Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 20 de outubro de 2012

Serra, a Privataria Tucana e O Senhor dos Anéis




Nos últimos dias tem circulado nas redes sociais inúmeras paródias relacionando o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, ao personagem Gollum, da triologia O Senhor dos Anéis. A irônica comparação começou depois que Serra, assim como o personagem que não sabe se é Gollum (mau) ou Sméagol (bom), passou a se contradizer sobre sua trajetória política e as suas propostas de campanha.

Por Carla Santos


Com tantas semelhanças com Gollum, até o título da obra de Tolkien mudou de O Senhor dos Anéispara O Senhor do Rouboanel, em uma clara referência à denúncia, divulgada pela revista IstoÉ,que revelou o propinoduto nas obras do Rodoanel, em São Paulo, para financiar a campanha presidencial de José Serra em 2010.

Na trama fantástica de O Senhor dos Anéis, inspirada nos romances do professor e filólogo britânico J.R.R. Tolkien, Sméagol era mais um da raça dos Grados e vivia nos Campos de Lis. No dia do seu aniversário, ele foi pescar com seu primo e acabou achando um anel mágico que incitava os piores sentimentos em que o possuia. 

Logo após achar o anel, Sméagol mata seu primo e é expulso dos Campos de Lis pela sua própria família. Ele acabou por refugiar-se nas Montanhas Sombrias, onde passou a ser chamado de Gollum, por causa do som involuntário que fazia com sua garganta. Desde então, o personagem passa a viver um dilema sobre quem ele realmente é: o bom Sméagol, que vivia em comunhão com os seus, ou o assassino Gollum, solitário e sombrio.

Tupi or not tupi

Em 2004, o candidato tucano assinou um termo decompromisso dizendo que se fosse eleito prefeito de São Paulo cumpriria o mandato até o fim. No entanto, passado o pleito e conquistada a vitória, o candidato renunciou à prefeitura para disputar as eleições de 2008 para o governo do estado. Serra é eleito e, mais uma vez, renuncia o mandato de governador para disputar as eleições presidenciais de 2010.

Durante a campanha muncipal deste ano, Serra criticou a cartilha anti-homofobia, mais conhecida como ‘kit gay’, proposta pelo candidato adversário Fernando Haddad (PT), quando este era ministro da Educação. No entanto, quando era governador de São Paulo, Serra enviou às escolas cartilha semelhante a de Haddad, além de recomendar, pelos menos, dois filmes idênticos aos apresentados por Haddad às escolas.

Estes são apenas alguns dos muitos episódios que marcam a campanha contraditória do candidato tucano. Entre outras discrepâncias está a condenação do chamado ‘mensalão’ petista e o silêncio absoluto sobre a privataria tucana – título do livro de Amauri Ribeiro Jr. que revela o esquema do PSDB para desviar milhões de reais durante o processo de privatizações levado a cabo pelos governos de FHC – entre outras muitas denúncias de corrupção sem investigação alguma até agora. 



Chutando aliados


Até mesmo o PIG (Partido da Imprensa Golpista), que sempre esteve do lado tucano, não sabe mais como lidar com os disparates de Serra. Apenas nesta semana, o candidato tucano chamou um jornalista de mentiroso na CBN e mandou outra jornalista da UOL “fazer campanha para o Haddad”.

Como já era de se esperar, os internautas não perdoaram tantos tropeços e as comparações entre Gollum e Serra só cresceram nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook. 

O resultado do desespero tucano também aumentou a rejeição, que já grande antes do segundo turno, ao candidato José Serra. A pesquisa Ibope desta quarta-feira (17) apresentou Haddad com 49% das intenções de voto, contra 33% de Serra. 

Porém, longe de antecipar a comemoração sobre uma possível vitória de Haddad, paira no ar um clima tenso. Não é de hoje que a baixaria é uma marca das campanha tucanas. Quem sabe o que Serra ainda será capaz de fazer para não perder seu mais “precisoso anel”: a Prefeitura de SP?

