Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 23 de junho de 2012

RN: onde o crime compensa. E a Globo encobre


Wellington, Alves e Cunha deveriam estar em mármore, na porta do Temer

O Conversa Afiada reproduz e-mail do blogueiro sujo Daniel Dantas:

Esta semana fez exatamente um mês.


O que você acha que aconteceria caso uma das principais lideranças políticas do estado fosse flagrado em escutas telefônicas combinando o uso da conta pessoal de um tesoureiro de campanha para transferir dinheiro a fim de comprar apoio político de dois vereadores da capital? Se esse líder político fosse o marido da governadora do estado e um dos vereadores a serem comprados fosse o presidente da Câmara Municipal da capital?


Se esse mesmo líder, marido da governadora, em outra ligação, ao conversar sobre a defecção de dois deputados estaduais da campanha da mulher, dissesse literalmente que tinha “um dinheirinho para mandar” na tentativa de reverter a mudança de voto dos dois deputados? E se um desses dois deputados fosse o presidente da Assembleia Legislativa?


E se você ouvisse que seriam depositados R$ 100 mil na conta de campanha de um deputado federal mas que esse dinheiro não era dele? Ou seja, que o grupo político teria que inventar recibos e notas fiscais frios para retirar esse dinheiro da conta do deputado para uso na campanha ao senado. E se essa candidata ao senado, eleita, fosse a atual governadora do estado?


E se você ouvisse diversas gravações mostrando as articulações para uso de notas fiscais frias para justificar gastos de campanha na prestação de contas?


Você não veria nisso um escândalo político sem igual na história do estado em questão? Você não esperaria ver o tema estampado em todos os jornais locais e, inclusive, em veículos nacionais?


Você não gostaria de ver uma ação enérgica do Procurador Geral da República para investigar e punir exemplarmente os envolvidos – cujos crimes supostos prescreverão apenas em 2018?

Por que, então, o #Caixa2doDEMnoRN, com raras exceções, não foi destaque dos veículos convencionais de imprensa? Por que sequer revistas como a CartaCapital não lhe deram espaço? Por que apenas o jornal O globo se interessou e, ainda assim, foi silenciado pela ação do líder do PMDB na Câmara Federal? E por que ninguém se indignou com essa afronta à liberdade de imprensa?

Por que ninguém se indigna com a incapacidade da Procuradoria Geral da República em responder, há praticamente um mês, sobre o que foi feito de uma investigação que recebeu há três anos?


Por que essa enorme inação, silenciamento, sufocamento histórico?


Porque, parece, no RN o crime compensa. Para os poderosos. Mesmo que tantos elementos e indícios claros tenham sido levantados e deixem perplexos o que os lêem e ouvem, os poderosos têm o direito de não serem incomodados até que os seus supostos crimes prescrevam.


E tudo com a anuência, parece, do espreguiçador geral, Roberto Gurgel.


Vamos deixar, como sociedade, que crimes tão evidentes restem, ao fim, impunes? Vamos deixar que aqueles que fazem o meio campo entre a comunidade e os fatos prossigam omitindo fatos dessa gravidade? Quantos outros ainda serão sonegados? Quantos criminosos restarão impunes e aparecerão como éticos e perfeitos políticos? Probos.


Uma última questão: se o PGR não encontra os áudios e relatórios da investigação de 2006, que recebeu em 2009, o nosso Procurador Geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, não poderia reencaminhá-los para Gurgel? Ainda dá tempo de a impunidade não prevalecer.

Linha do tempo


5 de setembro a 26 de outubro de 2006 – O telefone celular de Francisco Galbi Saldanha é inteceptado com autorização judicial no contexto de uma investigação em Campo Grande (RN). Em 42 conversas aparecem claramente diversas evidências de crimes eleitorais cometidos pelo PFL na campanha eleitoral: Caixa 2, compra de apoios políticos, compra de votos, uso de notas frias e falsos recibos.


2009 – com o fim da investigação principal, o Ministério Público estadual encaminha os áudios e relatórios do #Caixa2doDEMnoRN para o Ministério Público eleitoral no RN e para a Procuradoria Geral da República. Por envolver personagens com foro de prerrogativa, o MPE também encaminha o material para a PGR. Estão envolvidos a então senadora Rosalba Ciarlini (DEM), o senador José Agripino (DEM) e o deputado federal Betinho Rosado (DEM).


