Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Nassif: “Erundina errou, pensou só em si, não nas suas bandeiras políticas nem nos seus movimentos sociais”

publicado em 20 de junho de 2012 às 13:02

Tenho um carinho histórico por Luiza Erundina.
Quando foi alvo de uma tentativa de golpe por parte do Tribunal de Contas do Município (TCM) devo ter sido o único jornalista a sair em sua defesa. Tinha o programa Dinheiro Vivo, na TV Gazeta, de público majoritariamente empresarial. Externei minha indignação que teve ter tido algum peso na decisão do presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Mário Amato, de visitá-la com uma comitiva de empresários, hipotecando-lhe solidariedade.
Defendia-a também quando operadores do PT criaram o caso Lubeca. E, recentemente, o Blog conduziu uma campanha de arrecadação de fundos, para ajudar Erundina a pagar uma condenação injusta dos tempos em que foi prefeita.
Sempre admirei sua luta pelos movimentos sociais, das quais sou periodicamente informado por irmãs lutadoras.
Por tudo isso, digo sem pestanejar: ao pedir demissão da candidatura de vice-prefeita de Fernando Haddad, Erundina errou, pensou só em si, não nas suas bandeiras políticas nem nos seus movimentos sociais. Foi terrivelmente individualista.
À luz das entrevistas que concedeu ontem, constata-se que os motivos foram fúteis. Estava informada da aliança do PT com Paulo Maluf; chocou-se com a foto  de Lula e Haddad com ele. Foi a foto, não a aliança, que a chocou.
A foto tem uma simbologia negativa, de fato. Aqui mesmo critiquei o lance. Mas apenas simbologia. Não se tenha dúvida de que, eleito Haddad, Erundina seria a vice-prefeita plena para a periferia, seria os movimentos sociais assumindo uma função relevante na administração municipal.
No entanto, Erundina abdicou dessa missão, abriu mão de suas responsabilidades em relação aos movimentos sociais, devido ao simbolismo de uma foto. Ela sabia que, eleito Haddad, seria mínima a participação do malufismo na gestão da prefeitura; seria máxima a intervenção de Erundina nas políticas sociais.
Poderia ter dado uma entrevista distinguindo essas posições, externando sua repulsa do malufismo, mas ressaltando a diferença de poder entre ambos.
Mas Erundina se sentiu preterida, não por Haddad, mas por Lula, que deixou-se fotografar com Maluf e não com Erundina.
Seu gesto foi para punir Lula, pouco importando o quanto prejudicaria seus próprios seguidores, os movimentos sociais. Ela abriu mão de um cargo que não era seu, mas de seus representados, para punir Lula.
E quem ela procura para a retaliação? Justamente os órgãos de imprensa que mais criminalizam os movimentos sociais, que tratam questão social como caso de polícia. Coloca a bala no revólver e o entrega à revista Veja. A quem ela fortaleceu? Ao herdeiro direto do malufismo na repulsa aos movimentos sociais: Serra.
Saiu bem na foto da mídia, melhor do que Lula com Maluf, mas a um preço muito superior. E quem vai pagar a conta são os movimentos sociais, pelo fato de sua líder ter abdicado de um cargo que a eles pertencia.
Leia também:
Reviravolta: Erundina não será mais vice de Haddad
Erundina descarta deixar chapa de Haddad: “Não sou de recuar”
Erundina: A vice que pode nunca ter sido

Pinto Jr, o Juiz-Censor do Paraná

O ansioso blogueiro pode supor, por exemplo, que não tem o direito de fazer uma critica ao filme “Tropa de Elite”.
    O ansioso blogueiro nao viu e não gostou


A Censura acabou com o regime militar, não é isso ?

Não, amigo navegante.

O Censor agora é o Juiz.

É o que alimenta, por exemplo, a alma do Daniel Dantas e o bolso de seus 1001 advogados.

Este ansioso blogueiro convive com este problema há algum tempo, como se percebe na aba “Não me calarão”.

Mas, poucas vezes se viu diante de tão inusitada decisão quanto a que acompanhou as duas ações que, com muito orgulho, acaba de receber.