Saiba mais:
Carta Capital: Quem é Paulo Preto, o "homem-bomba" do tucanato
Vídeo revela principais fatos de A Privataria Tucana
Serra 'dança conforme a música' e chama jornalista de mentiroso
Serra manda jornalista da UOL trabalhar para Haddad

Síndrome de Regina Duarte se abate sobre serristas



Medo de Lula e do PT, manifestado por atriz em chororô de dez anos atrás no programa eleitoral de José Serra, volta na eleição para prefeito de São Paulo; acomete, agora, marmanjos calejados; nenhuma das paúras confessadas pela atriz se mostrou justificada, mas a doença que tem em Reinaldo Azevedo o paciente zero parece não ter cura; também é chamada de preconceito de classe. Artigo do Brasil 247.


O relógio político dos serristas voltou no tempo para dez anos atrás, a 2002. Naquele quadrante, às vésperas da derrota na eleição presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva, a atriz Regina Duarte, com sua melhor expressão de chororô, foi ao programa do então adversário lulista José Serra para pronunciar uma frase que marcou época:

"Eu tenho medo do PT. Medo de Lula e do PT!"

Seria a barba do ex-líder sindical que provocava a alegada paúra na antiga 'namoradinha do Brasil'? A voz gutural? As bandeiras vermelhas do partido que ele fundou? O apoio do MST? As promessas de palanque ao feitio da esquerda? Ou o explicitado compromisso de reduzir a pobreza e possibilitar três refeições ao dia ao povo brasileiro?

Era o conjunto todo, deixou claro Regina, além do receio de que Lula iria fazer a moratória da dívida externa, romper contratos, solapar todas as bases da democracia brasileira. A expectativa do caos completo.

Lula venceu e nenhum dos medos de Regina Duarte se justificou. A partir do governo Lula, não apenas a dívida externa foi paga como, hoje, as reservas internacionais do Brasil estão em cerca de US$ 400 bilhões, o que evitou novos ataques especulativos contra o País, como acontecia no tempo do antecessor dele, Fernando Henrique Cardoso. 

Ao contrário de FHC, Lula não mudou as regras do jogo democrático (como se recorda, o presidente tucano operou o Congresso pelo estabelecimento da reeleição, que até então não existia, e se beneficiou diretamente da manobra). Ainda que tivesse tirado um foto com o bonzezinho do MST, não consta que Lula tenha armado os trabalhadores do campo ou feito na marra qualquer tipo de reforma agrária. 

O que se tem, nesse setor, é o sucesso do programa Fome Zero, a partir do qual se pode constatar, agora, a retirada de cerca de 40 milhões de brasileiros do estado de pobreza.

Nenhum dos tantos medos de Regina Duarte se mostrou real. No entanto, passados dez anos daquele apelo entristecido e quase desesperado, eis que eles – os medos da Regina – ressurgem em homens barbados. E nem está em jogo uma eleição presidencial, como daquel feita, mas um pleito municipal, que nem envolve Lula diretamente, mas um de seus pupilos, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Um medo, portanto, ainda mais forte, visto que o perigo é menor.

Quadro típico da classe média paulistana, frequentador do insuspeito Clube Sírio-Libanês, filho de comerciante na reconhecida rua 25 de Março, sem passagem por movimentos que praticaram ou sequer pregararam a luta armada ou ações do gênero, o pacato Haddad virou alvo da síndrome de Regina Duarte que acomete, outra vez às vésperas de uma derrota de Serra – ao que apontam as pesquisas e as condições políticas que cercam a eleição paulistana – marmanjos calejados como o jornalista Ricardo Setti, o empresário Octávio Frias Filho, o filho do sociólogo Boris Fausto, o comunicador de apelo religioso Silas Malafaia e até o destemido (com arma na mão, como diria Bezerra da Silva) coronel Telhada, ex-comandante da Rota.

Acometidos do mesmo mal estão o vereador eleito Andrea Matarazzo e aquele que pode ser chamado de paciente número zero desse vírus, o verborrágico internauta Reinaldo Azevedo.

Ai, ui, sapatilham eles, cada um ao seu modo, arguindo, ora publicamente, ora em privado, que Haddad representará o fortalecimento político de Lula – aquele mesmo Lula que, projeta-se, vai solapar a democracia, inverter as prioridades burguesas, revirar a sociedade brasileira etc etc.

