Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Mino: que liberdade é essa, a do Policarpo ?

Observe como o Mino expõe a peraltice do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo.

O engenheiro e o doutor. Que diriam eles de como ficaram seus partidos? Foto: Arquivo/AE e Rolando de Freitas/AE


Saiu na Carta Capital que chega nesta sexta-feira às bancas imperdível editorial do Mino Carta.

Observe como o Mino expõe a peraltice do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo.

A estratégia que ele usou para amedrontar a Carta Capital, que o localizou a Lista da Caixa Dois do Eduardo Azeredo.

O ex-Supremo, como se sabe, já processou e perdeu numa ação contra a Carta, como perdeu uma ação contra este ansioso blogueiro – clique aqui para conhecer as ações que movem contra este ansioso blogueiro, não percam a notável Galeria de Honra Daniel Dantas, e não deixem de registrar, como faz o Mino: dz-me quem te processa e dir-te-ei quem és.

A tática ex-Suprema é digna do Padim Pade Cerra: avisa que vai processar o Amaury por causa da Privataria Tucana e morre de medo de uma “exceção da verdade”…

Vamos ao  Mino e não percamos tempo com a mais trágica herança do FHC.

Que liberdade é esta?



Do PMDB dos dias de hoje, que diria o Doutor Ulysses? Digo, aquele que enfrentou os cães raivosos da ditadura, ironizou a “eleição” de Ernesto Geisel ao criar sua anticandidatura e liderou a campanha das Diretas Já. E do PDT, que diria Leonel Brizola, um dos poucos a esboçarem uma tentativa de resistência ao golpe de 1964, cassado e exilado, no retorno vigiado pelo poder ditatorial no ocaso, e ininterruptamente perseguido pela Globo? Quem ainda recorda as duas notáveis figuras tem todas as condições para imaginar o que diriam.

A CPI do caso Cachoeira acaba de escantear a convocação do jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal de Veja em Brasília, que por largo tempo manteve parceria criminosa com o contraventor. As provas irrefutáveis da societas sceleris apresentadas por CartaCapital na edição da semana passada não somente foram olimpicamente ignoradas pela mídia nativa, o que, de resto prevíamos, mas também não surtiram efeito algum junto à CPI. A qual, como se sabe, teria de apurar em todos os aspectos os crimes cometidos pelo talentoso Carlinhos e seus apaniguados. Entre eles, está demonstrado, Policarpo Jr.

Se as façanhas da semanal da Editora Abril não entraram na pauta da CPI é porque aqueles que nela representam PMDB e PDT são contrários à convocação do jornalista de Veja. Há precedentes para explicar. Sem justificar, é óbvio. Quando dos primeiros sinais de que Policarpo Jr. estava envolvido no entrecho criminoso, um dos filhos de Roberto Marinho foi a Brasília para um encontro com o vice-presidente da República e líder peemedebista Michel Temer. Tomava as dores de Roberto Civita, nosso Murdoch subtropical, sob a alegação de que alvejar Veja significaria mirar na mídia nativa em geral e pôr em xeque a liberdade de imprensa. Outro encontro, no mesmo período, Temer teve com o presidente-executivo da Abril, Fábio Barbosa. Cabe lembrar que fato igual não se deu nos tempos da censura dos ditadores a alguns órgãos de imprensa, quando os Marinho se relacionam com extrema cordialidade com os ministros da Justiça (Justiça?), e Veja  estava sob censura feroz.

E eis que surgem as provas cabais da participação de Policarpo Jr., mas a vontade dos barões midiáticos prevalece, com a inestimável contribuição do PDT, escudado nos argumentos de um notório simpatizante das Organizações Globo, Miro Teixeira, idênticos, palavra por palavra, àqueles usados por um dos Marinho na conversa  com Temer. Donde, caluda, como se nada tivesse ocorrido, de sorte a cumprir a recomendação da casa-grande: nada de encrencas, deixemos as coisas como estão. Encrencas para quem? Para a minoria privilegiada, omessa. E a liberdade de imprensa? É a de Veja agir como bem entende.

Encaro meus acabrunhados botões, e pergunto: e que diria vovô Brizola de Brizola Neto? Será que Miro Teixeira pesa mais na balança do poder do que o ministro do Trabalho? Pesa ao menos dentro do PDT, a ponto de ofender impunemente a memória do engenheiro Leonel. É a observação dos botões, sugerida como conclusão inescapável.

