Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Boato sobre o Bolsa Família exige pronunciamento de Dilma na TV.

EduGuim.

Vai se tornando progressivamente verossímil a hipótese de que o boato sobre o fim do programa Bolsa Família foi produto de orquestração. Como foi dito neste Blog na segunda-feira, a farsa requereu alto nível de organização para conseguir espalhar a mentira com tanta rapidez e por extensão tão grande do território nacional.
Quando alguém como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – que não é exatamente conhecido por se dar a “radicalismos” –, chega ao ponto de reconhecer a verossimilhança da tese de orquestração, pode-se ter certeza de que há mais do que parece nessa história que alguns tentam tratar como produto do acaso ou mera “brincadeira” de adolescente desocupado.
O problema é que esse super adolescente ou essa estranha brincadeira do destino nos quais alguns dizem acreditar piamente, causaram um sofrimento enorme à população assistida pelo Bolsa Família.
Leio na mídia, com tristeza, detalhes desse sofrimento. Ao mesmo tempo, leio gente que trata aquele povo como se fosse lixo só porque recebe alguns trocados do Estado, que o paga para que não morra de fome.
As pessoas estão assustadas, conforme mostra reportagem do portal UOL “Atendidos pelo Bolsa Família evitam falar sobre origem de boato que apontava fim do programa”.
A matéria inicia informando que “Algumas famílias entrevistadas pelo UOL afirmaram que ainda não acreditam que o programa [Bolsa Família] vai continuar, apesar da negativa do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)”.
É muito triste. Isso desmente por completo – e, espera-se, definitivamente – a hipótese maluca de alguns jornalistas com espaço na grande mídia no sentido de que o próprio governo Dilma, mancomunado com o PT, teria inventado o boato a fim de…
A fim de que, mesmo?
Enfim, não importa tanto o que diz uma mídia que vem falhando em vender suas teses políticas à maioria há pelo menos dez anos.
O que importa, então, é que esse efeito residual do boato revela que quem o engendrou pretendia provocar exatamente esse efeito, pois uma população tão frágil e tão assustada, diante da verossímil hipótese de que aquele dinheirinho era bom demais para ser verdade, acaba achando que benefício a pobre dura pouco mesmo.
Apesar do volume de informação na mídia sobre o boato, vê-se, portanto, a continuidade da boataria. A cada acusação ao governo na mídia, isso se espalha e a população assustada vai se assustando mais ainda.
É forçoso reconhecer, porém, que autoridades do Executivo Federal que saíram dando declarações políticas publicamente não deveriam tê-lo feito, mas a um comentário de três linhas de uma ministra de Estado no Twitter seguiu-se uma avalanche midiática de acusações ao governo de ter sido o autor da farsa, o que acaba dando margem ao tipo de desconfiança que pode, sim, estar surgindo entre uma população de baixas renda e escolaridade.
O mínimo a fazer diante dessa quase tragédia social que arrastou até pessoas com dificuldade de locomoção e colocou em desespero gente que já sofre o bastante no dia a dia será, ao menos, informá-la condignamente, tranquilizando-a.
Dessa maneira, urge que a presidente da República, Dilma Rousseff, venha a público, em pronunciamento de rádio e televisão com abrangência nacional, a fim de tranquilizar e instruir essa população no que diz respeito a esse novo tipo de criminalidade que está se instalando no país, o crime de alarma social.
O governo precisa refletir que sua comunicação com a população à qual vem beneficiando com seus programas sociais está se mostrando, no mínimo, falha. Não é possível que a versão governamental não esteja sendo capaz de comunicar efetivamente que tudo não passou de um golpe e que, por isso, ninguém tem com o que se preocupar.
Por último, resta refletir que não é possível mais o governo continuar dependendo quase que exclusivamente da veiculação interpretativa, pela mídia privada – que, como tal, tem interesses privados –, de suas ações e, agora, até de suas reações a ataques terroristas.  A ausência de uma atitude já passou da hora e do limite.

