Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 16 de junho de 2012

Serra “invade” redações e exige retaliação a Maluf

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Antes de um relato espantoso que farei, quero esclarecer meu ponto de vista sobre a possível – mas, ainda, não confirmada – aliança entre o candidato pelo PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o ex-prefeito e ex-governador da capital paulista Paulo Maluf.
Na verdade, este texto deveria ter sido publicado na sexta-feira, mas decidi adiar porque recebi ligação de fonte que tenho em um grande jornal paulista e que discorda da atuação da imprensa local e que, assim, frequentemente me dá informações em primeira mão.
Foi-me relatado que Maluf estava para romper a aliança que mantém com o governo Geraldo Alckmin e com o pré-candidato do PSDB a prefeito da capital paulista, José Serra, de forma a se aliar a Haddad.
Muitos não entenderam, portanto, em razão do que, na sexta-feira, este blog amanheceu com uma postagem sobre a atuação de Maluf durante a ditadura. Isso, porém, ficará claro mais adiante.
Desde o ano passado que Maluf é aliado do PSDB paulista. Isso se deu por ter ganhado do governador Geraldo Alckmin o direito de indicar um afilhado para dirigir a Companhia Estadual de Habitação de São Paulo (CDHU).
Por conta dos favores de Alckmin a Maluf ele estava fechado com Serra para levar o PP paulistano, um feudo malufista, a ceder ao tucano seu tempo de TV na próxima campanha eleitoral
O PT, porém, passou a assediar o PP da capital paulista para que apóie Haddad valendo-se do argumento de que o partido de Maluf já mantém coligação com o governo Dilma Rousseff e que, portanto, seria lógico manter essa aliança em nível municipal.
Em minha opinião, não é a mesma coisa. Maluf, hoje, tem muito menos influência no PP nacional, que tem lideranças mais respeitadas, como, por exemplo, Francisco Dornelles (RJ), que não segue a liderança malufista.
Fazer aliança com o PP paulistano, portanto, é fazer aliança direta com Maluf. Por 1m43s de TV, parece-me pouco. É um constrangimento enorme para candidata a vice na chapa de Haddad, a ex-prefeita Luiza Erundina, e para o próprio PT.
Por conta disso – e como as tratativas ainda não estavam sacramentadas –, publiquei neste blog, na última sexta e de forma açodada, notícia que pretendia publicar mais adiante e de forma  mais aprofundada no âmbito de postagens que ainda farei sobre a Comissão da Verdade.
Com o post sobre o apoio de Paulo Salim Maluf à ditadura militar, quis lembrar ao PT paulista quem é esse indivíduo, ainda que, por óbvio, seja desnecessário.
Julgo que a aliança com esse senhor é imprópria. Como eleitor e apoiador do PT, sinto-me constrangido.
Julgo que Haddad é, de longe, o melhor candidato para São Paulo e que o apoio de Maluf conspurca sua candidatura.
Julgo que o eleitorado malufista odeia mais o PT do que aprecia Maluf.
Julgo que a aliança com Erundina levará Haddad longe e que, esse sim, é um apoio vital.
Julgo, por fim, que Haddad não precisa de Maluf ou do desgaste que tê-lo em sua aliança irá gerar
Essa é a minha sincera opinião. Contudo, não farei disso um escarcéu. Todavia, o aviso está dado.
Apesar do extenso preâmbulo que você acaba de ler, o que tenho a relatar, prioritariamente, é outro fato que me foi confidenciado por aquela fonte que trabalha em um grande jornal paulista e que, vira e mexe, municia-me com informações de bastidores sobre a imprensa de meu Estado.
É revoltante e uma prova do partidarismo doentio da imprensa paulista o escarcéu que esta está fazendo diante da possibilidade de Maluf realmente vir a apoiar Haddad. E é ilógico. Até Maluf acenar com tal apoio, a imprensa local nem lembrava que ele existia.
O acordo do governo federal com Maluf – e não com o PP – para que este destine tempo de tevê em São Paulo a Haddad não difere do acordo entre tucanos e pepistas na capital paulista. Por que o que não é notícia quando o acordo é com tucanos vira notícia quando o acordo é com o PT?
Isso se deve a que Serra, irritado com o que chama de “ganância” de Maluf, que estaria aumentando o preço da fatura para os tucanos, passou a disparar telefonemas para os “aquários” (chefias de redação) da imprensa paulista exigindo “denúncia” do mesmo Maluf e de Haddad.
A imprensa – Folha de São Paulo à frente, pois Serra ligou para ‘Otavinho” – está “denunciando” que o PT está fazendo com o PP o mesmo acordo que este fizera com o PSDB.  De forma “inexplicável”, de repente a imprensa tucana descobriu que Maluf é Maluf.

Aref do Cerra é fruta cítrica. Coitado do Capitalismo !

Liga o Vasco, navegante de longo curso, da Lagoa de Marapendi.

Liga o Vasco, navegante de longo curso, da Lagoa de Marapendi.