Confesso algo entre o desconforto e o desalento. Indignação e revolta eu experimentava durante a ditadura, hoje sobrevém a desesperança. A mídia nativa é o próprio alicerce da casa-grande. Não há, dentro do seu espaço, impresso ou não, uma única voz que se levante para pedir justiça. É o silêncio compacto da turba, enquanto os seus porta-vozes invectivam contra a corrupção, sempre e sempre petista, e desde já decidem o resultado do processo do chamado “mensalão”. Pretendem-se Catões, são piores que Catilina.

Os botões me puxam pela manga. Ah, sim, esqueci: uma voz se levanta, a do Estadão, para noticiar que Gilmar Mendes, este monstro sagrado da ciência jurídica nativa, solicita um inquérito público a respeito de CartaCapital. Motivo: a nossa denúncia da sua participação do valerioduto mineiro. Mendes diz até ter estudado na Alemanha, deveria saber, porém, que no caso o único caminho é nomear advogado e mover demanda no Penal.

Em compensação, esta semana Roberto Jefferson se tornou personagem de destaque por ter apontado no ex-presidente Lula o chefão da quadrilha. Ele mesmo, o Jefferson que no começo da história, quando já havia embolsado 4 milhões de reais despejados pelo valerioduto nos seus bolsos, cuidou de isentar o então presidente.

Nem tudo é desgraça nas pregas do momento: na terça 14, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou por unanimidade a decisão de primeiro grau que reconhece como torturador o coronel Carlos Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi por certo período dos anos de chumbo. É a primeira vez que um órgão colegiado da Justiça brasileira afirma os crimes de um agente da ditadura civil-militar. Com isso, abre-se a porta para processos similares no Cível. A demanda movida pela família Teles, que conta com cinco torturados na masmorra do coronel Ustra, valeu-se do destemor e do saber do jurista Fábio Konder Comparato, infatigável na defesa da causa. Seu desfecho, pelo menos até agora, representa um avanço, mas a lei da anistia, condenada nas instâncias internacionais e tão limitativa das nossas aspirações democráticas, continua em vigor.

Ao cabo da semana, os botões sustentam condoídos que a casa-grande está de pé, inabalável, certa da cordialidade da senzala, como diria Sérgio Buarque de Holanda.

AMÉRICA DO SUL: A HORA DE UM NOVO CICLO

A incerteza mundial trouxe novas condicionalidades à agenda do desenvolvimento na América do Sul. Vive-se uma corrida contra o tempo. A crise legitimou o descolamento progressista anterior em relação ao torniquete dos mercados desregulados. Mas a travessia inconclusa enfrenta agora o icebergue das dificuldades trazidas pela implosão da ordem neoliberal. A volatilidade financeira e a retração do comércio externo cobram um novo pacto político de crescimento. Investimentos são requeridos para integrar infraestruturas e associar cadeias produtivas. Está em jogo o  gigantesco impulso industrializante representado pelo mercado de massa regional, cobiçado pelo mundo rico em crise. Com a adesão da Venezuela, o Mercosul passa a ser a quinta economia mundial; reúne uma população de 270 milhões de habitantes (70% da América do Sul); um PIB de US$ 3 trilhões (mais de 80% do PIB sul-americano). Até que ponto os países dispõem de coesão política e estrutura estatal para ordenar essa travessia sob a ótica do interesse público? O Brasil está apto a ser o guarda-chuva  aglutinador do processo? A quem cabe a iniciativa do novo ciclo?  Na Argentina, a direita acusa Cristina Kirchner de rumar para um capitalismo de Estado que pretende determinar o que as empresas devem produzir, em que quantidade, a que preço e com que taxa de lucro. No Brasil, setores da esquerda criticam Dilma Rousseff  por uma suposta guinada privatista: o pacote de infraestrutura anunciado esta semana, US$ 65 bi de obras em concessões ao setor privado, prescreve extamente onde investir, quanto, a que prazo e com que taxa de retorno (leia mais aqui. Tensões internas e geopolíticas vão se acirrar nas escolhas estratégicas colocadas na mesa dos governantes e das instâncias regionais de agora em diante. O relógio da crise não admite hesitações: é hora de um novo ciclo na história regional. (Leia o especial deste fim de semana: 'América do Sul: os rumos da Integração'; nesta pág.)