PIB CRESCE E INFLAÇÃO CAI, MAS LOBBY DOS JUROS VOLTA


MAL-ESTAR NA INGLATERRA NÃO É DE FACHADA. É REAL


Ruptura do Estadão com a ditadura é história pra boi dormir


 EduGuim
A morte do jornalista Ruy Mesquita, diretor do jornal O Estado de São, na noite de terça-feira (21), ensejou matérias em telejornais e portais de internet que estão divulgando uma das mais antigas conversas moles dos autores intelectuais de uma ditadura sangrenta, selvagem e degenerada que se abateu sobre o Brasil durante mais de duas décadas.
Um aviso: este artigo nada tem que ver com o cidadão Ruy Mesquita, de quem o Blog lamenta a morte como lamentaria de qualquer ser humano, mas com uma tentativa malandra de revisionismo histórico que o passamento do dito cujo desencadeou.
O Jornal Nacional, por exemplo, apresentou assim o papel do Estadão durante a ditadura militar que, ao menos, o telejornal reconheceu que foi apoiada em seus primeiros momentos pelo jornal que Ruy Mesquita dirigiu até morrer:
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Jornal Nacional
Reportagem sobre a morte de Ruy Mesquita
Ao lado do pai, Júlio de Mesquita Filho, e já como jornalista, [Ruy Mesquita] apoiou o golpe de 1964, mas a família rompeu com o regime no ano seguinte [1965], quando as eleições foram canceladas [pela ditadura]”
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História para boi dormir, isso sim.
Nos momentos que antecederam o golpe, Ruy Mesquita, filho do dono de O Estado de S. Paulo, era vinculado à UDN. Na redação de seu jornal, semanalmente eram feitas reuniões conspiratórias com civis e militares tão interessados quanto aquele barão da mídia em tramar o golpe.
Contudo, a ruptura que teria ocorrido em 1965 – um ano após o golpe – entre o Estadão e o regime que o jornal ajudara a implantar, não era para valer. Não passava de uma forma de o veículo disfarçar seu apoio a medidas da ditadura que se coadunavam com a sua visão político-ideológica.
O Estadão, por exemplo, apoiou a censura aos movimentos de esquerda e até a peças de teatro que entendia como “propaganda comunista”. Editorial desse jornal publicado em junho de 1968, portanto bem depois de sua suposta “ruptura” com o regime, deixa ver que sua alardeada luta contra a censura não passava de fachada.
Abaixo, trecho daquele editorial:
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O ESTADO DE SÃO PAULO
Editorial
 (…) Foi uma oportuna manifestação a que se registrou recentemente na Assembléia Legislativa, pela palavra do deputado Aurélio Campos, sobre os excessos que se tem verificado em representações teatrais no terreno do desrespeito aos mais comezinhos preceitos morais.
O mundo teatral – tanto os atores e atrizes como os autores – vêm movendo uma campanha sistemática contra a censura, e como esta nem sempre é exercida por autoridades à altura de tão graves e, às vezes, tão delicadas questões, a tendência de muitos é cerrar fileiras entre os que combatem.
O que na censura geralmente se vê é uma ameaça à liberdade, o que assume a feição particularmente antipática quando à liberdade ameaçada é a artística. Carradas de razão, entretanto, teve o parlamentar acima referido ao assinalar, a propósito de peça teatral a cuja representação assistira, que a censura, longe de se mostrar rigorosa no escoimá-la de seus exageros mais escandalosos, o que revelou foi uma complacência que não pode deixar de ser severamente criticada (…).
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O editorial considerou “branda” a censura dos ditadores a peça teatral que o jornal considerava esquerdista demais. Ora, alguém é capaz de explicar que ruptura é essa que pedia que aqueles com os quais teria rompido intensificassem a censura a peças teatrais?
Esse pedido do jornal ao regime para que intensificasse a censura provocou intensa comoção entre a classe artística, a ponto de o crítico teatral Sabato Magaldi dar entrevista comunicando o repúdio dos artistas àquele editorial do Estadão.
Artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro, então, no mesmo dia da publicação do editorial mandam chamar a imprensa a fim de anunciar que os prêmios “Saci” (premiação que o Estadão conferia anualmente aos melhores da produção brasileira de cinema e teatro) seriam devolvidos ao jornal em protesto contra o tal editorial, considerado pelos artistas “totalmente favorável à censura ditatorial”.
Os prêmios “Saci” foram devolvidos ao Estadão pelos seguintes artistas: Cacilda Becker, Walmor Chagas, Fernanda Montenegro, Maria Della Costa, Sérgio Mamberti, Odete Lara, Jorge Andrade, Lélia Abramo, Etty Fraser, Ademar Guerra, Fauzi Arap, Augusto Boal, Flávio Império, Flávio Rangel, Gianfrancesco Guarnieri, José Celso Martinez Corrêa, Liana Duval, Paulo Autran e Tônia Carrero.
E nem vamos falar da demissão da psicanalista Maria Rita Kehl pelo Estadão em 2010 por “delito de opinião”, ou seja, por ter escrito artigo que o jornal, que apoiava abertamente a candidatura José Serra, considerou que era favorável à candidatura Dilma Rousseff. Afinal, o foco é esse jornal e a ditadura.
Nesse aspecto, há até uma densa obra acadêmica entre as várias que denunciam a promiscuidade entre jornalões como o Estadão e a ditadura militar para muito além de 1965.Trata-se do livro da historiadora Beatriz Kushnir, feito a partir de sua tese de doutorado, intitulado “Cães de Guarda – Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988” (Editora Boitempo).
Sobre a autora, vale relatar que é mestre em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e diretora do Arquivo Geral do Rio de Janeiro, que possui um dos maiores acervos sobre o regime militar. Sua tese foi apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O livro relata que jornalistas de formação passaram a integrar o Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP) e trata dos policiais que atuaram como jornalistas sob anuência inclusive dos donos do Estadão.
Segundo a autora, os donos de jornais como Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, o Estado de São Paulo e outros “acatavam” os bilhetinhos da repressão sobre o que se podia e o que não se podia publicar.
Os jornalistas colaboracionistas que gente como os Mesquita instalaram nas redações ganharam até apelido, ficando conhecidos como “gansos”.
O ponto alto do livro é o que trata do jornal Folha da Tarde (FT), do Grupo Folha, de Octavio Frias. Foi o jornal que prestou os maiores serviços à repressão. Era chamado pelos jornalistas independentes de “delegacia” ou “orgão oficial da OBAN”.
Contudo, o livro de Kushnir aborda, também, a postura de muitos outros veículos naquele período. Relata que todos os grandes órgãos de imprensa transmitiam a versão do Estado na luta contra a guerrilha, ocultando a tortura, os assassinatos, os desaparecimentos e as mortes dos oposicionistas.
Além do grupo Folha, foco do livro, patrocinaram e sustentaram o golpe também os Diários Associados, de Assis Chauteaubriand; o Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde, da família Mesquita; a Rádio Eldorado; a TV Record; a TV Paulista; o Jornal do Brasil; o Correio do Povo; a Tribuna de Imprensa, de Carlos Lacerda; o Noticias Populares, de Hebert Levy; e as Organizações Globo, de Roberto Marinho.
“Cães de Guarda” relata, por exemplo, a posição do escritor Frei Betto sobre o comportamento do Estadão naquele período. Ele criticou as notícias de culinária no lugar das matérias censuradas no Jornal da Tarde e no Estado de São Paulo.
Para Frei Betto, as receitas culinárias “Atenuavam a cumplicidade do Estadão com a mentira oficial publicando, nos espaços censurados, receita de bolos ou poemas de Camões”, mas, segundo o escritor, “Os acólitos do regime adaptavam-se, substituíam o noticiário cortado, antecipavam-se à tesoura do censor”.
A morte de Mesquita, como já foi dito, é lamentável como a de qualquer ser humano. Mas que não venham agora veículos como a Globo, que lamberam as botas da ditadura e a ajudaram a matar e a torturar inocentes, tentar apagar os crimes que esses barões da mídia cometeram naqueles anos de chumbo. Não vamos esquecer.

