Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 3 de abril de 2013

LULA NO PALANQUE DA VENEZUELA


*Pressão totalinteresses de bolso, de palanque  e ideologia exigem alta dos juros. 

*Leia
'Os sócios da Selic e os comedores de quindins de ouro' (Aqui) 

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Jogral suicida: índice de preços ao consumidor mostra deflação em março, em SP; produção industrial brasileira cai 2,5% em fevereiro. Não importa. O jogral rentista continua a clamar pelo início, imediato, 'do ciclo  de aperto monetário'.

*Prioridade: governo elimina IOF para financiamento de bens de capital  voltados à infraestrutura

*Confronto coreano:  o historiador Francisco Teixeira explica os dados da equação (nesta pág)

No comício em Maracaibo, Maduro exibiu o vídeo de apoio enviado por Lula. Nele, o ex-presidente brasileiro recorda e elogia o trabalho feito pelo candidato quando chanceler da Venezuela e arremata para alegria da multidão: "Maduro presidente é a Venezuela que Chávez sonhou". Após a exibição de quase 2 minutos, Nicolás Maduro agradeceu a Lula "por todo amor que deu a Chávez e todo apoio à Revolução Bolivariana" e embalou a multidão a cantar o refrão conhecido dos brasileiros :"Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula". Por fim, disse  que o petista foi alvo dos mesmos preconceitos que ele sofre por parte da burguesia, por sua origem de classe. O apoio explícito de Lula  é mais um revés para o candidato conservador, Capriles Randonski. Desde a campanha presidencial de 2012, Capriles  afirma que quer ser Presidente  da Venezuela, 'para governar como Lula'. Difícil. (Vinicius Mansur, direto da Venezuela; leia a íntegra nesta pág.)