–    O que você foi fazer aí, Vasco, na Barra da Tijuca ?, pergunta o ansioso blogueiro.
–    Vim ver se acho os Verdes da Rio+20.
–    Para que você quer achar os Verdes, Vasco ?
–    Para afogar eles aqui na Lagoa.
–    Calma, Vasco, isso dá processo.
–    Não, eu te liguei, porque queria saber se você viu na televisão a casa do Aref.
–    Do Aleph, aquele conto do Borges … o que é isso, Vasco ?
–    Aref, Aref, aquele que você disse que o Cerra ia abandonar na estrada.

–    Já sei ! Aquele que o Cerra nomeou e depois disse que não nomeou.
–    Exatamente ! Aquele que tem 106 apartamentos.
–    Isso. E por coincidência ele é que autorizava as construções em São Paulo.
–    Coincidência ! A força do destino.
–    Sim, Vasco, mas o que tem a casa dele ? Você viu na televisão ?
–    Foi, vi na televisão …
–    Na Globo é que não foi, Vasco. Você acha que o Ali Kamel ia dar atenção a essa bobagenzinha … O cara do Cerra e do Kassab aprova as edificações e  compra 106 apartamentos … isso não tem a menor importância … Na Globo …
–    É, então, não foi na Globo. Mas eu vi em algum lugar.
–    Mas, o que tem a casa do Aref, Vasco ?
–    Uma micharia, uma casinha de bairro, assim, nada demais …
–    Nada demais, como, Vasco ?
–    Casinha assim de primeira geração de emigrante, que chega duro ao Brasil, monta um negocinho … compra a primeira casinha assim …
–    E daí, Vasco ? O que tem a casa do Aref ?
–    Meu querido, ele só pode ser fruta cítrica …
–    Que Diabo é isso … fruta cítrica ?
–    Meu querido, como é que você compra 106 apartamentos de luxo e vai viver numa micharia daquelas …?
–    Sei lá, Vasco, vai ver que é mania de pobre.
–    Meu filho, no capitalismo, pobre quer mesmo é ser rico. Nunca vi um pobre querer ficar pobre … No capitalismo não funciona assim, diz o Vasco, com voz de colonista (*) do PiG (**).
–    Onde é que você aprendeu essas coisas, Vasco ? Você agora é o Schumpeter … teórico do Capitalismo ?
–    É esse aí mesmo, Schumpeter …
–    Você não tá confundindo com Johannpeter, Vasco ?
–    Não. Johannpeter é o Gerdau. Tô falando do Schumpeter.
–    Mas, o que tem o Schumpeter a ver com o Aref, Vasco ?
–    É que o Merval fez um seminário na Academia Brasileira de Letras sobre o Futuro do Capitalismo.
–    E o Schumpeter foi ?
–    Não, seu imbecil. O Schumpeter morreu …
–    Ah, desculpe … essa falsa cultura … Quem foi discutir o … Futuro do Capitalismo com o Merval ?
–    O André Lara Rezende e o Gustavo Franco.
–    Ah, eles sabem …
–    Sabe o que eu descobri ?
–    Que o Futuro não tem Capitalismo … ou será o Capitalismo não tem Futuro ?
–    Não, meu querido. Descobri que a Globo terceirizou a Academia Brasileira de Letras.
–    Como assim ?
–    No tempo do Dr Roberto, essas coisas eram no Auditório do Globo. Agora, são na Academia.
–    Coitado do Machado, Vasco …
–    Coitado do Capitalismo, meu filho …

Pano rápido.
Em tempo: Em tempo: liga o Vasco, irritado, lá de Marapendi, depois de ler a fiel reprodução do nosso diálogo: “Você se esqueceu de dizer que o Aref do Cerra também aprova construção de shopping …


Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Ideologia & política: relendo Hannah Arendt

 