São de autoria de um notável deputado tucano, o policial Francischini, de edificante carreira no Espirito Santo e no Paraná.

Um exemplo de policial a ser seguido !

Acompanha a ação inusitada decisão do Juiz-Censor José Roberto Pinto Junior, da 8ª Vara Cível de Curitiba.

Ele exige que um dos posts publicados sobre o exemplar policial seja retirado do ar, sob pena de multa diária.

O que, por si só já é um ato de Censura, uma vez que a ação ainda não foi julgada, mas o Juiz já resolveu interditar , antes de saber quem tem razão, o livre curso da liberdade de expressão.

Com alguma relutância, o ansioso blogueiro seguiu instrução de seu sensato advogado, Dr Cesar Marcos Klouri e fez o que o Juiz-Censor mandou fazer.

A decisão merece uma tese de Doutorado.

A certa altura, diz assim: o réu fica IMPEDIDO de publicar matérias SIMILARES !

Matérias similares !

Quer dizer que, além de calar a boca de um jornalista num texto especifico sobre a ampla e polêmica atuação do deputado, o ansioso blogueiro FICA IMPEDIDO DE TRATAR DE MATÉRIA SIMILAR.

“Similar”.

Os Censores do Regime Militar eram mais precisos.

Ou mais liberais.

O ansioso blogueiro pode supor, por exemplo, que não tem o direito de fazer uma critica ao filme “Tropa de Elite”.

O Conversa Afiada toma a liberdade (se é que ainda dispõe de alguma …) de encaminhar esse provavelmente impróprio post aos doutos Juízes Ayres Britto – gabcarlosbritto@stf.jus.br – e Eliana Calmon – gab.eliana.calmon@stj.jus.br

O Ministro Ayres Britto, como se sabe, determinou ao Conselho Nacional de Justiça que explicasse aos Juízes brasileiros que a “liberdade de expressão é irmã siamesa da Democracia”; que “a liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade”; e que Juiz não é Censor.

Sendo assim, o ansioso blogueiro e o blog Conversa Afiada deram cumprimento à ordem do Dr Pinto Junior e esperam que ele receba as recomendações do Ministro Britto e Dra Calmon com boa vontade – e humildade.
Em tempo: o escritório que defende o notável policial tucano é o “Kfouri&Gorski”. Por coincidência, “Kfouri” é o sobrenome que leva Miguel Kfouri Neto, maxima autoridade do Tribunal de Justiça do Paraná.


Paulo Henrique Amorim, cidadão brasileiro, protegido pela Carta de 1988, e que vai continuar a analisar a carreira do deputado e policial Francischini, porque ele não está acima de Lei.

Julian Assange foge para a Liberdade

Julian Assange escapa de prisão domiciliar e pede asilo ao Equador 
Fundador do Wikileaks estava detido no Reino Unido sob ameaça de ser extraditado para a Suécia
Opera Mundi

Após ter sua extradição para a Suécia determinada em última instância pela Justiça britânica, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, fugiu de sua prisão domiciliar e se alojou na Embaixada do Equador no Reino Unido. Ele agora pede asilo político ao governo de Rafael Correa.

A informação é do chanceler do Equador, Ricardo Patiño, que informou nesta terça-feira (19/06) que o jornalista solicitou asilo político ao país. De acordo com o diplomata, o requerimento já está sendo avaliado.

Patiño disse à imprensa que Assange enviou uma carta ao presidente do país andino, Rafael Correa, na qual afirma que existe "perseguição" política contra ele.

A Corte Suprema britânica anunciou na última quinta-feira (14/06) que o recurso feito por Assange após ser condenado à extradição para a Suécia foi negado. A partir de agora não restam mais possibilidades de reversão da sentença do jornalista dentro da Justiça do Reino Unido.


Com a apelação julgada “sem mérito” pelos magistrados britânicos e com a autorização para extradição, a equipe de advogados de Assange havia ficado apenas com a opção de recorrer à Corte Europeia de Direitos Humanos em Estrasburgo.