Mercosul versus a nova Alca versus a China

Hoje, o embate político, econômico e ideológico na América do Sul se trava entre os Estados Unidos, a maior potência do mundo; a crescente presença chinesa, com suas investidas para garantir acesso a recursos naturais, ao suprimento de alimentos e de suas exportações de manufaturas; e as políticas dos países do Mercosul, que ainda entretém aspirações de desenvolvimento soberano, pretendem atingir níveis de desenvolvimento social elevado e que sabem que, para alcançar estes objetivos, a ação do Estado, é indispensável. O artigo é de Samuel Pinheiro Guimarães.

1. Todo o noticiário sobre Mercosul, Aliança do Pacífico, Parceria Transpacífica e China tem a ver com um embate ideológico entre duas concepções de política de desenvolvimento econômico e social.

2. A primeira dessas concepções afirma que o principal obstáculo ao crescimento e ao desenvolvimento é a ação do Estado na economia.

3. A ação direta do Estado na economia, através de empresas estatais, como a Petrobrás, ou indireta, através de políticas tributárias e creditícias para estimular empresas consideradas estratégicas, como a ação de financiamento do BNDES, distorceria as forças de mercado e prejudicaria a alocação eficiente de recursos.

4. Nesta visão privatista e individualista, uma política de eliminação dos obstáculos ao comércio e à circulação de capitais; de não discriminação entre empresas nacionais e estrangeiras; de eliminação de reservas de mercado; de mínima regulamentação da atividade empresarial, inclusive financeira; e de privatização de empresas estatais conduziria a uma eficiente divisão internacional do trabalho em que todas as sociedades participariam de forma equânime e atingiriam os mais elevados níveis de crescimento e desenvolvimento.

5. Esta visão da economia se fundamenta em premissas equivocadas. Primeiro, de que todos os Estados partem de um mesmo nível de desenvolvimento, de que não há Estados mais e menos desenvolvidos. Segundo, de que as empresas são todas iguais ou pelo menos muito semelhantes em dimensão de produção, de capacidade financeira e tecnológica e de que não são capazes de influir sobre os preços. Terceiro, de que há plena liberdade de movimento da mão de obra entre os Estados. Quarto, de que há pleno acesso à tecnologia que pode ser adquirida livremente no mercado. Quinto, de que todos os Estados, inclusive aqueles mais desenvolvidos, seguem hoje e teriam seguido passado esse tipo de políticas.

6. Como é obvio, estas premissas não correspondem nem à realidade da economia mundial, que é muito, muito mais complexa, nem ao desenvolvimento histórico do capitalismo.

7. Historicamente, as nações hoje altamente desenvolvidas utilizaram uma gama de instrumentos de política econômica que permitiram o fortalecimento de suas empresas, de suas economias e de seus Estados nacionais. Isto ocorreu mesmo na Inglaterra, que foi a nação líder do desenvolvimento capitalista industrial, com a Lei de Navegação, que obrigava o transporte em navios ingleses de todo o seu comércio de importação e exportação; com a política de restrição às exportações de lã em bruto e às importações de tecidos de lã; com as restrições à exportação de máquinas e à imigração de “técnicos”.

8. Políticas semelhantes utilizaram a França, a Alemanha, os Estados Unidos e o Japão. Países que não o fizeram naquela época, tais como Portugal e Espanha, não se desenvolveram industrialmente e, portanto, não se desenvolveram.

9. Se assim foi historicamente, a realidade da economia atual é a de mercados financeiros e industriais oligopolizados em nível global por megaempresas multinacionais, cujas sedes se encontram nos países altamente desenvolvidos. A lista das maiores empresas do mundo, publicada pela revista Forbes, apresenta dados sobre essas empresas cujo faturamento é superior ao PIB de muitos países. Das 500 maiores empresas, 400 se encontram operando na China. Os países altamente desenvolvidos protegem da competição estrangeira setores de sua economia como a agricultura e outros de alta tecnologia. Através de seus gigantescos orçamentos de defesa, todos, inclusive a Alemanha e o Japão, que não poderiam legalmente ter forças armadas, subsidiam as suas empresas e estimulam o desenvolvimento cientifico e tecnológico. Com os programas do tipo “Buy American” e outros semelhantes, privilegiam as empresas nacionais de seus países; através da legislação e de acordos cada vez mais restritivos de proteção à propriedade intelectual, dificultam e até impedem a difusão do conhecimento tecnológico. Através de agressivas políticas de “abertura de mercados” obtém acesso aos recursos naturais (petróleo, minérios etc) e aos mercados dos países periféricos, em troca de uma falsa reciprocidade, e conseguem garantir para suas megaempresas um tratamento privilegiado em relação às empresas locais, inclusive no campo jurídico, com os acordos de proteção e promoção de investimentos, pelos quais obtém a extraterritorialidade. Como é sabido, protegem seus mercados de trabalho através de todo tipo de restrição à imigração, favorecendo, porém, a de pessoal altamente qualificado, atraindo cientistas e engenheiros, colhendo as melhores “flores” dos jardins periféricos.