O Estadão, a democracia e a ditadura midiática


*Quando Dilma vai à TV, em rede nacional,  desmentir a boataria sobre a extinção do Bolsa Família, rebater os críticos do programa e reafirmar o compromisso com as famílias beneficiadas?*'Rui Falcão: mudar a correlação de forças; o papel da mídia'  ( leia mais no Blog das Frases )  

 O 'ESTADÃO', À ESQUERDA DA SECOM

"Eis o receituário contra "os ‘Big Brothers' de todas as latitudes", e para evitar o perigo à democracia que a "TV lixo", aquela que é "um brevê contra a inteligência e o senso crítico dos espectadores", pode representar em qualquer parte do país: "De um lado, uma política de concessões infensa a coronelismos, complementada por eficaz legislação antitruste, de defesa do consumidor e da concorrência, contra a exacerbação predatória da lei do mais forte no mercado da indústria de informação"; "de outro, o fortalecimento da mídia eletrônica pública, independente tanto do Estado quanto da área privada e, mais ainda, protegida do espúrio contubérnio entre ambos, que gera a ‘ditadura midiática', na Itália, na Bahia - e em qualquer lugar do planeta."Não se trata, leitor, de nenhum texto inspirado na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, ocorrida em dezembro de 2009, em Brasília, que discutiu diretrizes, no âmbito da sociedade civil, para a regularização da mídia - aquela conferência que a direita tratou como uma tentativa tomada de poder do governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva, via organizações populares. Não, não é nenhuma peça subversiva e nenhuma ofensiva ao status quo da mídia brasileira. É a conclusão de um editorial do conservador jornal "O Estado de S. Paulo", intitulado "Democracia e ‘ditadura midiática'" e publicado numa nobre edição do domingo, dia 10 de junho de 2001'(Leia nesta pág a íntegra do artigo que marca a volta da coluna de Inês Nassif em Carta Maior).

O Estadão, a democracia e a ditadura midiática

A mesma mídia que hoje critica anseios democratizantes das comunicações no Brasil um dia defendeu a importância de “uma política de concessões infensa a coronelismos, complementada por eficaz legislação antitruste” e de “fortalecimento da mídia eletrônica pública”. Esses trechos de editorial do ‘Estadão’, é claro, não foram escritos sob o atual governo petista, mas em 2001, quando FHC estava no comando do país. Por Maria Inês Nassif (que, com este artigo, marca seu retorno à Carta Maior)


Eis o receituário contra “os ‘Big Brothers’ de todas as latitudes”, e para evitar o perigo à democracia que a “TV lixo”, aquela que é “um brevê contra a inteligência e o senso crítico dos espectadores”, pode representar em qualquer parte do país: “De um lado, uma política de concessões infensa a coronelismos, complementada por eficaz legislação antitruste, de defesa do consumidor e da concorrência, contra a exacerbação predatória da lei do mais forte no mercado da indústria de informação”; “de outro, o fortalecimento da mídia eletrônica pública, independente tanto do Estado quanto da área privada e, mais ainda, protegida do espúrio contubérnio entre ambos, que gera a ‘ditadura midiática’, na Itália, na Bahia – e em qualquer lugar do planeta.”

Não se trata, leitor, de nenhum texto inspirado na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, ocorrida em dezembro de 2009, em Brasília, que discutiu diretrizes, no âmbito da sociedade civil, para a regularização da mídia – aquela conferência que a direita tratou como uma tentativa tomada de poder do governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva, via organizações populares. Não, não é nenhuma peça subversiva e nenhuma ofensiva ao status quo da mídia brasileira. É a conclusão de um editorial do conservador jornal “O Estado de S. Paulo”, intitulado “Democracia e ‘ditadura midiática’” e publicado numa nobre edição do domingo, dia 10 de junho de 2001.

Naquela época, todavia, o presidente do Brasil era Fernando Henrique Cardoso; o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, havia renunciado ao mandato de senador, depois de ter fraudado uma votação em plenário, e estava então em rota de colisão com FHC, a quem servira desde o início do mandato; e o poder econômico da mídia ainda não havia feito um pacto de não agressão contra um inimigo maior, um governo de esquerda que enterrou duas gestões tucanas que consolidaram no país o receituário conservador, político e econômico, que grassava no mundo, sob o disfarce de modernidade.

