Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Relatório avalia mídia em oito países, Brasil incluso



Tradução e edição: Larriza Thurler

O relatório “Ten Years that Shook the Media World” (10 anos que sacudiram o mundo da mídia, tradução livre), divulgado semana passada pelo Instituto Reuters para o Estudo de Jornalismo, mostra que, mesmo depois de mais de uma década de mudanças dramáticas na mídia, o que estamos vivendo é apenas o começo de um período mais longo de transição.
O documento, cuja produção foi financiada pela Open Society Foundations, analisa seis democracias com população com alto poder aquisitivo (Finlândia, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e EUA), assim como duas economias emergentes (Brasil e Índia). Juntos, esses países representam 30% da população mundial e mais da metade da população dos países democráticos.
Desafios com as novas tecnologias
Ao longo da última década, a tendência mais importante é a contínua expansão do número de opções disponíveis para audiências e anunciantes. Ainda assim, formas de mídia tradicionais, especialmente a TV, dominam o consumo de mídia, atraem uma proporção maior de anúncios e sustentam a maioria da criação de conteúdo – especialmente no que se refere a notícias.
Tudo isso deve mudar, com profundas implicações para a mídia como a conhecemos hoje. Até mesmo em regiões com níveis mais altos de acesso à internet, como a América do Norte e a Europa setentrional, a vasta maioria das atividades de jornalismo profissional continua a ser financiada por organizações de mídia tradicionais e por receita oriunda de plataformas offline. O surgimento de novas tecnologias representou, no entanto, uma profunda mudança no modo como comunicamos, interagimos e aprendemos sobre o mundo. Em muitos casos, grupos midiáticos emblemáticos, como as redes americanas ABC, CBS e NBC, e a brasileira Globo, viram-se diante do desafio de readaptar suas práticas jornalísticas e de negócios.
Na falta de grandes inovações, as pernas comerciais do jornalismo profissional tendem a erodir na maior parte do mundo ocidental, na medida em que a mídia tradicional entra em declínio – ou afasta-se da notícia – e poucos empresas que existem somente online encontram modelos sustentáveis para produção de notícias. Enquanto novas plataformas digitais criaram novas oportunidades para interação, sociabilidade, compartilhamento e busca, não está claro que esse seja um ambiente propício para o jornalismo profissional.
Expansão da mídia popular no Brasil e na Índia
No Brasil, e especialmente na Índia, o desenvolvimento econômico e a expansão da classe C impulsionaram o crescimento da mídia. O estudo indica que nesses dois mercados, levando em consideração suas diferenças, devem ser observados no futuro uma contínua fragmentação da audiência com um maior número de veículos (o caso Rede Globo é uma exceção, com a TV Globo detendo 49% deshare de mercado em 2009); empresas jornalísticas tradicionais voltadas para a elite enfrentando os mesmos problemas das democracias ricas, ainda que em um ambiente com um número cada vez maior de jornais populares; e um nivelamento parcial das diferenças no consumo de notícias e nos níveis de conhecimento político, com veículos tendo uma audiência maior e mais diversa.
Em economias emergentes, e com a expansão da mídia popular, pela primeira vez, milhares de pessoas estão tendo acesso a notícias feitas para elas. Isso representa uma profunda democratização dos sistemas de mídia em termos de diversidade e alcance. No Brasil, a tiragem dos veículos impressos cresceu na última década, mas a população aumentou ainda mais rápido. Assim, de 2000 a 2009, a circulação per capita caiu 7%. Essa imagem de relativa estabilidade mascara algumas mudanças dramáticas na estrutura da indústria. “Houve uma transformação vigorosa no Brasil; 30 milhões de pessoas subiram na escala social e agora buscam por informação. São pessoas que eventualmente começaram a assinar uma revista, um jornal, uma TV a cabo... Os jornais populares são talvez o exemplo mais simbólico disso”, relatou Jorge Duarte, conselheiro especial da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
Para Sérgio D'Avila, editor-chefe da Folha de S. Paulo (que perdeu o título de jornal de maior circulação do país para o tabloide Super Notícias, em 2010), não há nenhum estado ou cidade importante sem um jornal popular com crescimento significativo. A estagnação na tiragem da Folha e o crescimento do Super Notíciastambém reforçam a mudança na indústria jornalística.
Jornais brasileiros eram moldados em parte pela tradição jornalística do sudeste europeu, com ênfase em análises longas e debate, voltados para uma audiência urbana, educada e de elite. “Nossos jornais sempre foram elitistas”, observa o professor aposentado Venício A. de Lima, da Universidade de Brasília, colunista deste Observatório. Isso vem mudando ao longo da última década, com o lançamento de jornais populares e sensacionalistas, voltados para classes que se beneficiaram do crescimento econômico e das políticas do governo Lula.
Em 2000, tabloides representavam um terço da tiragem total e jornais do país. Em 2009, saltaram para a metade. Enquanto títulos como FolhaO GloboEstado de S. Paulo, enfrentam desafios como os de democracias ricas, tabloides como Super NotíciasExtra Meia Hora crescem cada vez mais.
Internet ainda não é ameaça
No Brasil e na Índia a infraestrutura de internet (principalmente de banda larga) ainda é muito menos desenvolvida do que nas democracias ricas. A telefonia móvel está cada vez mais disseminada, mas poucos têm internet nos celulares. Isso significa que apenas os jornais destinados às elites urbanas enfrentam desafios relacionados à web que são tão pronunciados nos EUA e na Europa Ocidental.
Mais de 100 milhões de brasileiros ainda não são usuários de internet. Para um futuro previsível, a mídia no Brasil ainda é predominantemente de transmissão de TV terrestre, em geral um celular e jornais impressos. A internet ainda não matou os jornais no Brasil e na Índia, e seu papel no recente declínio da mídia impressa foi muitas vezes exagerado.
Mídia regional
A imprensa regional brasileira continua a sofrer claramente com conflitos de interesse, com muitos diários de propriedade direta ou indireta de famílias locais, com muitos interesses particulares e políticos. A propriedade concentrada, em especial o papel do conglomerado de mídia Globo, que já favoreceu candidatos em sua cobertura, levanta preocupações. Antonio Carlos Magalhães, até sua morte em 2007, é uma ilustração poderosa desse tipo de “coronelismo de mídia”. Ele foi por três vezes governador e três vezes senador da Bahia, ao longo de uma carreira de 50 anos que se estendeu em governos militares e democráticos, e manteve seu poder em parte pela propriedade do segundo maior jornal da Bahia, de uma afiliada da TV Globo e diversas emissoras de rádio.
A publicidade do setor público é usada algumas vezes para promover uma agenda partidária do governo, mas pode também influenciar a cobertura por conta da importância econômica para as empresas de mídia. “Em mercados muito pequenos do interior do Brasil, se a prefeitura detém de 30% a 40% da publicidade de um jornal, é óbvio que ele passará por pressões para sobreviver. Não há chance para ser independente, honesto”, disse Marcelo Rech, diretor-geral do grupo RBS.
Confira o estudo, em PDF, neste link. Informações do Reuters Institute [11/10/12]
.