Hannah Arendt


Sempre que a retórica neoliberal e neoconservadora, cujo discurso ideológico, velado ou explícito, onipresente em todas as mídias, se torna demasiado absurda, cruel, intragável, esta colunista se “refugia” politicamente nas palavras e no pensamento de Hannah Arendt (1906-1975), esta pensadora política e humanista magistral, discípula de Karl Jaspers e Martin Heidegger, dos quais herdou a tradição culturalista alemã.
Arendt não usa nenhuma retórica, objetivamente vai logo ao ponto, revelando impiedosamente a face horrível das classes dominantes. Aliás, ela é especialmente precisa, quase cruel, ao se reportar ao filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), que considera o verdadeiro ideólogo não-reconhecido da burguesia (os atuais neocon e neoliberais). Diz ela: ”É importante observar que os modernos adeptos da força estão de acordo com a filosofia do único grande pensador que jamais tentou derivar o bem público a partir do interesse privado e que, em benefício deste bem privado, concebeu uma comunidade de estados cuja base e objetivo final é o acúmulo de poder”.
A doutrina de Hobbes é exposta com tanta crueza, que não admira que os ricos burgueses lhe tivessem horror: a imagem que projetava deles no espelho era monstruosa!
Segundo Hobbes, via Arendt, esse processo de acúmulo de poder, necessário à proteção de um constante acúmulo de capital, criou a ideologia “progressista” no final do século 19, prenunciando o surgimento do imperialismo (leia-se hoje “globalização”). A compreensão de que o acúmulo de poder era o único modo de garantir a estabilidade das chamadas leis econômicas, tornou irresistível o progresso. A noção de progresso do século 18, tal como concebido na França, pretendia que a crítica do passado fosse um meio de domínio do presente e de controle do futuro. Mas essa noção bem pouco ou nada teve em comum com a infindável evolução da sociedade burguesa, que não apenas desejava a liberdade e a autonomia do homem, mas estava pronta a sacrificar tudo e todos a leis históricas supostamente supra-humanas.
Como nas terríveis palavras de Walter Benjamin: “O que chamamos de progresso é o vento que impele o anjo da História irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas enquanto o monte de ruínas diante de si se ergue até os céus”. Somente no sonho de Marx – de uma sociedade sem classes que faria a humanidade despertar do pesadelo da História – é que surge um último vestígio, infelizmente utópico, do século 18.
“O empresário de mentalidade imperialista, a quem as estrelas aborreciam porque não podia anexá-las”, comenta Arendt, (lembram-se de Donald Rumsfeld, secretário de Defesa do governo Bush, que teria adorado privatizar o Sol?) “sabia que o poder organizado como finalidade em si geraria mais poder”, isto é, com força bastante para expandir-se além das fronteiras do Estado-Nação. E tal processo não poderia ser brecado, tampouco estabilizar-se, sem provocar catástrofes destruidoras.
Reiterando: embora nunca reconhecido, Hobbes foi o verdadeiro filósofo da burguesia, porque compreendeu que a aquisição de riqueza, idealizada como um processo sem fim, só pode ser garantida pela tomada do poder político, pois o processo de acumulação violará, cedo ou tarde, todos os limites territoriais existentes. Previu que uma sociedade, que havia escolhido o caminho da aquisição contínua, tinha que engendrar uma política dinâmica, um processo contínuo de geração de poder. E pode esboçar tanto os principais traços psicológicos do novo tipo de homem que se encaixaria nessa sociedade, quanto a tirania de sua estrutura política.
Hobbes previu que tal homem ficaria lisonjeado ao ser chamado “animal sedento de poder”, embora a sociedade o forçasse a renunciar a todas as forças naturais, suas virtudes e seus vícios, e fizesse dele o pobre sujeitinho manso que não tem sequer o direito de se erguer contra a tirania e que, longe de lutar pelo poder, submete-se a qualquer governo existente e não move um dedo nem mesmo quando seu melhor amigo cai vítima duma razão de estado incompreensível.
Assim, uma comunidade baseada no poder acumulado e monopolizado de todos os seus membros individuais, torna a todos necessariamente impotentes, privados de suas capacidades naturais e humanas. Degrada o indivíduo à condição de peça insignificante na máquina de acumular poder, máquina construída de forma a ser capaz de devorar o mundo.
O objetivo final de destruição dessa comunidade é indicado na interpretação filosófica da igualdade humana como “igual capacidade de matar um ao outro”!Vivendo com as outras nações “numa condição de guerra perpétua”, não tem outra lei de conduta senão “a que melhor leve ao seu benefício”, e gradualmente devorará as estruturas mais fracas até que chegue a uma última guerra “que dê a todos os homens a vitória ou a morte”.
Com “vitória ou morte” (traduzindo em tempos atuais, “vencer ou vencer”), o Leviatã, segundo Hobbes, pode suplantar todas as limitações políticas provenientes da existência de outros povos e envolver toda a terra em sua tirania. Mas quando vier a última guerra e todos os homens tiverem recebido seu quinhão, nenhuma paz final terá sido estabelecida no planeta: a máquina de acumular poder, sem a qual a expansão contínua seria impossível, precisará de novo material para devorá-lo em seu infindável processo.
E Arendt conclui: “Se o último Estado vitorioso não puder anexar os planetas, então passará a devorar-se a si mesmo, para começar novamente o infinito processo de geração de poder”.
(1) In Arendt, Hannah, As origens do totalitarismo II: imperialismo, a expansão do poder, uma análise dialética. Rio, Editora Documentário, 1976

Em que mundo Tourinho Neto vive ?????

Charge do Bessinha
Chico Caruso

Para desembargador, Cachoeira não é mais socialmente perigoso e merece liberdade.

Como todo acadêmico de Direito sabe, uma organização criminosa de matriz mafioso, como a operada por Carlinhos Cachoeira, é constituída por prazo indeterminado. Quando a organização se infiltra no poder do Estado, e está o senador Demóstenes Torres e deputados a confirmar, ela  ganha força, musculatura, ao seu chefão recuperar a liberdade.

Para o desembargador Tourinho Neto, o “capo” Cachoeira já não é mais perigoso socialmente pois seu negócio, com relação à exploração ilícita de jogos eletrônicos de azar, já foi fechado. Ele, evidentemente, não lembrou da lavagem de dinheiro, da cooptação de políticos e de Cachoeira explorar, além da jogatina, outras atividades ilegais, com a construtora Delta de ponta-de-lança.