Nicolás Maduro inicia campanha respaldado por Lula
 

A estratégia da direita midiática para retomar o poder no Brasil


 Eduguim
Quem melhor definiu o quadro político neste ano pré-eleitoral foi a jornalista e escritora Maria Inês Nassif, irmã do jornalista Luis Nassif, quem, após deixar sua coluna no jornal Valor Econômico por pressão política, foi trabalhar no Instituto Cidadania, do ex-presidente Lula.
Maria Inês disse, em recente reunião de que ambos participamos, que a esquerda, no Brasil, “não sabe exercer a hegemonia como a direita” quando esta chega ao poder.
O que significa isso? Que, apesar de ter o Poder Executivo, a direita midiática tem o controle – não influência democrática que qualquer lado da política tem que ter, mas o controle, a hegemonia – do Judiciário e, em certos aspectos, até do Legislativo. Sem falar da mídia…
O PT chegou ao poder em 2003 através de Lula e os dois mandatos dele que se seguiriam e o da sucessora que indicou e conseguiu eleger, constituíram-se em um sucesso incontestável – ao menos do ponto de vista da maioria do eleitorado brasileiro em todas as classes sociais e na quase totalidade das regiões país.
Contudo, está sendo criada uma estratégia que pode surpreender quem acredita que Dilma “já ganhou”.
Estamos a um ano e meio da sucessão de Dilma Rousseff. Há, portanto, tempo de sobra para despertar os setores da sociedade que entendem e apoiam o processo de soerguimento econômico e social que o Brasil experimenta há uma década.
Leio nos jornalões antipetistas e antigovernistas que foi “Dilma” quem desencadeou a sucessão presidencial antes da hora. Editorial do jornal Folha de São Paulo de quarta-feira, 3 de abril de 2013, bate nessa tecla seguindo a linha do resto dessa “grande imprensa”.
Esse trecho do editorial resume a versão absurda dos fatos que está sendo difundida pela oposição e pela mídia a ela aliada:
“(…) A deletéria antecipação da corrida eleitoral de 2014 leva a presidente Dilma Rousseff a reciclar o jogo fisiológico e o loteamento de ministérios (…)”
Qualquer um que tenha a menor noção de política sabe que presidente nenhum quer a antecipação da própria sucessão. A expressão em inglês “Lame Duck” – que, em português, pode ser traduzida livremente como “pato manco” – alude justamente à perda de poder que um presidente experimenta quando o fim de seu governo se aproxima.
Quem desencadeou a sucessão presidencial não foram Dilma, Lula ou o PT; foi parte da oposição e até dos aliados do governo que estão sendo tentados pelo canto da sereia destro-midiático.
Apesar de pesquisa Datafolha recente ter detectado que se o pleito de 2014 fosse hoje Dilma seria reeleita em primeiro turno com 58% dos votos, todos sabemos que durante os processos eleitorais as coisas nunca são tão fáceis.
Lembremo-nos de como, em 2010, todos foram surpreendidos com a realização do segundo turno por conta, principalmente, do levante de católicos e evangélicos contra a candidatura Dilma a partir da premissa de que ela seria “abortista”.
Além disso, a vitória por apenas dez pontos percentuais em um momento em que a economia estava bombando, com emprego em alta, renda crescendo, pobreza despencando, dá bem uma dimensão de como a sociedade não se pauta sempre pela lógica na hora de votar. Dilma deveria ter vencido com muito maior folga.
Para 2014, a mídia conservadora conseguiu elaborar uma estratégia mais sofisticada do que a de 2010. Marina Silva deve vir com tudo. Mesmo se não passar do patamar de 16% dos votos que obteve na última pesquisa, lá se vão parte dos votos que seriam de Dilma. Eduardo Campos pode extrair mais um naco importante, se for candidato.
Contudo, a coisa não fica por aí. Reproduzo, abaixo, notícia extraída do Estadão e que circulou fartamente por vários outros veículos.
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O Estado de São Paulo
2 de abril de 2013
“A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu seis procedimentos para investigar as acusações feitas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no depoimento prestado em 24 de setembro de 2012. Condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, ele acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter se beneficiado pessoalmente do esquema. O petista classificou o depoimento, prestado sigilosamente à Procuradoria-Geral, como mentiroso.
(…)
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, esperou o fim do julgamento do mensalão para despachar o depoimento.
(…)
A Procuradoria da República em Minas já investiga os repasses feitos por Valério à empresa do ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy. O operador do mensalão afirmou ter depositado um cheque de R$ 100 mil na conta da Caso Sistema de Segurança, uma empresa do setor de segurança privada.
Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo bancário quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500.
Em busca de benefícios. Em meio ao julgamento do mensalão, Valério foi voluntariamente à Procuradoria-Geral da República no dia 24 de setembro na tentativa de obter algum benefício em troca de novas informações sobre o caso. Em mais de três horas de depoimento, disse que o esquema do mensalão ajudou a bancar “despesas pessoais” do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Esses processos foram propostos pelo atual procurador-geral da República – cujas posições oposicionistas todos conhecem – a instâncias estaduais do MPF com o evidente objetivo de se tornarem uma grande polêmica em pleno processo eleitoral de 2014.
Lula, o grande eleitor que elegeu Dilma e que deverá ter larga influência na próxima eleição, estará sob fogo cerrado, com “descobertas” sendo apresentadas ao eleitorado no momento em que ele terá que decidir quem continuará comandando este país.
Dirão, com boa dose de razão, que o uso de factoides e candidaturas lançadas só para reduzir a força dos candidatos petistas não começou hoje, mas o espectro de candidaturas que não têm pretensão outra além da de atrapalhar Dilma, pois não têm chance, será muito maior desta vez, potencializando o efeito Marina de 2010, agora com Eduardo Campos pela esquerda, Marina por um centro “sonhático” e o candidato da direita, possivelmente do PSDB, que carrega sempre uma parte consistente do eleitorado.
A antecipação da campanha eleitoral, pois, interessa à oposição e aos aliados do governo que se assanham com a possibilidade de voos solo. Essas candidaturas estão sendo construídas com grande antecedência, bem como o ataque ao grande eleitor de 2014 e, ainda, com uma conjuntura econômica internacional que sempre carrega surpresas.
Ano que vem, o país assistirá a uma campanha eleitoral que tem tudo para ser a mais virulenta do pós-redemocratização, por incrível que possa parecer à luz do que foram as anteriores. Aqui vai, portanto, um alerta: o pior inimigo de Dilma é o “já ganhou”.

OS SÓCIOS DA SELIC


*Receita suicida: produção industrial cai 2,5% em fevereiro sobre janeiro, evidenciando o absurdo que seria elevar as taxas de juros em um sistema econômico fragilizado**governo elimina IOF do financiamento para aquisição de bens de capital  voltados à infraestrutura