As pesquisas e a volatilidade das nuvens


Por Antonio Fernando Beraldo em 16/10/2012 na edição 716

Para Matheus Jacometi Masson

Não dá para não desconfiar: Fernando Haddad 47% vs. José Serra 37% (Datafolha, 11/10)! Mas, como? No domingo das eleições (7/10) o resultado não foi Serra 31% e Haddad 29%? Elementar, meu caro: “2º turno é outra eleição”. Sim, mas a decisão e a migração são assim tão automáticas? Dia seguinte, o Ibope confirmatório: Haddad, 48% vs. Serra, 37%. Mas assim mesmo, cifras exatamente iguais? Será que os dois institutos “combinaram”? Só falta aparecer o Vox Populi e dar Serra 52% vs. Haddad 48%... Para o eleitor, principalmente aquele que se guia pelas pesquisas – muito mais gente do que se pensa –, é um nó na cabeça.
Nestas eleições, mais uma vez, os institutos acertaram muito mais que erraram, mas a visibilidade dos erros em algumas capitais distorce esta percepção. No Rio, que era o resultado mais previsível, a reeleição do Paes foi quase milimetricamente de acordo com o previsto pelo Ibope e o Datafolha. Porém, no Recife, Geraldo Júlio (PSB) ganha no primeiro turno, 51,2%, ao contrário da previsão do Datafolha – mas o Ibope acertou. O Ibope errou em Curitiba (Fruet subiu mais de 7% às vésperas da eleição), Salvador (ACM Neto chegou à frente, invertendo o previsto), Natal (a pesquisa de véspera tinha dado Carlos Eduardo (PDT) com 51%, mas terminou com 40%), e errou feio, mesmo, em Manaus (era empate técnico na pesquisa, mas Artur Virgílio Neto chegou quase 20% na frente). Pegou mal, muito mal.
Conclusão óbvia
O Datafolha, bem intencionado em tentar explicar o fluxo errático dos números, aprofunda a análise da queda do Russomano (de 35% para 25%) e provoca um tsunami de percentagens difíceis de entender até para quem é do ramo: “Haddad lidera entre os não convictos em Russomano” (Folha de S.Paulo, 5/10). Inventou um tal de “grau de convicção”, e pergunta ao eleitor que é convicto em Russomano, mas cujo voto ainda pode mudar, quem teria mais chances de receber o voto”... Nesse perde-e-ganha, os não-tão-convictos em Serra (26%) podem votar Russomano (32%) ou Haddad (24%). E, já que as mulheres antecipam a tendência do eleitorado (segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha), e Russomano perdeu 12% entre elas, está na cara (dos candidatos) que o voto migra para Haddad, bonitão, e não para o Serra, óbvio (mulheres decidem seu voto também por esta característica, sim).
Na mesma época, o Ibope (Globo e Estado de S.Paulo) dava 34% dos votos válidos para o Russomano (!), e o Metrô News explica que a queda do Haddad era devido ao mensalão – e, cheio de malícia, não diz que a intenção de voto em Russomano, num levantamento anterior era de 41%...
Chega de explicações. Antes de prosseguir, relembremos um pouco de estatística, ou não – o leitor, em caso de ceticismo absoluto, pode saltar os parágrafos seguintes. Uma das maneiras de conhecer o que se passa nos corações e mentes de um grupo muito numeroso (a intenção de voto em um contingente eleitoral, por exemplo) é utilizar um método estatístico conhecido como amostragem-inferência probabilística, que consiste, molto grosso modo, em:
1. Os eleitores são embaralhados, isto é, procura-se uma maneira de que, idealmente, cada eleitor tenha a mesma probabilidade de ser sorteado que qualquer outro. Existem várias maneiras de embaralhar eleitores – não confundir com embromar eleitores. Isso depende do nível de informação que se tem sobre a distribuição desses eleitores no município, na região, no país.