Tourinho ainda não percebeu que Cachoeira comanda “um holding criminal”. Apesar de todo o noticiário e do revelado em conversas interceptadas, Tourinho continua míope e, pela visão curta, enxerga apenas a atividade da jogatina eletrônica.

Já na terça feira passada, ao votar pela anulação das provas da Operação Monte Carlo e soltura imediata de Cachoeira, o desembargador Tourinho Neto surpreendeu. Para ele, as interceptações telefônicas eram ilegais pois os motivos apresentados pelos policiais não eram suficientes para o deferimento.

Os motivos era tão insuficientes, data vênia,  que serviram para revelar, à sociedade civil brasileira, um mega-escândalo. Tem até governador sob suspeita.

Pano Rápido. Têmis, a deusa da Justiça, acaba de perder a cabeça, como na charge do Bessinha  e uma pergunta fica no ar: Em que mundo Tourinho Neto vive ?????

–Wálter Fanganiello Maierovitch–

Jurista e membro das Academia Paulista de História e Ac. Paulista de Letras Jurídicas; desembargador aposentado do TJ-SP.Colunista de CartaCapital, comentarista na CBN e assessor internacional para UE

A verdade sobre o auxílio-reclusão


Existem certas coisas que acontecem que  não sei como surgem. Parecem aquelas lendas urbanas que de tempos em tempos são repetidas por aí , sem ao certo saber de onde partem.
Estava eu em Niterói, no Rio de Janeiro, matando a saudade de minha terra, e passa ao meu lado um grupo  com com alguns garotos e duas senhoras , quando um deles aos gritos diz " Pô eu agora quero ser presidiário, o governo vai pagar para vagabundo preso 800,00 por filho , se eu tiver cinco , já pensou , vou pegar 4000,00!!!!!!!!" .
Estou agora aqui no sul , e vejo alguem  abrir uma página do facebook perto de mim e lá estava postado : " VERGONHA DE PAÍS , GOVERNO PAGA 812 PRA BANDIDO" , algo mais ou menos assim , mas tá correndo na rede.
Fiquei imaginado , como uma aberração de notícias destas cai no imaginário , sem ao menos a pessoa que coloca ali checar a sua veracidade , ou inteirar-se um pouco mais do assunto.De onde partem ? sei lá , mas ou é muita burrice ou muita má-fé. Eu acho que são os dois.
Nossa velha mídia golpista tá fazendo escola em parcela da população!!!!

coloquei abaixo, só para equilibrar as coisas:

A verdade sobre o auxílio-reclusão


Recebi hoje um e-mail entitulado “um pequeno absurdo…” no qual o autor (que dessa vez nem era o L. F. Veríssimo) protesta contra o “salário família presidiário”.
Refere o cidadão que o governo[bb]dá aos presidiários que tenham filhos o valor de R$ 810,18 por filho. Fazendo as contas, conclui que “bandido com 5 filhos, além de comandar o crime de dentro das prisões, comer e beber nas costas de quem trabalha e/ou paga impostos, ainda tem direito a receber auxílio reclusão de R$3.991,50 da Previdência Social“.
Bom, fechando um olho para o erro de matemática, esse e-mail é um amontoado ambulante de desinformação.
Certamente este pequeno blog não vai afastar essas distorções, mas talvez ajude alguém mais cuidadoso a não repetir essas baboseiras por aí.
O auxílio-reclusão é um benefício previdenciário previsto na Constituição (art. 201, IV) e no art. 80 da Lei 8.213/91, concedido aos dependentes do segurado[bb]de baixa renda que tenha sido preso e não receba nem auxílio-doença, nem outra aposentadoria, nem alguma remuneração da empresa na qual trabalhava.
Trocando em miúdos, para ter direito ao benefício o recluso precisa:
a) ter contribuído para a Previdência[bb]Social (ou seja, estar trabalhando ou ter perdido o trabalho recentemente);
b) não receber qualquer outra remuneração ou benefício;
c) ter baixa renda (quando em atividade, logicamente).
Baixa renda, nesse caso, equivale a um salário/remuneração de, no máximo, o definido ano a ano pela Previdência Social (em 2011, R$ 862,11). Se o segurado ganhar (em atividade) mais que isso, já perde o direito ao benefício.
Além disso, acho importante esclarecer que Previdência Social é um seguro pago por cada trabalhador para o caso de ocorrer algum dos fatos previstos na Lei (alcançar idade avançada, restar incapaz para o trabalho, falecer ou mesmo, ser condenado e preso).
Em sendo um seguro, na verdade o preso que recebe o auxílio-reclusão não está recebendo nada além do que aquilo pelo qual já pagou.
Logo, não se trata de um gracioso favor prestado pelo governo, mas sim o pagamento daquilo que estava antecipadamente previsto na legislação.
Por óbvio, nada contra discutir se é o melhor para a sociedade brasileira que esse benefício exista, mas pelo menos devemos nos pautar pelo que efetivamente está previsto, e não por um conceito imaginário do que seria essa benesse.
Qual sua opinião sobre o assunto?