O mercado financeiro do país é assoalhado por  R$ 1,7 trilhão em títulos públicos, que gravitam em torno da taxa básica de juro, a  Selic. Outros R$ 1,4 trilhão  estão acantonados  num oceano de títulos financeiros  privados -CDBs, debentures etc--  corrigidos, neste  caso, pela taxa praticada nas operações de empréstimos entre os próprios bancos(CDI).  A taxa do CDI sempre foi muito próxima a da Selic. Mas a farta liquidez disponível hoje no Brasil e no mundo (crédito, investimento público, ingressos de capitais estrangeiros, facilidade de captação no exterior etc) , reduziu a necessidade desse intercâmbio de caixa entre instituições. Os juros dessas operações, o CDI,  tem ficado abaixo da Selic. Para resumir: a riqueza financeira  corrigida por ele está perdendo ou, no máximo, empatando com a inflação. Foi o que aconteceu no primeiro trimestre deste ano. Algo muito próximo  está  perto de acontecer com os detentores de títulos públicos -ainda que neste caso exista um atenuante disseminado, que são as taxas prefixadas. Elas protegem o investidor da dívida pública do encolhimento da Selic. Grosso modo, porém, as duas massas de riqueza financeira, que somam o equivalente a 75% do PIB brasileiro, tem encontrado dificuldade crescente de se valorizar. Ou, ao menos,  manter seu  valor real. Há um universo numericamente expressivo de detentores de dinheiro miúdo nesse aluvião. Mas em termos de densidade financeira, predominam sócios graúdos da Selic. Bancos e fundos administrados por eles, por exemplo, detém  cerca de 55% da dívida  pública. O Brasil investe hoje menos de 18% do PIB ao ano. Precisa elevar isso a, pelo menos, 25% para fechar o buraco da infraestrutura, que não comporta sua nova realidade social. É em torno dessa travessia de sete pontos que se dá o cabo de guerra entre o rentismo e a luta pelo desenvolvimento. Parece pouco, mas é ela que pode definir o século 21 brasileiro(Leia também aqui: 'Os quindins de ouro')   

Forjemos nossas armas, por Mauro Santayana


Mauro Santayana
O governo da Presidente Dilma Roussef decidiu alterar as leis sobre a indústria bélica e editar normas para a política de defesa, que incentivam a produção nacional de armas e o desenvolvimento de processos tecnológicos autônomos. Os nossos leitores habituais devem recordar-se de matéria sobre o assunto que publicamos neste mesmo Jornal do Brasil sobre o tema em 16 de agosto do ano passado. No texto, citávamos a dramática advertência do general Maynard Santa Rosa: em caso de agressão estrangeira, só dispomos de munição para uma hora de resistência. 
Um dos maiores erros dos governos de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, se não o mais grave, foi desarmar o Brasil. A doutrina FHC se baseava no falso conformismo de que jamais poderíamos nos defender do poderio bélico norte-americano e seria melhor transformar as forças armadas em corpos policiais destinados ao combate ao tráfico de drogas, sob o comando continental dos Estados Unidos,of course.
Todos os povos que se prezam são obrigados a defender-se dos eventuais inimigos. As nações se formam dentro de espaços naturais, em que devem viver em paz, preocupando-se com seus recursos, com a felicidade e com a defesa de sua liberdade. À soma de espaço e liberdade chamamos soberania, no léxico político moderno. Nas guerras, sempre indesejadas, as nações agredidas, qualquer que seja a sua capacidade bélica, são eticamente obrigadas a resistir. 
Churchill, ao opor-se à capitulação de Chamberlain, ponderou que uma nação , quando se defende com a coragem do patriotismo, pode ser derrotada sem perder a honra, mas, ao capitular sem luta, perde o respeito do inimigo e das nações neutras.
O vencedor trata  com natural desprezo os que se entregam sem luta, ainda que em nome da paz. É essa a diferença entre os soviéticos, que perderam rios de sangue na Segunda Guerra Mundial, e puderam hastear sua bandeira no Reichstag, enquanto Hitler se matava - e os franceses de Pétain e Laval, que se entregaram quase sem luta. Ainda bem que, no caso da França, os maquisards salvaram a face de seu povo, na dura resistência contra os ocupantes. 
O Brasil é um dos poucos países do mundo capazes de viver com autonomia dentro de suas próprias fronteiras, o que o dispensa da sedução de conquista de espaços alheios. É um dos maiores do mundo em extensão territorial contínua, em que se fala a mesma língua, com invejável insolação e imensos depósitos de água potável. E exatamente por isso é obrigado a manter forças armadas capazes de dissuadir os eventuais cobiçosos.
A experiência continental nos adverte de que não podemos manter alinhamentos internacionais automáticos. Não cabe discutir aqui se a Argentina agiu bem , ao tentar recuperar, pela força, o que pela força perdera, ou seja, a soberania sobre as Malvinas. O fato é que Washington não interveio em favor da paz: colocou-se inteiramente ao lado de Mme. Thatcher, sem ir mais fundo na discussão da soberania argentina, reconhecida por todos os seus vizinhos da América do Sul. 
A nova doutrina brasileira busca estabelecer parcerias não só comerciais, mas estratégicas. E, para que não ocorra a pressão sobre os nossos parceiros, é melhor negociar com países emergentes – no caso, os Brics.
Cometemos um erro estratégico ao assinar o famoso Tratado de Não Proliferação Nuclear. A decisão de não usar determinado instrumento bélico não nos deve tolher o processo de sua fabricação e a técnica de seu emprego.
Armemo-nos todos, ou nos desarmemos todos, sem exceção.