2. Deste contingente eleitoral (o universo), devidamente embaralhado, sorteia-se uma amostra, que é um conjunto de tamanho muito menor do que o universo. O tamanho da amostra depende uma série de condições: tipo da amostragem, nível de confiança, quantidade de grana que o partido dispõe, e, principalmente, de uma medida chamada margem de erro, que é calculada (tem uma “formulinha” para isso). Se o candidato quer 5% (para cima e para baixo), sorteamos 384 eleitores; se deseja 4%, sorteamos 600 eleitores; 3%, 1.067 eleitores; 2%, 2.401 eleitores (este “1” é muito importante...); e, no caso do caixa 2 do partido permitir, margem de erro de 1%, 9.604 eleitores (!). Isto é muita grana. Para se ter uma ideia, a pesquisa do Datafolha em Curitiba, sobre o 2º turno, entrevistará 1.280 pessoas e custará 71 mil reais. [A esse propósito, ver, neste Observatório, “Pequeno manual para enfrentar a pesquisite”, parte 1 e parte 2.]
3. Aí, se for pesquisa do Ibope, alguém bate à porta do eleitor sorteado, e faz três perguntas:
>> P01: O(A) sr.(sra.) é eleitor(a) aqui na cidade? Se não, agradeça e encerre.
>> P02: Se a eleição fosse hoje, em qual dos candidatos (mostra os nomes dos candidatos, se for pesquisa estimulada, e espera pacientemente o eleitor se esforçar em lembrar, se for pesquisa espontânea) o(a) sr.(sra.) votaria?
>> P03: Se a eleição fosse hoje, em qual dos candidatos (idem, idem) o(a) sr.(sra.) não votaria de jeito nenhum? Muito obrigado.
Caso seja uma pesquisa do Datafolha, o eleitor, desprevenido, é abordado na rua, num local de grande movimento. É a pesquisa chamada “no fluxo”, que é um nome mais bacaninha do que “a esmo” (mas é a mesma coisa). Na pesquisa no fluxo, os coletores cumprem cotas, isto é, tem tantos homens, mulheres, jovens, adultos, ricos, pobres etc. para entrevistar. Este método, embora não seja rigorosamente probabilístico, tem as suas vantagens, por ser mais rápido e bem mais barato – as amostras podem ser maiores, e os eleitores são mais fáceis de “achar”. Parece simples, não?
Mas é justamente aí que mora o perigo. Calcular o tamanho da amostra é fácil, mandar coletores à rua, também, mas fazer um plano amostral eficaz (saber onde estão os eleitores a serem entrevistados) é briga de cachorro grande. É neste ponto onde o risco de derrapar é imenso. O pessoal dos institutos sabe do que eu estou falando.
4. Feitas as contas, o instituto divulga o resultado da enquête (como diria minha avó): candidato A, 32%; candidato B, 28%, e candidato C, 18%. E diz que a margem de erro foi de 2%, ou seja, o candidato A podeter entre 30% e 34% (2% a mais ou a menos do que os 32% da pesquisa). O que o instituto não diz, ou diz com letrinhas de contrato (Arial, tamanho 6, cor cinza), é que isto é uma probabilidade, ou seja, há umaprobabilidade de 95% de que a votação de A esteja entre 30% e 34%. E que há uma probabilidade de 5% de que sua votação esteja fora destes limites.
Dizendo mais, o candidato A pode ter até 51%, embora a probabilidade disso acontecer seja muito pequena – mas pode acontecer (é a mesma chance de alguém morrer atropelado por um velocípede desgovernado). Então, se você conseguiu percorrer essas tediosas linhas, deve ter concluído que... TODAS AS PESQUISAS ESTÃO CERTAS!
Mudanças bruscas