10. A segunda concepção de desenvolvimento econômico e social afirma que, dada a realidade da economia mundial e de sua dinâmica, e a realidade das economias subdesenvolvidas, é essencial a ação do Estado para superar os três desafios que tem de enfrentar os países periféricos, ex-colônias, algumas mais outras menos recentes, mas todas vítimas da exploração colonial direta ou indireta. Esses desafios são a redução das disparidades sociais, a eliminação das vulnerabilidades externas e o pleno desenvolvimento de seu potencial de recursos naturais, de sua mão de obra e de seu capital.

11. As extremas disparidades sociais, as graves vulnerabilidades externas, o potencial não desenvolvido caracterizam o Brasil, mas também todas as economias sul-americanas. A superação desses desafios não poderá ocorrer sem a ação do Estado, pela simples aplicação ingênua dos princípios do neoliberalismo, de liberdade absoluta para as empresas as quais, aliás, levaram o mundo à maior crise econômica e social de sua História: a crise de 2007. E agora, Estados europeus, pela política de austeridade (naturalmente, não para os bancos) que ressuscita o neoliberalismo, atacam vigorosamente a legislação social, propagam o desemprego e agravam as disparidades de renda e de riqueza. Mas isto é tema para outro artigo.

12. Assim, neste embate entre duas visões, concepções, de política econômica, a aplicação da primeira política, a do neoliberalismo, levou à ampliação da diferença de renda entre os países da América do Sul e os países altamente desenvolvidos nos últimos vinte anos até a crise de 2007. Por outro lado, é a aplicação de políticas econômicas semelhantes, que preveem explicitamente a ação do Estado, que permitiu à China crescer à taxa média de 10% a/a desde 1979 e que farão que a China venha a ultrapassar os EUA até 2020. Ainda assim, há aqueles que na periferia não querem ver, por interesse ou ideologia, a verdadeira natureza da economia internacional e a necessidade da ação do Estado para promover o desenvolvimento. Nesta economia internacional real, e não mitológica, é preciso considerar a ação da maior Potência.

13. A política econômica externa dos Estados Unidos, a partir do momento em que o país se tornou a principal potência industrial do mundo no final do século XIX e em especial a partir de 1945, com a vitória na Segunda Guerra Mundial, e confiante na enorme superioridade de suas empresas, tem tido como principal objetivo liberalizar o comércio internacional de bens e promover a livre circulação de capitais, de investimento ou financeiro, através de acordos multilaterais como o GATT, mais tarde OMC, e o FMI; de acordos regionais, como era a proposta da ALCA e de acordos bilaterais, como são os tratados de livre comércio com a Colômbia, o Chile, o Peru, a América Central e com outros países como a Coréia do Sul. E agora as negociações, altamente reservadas, da chamada Trans-Pacific Partnership - TPP, a Parceria Transpacífica, iniciativa americana extremamente ambiciosa, que envolve a Austrália, Brunei, Chile, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Singapura, Vietnã, e eventualmente Canadá, México e Japão, e que, nas palavras de Bernard Gordon, Professor Emérito de Ciência Política, da Universidade de New Hampshire, “adicionaria bilhões de dólares à economia americana e consolidaria o compromisso político, financeiro e militar dos Estados Unidos no Pacifico por décadas”. O compromisso, a presença, a influência dos Estados Unidos no Pacifico isto é, na Ásia, no contexto de sua disputa com a China. A TPP merece um artigo à parte.

14. Através daqueles acordos bilaterais, procuram os EUA consagrar juridicamente a abertura de mercados e obter o compromisso dos países de não utilizar políticas de desenvolvimento industrial e de proteção do capital nacional. Não desejam os Estados Unidos ver o desenvolvimento de economias nacionais, com fortes empresas, capazes de competir com as megaempresas americanas, por razões óbvias, entre elas a consequente redução das remessas de lucros das regiões periféricas para a economia americana. Os lucros no exterior são cerca de 20% do total anual dos lucros das empresas americanas!