"A Corte Suprema do Reino Unido desestimou o pedido apresentado por Dinah Rose, advogada do Sr. Julian Assange, que buscava reabrir sua apelação", declarou a máxima instancia judicial do país na ocasião.
Os magistrados haviam aprovado a extradição de Assange no fim do último mês de maio. Contudo, sua defesa decidiu reabrir imediatamente a causa requerendo a revisão da sentença que autorizava a extradição.

O fundador do WikiLeaks, que revelou milhares de documentos confidenciais da cúpula política, diplomática e militar dos EUA, foi detido em Londres mediante uma  ordem de extradição movida pelas autoridades da Suécia. Durante todo o decorrer de seu julgamento, viveu sob fortes medidas de segurança na mansão de um amigo seu no sudeste da Inglaterra. Ele recorreu da decisão ao Supremo depois de o Tribunal Superior aprovar seu envio à Estocolmo em novembro do ano passado.

Missão cumprida, Erundina

Absolutamente ridícula a atitude de Luiza Erundina, primeiro topando e depois desistindo de uma candidatura que jamais a interessou. Se a ideia era ajudar Serra, missão cumprida. Há grande júbilo tucano pela atitude dela. Por que será? Preocupação com a integridade programática do PT, certamente não há de ser. Ou, quem sabe, prazer de ver o adversário em crise?

É de um farisaísmo repulsivo essa conversa de que o PT "trai" o que quer que seja, ao aliar-se ao PP em São Paulo. O partido estava praticamente fechado com o PSDB e ninguém dizia nada, não havia questão ética alguma - como se Maluf não fosse adversário histórico também dos tucanos. Bastou o PT passar a perna no PSDB e temos um coral de moralismo, a nos recordar o que é virtuoso na política.

Vá em paz, Erundina. Fique em paz com a sua consciência, se trabalhar pelos tucanos de São Paulo é algo que a tranquiliza.

A ostentação deveria ser crime

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Os arrastões em restaurantes chiques na capital paulista já tiveram uma consequência, além de aumentar o número de seguranças privados: estão aflorando o que há de pior na elite bandeirante. Já estava ouvindo aqui e ali mais bobagens e preconceitos que o de costume, mas Mônica Bergamo e equipe, em sua coluna na Folha de S. Paulo desde domingo (17), reuniram vários deles em um pacotão – pelo qual sou imensamente grato.


Se o planeta não for gratinado por nossa ignorância no meio do caminho, tenho certeza que uma sociedade mais avançada vai utilizar esse texto para entender o que deu errado em uma cidade como São Paulo. E não estou falando dos arrastões, mas do discurso bisonho de nossa elite.

Não tenho medo de ser assaltado em meu carro porque não tenho carro. Não receio que levem minhas jóias ou meu relógio caro porque não tenho relógio. Não fico com pavor de entrarem na minha casa e levarem tudo porque meu bem mais precioso é um ornitorrinco de pelúcia. Não me apavoro em andar na rua à noite a não ser por conta do risco de chuva. E por mais que vá a bons restaurantes de vez em quando, devo ressaltar que nunca fui assaltado em nenhuma barraca de cachorro-quente… Acho que já deu para entender o recado. Não tenho medo da minha cidade porque, tenho certeza, ela não precisa ter medo de mim.

Ostentação em um país desigual como o nosso deveria ser considerado crime pela comissão de juristas que está reformando o Código Penal. Eles não estão propondo que bulling seja crime? Ostentação é mais do que um bulling entre classes sociais. É agressão, um tapa na cara.

Mais do que uma escolha pelo crime, a opção de muitos jovens pelo roubo é uma escolha pelo reconhecimento social. Um trabalho ilegal e de extremo risco, mas em que o dinheiro entra de forma rápida. Não defendo essa opção, mas sabemos que, dessa forma, o jovem pode ajudar a família, melhorar de vida, dar vazão às suas aspirações de consumo – pois não são apenas os jovens de classe média alta que são influenciados pelo comercial de TV que diz que quem não tem aquele tênis novo é um zero à esquerda. Ganhar respeito de um grupo, se impor contra a violência da polícia. Uma batalha que respinga em nós, que temos responsabilidade pelo o que está acontecendo, seja por nossa apatia, conivência, desinteresse, medo ou incompetência. A polícia e os chefes de quadrilhas puxam os gatilhos, mas nós é que colocamos as balas na agulha que matam os corpos e o futuro dessa molecada.