É isso mesmo. Eu, você, o instituto, o(a) candidato(a), aquele(a) chato(a) do boteco, a vizinha faladeira, seu chefe, sua senhora, e até aquele espumante militante do PT, todos nós estamos absolutamente certos quando atribuímos qualquer valor à intenção de voto em A, entre 0% e 100%. E que fique claro: não dá para prever nada se nossos prognósticos (como diria papai) forem únicos. Nós temos que refinar nossa prognose, dando, no mínimo, três palpites ao longo do tempo. É o que se chama de “verificar a tendência” do eleitor. E estaremos todos certos, e todos errados, embora com muito menos técnica, e muito menos embasados do que os institutos.
Mas o que interessa mesmo é atentar para um fato que está derrubando os ibopes da vida, e que me parece, no momento, impossível de ser incluído no modelo estatístico: o índice de abstenções. No Brasil, nessas últimas eleições, foram 22 milhões de eleitores: 13 milhões de pessoas que se deram ao trabalho de comparecer nas seções eleitorais e votaram “em branco” ou “nulo”; 9 milhões (mais de 16%), nem isso: simplesmente não compareceram às urnas para exercer seu direito.
No Rio, dos 4,7 milhões de eleitores habilitados, mais de 965 mil – o equivalente a 20,45% do total – fizeram no show (provavelmente foram tomar banho de mar, ou de bar). É mais gente do que os eleitores que votaram no candidato do Psol, Marcelo Freixo (2º lugar). Em São Paulo, são inacreditáveis 30% (!) entre ausências, votos brancos e nulos – a dupla Serra/Haddad foi votada por apenas 42,5% dos eleitores.
Na minha cidade, Juiz de Fora (MG), o percentual de gente quem nem foi votar chega a mais de 17%, o maior do estado, e muito superior à votação do candidato 3º colocado. E os especialistas preveem que este número será ainda maior, caso o dia 28/10 traga aquele sol de prometidas delícias, e o trânsito na cidade continue estúpido e desanimador (para dizer o mínimo). Para que sair de casa e enfrentar uma fila naquele calorão, para votar em “alguém que não vai fazer nada de bom, pelo contrário”, se tem aquele churrasco e aquela cerveja gelada me esperando, junto à piscina, com os amigos?
Mas, se estiver chovendo, não vai dar para sair, não, pode resfriar... e, depois, é só baixar na internet um formulário para justificar a ausência e levar ao cartório eleitoral, com um atestado médico (por exemplo, meu papagaio estava constipado). E, de tabela, que a estatística ainda registre meu protesto, meu desânimo e minha recusa a passar por trouxa, mais uma vez.
Finalizando, o que fazer? Abandonar as pesquisas e nos guiarmos pelos palpites da turma que fica fofocando nas “bocas malditas”? Nem pensar. Precisamos é de mais e mais pesquisas, mais e melhores, aperfeiçoadas à medida que os (bons) profissionais aprendam com os erros e acertos. Refinar os métodos estatísticos, as técnicas de pesquisas, buscar este retrato fugidio, este número-notícia que muda a cada hora.
Magalhães Pinto dizia que política é como as nuvens: você olha para o céu e elas estão de um jeito, olha de novo e elas estão fazendo outra figura. Intenção de voto é a mesma coisa. Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope, e excelente profissional, “um dia é muito, em se tratando de eleição municipal” (OGlobo, 9/10), e, para o Ibope, “está dentro das estatísticas” o instituto errar 5 em cada 100 pesquisas. “Eleição municipal é dinâmica, a volatilidade da decisão é maior e é comum ocorrerem mudanças bruscas. No sábado (6/10), 28% dos paulistanos não citavam candidato na pesquisa espontânea, o que demonstra que o eleitor está decidindo cada vez mais tarde. Pesquisa é retrato do momento, por isso apenas a boca de urna pode ser comparada ao resultado do TSE” (Folha, 11/10).
É isso aí, falou (contou, mediu) e disse.
***
[Antonio Fernando Beraldo é engenheiro e professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora
]