Ponto a ponto, os medos foram claramente elencados pelo Prêmio Esso de Jornalismo Ricardo Setti em seu blog dentro de veja.com.br

Para os homenzarrões acometidos da síndrome de Regina Duarte parece, ao que se vê pelo que eles próprios têm expressado, não haver vacina nem remédio. Lula exerceu duas vezes a Presidência da República, à qual chegou pelo voto popular, manteve as regras do jogo e viu sua candidata Dilma Rousseff, com cerca de dez milhões de votos a mais que o adversário José 'sempre ele' Serra, subir a rampa do Palácio do Planalto. De-mo-cra-ti-ca-men-te, frise-se. 

Não quebrou contratos, não rompeu com os Estados Unidos, não declarou o socialismo tropical. Foi, isso sim, apontado pelo maior historiador do século 20, Eric Hobsbawn, como o líder global mais importante do final do período e tornou-se referência de expressão política democrática em todo mundo.

Serra, vale dizer, rompeu todos os contratos vigentes assim que assumiu a Prefeitura de São Paulo, em 2005, abandonou o mandato menos de dois anos depois e, ao chegar ao governo de São Paulo, igualmente suspendeu todos os pagamentos que deveriam ser feitos no mês de janeiro de 2007 – sucedendo, nesta ocasião, não a petista Marta Suplicy, mas seu próprio correligionário Geraldo Alckmin.

Mas quem tem a Sídrome de La Duarte acha que é Haddad, e não Serra, que vai subrverter a ordem, fazer o contrário do que promete em palaque, recusar responder perguntas, agredir jornalistas verbalmente, usar o cargo para finalidades políticas pessoais.

Essa doença, que volta dez anos depois do primeiro surto, não passa e nunca vai passar. Seu nome científico é preconceito de classe.

Fonte: Brasil 247

O mapa eleitoral e meu voto em Haddad



Por Paul Singer 


Existe uma diferença inegável entre PT e PSDB: a priorização da luta contra a miséria. E os eleitores sabem disso, basta ver em qual partido a periferia vota

Do ponto de vista da população mais pobre de qualquer cidade, a eleição que tem mais possibilidade de mudar sua vida para pior ou melhor é a municipal.

As políticas do governo federal e estadual também afetam os mais pobres, mas de modo mais indireto. O governo estadual, por exemplo, tem a seu cargo a segurança pública no Estado -algo importante para qualquer cidadão, mas sobretudo para os que são obrigados a morar em áreas em que a criminalidade é mais presente e ameaçadora.

Não obstante, é o governo municipal que responde pela iluminação pública e, especialmente, por políticas sociais que impactam as condições de vida dos moradores mais humildes. A atenção à população mais carente é um aspecto fundamental na escolha do prefeito.

É preciso votar levando em consideração que é a prefeitura que responde pelo registro das famílias mais carentes no Programa Bolsa Família, por exemplo. Ela tem grande possibilidade de agir em parceria com o governo federal no programa Brasil sem Miséria, de ajudar a resgatar famílias que vivem em bolsões de extrema pobreza. A redução da miséria, aliás, certamente ajudará a diminuir inclusive a criminalidade, na cidade inteira.

Eis, então, a razão pela qual votarei em Haddad desde o primeiro turno: estou certo de que ele priorizará a luta contra a miséria, como fazem os diferentes governos chefiados por políticos do PT.

Nesta questão, a diferença em relação aos governos chefiados pelo PSDB é inegável.

E os eleitores sabem disso. Basta ver o mapa eleitoral de São Paulo em qualquer eleição municipal para verificar que os candidatos do PSDB vencem nas áreas mais opulentas, enquanto os candidatos do PT são os preferidos na periferia.

Quanto maior a pobreza em uma região, maior a vantagem relativa do PT. No primeiro turno destas eleições municipais, novamente tal fato foi comprovado.

Além de Fernando Haddad ser o candidato do PT, minha preferência por ele se deve ao fato de que eu o conheço há muito tempo e, assim, sei de sua inteligência e do seu empenho em tornar a sociedade brasileira mais justa, menos desigual.

Nesse sentido, o que Haddad fez como ministro de Educação é notável, sobretudo na expansão do ensino público em nível universitário, área em que os governos do PSDB se notabilizaram pela ausência.

