Brito
O Ministro Guido Mantega anunciou, hoje de manhã, o que a gente já tinha cravado aqui logo depois do Natal.
A meta de superavit primário do governo central foi alcançada e, até, ligeiramente superada: dos R$ 73 bilhões líquidos de economia, atingimos R$ 75 bilhões.
Mantega diz que antecipou o anúncio do resultado para responder à “ansiedade” do mercado.
Fez bem.
Mas não adianta muito.
Fez bem porque isso ajuda a desmoralizar os sabidos que diziam que ele não seria atingido, como Sua Sapiência, o comendador Merval Pereira, que no final de novembro afirmava:
(…) o governo central – composto pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – também não está cumprindo a sua meta, que é de R$ 73 bilhões, o superávit primário este ano será bastante abaixo do previsto.
E não adianta muito, porque ele e sua trupe, amanhã, estarão dizendo que cumpriu, mas graças ao Refis e a Libra, como se Fernando Henrique Cardoso não tivesse feito superavits vendendo tudo, menos a alma, que não a tinha para entregar.
As razões do lobo são sempre assim: se não foi você, cordeiro, foi seu pai, seu avô, seu primo….
Os 73 bilhões de reais que o governo poupou para lançar na fogueira dos juros da dívida só não são mais por que o governo retirou, com as desonerações fiscais, o equivalente ao que ganhou com o leilão do campo de Libra, cerca de R$ 15 bilhões.
Mesmo assim, o Brasil poupou mais do que investiu em obras públicas.
Vale dizer, sem a obrigação do “pé do tripé” representado pelo superávit, poderiamos ter investido em serviços e infraestrutura o dobro do que fizemos e, com isso, aumentado a Formação Bruta de Capital Fixo. Com isso, talvez o PIB pudesse crescer em torno de meio por cento.
No quadro político econômico que vivemos, que não é o de ruptura, isso é o suficiente para, ao menos, reduzir o tamanho da dívida pública em relação ao tamanho de nossa economia.
E permite ir alongando prazos e ir administrando a faca no pescoço dos juros.
Mas sempre com o lobo arreganhando os dentes à nossa frente.
E apenas ir adiando a hora de sua refeição, torcendo para que o carneiro possa usar o tempo para crescer, criar chifres e dar, um dia, as necessárias marradas que o lobo merece levar.

MAINARDI VÊ BRASIL COMO TERRA DE QUADRÚPEDES

Os verdadeiros “aloprados” do PT

Entre a oposição a Dilma, só FHC ainda não tinha pedido ao “povo” que volte às ruas durante o processo eleitoral deste ano; não falta mais. Recentemente, em entrevista ao programa Manhattan Connection, juntou-se aos pré-candidatos à sucessão presidencial e a colunistas e editorialistas da grande mídia que estimulam protestos contra a Copa do mundo.
Na semana passada, em sua coluna na Folha de São Paulo, Marina Silva escreveu: “Desejo [a essa multidão que foi às ruas] mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em 2014“. Seu provável companheiro de chapa nas eleições deste ano, Eduardo Campos, assim como ela, Aécio e FHC também tem feito reiterados pedidos pelos protestos.
Sem discurso e propostas concretas, a oposição vê os protestos contra a Copa – que vêm sendo preparados por partidos de esquerda brasileiros e por organizações estrangeiras como o grupo espanhol 15M – como panaceia eleitoral contra a reeleição de Dilma. Porém, se esses protestos não vingarem a presidente deve liquidar a fatura no primeiro turno.
Parece mais do que claro, portanto, o caráter desse movimento: será – ou seria – uma arma eleitoral da oposição. Aliás, a adesão em massa do PSDB e da grande mídia deixa claro que não acreditam que governadores e prefeitos de oposição seriam atingidos, o que faz todo sentido porque quem trouxe a Copa para o Brasil foram Lula e Dilma.
Como é possível, então, que até no PT exista gente literalmente entusiasmada com os protestos contra a Copa? Entre a Juventude do PT, por exemplo, há defensores ardorosos; entre movimentos sociais e até entre ativistas ligados ao partido e autoproclamados apoiadores do governo Dilma, idem.
São os mesmos “petistas” e simpatizantes do PT que, ao longo de junho, enquanto Dilma despencava nas pesquisas e as cidades eram tomadas por ataques violentos ao patrimônio público e privado tratavam meninos e meninas que mal sabiam contra o que protestavam como se fossem verdadeiros luminares da República.
Há poucos dias, em conversa informal com um ativista que sempre trabalhou pelo PT durante eleições, ouvi, perplexo, seu entusiasmo irracional com os protestos contra a Copa – irracional porque, não tenho dúvida, ele não quer que Dilma seja derrotada.
Apesar de ser pessoa ilustrada e titulada, parece estar com a mente absolutamente bloqueada para a realidade. Esse perfil de “petistas” está fazendo o trabalho de convencimento – inclusive dentro do PT – a favor dos protestos. E, quando essas pessoas ouvem que só servirão para ajudar Aécio ou Eduardo/Marina, fazem cara de espanto…
Acredite quem quiser.
Particularmente, penso que a maioria da sociedade brasileira acabou enxergando que esses protestos – e, sobretudo, os protestos contra a Copa – são movimentos mal-intencionados, descabeçados e que em nada ajudam o país. O quebra-quebra dos “black blockers” acabou enojando o país. Assim, suponho que esse movimento deva fracassar.
Contudo, chega a causar perplexidade que pessoas que estão sempre na aba do PT – quando não são filiadas ao partido – não apenas não consigam entender do que se trata esse movimento contra a Copa como ainda estejam insuflando outras pessoas a que entrem nessa onda. Esses, portanto, é que são os verdadeiros “aloprados” do PT.