21 de maio de 2012 – Recebo os áudios da investigação e publico os primeiros deles.


22 de maio de 2012 – O Jornal de Hoje publica a primeira de uma série de reportagens sobre o tema. O Portal No Minuto também cita o caso.


24 de maio de 2012 – O Ministério Público do RN emite nota de esclarecimento em que relata a investigação em questão e o envio das provas coletadas aos órgãos ministeriais adequados.


25 de maio de 2012 – Repórter Chico de Gois, da sucursal de O globo em Brasília, entra em contato interessado na pauta. A pauta foi derrubada, dias depois, após interferência do deputado federal Henrique Alves (PMDB) (*), após pedido de Carlos Augusto Rosado, principal voz nas conversas gravadas.


27 de maio de 2012 – São publicados os últimos áudios dentre os 42 recebidos no início da semana.


28 de maio de 2012 – MPF no RN informa que material recebido do Ministério Público do RN foi encaminhado à Procuradoria Geral da República. Primeiro contato com a Procuradoria Geral da República em busca de informações sobre o que foi feito da investigação, recebida em 2009. Até hoje, a PGR não conseguiu responder.


30 de maio de 2012 – Realizado tuitaço com a hashtag #Caixa2doDEMnoRN, que permaneceu cerca de uma hora ininterrupta como mais citada do Twitter no Brasil. Nesse dia, o Blog do Miro divulgou os áudios.


7 de junho de 2012 – O #Caixa2doDEMnoRN é publicado com destaque pelo blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha. No mesmo dia, é publicado pelo blog da Maria Fro, de Conceição Oliveira.


9 de junho de 2012 – Primeira publicação do caso no blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim.


13 de junho de 2012 – A Tribuna do Norte fala, pela primeira vez, sobre o assunto. A colunista Eliana Lima publica entrevista com o Procurador Geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, sobre o tema. Onofre reitera conteúdo da nota publicada em 24 de maio.


Nesse dia o processo que cuida das interceptações telefônicas no âmbito da justiça estadual foi reativado e foi apresentada uma petição, cujo teor não é conhecido.


14 de junho de 2012 – A secretária de comunicação da PGR informa que Roberto Gurgel, tendo fraturado o braço, está afastado por questão médica desde a semana anterior. Porém, Giselly Siqueira complementa a informação dizendo que ao questionar o PGR este lhe informou não se lembrar do caso. Mas ainda não havia resposta sobre o que foi feito da investigação no âmbito da Procuradoria Geral da República.


15 de junho de 2012 – O #Caixa2doDEMnoRN volta a ser assunto do Conversa Afiada, que desta vez enfatiza o fato de que o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, disse à sua secretária de comunicação que não se lembrava do caso.


18 de junho de 2012 – A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) fala pela primeira vez sobre o caso ao ser perguntada sobre o assunto em entrevista ao vivo no Jornal 96, da FM96. Rosalba diz que as denúncias não são sérias pois, se fossem, seus adversários teriam interposto ação ainda em 2006. Suas contas de campanha foram aprovadas. Rosalba usa de uma falácia, uma vez que suas contas foram julgadas sem que o órgão ministerial e o TRE tivessem conhecimento dos áudios das investigações. Nem seus adversários sabiam, já que os áudios permaneceram desconhecidos até serem publicados no blog, mesmo sem estarem mais submetidos a segredo de justiça, segundo disse o MP.


21 de junho de 2012 – Um mês depois, continuamos sem resposta. E a sensação de que o crime no RN compensa. Ao menos para os poderosos, que tem o direito de não ser investigados conforme sua própria vontade.


(*) Henrique Alves faz parte do ˜Panteão da Moral Peemedebista”, na companhia de Eliseu Padilha, Wellington Moreira Franco e Eduardo Cunha, que deveia ser esculpido em mármore e aposto na sala de entrada do Palácioio do Jaburu, onde habita o (vice) Presidente Michel Temer.