Os carros blindados levam para as ruas da cidade a sensação de encastelamento dos condomínios fechados, das mansões muradas, dos shopping centers ou restaurantes caros. Sentimento falso, pois não são muros e chapas de aço que irão garantir segurança aos moradores de uma metrópole como São Paulo. É bom como efeito placebo, para se enganar, mas, mais dia ou menos dia, as “hordas bárbaras” vão engolir a “civilização”. “Hordas” que estão chegando cada vez mais perto, como reclamam os mais ricos.

São Paulo tem mais de 11 milhões de habitantes, mas apenas uns poucos são efetivamente cidadãos, com acesso a todos os seus direitos previsto em lei. Lembra a antiga Atenas, com uma democracia para uns poucos iluminados e o trabalho pesado para o grosso da sociedade, composta de escravos. Enquanto uns aproveitam uma vidinha “segura” dentro de clubes, restaurantes, boates, lojas, residenciais e carros, outros penam para sobreviver e ser reconhecidos como gente. Para cada assassinato em Moema, mais de 100 são mortos no Grajaú. Só que a morte de uma jovem em Moema causa mais impacto na mídia do que a de 100 no Grajaú. Ou no Campo Limpo, bairro em que cresci. A gente fica sabendo por lá que tem vida que vale mais que outras, por causa do dinheiro.

Qual a causa da violência? A resposta não é tão simples para ser dada em um post de blog, mas com certeza a desigualdade social e a sensação de desigualdade social está entre elas. Muito do preconceito presente nos comentários trazidos pela coluna da Folha abaixo vai no sentido contrário a uma solução, isolando os ricos ainda mais, deixando-os alheios ao resto da cidade (por ignorância ou má fé). Corta-se com isso a dimensão de reconhecer no outro um semelhante, com necessidades, e procurar um diálogo que construa algo e não destrua pontes. Há riscos de assaltos? Sempre há e eles vão acontecer, ainda mais em um território que muitos têm e outros minguam. Mas deve se ter em mente que há atitudes que pioram o quadro.

Temos que garantir liberdades individuais e a segurança de usufruí-las. Combater a violência, garantir o direito de sair sem ser molestado. Mas isso só será possível com uma sociedade menos desigual e idiota. Ou a cidade será boa para todos ou a aristocracia que sobrar após o caos não conseguirá aproveitar sua pax paulistana.

Seguem os melhores momentos da coluna de Mônica Bergamo:

São Paulo “tá um porre total, um tremendo baixo-astral”. Desde que começou a onda de arrastões em restaurantes da cidade, a socialite e tradutora Alexandra Silvarolli, a Alê, mudou a sua rotina. “Tô jantando mais cedo. Vou às 20h30 e me ‘pico’ do lugar às 22h30.” Ela também adotou uma política de redução de danos quando sai: “Tiro minhas joias, total”.

As estratégias para enfrentar esse momento chato têm sido mais ou menos as mesmas: jantar mais cedo, usar roupas básicas, tipo jeans, para não chamar a atenção, esconder o celular, providenciar a “bolsa do ladrão”: aquela que não tem nada dentro e que não fará muita falta se for surrupiada.

“Tô morrendo de medo. Se levarem uma bolsa Hermès minha, vou chorar mais do que tudo”, diz a decoradora Alessandra Campiglia, grudada em sua Chanel. “Saio de casa sem nada. Meu marido leva a carteira dele.”

“Às vezes [você] senta em cima do celular no restaurante [para escondê-lo do ladrão]. Mas, com uma arma na cabeça, eu faço o que for. Quando me roubaram o carro, levaram até a nécessaire com absorvente”, diz a apresentadora Barbara Thomaz.