Os mineiros espanhóis estão em pé de guerra

A consiga “se nossos filhos passarem o fome, o de vocês verterá sangue”, levantada pelos mineiros das Astúrias e da Galícia, dá uma mostra da radicalização do conflito e do profundo clima de mal estar que reina na sociedade espanhola, esgotada após quatro anos de crise e constantes cortes que não fazem mais do que piorar a situação econômica. O artigo é de Oscar Guisoni, direto de Madri.

Madri - A decisão do governo espanhol de reduzir em 200 milhões de euros os subsídios para a produção de carvão desataram o pior conflito sindical no setor no último meio século. A extração deste mineral é deficitária há anos e estava subsidiada pelo governo para evitar que fosse interrompida a produção da única fonte local de energia não renovável. A profunda crise econômica e os virulentos cortes de impostos pelo governo conservador para tentar reduzir o déficit terminaram afetando um setor que, nas últimas semanas, mostrou toda a virulência do protesto social protagonizando marchas gigantescas e violentas enfrentamentos de rua com as forças de segurança.

A consiga “se nossos filhos passarem o fome, o de vocês verterá sangue” dá uma mostra da radicalização do conflito e do profundo clima de mal estar que reina na sociedade espanhola, esgotada após quatro anos de crise e constantes cortes que não fazem mais do que piorar a situação econômica.

O setor do carvão é relativamente pequeno na economia espanhola. De fato, só há sete comarcas mineiras situadas em sua maior parte no norte do país (Astúrias e Galícia, região onde estourou o protesto). Das 45 mil pessoas que trabalhavam no setor em 1990, restaram cerca de 4 mil.

Desde 1986, o setor recebeu ajudas da União Europeia em troca da redução e da diminuição do tamanho das empresas, já que o carvão espanhol é de baixa produção calórica e de qualidade inferior ao que se produz em outras partes do mundo. Segundo os planos originais, os subsídios seriam suspensos definitivamente em 2002, concluindo com o fechamento de todos os estabelecimentos, mas o fracasso de planos alternativos de emprego e o grande impacto econômico que a atividade gera em algumas regiões fez com que os subsídios fossem prorrogados até pelo menos 2018. O estouro da crise econômica em 2008 mudou os planos e no início deste ano o governo de Mariano Rajoy considerou que havia chegada a hora de acabar com os incentivos.

Mas as contas não são o forte dos economistas ortodoxos que assessoram o governo conservador empenhado em fazer cortes a todo custo. Segundo um estudo realizado pela Faculdade de Economia de Castilla y León, outra região carbonífera, para cada euro que o governo dá ao setor de mineração recebe três em impostos, coberturas sociais, compras de bens, serviços e rendas. Por isso, ao cortar os 200 milhões de euros de subsídios o Estado deixa de receber 600 milhões. Estas contas, que não são admitidas pela ortodoxia econômica, demonstram a espiral perversa das políticas neoliberais que estão levando ao abismo uma das economias mais importantes do continente.

O conflito mineiro começou há três semanas e inclui corte de estradas, ferrovias e mobilizações massivas. Mas nos últimos dias ele se radicalizou, desde que apareceram em cena jovens armados com lança-foguetes e rostos cobertos por capuzes que dispararam contra as forças de segurança, deixando um saldo de quatro policiais e três jornalistas feridos. Esta semana, o protesto se estendeu para a entrada das grandes centrais termoelétricas que utilizam carvão importado para produzir eletricidade e uma manifestação tentou ocupar a sede do Partido Popular em Oviedo, Astúrias, mas foi rechaçada pela polícia. Como parte do protesto, os manifestantes jogaram suas calças nas ruas para assinalar que o governo está deixando-os pelados.

O grau de tensão foi aumentando até forçar o sindicato majoritário, Comissões Operárias, a advertir as forças de segurança para “que não contribuíssem para aumentar” o conflito, ao mesmo tempo que condenou os atos “descontrolados” que podem produzir danos às pessoas. Dias atrás, o secretário geral do Partido Socialista, Alfredo Pérez Rubalcaba advertiu o governo do PP sobre o aumento do descontentamento nas ruas.

O ponto crítico do conflito mineiro se dá em um contexto de extrema gravidade econômica. A Espanha teve que ser resgatada na semana passada com cerca de 100 bilhões de euros destinados a tapar o buraco dos bancos e nesta sexta-feira viu que o resgate não foi suficiente para acalmar os mercados. A taxa de risco segue disparando enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) insiste com suas receitas recessivas, pedindo o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e uma redução do salário dos funcionários públicos, medida que só pode aumentar os conflitos sociais e a crise econômica.

Enquanto isso, os analistas esperam com ansiedade o resultado das eleições gregas que poderão abrir pela primeira vez uma fenda no consenso neoliberal que resiste na maior parte dos ministérios de economia da zona do euro.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Tourinho manda soltar Carlinhos Cachoeira. Viva o Brasil! Desembargador manda libertar bicheiro Carlinhos Cachoeira

Publicado em 15/06/2012

 

Reproduz G1:


Desembargador manda libertar bicheiro Carlinhos Cachoeira

O desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu nesta sexta-feira habeas corpus para a soltura do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso no complexo penitenciário da Papuda, em  Brasília.