Temer e Alves foram os interlocutores de um dos filhos de Roberto Marinho – eles não tem nome proprio – no Glorioso Acordo sobre a CPI da Veja. Ficou estabelecido que “quando se ouvir falar em “Veja”, entenda-se “imprensa”; quando se ouvir falar em “imprensa”, ouça-se “Globo”.

Na Carta Capital, Leandro Fortes identificou pegadas das Organizações Globo – revista Época e Rede Globo – no crime organizado do Carlinhos Cachoeira.

E o brindeiro Gurgel, amigo navegante ?

Aquele que responde a inquerito sobre “prevaricação, no proprio Ministerio Publico …

Aquele por quem a Rede Globo põe a mão no fogo.

Aquele que vai pedir a condenação sem provas do José Dirceu.

Viva o Paraguay !

Paulo Henrique Amorim

Golpe de Estado em 30 horas. Quem sabe fazer isso ?A resposta a essa pergunta é: a CIA.

A resposta a essa pergunta é: a CIA.

Stroessner e (Federico) Franco: quem presidirá a Unasul ?

A resposta a essa pergunta é: a CIA.

O Mauro Santayana, autor de artigo primoroso  sobre a queda de Lugo, talvez concorde.

Assim foi em Honduras.

Assim seria na Venezuela de Chávez, no Equador de Correa e assim será em outros países latino-americanos, onde se pratica a chamada “democracia formal”.

Assim pode ser no Brasil, onde a “democracia formal” convive com o PiG (*) e anistia torturadores pela mão do Supremo Tribunal Federal e o Congresso.

O Golpe de 30 horas no quadro de uma “democracia formal” pode ser uma nova contribuição da Direita Latino Americana à História Universal.

O que espanta na suave saída do Presidente Lugo – ah, que saudades do Brizola ! – foi a singeleza com que cedeu ao Golpe de Estado.

Foi como se tivesse sido transferido de paróquia.

E elogiar o PiG (*) no momento em que sobe ao cadafalso, francamente.

Agora, cabe esperar pelos outros presidentes da Unasul.

Vamos ver se eles aceitam ser presididos pelo sucessor de Stroessner.

Em tempo: saiu na Carta Maior:

LUGO: EXCEÇÃO OU O  GOLPISMO LATEJA NA AL?

O Senado paraguaio concluiu nesta sexta-feira o enredo do golpe iniciado no dia anterior e aprovou, por 39 votos a favor e quatro contra, o impeachment do presidente da República, Fernando Lugo. De olho nas eleições de abril de 2013, a oligarquia, a Igreja e a mídia (…)queriam a destituição do ex-bispo eleito em 2008, cuja base de apoio é maior no interior (40% da população vive no campo), sendo porém pouco organizada e pobre (30% está  abaixo da linha da pobreza). A pressa evidenciada no rito sumário da votação, questionável até do ponto de vista jurídico, tinha como objetivo impedir a mobilização desses contingentes dispersos, pouco contemplados por um Estado fraco e acossado por interesses poderosos. O torniquete  histórico que levou à destituição de Lugo ainda expressa a realidade estrutural de boa parte da América Latina.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

MERCOSUL SERÁ PRESIDIDO POR UM GOLPISTA?

Na próxima quarta-feira, dia 28, reúne-se em Mendoza, Argentina, a Cúpula do Mercosul. Nesse encontro estava prevista a transferência da Presidência pro tempore do bloco à República do Paraguai, leia-se, ao seu presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo. Que atitude tomarão agora Dilma Rousseff , Pepe Mujica e Cristina Kirchner diante do golpe de sexta-feira, 22-06? Em entrevista à TV Pública Argentina, no sábado, Cristina Kirchner foi enfática quanto a posição da Argentina. Veja:http://www.youtube.com/watchv=UWYSD6W0ZF8&feature=plcp. A destituição de Lugo representa uma exceção, ou o golpismo ainda lateja na América Latina ? A verdade é que o torniquete  histórico que levou ao golpe contra o Presidente do Paraguai ainda expressa a realidade estrutural de boa parte da América Latina. (LEIA MAIS AQUI)