Outra novidade é o “celular do ladrão”. “Já saí sem meu Blackberry. Levo um telefone bem antigo, daqueles vagabundos”, diz Ana Tosto, mulher do advogado Ricardo Tosto. “Outro dia, fui na Vila Madalena e pensei: ‘Vou com uma roupa discreta, uma calça jeans’. Só uso aliança e um brinco de bijuteria. Mas deixar de sair eu não vou.”

O medo está no ar e é assunto das rodas no circuito Jardins/Higienópolis/Morumbi/Itaim Bibi. São bairros repletos de seguranças privados. Ainda assim, viraram alvo de quadrilhas.

O arrastão ao restaurante La Tambouille, no Itaim, há duas semanas, foi um marco. “Uma surpresa! Tá cada vez mais perto da gente. Os ladrões estão audaciosos!”, diz Carola Porto, sócia da Agenda Black, grupo no Facebook que reúne mulheres de alto poder aquisitivo.

“É um absurdo você ir a um restaurante e pensar que pode ser metralhada. Teve arrastão em vários que a gente frequenta. O La Tambouille… Acho absurdo, surreal”, diz Talita de Gruttola, voluntária no Hospital do Câncer.

“São lugares aonde a gente vai sempre. O La Tambouille, o Carlota, gente! E a Lanchonete da Cidade [nos Jardins]? É do lado de casa, vivo lá com minhas filhas! Há dois meses comecei a ir só a restaurantes de shoppings: no Rodeio do Iguatemi, no Ritz do Iguatemi, no Empório Central e na Lanchonete da Cidade do Cidade Jardim”, diz a advogada Luciana Natale.

Numa roda de amigas que na semana passada se encontraram em evento beneficente na joalheria de Jack Vartanian, nos Jardins, ela fala da nova rotina. Champanhe na mão, conta que o grupo se reúne uma vez por semana para almoçar. “Agora estamos indo ao clube Paulistano [na rua Estados Unidos]. Como somos todas sócias de lá, fica mais fácil e seguro. Dá para entrar, estacionar o carro.” Daniela Cilento, uma das amigas, diz que não tem “medo de nada, nada. Se bem que já passei por uns sustos”.

Recentemente, almoçava no Girarrosto, na avenida Cidade Jardim. “Entra um cara mal vestido gritando para os seguranças: ‘Não me bate, não me bate’. A Mika [sua amiga] já foi tirando o relógio, escondendo a bolsa. Era um mendigo.” “É o que menos me assusta, sabia?”, diz Luciana. “Mas você hoje não sabe se é mendigo ou se vai tirar uma arma”, diz Dani. “Um cliente deu R$ 10 para o homem, que disse aos seguranças: ‘Tá bom, eu saio. Mas vocês não vão me bater lá fora, né?’.”

Chef de cozinha, Paula Passos conta que “no Kosushi [Itaim] é que é legal. Tem um segurança de uns 3 m de altura!”. Mostra a foto que fez do funcionário no celular. “Duvido que assaltem lá.”

“No dia em que tiver carro blindado, prefiro mudar de país”, diz Dani Cilento. “É melhor morar na Suíça, né?”, responde Paula. “Ah, não. Deixar o Brasil? Prefiro ter um carro blindado”, afirma Luciana. “Tem que fazer como nos países árabes: roubou, corta a mão”, sentencia Dani.

A modelo Cassia Avila afirma que tem “orado para Jesus”. E evita andar a pé.

Na semana passada, percorreu de carro os dois quarteirões que separam a joalheria do marido, Jack Vartanian, na rua Bela Cintra, e o restaurante Gero, na rua Haddock Lobo. Nas lojas vizinhas ao restaurante da rede Fasano, 15 seguranças cuidam das vitrines de Dior, Louis Vuitton e NK Store. Nem assim ela se sente segura.