PDT nacional reverte decisão de diretório em apoiar Serra e anuncia apoio a Haddad


A direção nacional do PDT reverteu nesta terça-feira a decisão do diretório estadual da legenda em São Paulo e anunciou apoio do partido à candidatura do petista Fernando Haddad no segundo turno da eleição para prefeito da capital paulista, cinco dias depois do anúncio do PDT local de apoiar o tucano José Serra.  A informação é da Agência de notícias Reuters


"A direção nacional do Partido Democrático Trabalhista... decidiu apoiar a candidatura do professor Fernando Haddad, por ele representar na cidade de São Paulo, os compromissos com as conquistas sociais e com a escola de horário integral, que são as principais bandeiras do trabalhismo", afirmou a direção do partido em breve nota divulgada a jornalistas em Brasília.

O PDT lançou candidato no primeiro turno da eleição de São Paulo, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que teve somente 0,63 por cento dos votos válidos na eleição do dia 7 de outubro.

Na última quinta-feira, o diretório paulista do PDT havia oficializado o apoio a Serra, em cerimônia que teve a presença do candidato tucano, de Alckmin, de Paulinho, o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e o secretário Estadual do Emprego e Relações do Trabalho Carlos Andreu Ortiz, que é do PDT.

Na ocasião, lideranças pedetistas afirmaram que a decisão de apoiar Serra se deu, porque Serra decidiu incorporar propostas do PDT ao seu programa de governo.

Serra briga com jornalista na rádio, 
irritado com 'kit-gay'


Em entrevista à rádio CBN, José Serra se irritou com uma pergunta incômoda sobre seus métodos de campanha, e sobre o "kit-gay" que Serra distribuiu nas escolas paulistas quando era governador.