Na gestão do PSDB, os jovens de famílias de baixa renda estavam praticamente condenados a tentar estudar em universidades privadas, já que eram barrados pelos vestibulares nas universidades públicas.

Os governos de Lula e Dilma, em que Haddad serviu como ministro de Educação, priorizaram a expansão das universidades públicas, permitindo o acesso de estudantes mais pobres. Além disso, o ProUni abriu centenas de milhares de vagas em universidades privadas a eles.

Outra política importante foi a multiplicação dos Institutos de Educação Científica e Tecnológica, que foram localizados nas áreas desprivilegiadas do país. Nesses institutos, está sendo efetivado o Programa Mulheres Mil, que dá formação profissional a mulheres de baixa renda. O programa já resgatou dezenas de milhares da pobreza. Quem ouve os depoimentos dessas mulheres percebe que não são poucas as que querem continuar estudando até alcançar um diploma universitário.

No ministério, Haddad se cercou de uma equipe disposta a fazer da educação uma arma na luta contra a opressão da mulher e contra a exclusão preconceituosa de negros e indígenas das oportunidades de exercer plenamente seus direitos como seres humanos e trabalhadores. Agora, ele tem tudo para ter grande sucesso como prefeito.

Paul Singer é economista e secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego.

(Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 19/10/2012)

O TETO DA “ÉTICA” TUCANA Ė BAIXO


O eleitor sabe do que precisa. O moralista que duvidar que atire nele a primeira pedra

A manipulação da “ética” – As pesquisas e as eleições mostram que a sociedade sabe dos principais problemas do Brasil e não segue o uso político da moralidade.

Lula ganhou a eleição presidencial em 2002. Tinha uma aprovação pessoal grande e a avaliação do governo dele em nível elevado. A oposição não sabia como se opor àquele governo que não naufragou de imediato como ela esperava e torcia. Frustrou-se.

O governo fez o dever de casa. Foi comedido, comportado, conservador. Sacrificou o crescimento econômico pelo superávit primário. Embora tivesse base de apoio no Congresso, capaz de permitir ousadias, conteve-se. O programa Bolsa Família criado em 2003, é uma exceção que confirma a regra.

Em 2005, no entanto, explodiu a denúncia do “mensalão” e despertou na oposição o velho sentimento moralista da extinta UDN. Era a bandeira que faltava para guiar as insatisfações e retomar o poder para os tucanos. Delenda Lula.

Entrou em ação a “banda de música” udenista e com ela o uso político, ou manipulação, do tema corrupção ampliado pelas trombetas da mídia. A ética foi escancaradamente banalizada e alcançou até mesmo a tradicional distribuição de cargos da máquina pública. Antes aceita, passou a ser condenada. Chegou-se à criminalização da política. Alguns índices de abstenção, o primeiro turno das eleições municipais de 2010, ainda em curso, refletem isso.

Apesar disso a propaganda do combate à corrupção não deu certo. Em 2006, Lula foi reeleito e, em 2010, elegeu Dilma. Um ás que tirou da manga.

O que falhou no golpe da oposição? Basicamente, faltou combinar com o eleitor. Chegou-se a achar que o povão, o eleitor pobre, não tinha ética. O povo, porém, como apregoa conhecido refrão, não é bobo. Tinha, na verdade, a informação essencial transmitida pelos benefícios de uma administração que resgatava milhões de marginalizados para incluí-los no processo econômico.  A coisa não para aí. Tem mais.

Recentemente, Márcia Cavalari, diretora executiva do Ibope, concluiu um levantamento sobre mudança na agenda dos “principais problemas brasileiros”, segundo o eleitor (Tabela). Os dados são tirados, essencialmente, das pesquisas daquele instituto. Em 11 anos, de 1989 a 2010, houve alterações significativas nessa agenda.

Observados os percentuais do levantamento e, claro, principalmente os resultados das urnas nesse período, fica bem visível que o eleitor, embora condene, não vê a corrupção como principal adversário. No período pesquisado, o combate a esse crime baixou do 5º para o 6º lugar no elenco dos problemas a partir de queda de cinco pontos percentuais na escala das indicações.