Quando Cássia tentou entregar o carro ao manobrista, um marronzinho disse que a multaria. “Olha isso, ou você é multado ou assaltado.” Ela está no limite. “Não dá mais pra morar no Brasil. Nossa filha [de nove meses] vai estudar em escola americana. E depois vamos nos mudar.”

Para não abrir mão do prazer de jantar fora, Carola Porto diz que começou a frequentar os restaurantes que já foram assaltados. “Eu acho que um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. No sábado eu fui ao La Tambouille. Tava tranquilo.”

“Com essa história de arrastão, prefiro convidar as pessoas para jantar na minha casa”, diz a administradora Flavia Sahyoun. “Roubam tanto no Brasil que pensam que todo mundo que tem dinheiro é porque roubou e não porque trabalhou. Virou um país tão avacalhado…”

Depois do assalto à pizzaria Bráz, em Higienópolis, que ela frequentava, a atriz Laura Neiva pede comida em casa. “Tenho um pit bull e agora só ando por Higienópolis com ele.” Outro morador do bairro, o humorista Tom Cavalcante não corre mais nas ruas. “Amo SP e estou muito triste.” Ele também evita ir a restaurantes.

A consultora Fabiola Kassin só vai a lugares “dentro de shopping, de tudo. A gente vai no bar do [hotel] Fasano, no [hotel] Emiliano. Infelizmente, virou isso, uma bolha, não tem como estourar”.

“Alguém tem que tomar atitude. Sei lá, governo. Daqui a pouco, o Exército entra na rua. Está mais seguro morar no Rio do que aqui. Está ridículo. No Rio você para no quiosque e toma uma cerveja. Aqui não posso nem ir ao bar da esquina. Não tem mais rico, pobre, assaltam qualquer coisa, boteco, restaurante. Virou uma zona. Quando saio, tiro tudo, tu-do!”.

O hábito já gerou aborrecimentos paralelos. Outro dia, Fabiola desparafusava uma pulseira para tirá-la do braço, escondendo a joia enquanto comia pastel nos Jardins. “Perdi o parafuso.”

“”É um absurdo você ir a um restaurante e pensar que pode ser metralhada” – TALITA DE GRUTTOLA
“Celular eu levo dois, se roubarem um o prejuízo não é tão grande.” – CAMILA DINIZ
“São lugares aonde a gente vai sempre. O Tambouille, o Carlota, gente!” – LUCIANA NATALE
“Tem que fazer como nos países árabes: roubou, corta a mão” – DANI CILENTO


PS: O texto ganhou uma boa repercussão, o que é ótimo. Não precisam concordar comigo, aliás prefiro que discordem. E podem me espinafrar à vontade – o nipobrasileiro é, acima de tudo, um forte. Mas, por favor, vamos interpretar o texto, vai! Por exemplo, o que o blogueiro quer dizer quando afirma que seu bem mais precioso é “um ornitorrinco de pelúcia”? Será que ele não tem cama, nem TV, nem computador ou celular e vive apenas com um felpudo animal em uma choupana, tecendo sua roupa com linho que colheu do campo e cultivando seus próprios remédios? – rs. Teve gente que procurou desesperadamente na internet para provar que eu tenho smartphone ou notebook. Pessoal, se lessem meu blog diariamente veriam que eu mesmo já escrevi várias vezes que tenho ambos (carro não adianta porque não tenho mesmo). E discuto as contradições do capital. Mas este texto não é sobre ter, mas como nos relacionamos com esse “ter”. E o medo de perder e deixarmos – com isso – de “ser”. E o que é precisar “ter” para “ser” e os impactos disso na sociedade. Prometo voltar ao assunto mais tarde. Enquanto isso, discutam de maneira saudável.

Por que o jn ignorou a Erundina. Porque o Lula não morreu

Noticiar a Erundina seria levar o Haddad ao jornal nacional. O que demonstraria que o Lula não morreu.
Dizia-se na Globo que, uma vez, o Dr Roberto saiu-se com essa: o Boni pensa que isso aqui é um circo; isso aqui é uma usina de poder.

Ali, não tem nada por acaso.

A Erundina entrou na chapa do Haddad, na mais importante eleição do pais.