O alvará de soltura deverá ser enviado ao presídio da Papuda ainda nesta sexta.

O habeas corpus foi impetrado pela defesa de José Olímpio de Queiroga Neto, do grupo de Cachoeira, libertado na última quarta.

Os advogados de Cachoeira pediram a extensão do benefício para o bicheiro, e o desembargador concedeu.

O advogado Augusto Botelho, que trabalha no escritorio contratado para a defesa de Cachoeira, afirmou que, apesar da revogação da prisão, relativa à Operação Monte Carlo, Cachoeira não será solto imediatamente.

Isso porque uma juíza da 5a Vara da Justiça Estadual de Goiás indeferiu nesta sexta pedido da defesa de revogação da prisão de Cachoeira referente à Operação Saint-Michel.

Botelho informou que a defesa de Cachoeira pretende ingressar com novo pedido de habeas corpus no plantão judicial em Goiás.



Quer dizer, então, que a Justiça brasileira vai condenar o José Dirceu ? É isso ?
E o Ministério Público vai recorrer da decisão do desembargador Tourinho ?
Ou vai demorar tanto que o Carlinhos terá tempo de se encontrar com o Dr Abdelmassih ?
Não deixe de ler: Desembargador Tourinho anula provas da Monte Carlo contra Cachoeira. Viva o Brasil !
Paulo Henrique Amorim
Em tempo: Saiu no Globo:


(…)


Nesta sexta-feira, enquanto Cachoeira ganhava um habeas corpus, perdia outro. Uma juíza da 5ª Vara da Justiça do Distrito Federal negou o pedido da defesa para que fosse revogada a prisão do contraventor referente à Operação Saint-Michel. O advogado Augusto Botelho informou que pretende ingressar com novo pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Distrito Federal.


(…)

Carlinhos diria assim: Viva o Brasil !

O Brasil de hoje não é a Espanha, embora muitos brasileiros ainda insistam em achar que os “desenvolvidos” são eles.

 


O RESGATE ESPANHOL E O BRASIL


Embora o Primeiro-Ministro Mariano Rajoy e líderes do PP - o partido que está no poder – façam de tudo para tentar tapar o sol com a peneira, o fato é que o “resgate”, aprovado no fim de semana, ficará na história como uma intervenção branca da Comissão Européia na economia espanhola, a fim de evitar a quebra do país.
O dinheiro aprovado pela Troika (Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), de 100 bilhões de euros, servirá para que, mais uma vez, se socializem os prejuízos para preservar os lucros privados, ou, em última instância, garantir, por mais algumas semanas ou meses, a sobrevivência de empresas que se confundem com a história recente do país, e que , se tivessem que sobreviver sem ajuda, em um ambiente de concorrência justa, já estariam definitivamente quebradas.
É como se, de repente, o governo brasileiro pedisse emprestado, em pleno sábado, 10% do PIB, ou, no nosso caso, 260 bilhões de dólares emprestados , só para cobrir o buraco de meia dúzia de bancos, aumentando, na mesma proporção, a dívida nacional, já que o responsável pelo pagamento do empréstimo será o próprio estado espanhol, que, para isso, fará novos cortes na educação, na saúde, na segurança, nas aposentadorias, nos investimentos. Isso, em um país no qual centenas de famílias, a cada dia são despejadas de seus lares, por não terem dinheiro para pagar a prestação da casa própria , pelos mesmos bancos “resgatados” no fim de semana.
O Brasil de hoje não é a Espanha, embora muitos brasileiros ainda insistam em achar que os “desenvolvidos” são eles. Temos 375 bilhões de dólares em reservas internacionais contra 35 bilhões de euros em reservas espanholas. Uma dívida externa de 13% do PIB, contra 165% da Espanha. Uma dívida interna líquida de 36% do PIB contra 80% (até dezembro) da Espanha, e isso sem nunca termos recebido, durante anos, bilhões de euros em ajuda da União Européia. Ou ter tido acesso a crédito farto e barato, a juros infinitamente menores aos cobrados aqui, na mesma época. Com esse dinheiro, adquiriram, na bacia das almas, com a cumplicidade de conhecidos entreguistas brasileiros, alguns de nossos maiores bancos e empresas, nos anos 90. E, se tiverem que sair do Brasil, depois de remeter para suas matrizes, durante anos, fabulosos lucros, os "capitais" "espanhóis" serão imediatamente substituídos por outros, como os chineses, como já está acontecendo.
Convertidos, de uma hora para a outra, - com sua entrada na Comunidade Européia e a transformação de suas pesetas em euros - em “europeus” e novos “ricos”, muitos espanhóis acreditaram, nos últimos anos, no mito da “marca Espanha”, vendido, em papel dourado, pela imprensa espanhola e os sucessivos governos que ocuparam o Palácio de la Moncloa.
Aznar recusou-se a entrar para o G-20, quando podia, porque achava que o lugar da Espanha era o G-8. Zapatero proclamava aos quatro ventos a condição da Espanha de “oitava potência econômica do mundo” e disse que o país já tinha conquistado, de pleno direito, seu lugar na “Champions League” da economia mundial. E todos, inclusive Mariano Rajoy, sempre apregoaram, baseados principalmente no marketing do BBVA e do Santander, seus bancos como os mais sólidos do mundo, quando na verdade, como se vê agora, o sistema financeiro espanhol apresenta – inclusive pela ausência de uma regulação e de uma fiscalização fortes - mais furos do que um queijo suíço.
Há dois dias, a Fitch rebaixou para BBB-, a um ponto do grau de especulação, os títulos da Repsol. E passou para negativas as perspectivas da Telefónica espanhola, que teve sua nota rebaixada também pela Moody,s e pela Standard & Poors. E ameaçou rebaixar de novo a nota do Santander, que já havia tido sua nota rebaixada em maio, apesar da venda de ativos como 51% de sua filial na Colômbia e de boatos de que estaria querendo vender também parte de sua filial no Brasil. Outras empresas também tiveram suas notas rebaixadas por agências de risco internacionais e a taxa de risco da Espanha voltou a passar dos 500 pontos, apesar do socorro aos bancos de 100 bilhões de euros que, afinal de contas, é equivalente aos capitais no valor também de aproximadamente 100 bilhões de euros que deixaram o país nos primeiros meses do ano.
No Brasil, no entanto, embora muitas empresas espanholas que atuam em nosso país estejam sendo diretamente afetadas pela crise, muita gente - como se estivéssemos na Terra e Madrid e Barcelona em outro planeta – prefere fingir que, nesse contexto, não existe nada de importante ocorrendo.
Encorajadas por essa atitude, as empresas espanholas que aqui operam fazem o mesmo. Mesmo com a crise roendo suas canelas, insistem em nos tratar como se fossemos um bando de otários que só pensa em praia, pandeiro e futebol.
Devendo mais de 57 bilhões de euros – é absurdo que marcas estrangeiras patrocinem selecionados esportivos oficiais brasileiros em apresentações no exterior - a Telefónica, controladora da Vivo, vai associar, pela bagatela de 15 milhões de dólares, sua marca às seleções brasileiras de futebol até 2015.
Só do BNDES, a Vivo pegou 3 bilhões de reais emprestados no ano passado . O Santander, que - pasmem - patrocina a Copa Libertadores da América, cujo nome homenageia quem derrotou as tropas espanholas em nosso continente, acaba de lançar uma campanha no Youtube. A campanha usa Pelé como garoto propaganda, para descobrir quem “mais entende de futebol na América Latina”. Vejam o link:

Postado por Mauro Santayana

O BRASIL DIANTE DE DOIS INIMIGOS

 


Mauro Santayana

Em discurso recente no Senado, Pedro Simon advertiu contra o perigo de que o crime organizado se aposse das instituições do Estado. Até o caso Cachoeira, disse o parlamentar gaúcho, havia sido comprovada a corrupção de setores da burocracia dos governos, mas não a da estrutura do Estado.
O governador Marconi Perillo se esquivou, com habilidade, das questões mais graves, em seu depoimento na CPMI. Registre-se que ele se encontrava mais do que tranqüilo, mesmo respondendo às indagações precisas do relator, até que chegou a vez do deputado Miro Teixeira. O experiente homem público, mesmo tendo como ponto de partida o caso menor, que é o da venda da casa de Perillo, deixou, na argúcia de suas perguntas, graves suspeitas.
Como pôde o governador receber o dinheiro de uma empresa e passar a escritura a um particular? Também ficou claro a quem ouviu o governador ser difícil que ele ignorasse as atividades ilícitas do apontado contraventor; ele conhecia, com intimidade, a sua vida empresarial, social e familiar.
O caso Cachoeira – e a advertência de Pedro Simon é importante – mostra como a nação está acossada por um inimigo interno insidioso, que é o crime organizado. Os recursos públicos são desviados para alimentar um estado clandestino, que está deixando de ser paralelo, para constituir o núcleo do poder, em alguns municípios, em muitos estados e na própria União. Essa erosão interna da nacionalidade brasileira, que se assemelha a uma gangrena, coincide com o cerco internacional contra o nosso país.
Enquanto parte da opinião nacional acompanha, indignada, as revelações do esquema Cachoeira, articula-se eixo internacional entre os Estados Unidos, a Espanha e todos os países da Costa do Pacífico, com a exceção do Equador e da Nicarágua, contra o nosso povo, mediante a Aliança do Pacífico. Não há qualquer dissimulação.
Como informa a publicação Tal Cual, da oposição venezuelana, o foro funciona ativamente e já celebrou seis reuniões de alto nível. “Os quatro países signatários da nova Aliança do Pacífico – revela a publicação – têm, todos eles, governos de centro ou centro-direita, crêem no capitalismo, são amigos dos Estados Unidos, e favorecem os tratados de livre comércio e o princípio do livre-comércio em geral. Une-os sobretudo um temor comum e impulso defensivo frente à ascendente potência hegemônica ou neo-imperial que é o Brasil”. E termina: “sentimo-nos satisfeitos e aliviados pelo surgimento do muro de contenção à expansão brasileira, que é a Aliança do Pacífico”.
Assim, os Estados Unidos cuidam de retomar a sua influência e presença militar na América Latina. Nesse sentido, procuram valer-se da Aliança do Pacífico para estabelecer bases militares cercando o Brasil, da Colômbia ao sul do Chile. Leon Paneta, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, acaba de acertar com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, o estabelecimento de uma base norte-americana em Fuerte Aguayo, nas proximidades de Valparaíso. Entre outras missões dos militares americanos está a de treinar os carabineiros chilenos, a fim de coibir manifestações populares. Há, ao mesmo tempo, uma orquestração da imprensa e dos meios políticos e empresariais, a fim de reabilitar a figura do ditador Pinochet.
Os Estados Unidos, que mantêm uma base no Chaco paraguaio, quiseram também ocupar o aeroporto de Resistência, na província argentina do Chaco, e o governador Capitanich assentiu, mas o governo de Cristina Kirchner vetou o acordo.