Curiosidade à margem do tema: caiu radicalmente a preocupação com a inflação, diminui significativamente a preocupação com a habitação e desapareceu a referência à dívida externa. Contrariamente, porém, surgiram as drogas com percentual elevado na lista de apreensões dos brasileiros.

Essa preocupação secundária com o combate à corrupção mostra que os eleitores entregam o voto para candidatos preocupados com a inflação – FHC valeu-se disso, em 2002, para ganhar a eleição montado no Plano Real – com a Saúde, com a Educação, a Segurança Pública e o Desemprego. Por fim, porém não menos importante, a Distribuição de Renda, que elegeu e reelegeu Lula e, em seguida, elegeu Dilma.

O eleitor sabe do que precisa. O moralista que duvidar que atire nele a primeira pedra.

Eleição só acaba quando termina


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Após quase noventa dias de massacre midiático do Partido dos Trabalhadores perpetrado graças à muleta eleitoral oposicionista em que se converteu o julgamento do mensalão, a eleição em São Paulo adquiriu um caráter de detergente da alma de dezenas de milhões de brasileiros, sejam militantes filiados ao partido, sejam simpatizantes como este que escreve.
Durante esse trimestre obscurantista, o que há de mais reacionário, corrupto e rico no país elucubrou previsões tenebrosas sobre a destruição moral e física do partido mais querido pelos brasileiros e do ex-presidente da República que, dois anos após deixar o poder, continua campeão de popularidade.
Os desejos e previsões nazifascistas do PSDB, do DEM, do PPS, da Globo, da Folha, da Veja, do Estadão, dos “colunistas” desses veículos, do procurador-geral da República e de parcela dos ministros do STF de que a farsa encenada naquela Corte causaria “efeito eleitoral” contra o PT acabaram ganhando um termômetro: a disputa eleitoral entre Fernando Haddad e José Serra.
Não faltaram previsões de que Lula, por conta do julgamento, estaria liquidado como arquiteto de fenômenos eleitorais como Dilma Rousseff. Afinal, parecia improvável que, no momento em que a própria cúpula do Judiciário se engajava politicamente, o partido que diziam que caminhava para a extinção conseguisse vencer onde suas dificuldades eleitorais eram maiores.
A direita midiática está perplexa, boquiaberta, estarrecida, desorientada. Nesse estado de profunda confusão mental, ao não entender como é possível que mais um plano infalível contra Lula e o PT tenha dado errado, produz aberrações como a da colunista da Folha de São Paulo Eliane Cantanhêde, que, na última sexta-feira, comparou Lula à ditadura militar.
Outros, por força das próprias besteiras que proferiram, têm que se render ao fato de que todo o esforço dos veículos de comunicação que o PSDB comprou com dinheiro público, foi em vão.
Fernando Rodrigues, também colunista da Folha, havia escrito naquele jornal sobre a improbabilidade da vitória de Fernando Haddad, que, ocorrendo, seria um dos maiores fenômenos eleitorais da história. Exageros à parte, na coluna deste sábado ele se dá conta do erro que cometeu. Abaixo, sua coluna deste sábado, 20 de outubro.
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FOLHA DE SÃO PAULO
20.10.2012
FERNANDO RODRIGUES
Hegemonia PT 3.0
BRASÍLIA – Fernando Haddad protagonizou uma das mais espetaculares recuperações numa campanha para prefeito de São Paulo e deve dar ao PT, dizem as pesquisas, o comando da maior cidade do país.
A eleição paulistana é um passo relevante no projeto de hegemonia política do PT. Nenhum partido cresce de maneira orgânica e consistente como o PT a cada disputa municipal. A sigla sempre se sai melhor.
PMDB, PSDB, DEM (o antigo PFL) e outros já tiveram dias de glória, mas acumulam também vários revezes. O PT, não. Só cresce.
Embora já tenha vencido em São Paulo duas vezes (em 1988, com Luiza Erundina, e em 2000, com Marta Suplicy), agora com Fernando Haddad é uma espécie de PT 3.0 que pode chegar ao poder.
Não há outro partido da safra pós-ditadura militar que tenha conseguido fazer essa transição de gerações. O poderio sólido e real que o PT constrói encontra rival de verdade apenas na velha Aliança Renovadora Nacional (Arena), a agremiação criada pelos generais para comandar o Brasil -com a enorme diferença de hoje o país viver em plena democracia.
Alguns dirão que o PMDB mandou muito no final dos anos 80. Mais ou menos. Tratava-se de um aglomerado de políticos filiados a uma mesma sigla. Não havia orientação central.
O PSDB ganhou em 1994 o Planalto e os governos de São Paulo, Rio e Minas Gerais. Muito poder. Só que os tucanos nunca tiveram um “centralismo democrático” (sic) “à la PT”.
No dia 28 de outubro, há indícios de que o PT novamente sairá das urnas como o grande vencedor nas cidades com mais de 200 mil eleitores, podendo levar pela terceira vez a joia da coroa, São Paulo.