O jn não deu.

O Lula se encontrou com o Maluf.

O jn não deu.

Erundina disse que sentia “desconforto” com a ida do Lula ao Maluf.

O jn não deu.

Apesar disso, a Erundina disse que ia ficar na chapa, porque era uma política “de partido”.

O jn não deu.

A Erundina disse que ia sair.

O jn não deu.

Por que, amigo navegante ?

Nada disso teve importância ?

Não, amigo navegante.

Porque, ao contrário do que disse a Folha (*), o Lula não morreu.

Noticiar a Erundina seria levar o Haddad ao jornal nacional.

O que demonstraria que o Lula não morreu.

As notícias sobre a morte do Lula são manifestamente exageradas.

Como também são exageradas as mervais especulações de que ele perdeu o juízo.

Agora, aqui entre nós, amigo navegante: em quem você aposta – no Cerra ou no Haddad.

No “novo” ou no “velho” ?

Quantos malabares – não deixe de votar na enquete trepidante “quem vai ser o vide do Cerra?” – o Cerra vai equilibrar na eleição ?

A Privataria.

A Delta e o Paulo Preto.

O Robanel e o Paulo Preto.

O Aref.

As ambulâncias super-faturadas.

O aborto no Chile.

A bolinha de papel.

O cano de Sergipe ao Ceará.

Os Brucutus.

Como é que ele entrou nos Estados Unidos, depois de fugir do Chile (e do Brasil) como “subversivo” ?

O “meu presidente !”

O diploma de engenheiro.

O diploma de economista.

Os genéricos do Jamil Haddad.

A Aids do Jatene.

Até agora, em 25 anos de vida pública, Cerra contou com a impunidade.

Com a manipulação do PiG (**), já que, em histórico pronunciamento, a revista Veja, o classificou de “elite da elite”…

Até agora, num mundo sem blogosfera, ele dava três telefonemas – ao Dr Roberto, Seu Frias e Dr Ruy – e controlava a opinião de milhões de brasileiros.

Agora, esses aí estão nas mãos de uma “geração perdida” de herdeiros.

A impunidade acabou.

Um desses malabares vai cair.

Porque, como diz aquele navegante pragmático, ele perdeu um minuto e meio para difundir a treva.

Talvez seja isso o que faltou à brava Erundina entender: está na hora de dar o bye-bye ao Cerra.

Cerra é o mais importante representante da extrema-direita obscurantista, opusdeica no Brasil.

Chega de impunidade.

Não é isso, Flavio Bierrembach ?


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é ,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

O complicado assunto neonazi na Alemanha

Dossiê das duas agências do Serviço Secreto Federal Alemão indica que é inteiramente falsa a difundida e, na verdade, nunca contraditada versão de que grupos de esquerda, como o chamado grupo "Baader-Meinhof”, teriam ajudado os membros da facção palestina Setembro Negro que assaltaram o prédio 31 da Vila Olímpica em Munique, onde se hospedava a delegação israelense, durante os Jogos Olímpicos de 1972. A conexão do Setembro Negro, na verdade, teria sido com neonazistas. O artigo é de Flávio Aguiar.

Enquanto os eurolíderes se debatem com a banca financeira, por ela comprimidos agora na Espanha, novo(?) elo fraco na cadeia, enquanto a Itália está na sala de espera da UTI, o complicado assunto neo nazi voltou a mostrar o nariz – e a cara inteira – na Alemanha.

A revista Der Spiegel (versão em inglês) trouxe à luz copioso noticiário, a partir de um dossiê de duas mil páginas das duas agências do Serviço Secreto Federal Alemão (Bundesamt für Verfassungsschutz e Bundesnachrichtendienst), sobre ser inteiramente falsa a difundida e, na verdade, nunca contraditada versão de que grupos de esquerda, como a RAF (Rote Armee Fraktion, também conhecida indevidamente como “Grupo Baader-Meinhof”), teriam ajudado os membros da facção palestina Setembro Negro que assaltaram o prédio 31 da Vila Olímpica em Munique, onde se hospedava a delegação israelense, durante os Jogos Olímpicos de 1972.