A participação da Espanha nesse novo cerco ao Brasil é evidente. Em Madri, os embaixadores dos quatro paises maiores envolvidos (México, Colômbia, Peru e Chile) se reuniram, para defender a nova aliança, e coube ao embaixador do Chile, Sergio Romero, ser bem explícito. Ao afirmar que o bloco não nasce contra o Brasil, nem contra o Mercosul, aclara, no entanto, que o grupo recebe de braços abertos os investimentos europeus, especialmente da Espanha e dos Estados Unidos - que poderiam formalmente participar da Aliança.
Limpemos os nossos olhos, vejamos os perigos que ameaçam diretamente a nossa sobrevivência como nação independente, nas vésperas do segundo centenário do Grito do Ipiranga. Não temos que ficar abrindo mais divisões internas, e devemos nos unir para enfrentar, ao mesmo tempo, o inimigo interno, que é o crime organizado e suas teias nas instituições do Estado, e os inimigos externos.
Esses, sempre que estivemos avançando no desenvolvimento social e econômico, procuraram quebrar as nossas pernas, contando com traidores brasileiros. Não é preciso recuar muito no passado. Basta lembrar o cerco contra Vargas, em 1954, a tentativa de golpe de 1955, repetida em 1961 e, por fim, o golpe de 1964, com as conseqüências conhecidas. Registre-se que, apesar da vinculação com os Estados Unidos, durante o governo Castelo Branco, e a famosa doutrina das “fronteiras ideológicas”, vigente durante o governo Médici, a partir de Geisel os militares brasileiros não mantiveram a mesma subserviência diante de Washington.
Enfim, espera-se que o Itamaraty mantenha o governo da Sra. Dilma Roussef a par dessas manobras anti-brasileiras, comandadas a partir de Madri e de Washington, e que a CPMI vá até o fundo, nas investigações em curso. Elas não devem parar nas imediações de Anápolis, mas chegar a todo o Brasil, conforme os indícios surjam. É bom conhecer a verdade do passado, mediante a Comissão formada para isso. E se faz também necessário conhecer a verdade do presente, e impedir que o crime tome conta das instituições nacionais, como está ocorrendo no México de Calderón.
E não nos devemos esquecer que o sistema financeiro mundial é também uma forma – superior e mais poderosa – de crime organizado. E muito bem organizado.

Postado por Mauro Santayana 

UMA ALIANÇA COM A DIGNIDADE

*CARTA MAIOR DIRETO DA GRÉCIA: dentro de 24 horas, o povo grego vai às urnas na catarse  eleitoral da crise;leia a cobertura de Eduardo Febbro, em Atenas; nesta pág.  

 Uma grande frente da direita brasileira se move na ansiosa tentativa de preservar o comando da maior capital do país. O comboio transporta  interesses pesados; não perder sua maior vitrine política é um deles; propiciar ao candidato da derrota conservadora em 2002 e 2010 um holofote de sobrevida até 2014, outro Há também o orçamento: R$ 40 bilhões, maior que o de vários Estados. Serra teria hoje 30% das intenções de votos na corrida pela prefeitura de São Paulo; seu principal oponente, Fernando Haddad, 3%. Lula adoeceu no meio do caminho e já se recuperou. Mas a convalescença pode reduzir a decisiva participação em uma disputa com DNA  nacional.O conservadorismo atrelava vagões ao comboio e exultava a cada tropeço do outro lado. A frustrada tentativa de cooptar Kassab parecia ter subtraído ao PT até mesmo o discurso da polaridade ideológica. Com Marta ressentida e afastada, Serra chocava  a serpente ao abrigo de confrontos constrangedores. A incubação conservadora ia bem até que uma palavra que desequilibra o lado contra o qual ela se volta entrou no jogo: dignidade, ou Luiza Erundina. Essa mulher nordestina e socialista, que alguns criticaram pelo excesso de zelo com a causa popular, será a parceira de Haddad para devolver a São Paulo algo de  inestimável valor: o resgate do  voto como um engajamento que faz sentido outra vez na luta por uma cidade a serviço dos cidadãos. Bem-vinda.