Depois a mídia reclama quando é chamada de PIG


Depois a mídia reclama quando é chamada de PIG (Partido da Imprensa Golpista). Seu previsível comportamento no que tange ao golpe de Estado “constitucional” no Paraguai, porém, reforça o estereótipo que ela construiu para si mesma ao longo de sua história de apreço pelas rupturas institucionais aqui e em outros países governados pela esquerda.
O grau de amor ao golpismo que se está vendo na mídia brasileira vai do apoio envergonhado da Folha de São Paulo ao apoio desavergonhado dos pistoleiros da Globo. Todos, porém, encarregados de vender ao país a teoria de que haveria algum mínimo resquício de legalidade no processo que derrubou o governo legitimamente eleito do país vizinho.
A Folha, em editorial, constata o óbvio, que o processo não obedeceu aos ritos legais aceitáveis em um processo dessa natureza, mas prega a consolidação do golpe afirmando que “Cumpre ao Brasil respeitar a soberania do Paraguai” aceitando a defenestração de um governo constitucional em um rito sumário imoral, para dizer o mínimo.
Já a Globo, mais descarada, põe Arnaldo Jabor e Merval Pereira para defenderem o golpismo à paraguaia. Os “pensamentos” desses dois se aliam aos de setores da classe política brasileira como o que integra o vice-presidente nacional do DEM, o baiano José Carlos Aleluia, que comemorou o golpe “constitucional” no Paraguai e insinuou que pode se reproduzir aqui.
O comentário de Jabor no Jornal da Globo de sexta-feira (22.06) é o mais emblemático das perversões políticas que acalenta essa meia dúzia de impérios de comunicação daqui e, também, de outros tantos países latino-americanos que vivem sob permanentes ameaças à democracia. Abaixo, a íntegra de um comentário que resume a grande mídia brasileira.
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Jornal da Globo
23 de junho de 2012
Comentário de Arnaldo Jabor
Na América Latina existe uma mistura de populismo com slogans de uma velha esquerda enterrada desde a queda do muro de Berlim – autoritarismo disfarçado de democracia.
Assim vive a Venezuela do Chávez, a Bolívia “cocalera” de Morales, a Argentina de Cristina “botox” e o Paraguai, em que o ex-bispo Lugo prometeu reforma agrária para os sem-terra, mas também esmagou o santuário dos guerrilheiros do povo por ter sido acusado de protegê-los.
Tá confuso entender isso, não é? Mas é o Paraguai, é uma caricatura desse esquerdismo-direitista latino. Um exemplo é o próprio bispo católico Lugo, que teve vários filhos ainda de batina roxa, pregando castidade com sexo. Agora em junho, ele atacou os sem-terra, que o elegeram. Morreram policiais e camponeses.
Criticado pelos dois lados, Lugo chamou a oposição para o governo. Aí a mistura entornou e o bispo sem batina foi “impichado” pelo congresso como está previsto na constituição do Paraguai.
Agora a polêmica: foi golpe ou impeachment legal? Os tiranetes latinos já gritam “golpe!”. Mas golpe de quem, da esquerda ou da direita? Uísque falsificado ou escocês?
E o Brasil, qual será sua posição? Vai dar mais grana para o pobre Paraguai, como fez Lula em Itaipu, ou vai oferecer abrigo ao Lugo na embaixada, como fez com Zelaya em Honduras?
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“Tiranetes”? Que “tiranetes”? Os presidentes dos países da Unasul que rechaçaram o golpe “branco” no Paraguai – entre os quais está a presidente Dilma Rousseff – podem ser tudo, menos isso. Elegeram-se de forma inquestionavelmente democrática, à diferença dos regimes militares que Globo, Folha e outras organizações criminosas apoiaram durante o século XX.
Note-se que a fala de Jabor alude à vida íntima de Fernando Lugo, como se ele ter gerado filhos enquanto era padre, mas antes de se eleger presidente, justificasse ruptura da ordem institucional em seu país.
Cristina Kirchner, presidente da Argentina, é alvo de machismo de Jabor. “Cristina botox”, ele disse. Bem, se isso for sinônimo de “tirania”, como quer o pistoleiro global, boa parte das mulheres, mães, filhas e irmãs dos barões da mídia ou as socialites do entorno que possam ter usado botox um dia para se embelezarem deixaram de ser democráticas por isso.