Acabou destratando o jornalista Kennedy Alencar acusando-o de estar "a trabalho" de seus adversários políticos.

Porém ao desqualificar o trabalho do jornalista por lhe fazer uma pergunta que não é chapa-branca, José Serra mostra desapreço à liberdade de imprensa.

"Kit-gay" é um termo pejorativo para materiais pedagógico contra a homofobia. O termo foi pautado na campanha para prefeito de São Paulo por Silas Malafaia, após um encontro a portas fechadas com José Serra.

Malafaia saiu da reunião dizendo que iria "arrebentar" com Haddad com o "kit-gay".

Porém José Serra se esqueceu que material idêntico (que não chegou a ser distribuído no MEC devido a fortes reações), foi distribuído pelo próprio José Serra nas escolas paulistas, quando era governador.


Até a Folha desmente Serra:O "kit gay" de José Serra é o mesmo projeto anti-homofobia do MEC


Professora da Faculdade de Educação da Unicamp e especialista em pedagogia, Angela Soligo avaliou o lançamento da cartilha "Preconceito e Prevenção no Contexto Escolar" pelo governo de José Serra, em 2009, e diz que ela usa a "mesma ideia" que norteou o projeto do MEC. "Era um material mais amplo, falava de várias formas de preconceito, mas tratava a homofobia de forma semelhante à proposta pelo MEC", diz. Segundo ela, as críticas que o tucano faz hoje ao material do ministério tem natureza "política, eleitoreira".Segundo Soligo, na ocasião em que Serra lançou a cartilha não houve grande repercussão. "Até porque o levante contra os homossexuais veio depois, disse ela aqui para a Folha"

Já o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, disse ontem que comparar a cartilha tucana ao kit é "afronta à inteligência".

Ele declarou apoio a Serra afirmando ser impossível compactuar com o material produzido na gestão de Fernando Haddad (PT) no Ministério da Educação.

O pastor disse discordar da cartilha tucana somente quando ela diz que a homossexualidade é orientação sexual e não doença.

A PRIVATARIA TUKANA EM VÍDEO... IMPERDÍVEL


Um excelente vídeo didático sobre “A Privataria Tucana”

16/10/2012 | Publicado por Renato Rovai em Geral

Enviado pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido na Vila Vudu: “Excelente postado do Rovai! E vídeo imperdível, imperdível -- sobre os escândalos das privatizações nos governos FHC-Tucanaria-Serra”.

Acabo de receber por e-mail o link do vídeo que segue abaixo. É uma aula sobre a o livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Jr. Estive na histórica entrevista do lançamento, de onde boas partes das falas do autor foram extraídas. E li o livro duas vezes. Mas quero dizer p’ra vocês, o vídeo me ajuda a entender e explicar melhor o que aconteceu naquele período.

Renato Rovai
Ele é relativamente longo para internet, tem doze minutos, mas deveria se tornar material didático para aulas de história do Brasil. Faz o debate sobre um período importante do nosso tempo e revela de maneira muito direta e, com base em documentos, como o patrimônio público nacional foi dilapidado.

Evidentemente que tem cunho eleitoral, provavelmente foi feito por um grupo que quer derrotar Serra. O que aliás, cá pra nós, é absolutamente compreensível. Mas é trabalho que merece ser guardado para além dessa disputa paulistana. Ser visto, replicado e discutido. Afinal, o país perdeu muito com aquela ação.

“A Privataria Tucana” também pode ser entendida no livro “O Brasil Privatizado”, do saudoso Aloysio Biondi. De alguma forma este vídeo completa a coleção sobre o tema.

Boas razões para a presidenta Dilma não ter ido à SIP


Internacional| 16/10/2012 | Copyleft 


As famílias que controlam os meios de comunicação na região, sem aliados importantes além dos Estados Unidos, ambicionavam aval implícito de Dilma Rousseff para sua ofensiva contra políticas de democratização e regulação levadas a cabo por diversos governos progressistas. Estes veículos, mais recentemente, apoiaram o golpe contra o presidente Hugo Chávez (2002), a derrocada do hondurenho Manuel Zelaya (2009) e o afastamento ilegal do paraguaio Fernando Lugo (2012). Funcionam como uma aliança intercontinental do conservadorismo. O artigo é de Breno Altman.