15. Nas Américas, a política econômica dos Estados Unidos teve sempre como objetivo a formação de uma área continental integrada à economia americana e liderada pelos Estados Unidos que, inclusive, contribuísse para o alinhamento político de cada Estado da região com a política externa americana em seus eventuais embates com outros centros de poder, como a União Européia, a Rússia e hoje a China.

16. Assim, já no século XIX, em 1889 , no mesmo ano em que Deodoro da Fonseca proclamou a República, na Conferência Internacional Americana, em Washington, os Estados Unidos propuseram a criação de uma união aduaneira continental. Esta proposta, que recebeu acolhida favorável do Brasil, no entusiasmo pan-americano da recém-nascida república, foi rejeitada pela Argentina e outros países.

17. Com a I Guerra Mundial, a Grande Depressão, a ascensão do nazismo e a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos procuraram estreitar seus laços econômicos com a América Latina, aproveitando, inclusive, a derrota alemã e o retraimento francês e inglês, influências históricas tradicionais.

18. Em 1948, na IX Conferência Internacional Americana, em Bogotá, propuseram novamente a negociação de uma área de livre comércio nas Américas; mais tarde, em 1988, negociaram o acordo de livre comércio com o Canadá, que seria transformado em Nafta com a inclusão do México, em 1994; e propuseram a negociação de uma Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA, em 1994.

19. A negociação da ALCA fracassou em parte pela oposição do Brasil e da Argentina, a partir da eleição de Lula, em 2002 e de Kirchner, em 2003 e, em parte, devido à recusa americana de negociar os temas de agricultura e de defesa comercial, o que permitiu enviar os temas de propriedade intelectual, compras governamentais e investimentos para a esfera da OMC, o que esvaziou as negociações.

20. O objetivo estratégico americano, todavia, passou a ser executado, agora com redobrada ênfase, através da negociação de tratados bilaterais de livre comércio, que concluíram com o Chile, a Colômbia, o Peru, a América Central e República Dominicana, só não conseguindo o mesmo com o Equador e a Venezuela devido à eleição de Rafael Correa e de Hugo Chávez e à resistência do Mercosul às investidas feitas junto ao Uruguai.

21. Assim, a estratégia americana tem tido como resultado, senão como objetivo expresso, impedir a integração da América do Sul e desintegrar o Mercosul através da negociação de acordos bilaterais, incorporando Estado por Estado na área econômica americana, sem barreiras às exportações e capitais americanos e com a consolidação legal de políticas econômicas internas, em cada país, nas áreas de propriedade intelectual, compras governamentais, defesa comercial, investimentos, em geral com dispositivos chamados de OMC – Plus, mais favoráveis aos Estados Unidos do que aqueles que conseguiram incluir na OMC, que, sob o manto de ilusória reciprocidade, beneficiam as megaempresas americanas, em especial neste momento de crise e de início da competição sino-americana na América Latina.

22. Na execução deste objetivo, de alinhar econômica, e por consequência politicamente, toda a América Latina sob a sua bandeira contam com o auxílio dos grupos internos de interesse em cada país que, tendo apoiado a ALCA no passado, agora apoiam a negociação de acordos bilaterais ou a aproximação com associações de países, tais como a Aliança do Pacífico, que reúne países sul-americanos e mais o México, que celebraram acordos de livre comércio com os EUA.

23. Hoje, o embate político, econômico e ideológico na América do Sul se trava entre os Estados Unidos da América, a maior potência econômica, política, militar, tecnológica, cultural e de mídia do mundo; a crescente presença chinesa, com suas investidas para garantir acesso a recursos naturais, ao suprimento de alimentos e de suas exportações de manufaturas e que, para isto, procuram seduzir os países da América do Sul e em especial do Mercosul com propostas de acordos de livre comércio; e as políticas dos países do Mercosul, Argentina, Brasil, Venezuela, Uruguai e Paraguai que ainda entretém aspirações de desenvolvimento soberano, pretendem atingir níveis de desenvolvimento social elevado e que sabem que, para alcançar estes objetivos, a ação do Estado, i.e. da coletividade organizada, é essencial, é indispensável.




 


Estamos em março de 1964. Peluso é o Kruel ?