Ao votar dessa forma, o eleitor protagoniza duas atitudes -e não faço aqui juízo de valor, só constato. Elege seu prefeito e entrega à sigla de Lula um grande voto de confiança para fazer do PT cada vez mais um partido hegemônico no país.
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A mera comparação do texto acima com tudo o que esse e outros pistoleiros do Partido da Imprensa Golpista previram sobre o PT há algumas semanas revela o tamanho da incompetência dessa gente para fazer análises política… Ou não.
Afinal, o que a pistolagem midiática disse antes fora apenas torcida (ainda que consciente), forjada na crença em uma força da mídia que começou a sumir em 2002.
Ainda assim, será estudado, por décadas, o fenômeno que se produziu nas eleições de 2012, quando fracassou miseravelmente o maior ataque comunicacional que um partido e um líder político já sofreram no Brasil em mais de um século de vida republicana, operação empreendida ao custo de centenas de milhões de dólares.
No primeiro turno da eleição de 2012, até as pesquisas de opinião foram recrutadas para tentarem impedir o que o articulista da Folha reproduzido logo acima constata enquanto se vê atolado até o nariz na frustração do fracasso.
A certeza de que a mídia perdeu quase todo o seu poder histórico de manipular o eleitorado brasileiro, nunca foi tão grande. Até porque, tentativa de manipulação eleitoral como a que se viu em 2012, é inédita. O partidarismo, que era só da mídia, chegou às cúpulas do Judiciário e do Ministério Público, forjando uma maquina política jamais vista.
Como? Quando? Onde? Por que? A mídia, a direita mais vil, reacionária, corrupta e cara-de-pau está atônita, desorientada, perguntando-se o que foi que a atingiu.
O PT continua uma força eleitoral que o desconhecimento sobre o povo brasileiro de que essa gente padece a impede de entender, pois só quem se beneficiou das políticas vitoriosas do governo Lula na década passada, e das do governo Dilma Rousseff nesta, sabe por que ninguém mais dá bola a Globos, Folhas, Vejas e Estadões.
Dito tudo isso, porém, este blog, que durante os últimos meses jamais hesitou em confiar na revolução social que Lula, o PT e Dilma promoveram no Brasil, agora vem fazer um apelo à militância do partido.
A vitória do PT em São Paulo no próximo dia 28 de outubro será um duro golpe no golpismo que o julgamento do mensalão açulou entre as forças corruptas do atraso que ainda infelicitam o Brasil. Até porque, Haddad emerge como uma liderança que, seguramente, dá o primeiro passo para uma carreira política de perspectivas ilimitadas.
Se Haddad fizer o que é preciso fazer para civilizar São Paulo durante os próximos oito anos em que poderá governar a cidade, em 2022, então quase sexagenário, ele estará apto a disputar a Presidência da República. Não é pouco.
Todavia, tudo o que foi dito neste artigo não passa de mera especulação. Inclusive a vitória de Haddad. Isso porque, simplesmente, ninguém ganhou coisa nenhuma até agora, pois pesquisa não é eleição, que só acaba quando termina – ou seja: quando o último voto for apurado.
Nesse aspecto, a larga vantagem de Haddad sobre José Serra é um tanto quanto perigosa pelo potencial desmobilizador da militância que encerra. E isso quando se sabe que a vitória dele que vai se desenhando se deve, em imensa parcela, ao trabalho infatigável dessa militância gigantesca com que o PT conta desde a sua fundação.
Disse bem o presidente do partido, Rui Falcão, quando, semanas atrás, avisou à direita que o PT reage ainda mais quando acuado. E foi o que se viu. Este militante, apesar de não ser filiado, entendeu que militar pela eleição de Haddad era militar pela democracia em um momento em que políticos, jornalistas e até juízes inescrupulosos tentavam estuprá-la.
Porém, a perspectiva de vitória do PT no único lugar em que a direita midiática jamais admitiu que pudesse ocorrer não só pela confiança na burrice do povo que acalenta, mas pelo potencial de tal vitória se tornar um golpe mortal, já pôs a mídia e os tucanos em desespero.
No dia em que escrevo, faltam mais oito dias para a eleição. Revendo as experiências dos últimos vinte e tantos anos, o que se sabe é que, na reta final, a direita midiática sempre forjou algum escândalo para derrotar o PT. Desde 1989 é assim e parece difícil que isso mude agora.
Até o dia 28, portanto, parece quase impossível que PSDB, Folha, Estadão, Globo ou Veja não tentem uma última cartada contra Haddad, pois, como não é segredo para ninguém, a eleição paulistana virou nacional. E o quadro se agrava por a disputa envolver o político brasileiro mais sujo deste século, José Serra, capaz de tudo para vencer uma eleição.
Respeitosamente, portanto,  ciente de que sou apenas mais um militante nessa luta encarniçada contra o obscurantismo midiático-reacionário, venho conclamar a militância petista (filiada e simpatizante) a atuar como se Haddad e Serra estivessem empatados. Esse é o espírito que precisa nos nortear até o fechamento das urnas.