O dirigente do Grupo Estado, Júlio César Mesquita, não escondeu sua frustração. Diante da cadeira vazia na cerimônia de abertura da 68ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa, comparou a atitude da atual presidente a de seus antecessores, Ernesto Geisel e Fernando Collor, nos dois convescotes da agremiação anteriormente por aqui realizados.

A comparação pode ser estapafúrdia, mas o rancor tem sua razão de ser. As famílias que controlam os meios de comunicação na região, sem aliados importantes além dos Estados Unidos, ambicionavam aval implícito de Dilma Rousseff para sua ofensiva contra políticas de democratização e regulação levadas a cabo por diversos governos progressistas.

Apesar de sua administração manter intactos os privilégios dos monopólios de imprensa, a presidente pode ter sido eloquente ao dar silencioso bolo no evento dos marajás da informação. Como não foram tornados públicos os motivos dessa decisão, é natural que provoquem especulações. Uma abordagem possível remete à trajetória da associação. A SIP, afinal, congrega a fatia mais ativa e influente das elites continentais, com expressiva folha de serviços prestados às ditaduras.

Fundada nos EUA em 1946, a entidade teve papel fundamental durante a Guerra Fria. Empenhou-se com afinco a etiquetar como “antidemocráticos” os governos latino-americanos que não se alinhavam com a Casa Branca. Constituiu-se em peça decisiva do clima psicológico que antecedeu levantes militares no continente entre os anos 60 e 80.

Entre seus membros mais proeminentes, por exemplo, está o diário chileno El Mercurio, comprometido até a medula com a derrubada do presidente constitucional Salvador Allende, em 1973, e a ditadura do general Augusto Pinochet. Outros grupos filiados são os argentinos La Nación e El Clarín, apoiadores de primeira hora do sanguinário golpe de 1976.

A lista é longa. O vetusto matutino da família Mesquita, O Estado de S.Paulo, também foi adepto estridente das fileiras anticonstitucionais, clamando e aplaudindo, em 1964, complô contra o presidente João Goulart. Mas não foi atitude solitária: outras empresas brasileiras de comunicação, igualmente inscritas na SIP, seguiram a mesma trilha.

Seus feitos, porém, não fazem parte apenas da história. Estes veículos, mais recentemente, apoiaram o golpe contra o presidente Hugo Chávez (2002), a derrocada do hondurenho Manuel Zelaya (2009) e o afastamento ilegal do paraguaio Fernando Lugo (2012). Funcionam, a bem da verdade, como uma aliança intercontinental do conservadorismo.

Às vésperas das eleições de 2010, em julho, o então presidente da SIP, Alejandro Aguirre, afirmou que Lula “não poderia ser chamado de democrata” e o incluiu entre os líderes que “se beneficiam de eleições livres para destruir as instituições democráticas”. Seu objetivo era evidente: como porta-voz dos barões da mídia, queria colaborar no esforço de guerra contra a condução de Dilma Rousseff, pelo sufrágio popular, ao Palácio do Planalto.

A SIP, no entanto, vai além de movimentos pontuais, ainda que constantes, para a desestabilização das experiências de esquerda. Trata-se de um laboratório para estratégias de terceirização política dos Estados nacionais, na qual as corporações privadas de imprensa ditam a agenda, articulam-se com esferas do poder público e se consolidam como partidos orgânicos da oligarquia.

Diante deste inventário de símbolos e realizações, fez bem a presidente ao se recusar a emprestar o prestígio de seu mandato e a honradez de sua biografia. Ainda mais em um momento no qual sócios nacionais da associação animam julgamento de exceção contra dirigentes históricos de seu partido e integrantes de proa do governo Lula.

Oxalá esse gesto possa dar início a uma batalha firme pela democratização da imprensa e a adoção de marco regulatório que rompa com o feudalismo midiático.

(*) Breno Altman é diretor do site Opera Mundi e da revista Samuel