ACM, segundo o editorial, era o espécime mais bem acabado do “coronelismo eletrônico que grassava pelo país, em particular nos Estados do Nordeste: o produto político da associação com “o principal conglomerado de emissoras de TV” com os interesses de grupos políticos. Usando da associação com esse conglomerado e da “fidelidade irrestrita à ordem ditatorial”, o senador baiano construiu um “virtual monopólio de mídia e de acesso a verbas publicitárias particulares e públicas [na Bahia], a começar do próprio governo estadual e da prefeitura de Salvador, sob suas asas”.

No momento em que ACM caía no Brasil, na Itália ascendia novamente ao poder Silvio Berlusconi – que chegara a premiê em março de 1994 usando o poder econômico e um império de mídia eletrônica, renunciou em 1994 e chegava novamente ao cargo pelos mesmos recursos, exercitando o que o presidente da segunda emissora de TV italiana, Carlo Freccero, seu colaborador por mais de 20 anos, designava como “ditadura midiática” em um entrevista concedida na semana anterior ao editorial ao semanário francês “L’Express”.

O ex-colaborador do premiê italiano, diz o editorial do Estadão, “sabe perfeitamente como a hegemonia inconstrastável de um grupo de mídia sobre o conjunto do setor [grifo nosso] pode ´lobotomizar´ toda uma Nação, em proveito dos amigos políticos de seus colaboradores”.

“Se um país civilizado como a Itália pode tornar-se refém de um dublê de um czar da mídia e de autoridade governamental, não são necessários grandes voos de imaginação para prever o perigo que a “TV lixo”, como diz Frecero (...) pode representar em outras paragens”.

A associação do “principal conglomerado nacional” – assim o editorial se refere à Rede Globo – a interesses políticos variados apenas pode resultar em grande poder político e econômico, concluiu o Estadão, ao analisar o caso ACM no Brasil e antes de lembrar o caminho trilhado por Berlusconi para chegar ao poder na Itália.

O editorial lembra a resposta dada pelo senador baiano ao repórter, sobre o que faria depois de sua renúncia. ‘“Gostaria de dirigir a Globo”, respondeu, risonho’, relata o texto do jornal. “Pode-se julgar como se queira a sua longa trajetória na vida pública nacional e no seu estilo de atuação. Mas nunca, em sã consciência, alguém lhe fará a injustiça de desconsiderar o seu faro extremamente privilegiado para as fontes e os mecanismos de exercício do poder”, conclui.

“Graças a esse dom, ele foi um dos primeiros políticos brasileiros, na passagem dos anos 60 e 70, a perceber a importância decisiva que teria o controle da mídia eletrônica para a conquista de apoio popular, a consolidação das posições de mando alcançadas e o uso da influência pessoal, assim amplificada, para o comércio de favores – o que, por sua vez, asseguraria a reprodução do cacife político já amealhado”, analisa o editorial, à luz da trajetória política e da sua construção como empresário da mídia baiana, sob o abrigo e em associação com a maior rede nacional de televisão.

Ele e Sarney entenderam isso, ele na Bahia e Sarney no Maranhão. Juntos, Sarney como presidente, ACM como seu ministro das Comunicações e, ambos, associados à “maior rede nacional”, mantiveram-se, daí como mandatários, o “coronelismo eletrônico”, mesmo depois da redemocratização do país. “Ministro das Comunicações do presidente José Sarney e tão ligado como ele à maior rede nacional, ACM fez da outorga de concessões de emissoras de rádio e TV o instrumento por excelência de seu ‘coronelismo eletrônico’, na apropriada expressão do editorial de domingo passado do Jornal da Tarde”, continua o jornal, em sua sessão de Opinião. É ele quem diz.

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* Colaboraram os estagiários Caio Luiz Junqueira Hornstein, Roberto Campos Brilhante e Rodrigo Giordano Stella