Já Merval Pereira, em mais uma de suas mervalices, ao menos inventa alguma desculpa para derrubarem um governo legitimamente eleito em pouco mais de 24 horas. Abaixo, trecho do golpismo mervalista-global:
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O Globo
23 de junho de 2012
Dentro da lei
Merval Pereira
(…) Não é possível classificar de golpe o que aconteceu no Paraguai, sob pena de darmos razão ao hoje senador Fernando Collor de Mello que se diz vítima de um “golpe parlamentar”, e que, em entrevista, já chegou a reivindicar de volta seu mandato presidencial. O interessante é que Collor foi impedido pelo Congresso brasileiro num processo que teve a liderança do PT, tanto na atividade parlamentar quanto na mobilização dos chamados movimentos sociais para apoiar a decisão dos políticos (…).
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Não há um só analista de política internacional, nenhum especialista acadêmico e nenhum político que concordem com Merval e Jabor. Seus comentários poderiam ser tomados por falta de conhecimento sobre como funcionam as democracias presidencialistas por quem não lhes conhece a história, mas quem sabe como e por que dizem essas coisas sabe que é porque são golpistas mesmo.
Collor? Que bobagem é essa? O processo de impeachment dele, desde a abertura do processo no Congresso até sua saída da Presidência, demorou, aproximadamente, SEIS MESES, enquanto que o processo que derrubou Lugo durou cerca de UM DIA, com DUAS HORAS PARA O PRESIDENTE SE DEFENDER.
Pior é a acusação. O confronto entre sem-terras e forças de repressão do Estado não poderia ser atribuído a Lugo sem investigação sobre o que aconteceu. Testemunhas e evidências ou provas teriam que ser apresentadas ao congresso, teria que ser provado que o presidente da república ordenou alguma coisa ou teve participação direta no caso.
O processo foi tão absurdo que até o agora “presidente” do Paraguai, Federico Franco, reconhece que ocorreu “muito rápido” e se disse “surpreendido” pela rapidez. Ou seja, Merval e Jabor estão sendo mais realistas do que o rei.
Para a América Latina e, mais particularmente, para o Brasil esse golpe “constitucional” não é apenas inaceitável, mas, aliado ao comportamento da grande mídia e de parte da classe política nacionais e dos outros países da região, é uma ameaça. Escancara quantos poderes acalentam devaneios golpistas.
O golpe “constitucional” em Honduras acabou vingando, mas não era tão importante para o Brasil e para o resto dos países que compõem a Unasul e o próprio Mercosul.
A ruptura democrática no Paraguai, para nós que com ele dividimos uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo ou uma fronteira por  onde trafega intensa relação comercial é ameaçadora porque nos afeta diretamente. Bem como aos demais países da região.
Boa parte dos países da Unasul já condenou o golpe paraguaio. Mesmo Dilma Rousseff, muito mais comedida que os líderes dos outros países da organização que o Brasil integra e que propugnou ainda no governo Lula, já deu mostras de que não deve aceitar o que ocorreu. Todos os países da região sabem a porta que será aberta se não houver resposta à altura.
Entretanto, apesar dos protocolos da União das Nações Sul-Americanas, haverá que ver como se comportarão a Organização dos Estados Americanos (OEA) e, claro, os Estados Unidos. A OEA deve ratificar as posições da Unasul, como fez durante o golpe em Honduras. Mas os EUA podem se meter a suprir o que as sanções da comunidade das Américas tirarem do Paraguai.
Por o Paraguai ter uma economia minúscula, os EUA poderão despejar dólares em seus cofres de forma a ter como sustentar o regime de força que acaba de ser instalado e que já começa a promover censura – no mesmo dia da deposição de Lugo, o “presidente” biônico do país mandou a tevê estatal censurar as manifestações de apoio ao presidente deposto.
Do ponto de vista do Brasil, o grande temor é o de que o “pragmatismo” do governo do PT o leve a fazer corpo mole para não provocar marolas políticas, como de costume. O golpismo que a mídia e a oposição abraçam, porém, deveria fazer Dilma se lembrar de que essas forças tentaram e tentam provocar juízos políticos semelhantes contra os dois últimos governos.