“O mensalão é o mais bem arquitetado Golpe de Estado que a elite construiu desde 1964″, disse Tirésias.

Jango nomeou Kruel para São Paulo e por ele foi traído


Liga o profeta Tirésias, lá das profundezas de Minas, entre Rosa e Drummond:

- Assisti aí no seu sítio a defesa oral do Kakay.

- Gostou ?

- Sensacional ! Não é por ser mineiro, mas o Kakay jamais reproduzirá uma defesa de tal qualidade.

- Cuidado, profeta, assim o Kakay vai se enrubescer.

- Não há a menor possibilidade …

- E então, o mensalão vale tanto quanto o Roberto Jefferson ?, pergunta o ansioso blogueiro.

- O mensalão é o mais bem arquitetado Golpe de Estado que a elite construiu, desde o Golpe de 1º de abril 1964.

- Calma, Tirésias. E os militares, onde estão ?

- Não estão de farda. Estão de toga.

- Tirésias, isso é muito sério.

- Meu filho, dessa vez a elite substituiu os generais pelos Juízes e o Ministério Público.

- É o que se passou a chamar de um “Golpe paraguaio”.

- Não sei o que isso significa. Sei que o Golpe será dado no Judiciário.

- Mas, a Dilma não será derrubada como o Jango. Ela não está em questão.

- Não está agora. É a próxima peça do tabuleiro. Vai assim: Dirceu, Lula e ela.

- Mas, nem tudo está perdido. O Supremo não tem provas para incriminar o Dirceu.

- E quem disse que Golpe precisa de prova ? Cadê as provas de que o Jango é que ia dar o Golpe ? Cadê ?

- E quem será o Kruel de hoje ? O general da confiança do Jango que foi para São Paulo, traiu o Jango e decidiu o Golpe.

- Peluso será o Kruel.

- Será o Pinochet do Allende ?, provoca o ansioso blogueiro.

- Não ponha palavras na minha boca.

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim

Kakay absolve Duda e desmascara a farsa do mensalão

Duda é mensaleiro, porque mostrou o Lulinha Paz e Amor.

Kakay: o mensalão vale tanto quanto a palavra do Jefferson


A inclusão de Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes Silveira entre os “mensaleiros” é uma prova de que esse dito “mensalão” é uma farsa, montada pelo PiG para derrubar o Lula  – com a condenação do Dirceu – e ratificada pela Justiça.

Amigo navegante sugeriu que o ansioso blogueiro assistisse à defesa oral do Kakay, Antonio Carlos Almeida Castro, de Zilmar e Duda.

Zilmar e Duda se tornaram “mensaleiros” num ato criminoso do Ministério Público, para bajular ao PiG (*).

Assim como o MP, Antonio Fernando e Roberto Gurgel cometeram o crime de incriminar o Gushiken, como demonstrou o Nassif.

Breve se conhecerá o conjunto da obra do PiG (*), erigida na Corte Suprema.

E, aí,  se poderá dizer que essa foi a mais bem acabada construção política de um Golpe de Estado – e, como não tinha apoio na realidade dos fatos, nem na base política da sociedade, deu com  os burros n’água.

O Supremo foi cooptado pelo PiG (*).

O amigo navegante tem duvidas ?

Assista na íntegra à brilhante defesa do Kakay.


E tire suas próprias conclusões.

Qual o crime da Zilmar ?

Ela foi ao Banco Rural, um banco supervisionado pelo Banco Central, no horário do expediente, deu a carteira de identidade, e passou recibo no recebimento de uma dívida contratual que o PT tinha com a empresa do Duda.

Zilmar é sócia de Duda há 35 anos.

Qual o crime do Duda ?

Não declarar ao Imposto de Renda de uma conta que abriu em Miami, nos Estados Unidos, o país que mais persegue a lavagem de dinheiro.

Conta que abriu em seu próprio nome e com o seu passaporte.

Abriu a conta para receber o devido, por imposição do devedor.

Isso é um problema da Receita Federal, com a qual o Duda se acertou.

Isso é um “dos mais atrevidos sistemas de corrupção política do país” ?

Diante do que chama de “uma mídia opressiva”, Kakay tem a coragem de elogiar Lula, porque, mesmo depois da denúncia, reconduziu o Procurador Geral Antonio Fernando ao cargo.

Kakay elogia José Dirceu, “íntegro, correto, duro”, que não podia compactuar com a corrupção filmada de um agente de Roberto Jefferson nos Correios.

E, aí, Kakay mete a mão no câncer.

O Golpe do mensalão não passa de um instrumento de defesa de um réu que não tem nenhuma credibilidade.

Se credibilidade não tinha, diz Kakay, agora mesmo, depois de acusar Lula, é que não tem mesmo !

A palavra de Jefferson são como os alicerces dessa construção delirante: não vale nada.

Um co-réu pode dizer qualquer coisa !

Qualquer coisa para se defender.

Se fosse testemunha, teria que ser levado em consideração com todos os cuidados, diante de um Juiz e da defesa.

O mensalão não passa disso: do Roberto Jefferson.

É isso o que paralisou o país e faz o jornal nacional – o momento mais alto dessa “mídia opressiva” – dedicar meia hora a um pedido de condenação – por um entre onze juízes – de João Paulo Cunha.

Kakay lembrou que, na CPI dos Correios, ao ver José Dirceu, Roberto Jefferson disse: “Vossa Excelência provoca em mim os instintos mais primitivos !”.

Qual a legitimidade do depoimento de uma testemunha que nutre “instintos primitivos” em relação ao principal acusado ?, perguntou Kakay.

E, mais, ponderou Kakay: prova produzida em CPI vale em processo criminal ?

Que prova é esse em que não há Juiz nem Defesa ?

O Ministério Público diz que o “mensalão” são repasses a parlamentares para garantir apoio politico.

Duda e Zilmar não são parlamentares, não apoiam ninguém.

Já fizeram a campanha do Lula e do Maluf.

Por que são mensaleiros ?

Porque o PiG quis, Kakay.

Para manchar o Lula, porque o Duda, a quem você atribui um “gênio criativo”, ajudou a eleger o Lula em 2002.

Duda é mensaleiro, porque mostrou o Lulinha Paz e Amor.

Por isso o Duda tinha que morrer, Kakay.

Porque ele cometeu o crime de ajudar a eleger um nordestino, metalúrgico, que não fala inglês e não tem um dedo.

A inclusão do Duda e da Zilmar no mensalão é a prova mais concreta de que Ministério Público foi cúmplice do Golpe de Estado tramado no PiG.

Cúmplice.

E submete o Supremo Tribunal Federal a ter que julgar uma farsa.

A correr o risco de desmoralizar-se.

Quantos brasileiros estão à espera de que acabe o julgamento do mensalão para ver seus direitos assegurados na Suprema Corte ?

Por que os merválicos pigais têm precedência sobre o meu Direito ?

Quanto dinheiro e quanto talento se gastou numa farsa, para manchar a reputação de um líder popular.

Quanto custou a vitória de Lula ?

Pode custar caro: a desmoralização da Justiça.

O mensalão é um tigre de papel.

O que Zilmar e Duda têm a ver com isso ?

Por que submetê-los à vergonha de ser chamados de mensaleiros ?


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
 

SERRA E O IBOPE: 'MEU INFERNO SOU EU MESMO'


As chances de José Serra vencer as eleições municipais de São Paulo derretem como picolé caído na rua. O ex-governador tem vários adversários, mas um inimigo fatal: ele mesmo. Serra é líder absoluto em rejeição,  traço reafirmado mais uma vez na pesquisa do sempre amigável Ibope, divulgada nesta 5ª feira. 37% dos eleitores não votam nele de forma alguma. O tucano tenta se proteger com uma campanha escondida para não ampliar um sentimento entranhado na opinião pública. A mídia o poupa. Mas não há vacina publicitária para esse traço auto-imune. Russomano, um outsider, já empata com Serra em intenções de voto (ambos com 26%); pior, venceria o tucano com 42% contra 35% num eventual 2º turnos. O ex-governador tem piores dias pela frente. Hoje luta contra a própria imagem na sombra; a partir de 21 de agosto enfrentará  Fernando Haddad no campo aberto do horário eleitoral. O petista saltou de 6% para 9% das intenções de voto na semana em que divulgou seu programa municipal. O resultado evidencia que só tem um grande adversário por enquanto:o desconhecimento do eleitor. Esse mal tem cura. São quase sete minutos diários em 45 dias de propaganda para dizer ao eleitor não apenas quem é e o que pensa, como também para mostrar o que pensa dele um ex-presidente da República que deixou o cargo com 80% de popularidade --depois de oito anos espicaçado pelo PSDB de Serra.