No assalto, os oito assaltantes mataram dois dos israelenses (um atleta e um treinador) e sequestraram outros nove, no dia 5 de setembro. Queriam troca-los por 234 prisioneiros palestinos e também por alguns prisioneiros da RAF, fato que, entre outros, levaram à “conclusão” de que essa organização alemã os tinha ajudado.

No dia 6, ao tentarem embarcar num avião que os levaria para fora do país, num aeroporto militar, foram interceptados por uma operação anti-terrorista das Forças Armadas alemãs, o que redundou numa catástrofe. Os assaltantes mataram todos os reféns (embora haja a suspeita de que alguns deles possam ter morrido no fogo cruzado). Dos oito terroristas, cinco morreram na hora e três foram presos. Mais tarde esses três foram libertados através do sequestro de um avião da Lufthansa. Mas dois deles morreram em operações posteriores do Mossad, que eliminou quase todos os suspeitos de participação ou planejamento no ataque de Munique. O terceiro assaltante vive até hoje na clandestinidade, enquanto o idealizador do sequestro, Abu Daoud, morreu em 2010 de causas naturais.

O dossiê comprova que Abu Daoud tinha uma estreita ligação com Willi Pohl, hoje beirando os 70 anos, que conseguira-lhe pelo menos carros para a operação, além de levá-lo a viajar por toda a Alemanha. Há a possibilidade de que Pohl tenha conseguido também armas, embora ele, numa entrevista à própria Der Spiegel, o negue. Em todo caso, colocou Daoud em contato com Wolfgang Abramovski, reconhecido falsificador de documentos que, levado para as cercanias de Beirute, provavelmente forneceu passaportes para o grupo.

Ocorre que Pohl e Abramovski não eram membros de nenhum grupo terrorista ou não de esquerda, mas sim de uma célula neonazista, e foram denunciados à polícia ainda antes dos acontecimentos de Munique, inclusive sobre a ligação com Daoud, por um ex-colega de militância e pelo ex-patrão do primeiro, de quem ele tomara algum dinheiro.

Depois do conhecido “Massacre de Munique”, Abramovski e Pohl foram presos, em outubro daquele ano, de posse de considerável arsena de armamentos, panfletos e cartas ameaçadoras ao juiz que dirigia o processo contra os três sobreviventes da tragédia, parte de um primeiro plano para libertá-los, que evidentemente não foi adiante. Desde então o Serviço Secreto alemão já sabia que a conexão alemã do Setembro Negro era neonazi, e não esquerdista, como comprovam mensagens trocadas pelas agências envolvidas, que nunca vieram a público – até esta semana.

É claro que restam milhares de luzes e perguntas acesas e ainda sem respostas sobre esse caso e esse dossiê. Algumas delas:

1) Se agisse de modo mais consistente, investigando a fundo as denúncias que recebera, o Serviço Secreto alemão poderia ter evitado o sequestro?

2) Essa é mais uma operação neonazi na história alemã pós-Segunda Guerra que “passa batida”, num primeiro momento, por essas agências e que a opinião pública fica com a versão de que seriam outros os implicados. Qual o significado disso?

3) Grupos de esquerda – a RAF em particular – foram acusadas de forma disseminada de participação na tragédia. Nada se fez durante quatro décadas para desmentir essa acusação. Por quê? (É verdade que declarações bombásticas de mebros da RAF, inclusive de Ulrike Meinhof, ajudaram a forjar essa impressão, mas tudo, hoje está comprovado, era blefe, não realidade).

4) Surpreendentemente, quando julgados em 1974, Pohl e Abramovski receberam penas extremamente leves, somente por “posse ilegal de armas”. Por que? O que isso significa?

Para arrematar: segundo a revista, Pohl hoje nada tem a ver com terrorismos ou com quaisquer atividades neonazis. É autor (de sucesso) de histórias policiais, inclusive como roteiros de TV, com outro nome, é claro.
De Abramovski não se tem notícia.