Soninha chama Haddad de “filho da p.”



Candidata derrotada à prefeitura de São Paulo, Soninha Francine (PPS) chamou o  candidato Fernando Haddad (PT) de “filho da puta” em texto publicado em seu blog nesta sexta-feira 19.
“Esses imundos (petistas) vem dizer que nunca ninguém fez nada pelos pobres, e que eles fizeram muito pelos pobres. Repetem, repetem, repetem. Aí botam um cara na televisão dizendo exatamente isso: “Os tucanos nunca fizeram nada pelos pobres”. E aí vem no debate dizer “Vamos assinar um protocolo para que a campanha não tenha agressões?”. Filho da p…”, escreveu.
O termo já havia sido usado por Soninha na noite de quinta-feira, durante debate na tevê Bandeirantes, do qual participaram Haddad e José Serra, como puderam comprovar as pessoas que estavam próximas da ex-candidata. Durante o debate, sentada na plateia, Soninha já se mostrava nervosa com o petista e o chamava de mentiroso. A ex-apresentadora da MTV declarou apoio a Serra no segundo turno. No primeiro turno, petistas avaliam que ela já atuava como “linha auxiliar” do tucano.
No texto em que xinga Haddad, Soninha reclama de jornalistas que, segundo ela, defendiam o petista e chamavam Serra de conservador. “Eles (jornalistas) afirmando que o Serra é conservador, que o Serra tem o apoio do (pastor Silas) Malafaia então o meu eleitorado não vai me perdoar por escolher o Serra. O Maluf é progressista, por acaso? O Maluf defende os direitos humanos, o tratamento igual a todas as pessoas? Um jornalista de uma revista semanal teve a coragem de dizer “mas o Maluf não aparece na campanha”. Entende? Defendendo o Haddad.”
Após a publicação do texto, Soninha foi questionada por uma internauta a respeito da veracidade do xingamento em um site de perguntas e respostas. “Pode ser. Acho que sim. (Fui lá ver. Sim. Tava morrendo de raiva. Vou apagar)”, respondeu Soninha. Momentos depois, ela alterou o texto em seu blog e colocou um aviso aos leitores: “Pra quem veio aqui procurando um palavrão xingando o Haddad: apaguei. Estava com muita raiva e escrevi como falo [falo muito palavrão]. Podia ter dito simplesmente “SUJO”. No fim, substituí por “MUITO cinismo”. Era lá que estava o ‘filha da p.’”.
Abaixo, a imagem do texto original de Soninha: