Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 1 de maio de 2012

silenciosas e moleculares revoluções

 



Vila Euclides: uma revolução molecular

Em uma conjuntura de crise e de crescimento acelerado do desemprego nos EUA e na Zona do Euro, talvez o melhor exercício neste 1º de maio de 2012 seja revisitar as lutas travadas nas décadas de 1970 e 1980 para perceber o quanto ganhamos, em massa crítica acumulada, no mundo do trabalho.

Talvez o melhor exercício neste 1º de maio de 2012 seja revisitar as lutas travadas nas décadas de 1970 e 1980 para perceber o quanto ganhamos, em massa crítica acumulada, no mundo do trabalho. Deixando para trás, tendências que, no final da ditadura, desejavam, quando muito, uma readaptação do corporativismo aos novos tempos que chegavam, correntes que rejeitavam toda tutela e paternalismo governamental tiraram o sindicalismo do sono letárgico do "jogo de aparelhos", de estruturas sindicais azeitadas, para levá-lo ao eterno jogo da conciliação de classes.

Quando, no dia 12 de março de 1978, os trabalhadores da Saab-Scania, em São Bernardo, param as máquinas e cruzam os braços, eles iniciam um novo momento no movimento operário e na luta política no Brasil. A greve estendeu-se às fábricas vizinhas e, em menos de dez dias, mais de 30 mil trabalhadores ampliaram o movimento para as cidades do ABC paulista. Foram greves por fábrica, sem piquetes, e a elas se sucederam as greves por categorias que, uma após outra, cidade após cidade, em todos os estados, mudaram o quadro sindical, sacudiram o país de alto a baixo, num ascenso que se estenderia até 1979.

As marcas desse processo são a espontaneidade, a combatividade de suas direções, muitas surgidas por fora e atropelando os sindicatos e seu isolamento. As greves por categoria, mesmo não coincidindo no tempo e no espaço, não se articulavam em comandos unificados e ações conjuntas. Os patrões e os governos, pegos de surpresa, conhecem a mais dura derrota nos anos de chumbo. Nos dois anos seguintes, o ciclo das greves espontâneas e por categoria se encerra. As novas lideranças sabiam que, dali em diante, para conseguirem vitórias significativas, precisariam ultrapassar os limites da negociação patronal e enfrentar diretamente o regime militar e sua política econômica e social.

Os setores avançados do sindicalismo já tinham colocado essas questões na agenda do movimento: o Congresso dos metalúrgicos, no final de 1978, aprovara uma resolução para combater a CLT e a estrutura sindical corporativa -o AI-5 dos trabalhadores. Propunham o aprofundamento da organização nas bases, através das comissões de fábricas e a construção da Central Única dos Trabalhadores. A esquerda tradicional, que namorava os novos sindicalistas, vai afastando-se na medida em que estes vão definindo uma estratégia de combate calcada na independência política. O afastamento se aprofunda quando o setor mais avançado da classe trabalhadora propõe e articula a criação do Partido dos Trabalhadores. O embrião da mais original formação política de esquerda começa, como vemos na dinâmica própria do mundo do trabalho.

O período aberto pela greve de 21 de julho de 1983 já tem características fundamentalmente diferentes das lutas operárias anteriores. A iniciativa de Paulínia / São Bernardo conseguira fazer sair do papel proposta de greve geral e impulsionara uma unidade de ação que superava os marcos do apoliticismo e conservadorismo da estrutura sindical. A avaliação desse período não poderia ser feita sem levar em conta a adequação da burguesia e da ditadura às mudanças conjunturais. A estratégia não poderia ser mais equivocada: chamam os pelegos - Joaquinzão à frente - para um diálogo e tramam canalizar a greve para um acordo com a ditadura e a mobilização de massas para dentro do que havia de mais atrasado no mundo sindical. Erraram na dose, erraram de interlocução. A tentativa de isolar o sindicalismo autêntico dos setores de massa já não era mais possível, e por um motivo bem simples: na ação, a base dos movimentos já demonstrara sua independência da direção nas greves de 1979 e 1980. 

Hoje, passados mais de 30 anos dos fatos relembrados, o relatório sobre o emprego no mundo, da Organização Internacional do Trabalho, confere ao país um notável destaque no cenário mundial.

Segundo o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, os países que não sacrificaram o setor trabalhista estão superando a crise mais facilmente. O Brasil, que teve aumento de emprego, é citado no relatório como exemplo de país que adotou "políticas sociais e laborais adequadas.”

Em uma conjuntura de crise e de crescimento acelerado do desemprego nos Estados Unidos e na Zona do Euro, a situação privilegiada do país deve-se, sem dúvida, à correção da política macroeconômica dos governos de Lula e da presidente Dilma, mas se formos sondar sua essência ouviremos as palavras de ordem das grandes assembléias no então Estádio da Vila Euclides. É contra essas silenciosas e moleculares revoluções que as classes dominantes e seu braço corporativo se voltam desde 1978. Até aqui, 1º de maio de 2012, não obtiveram sucesso.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil


http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5577&fb_source=message

Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.


Galeano e o 1º de Maio nos EUA
Por Eduardo Galeano, em "O livro dos abraços":

Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.

Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio. – Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.

 O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.

Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.

O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador

Excelente campanha idealizada pela blogueira "suja" Maria Frô. A direita vence em SP também por conta de que muitos imigrantes de outras regiões do país não votam por jamais terem transferido seus títulos. Apóio! - Eduardo Guimarães

Dos remédios à educação - O que Ernani de Paula tem a contar na CPI

O que Ernani de Paula tem a contar na CPI

Testemunha chave do modo de agir da quadrilha goiana, o ex-prefeito de Anápolis, que apontou as digitais de Cachoeira na denúncia que deu origem ao mensalão, pretende revelar a conexão entre Marconi Perillo e José Serra na área da educação; segundo ele, a caixa-preta da política brasileira

30 de Abril de 2012 às 20:04
247 – Ernani de Paula, empresário, dono da Faculdade São Marcos e ex-prefeito da cidade de Anápolis (GO), concedeu, um mês atrás, ao 247, uma entrevista bombástica. Disse, com todas as letras, que a denúncia que deu origem ao processo do mensalão, sobre o pagamento de propina dentro dos Correios, foi produzida pela quadrilha liderada pelo bicheiro Carlos Cachoeira (leia mais aqui). Assim como em várias produções dos estúdios Cachoeira, o filme foi feito pelo araponga Jairo Martins, publicado por Policarpo Júnior, em Veja, e reverberado pelo senador Demóstenes Torres, na tribuna do Senado. O objetivo, segundo Ernani de Paula, era constranger o governo Lula a nomear Demóstenes como secretário Nacional de Justiça. Ernani sabia do plano porque sua ex-mulher, Sandra Melon, era suplente do senador Demóstenes e ocuparia sua cadeira caso a iniciativa vingasse.
Observador atento da realidade goiana, Ernani de Paula conviveu de perto com vários personagens da crise atual. Entre eles, Carlos Cachoeira, que é de Anápolis, Demóstenes, que se elegeu com os votos da cidade, Marconi Perillo, que, como governador, decretou intervenção no município, e Marcelo Limírio, dono de laboratório e sócio de Demóstenes numa faculdade.
Limírio, que é dono da Neoquímica e já contratou diversos assessores de imprensa, temendo ser o próximo alvo da Operação Monte Carlo, comprou uma fazenda que pertencia a Ernani de Paula, na cidade de Anápolis. “A minha antiga fazenda, chamada Barreiro, se tornou um ponto de encontro entre Cachoeira, Demóstenes e Limírio”, diz Ernani de Paula ao 247. “E isso apareceu até no inquérito da Polícia Federal”.
Dos remédios à educação
Anápolis, que já foi governada por Ernani de Paula, se tornou a capital nacional dos remédios genéricos, quando o ministro José Serra, na Saúde, aprovou a lei que permitiu a produção desses medicamentos. “Foi assim que o Carlinhos Cachoeira começou a migrar para o ramo das atividades legais”, diz Ernani de Paula.
Em Anápolis, o bicheiro se tornou dono do laboratório Vitapan, que hoje é controlado por sua ex-mulher Adriana Aprígio. E foi na condição de empresário do ramo farmacêutico – e não mais como “empresário de jogos” – que Cachoeira passou a se apresentar às autoridades.
Antes de ser prefeito, como fazendeiro e morador de Anápolis, Ernani de Paulo fundou o Instituto Melon, que foi o terceiro do Brasil a fazer a certificação de remédios genéricos. Depois de sua entrada na prefeitura, em 2001, o Instituto Melon foi repassado para o Instituto de Certificação Farmacêutica, controlado por Walterci de Melo, do Laboratório Teuto, Marcelo Limírio, da Neoquímica, e Carlos Cachoeira, da Vitapan.
Neste momento, teve início a aproximação empresarial – e depois familiar – entre Cachoeira e Limírio. Um filho de Limírio, por exemplo, é casado com uma sobrinha de Cachoeira. Depois dos negócios farmacêuticos, os dois começam a olhar com carinho para um setor que começava a explodir em Goiás e no Brasil inteiro: a educação superior.
As Faculdades Padrão e Nova Capital
No auge da crise deflagrada pela Operação Monte Carlo, o Brasil se surpreendeu com a influência exercida pelo senador Demóstenes Torres no Conselho Nacional da Educação, um órgão do MEC. Em apenas 14 dias, ele obteve, do conselheiro Paulo Spiller, autorização para abrir a Faculdade Nova Capital, em Contagem (MG). No papel, Demóstenes é sócio de Marcelo Limírio. Mas, na sociedade goiana, especula-se que Cachoeira seja sócio oculto da faculdade.
O interesse de Cachoeira pela educação também se revelou num outro episódio: o da Faculdade Padrão, do empresário Walter de Paula. Oficialmente, Walter de Paula foi o comprador da casa onde o governador Marconi Perillo residia e também onde foi preso o bicheiro Carlos Cachoeira. Num grampo divulgado neste domingo pela Folha de S. Paulo, Cachoeira determina a um de seus assessores que entregue o dinheiro do imóvel ao governador – Perillo se defendeu afirmando que vendeu a casa, no condomínio de Alphaville, a Walter de Paula, e não a Cachoeira.
Da mesma maneira em que pode ser sócio oculto da Faculdade Nova Capital, Cachoeira também tem grandes interesses na Faculdade Padrão. Num grampo da Polícia Federal, ele ordena ao senador Demóstenes Torres que interceda junto ao Conselho Nacional de Educação para que reverta o parecer contrário à instalação de uma escola de medicina na Faculdade Padrão – o conselheiro, no caso, também era Paulo Spiller.
A educação se tornou um grande negócio em Goiás porque Marconi Perillo criou, em 1999, um programa chamado Bolsa Universitária, dirigido pela primeira-dama Valéria Perillo. O programa bancava, com recursos do Estado, bolsas de estudo de ensino superior a jovens carentes. “Este programa é uma caixa-preta, de difícil fiscalização sobre a real concessão de bolsas e a boa aplicação dos recursos”, diz Ernani de Paula. “A Faculdade Padrão, por exemplo, foi uma das mais beneficiadas”.
De Goiás para São Paulo
Quando José Serra assumiu o governo de São Paulo, em 2007, uma de suas primeiras medidas foi ampliar um projeto semelhante no Estado de São Paulo. No mesmo ano, Ernani de Paula passou a trabalhar com o pai na Universidade São Marcos, que existe há 41 anos. E começou a monitorar, com lupa, os recursos que eram transferidos pelo governo paulista às instituições de ensino – mais de R$ 700 milhões, desde 2004.
“Grupos educacionais que eram irrelevantes, mas que construíram boas conexões políticas com o PSDB, receberam verdadeiras fortunas”, diz Ernani de Paula. O caso que mais chama a atenção, segundo ele, é o da Faculdade Sumaré, que já soma quase R$ 70 milhões em repasses. Em seguida, há o do grupo Uniesp, que recebeu pouco mais de R$ 60 milhões.
A São Marcos, ao contrário da Sumaré e da Uniesp, não recebeu repasses do governo estadual e, recentemente, foi colocada sob intervenção pelo mesmo conselheiro Paulo Spiller. “Quem recebia recursos do estado era o Instituto Cidadania Global, criado por minha irmã, Luciane de Paula, e que tinha como conselheiros algumas figuras próximas ao alto tucanato como Andrea Matarazzo, Mônica Serra e Gilda Portugal Gouvêa”.
Ernani encaminhou todos os documentos à 6ª Vara do Patrimônio Público, em São Paulo. Sua suspeita: a educação superior se transformou na maior caixa-preta da política brasileira. Que nasceu em Goiás e chegou a São Paulo. “E enquanto Demóstenes e Limírio prosperavam, a São Marcos era esmagada”, diz ele.

http://brasil247.com/pt/247/poder/57140/O-que-Ernani-de-Paula-tem-a-contar-na-CPI.htm

 

DILMA ALINHA O 1º DE MAIO BRASILEIRO À LUTA MUNDIAL CONTRA A DESORDEM FINANCEIRA

*Evo Morales nacionaliza companhia de eletricidade espanhola responsável por 77% do fornecimento na Bolívia** a exemplo da Repsol,na Argentina, a subsidiária da Rede Elétrica Espanhola remetia lucros e investia pouco.
 

Protestos contra a desordem neoliberal unificam o 1º de Maio em toda a Europa (leia nesta pág) na semana decisiva da eleição de domingo na França e na Grécia. Urnas do dia 6 de maio vão testar o grau de discernimento alcançado pelos trabalhadores e por toda sociedade na luta contra a ditadura dos mercados financeiros. No Brasil,  Dilma Rousseff dá ao 1º de Maio o seu conteúdo histórico decisivo nesse momento. Em pronunciamento em rede de rádio e televisão, a  Presidenta aprofunda a novidade mais importante do seu governo que foi politizar a condução da economia justamente ali onde se concentra a disputa pelo poder nos dias que correm: a queda de braço entre a democracia e os mercados financeiros desregulados. (LEIA MAIS AQUI)


Se partidos aliados ajudarem, imprensa e procurador prestarão contas na CPMI

PT quer investigar organização criminosa e isso inclui envolvimento da Veja no esquema de Carlinhos Cachoeira (foto) e o cochilo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no andamento das investigações da Operação Monte Cassino, da Polícia Federal, concluído em 2009. E governo promete não interferir nos trabalhos para poupar ou para livrar investigados. A reportagem é de Maria Inês Nassif e Najla Passos.

Se depender do PT, o jornalista Policarpo Júnior, a revista Veja, a editora Abril e quantos mais profissionais de imprensa comprovadamente tiverem atuado em conjunto com a organização do bicheiro Carlinhos Cachoeira serão chamados, a seu tempo, para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que, nessa semana, começa a revirar o esquema que envolvia o contraventor, o senador Demóstenes Torres (GO-sem partido), o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e outros políticos, e tinha tentáculos em governos estaduais, em obras públicas federais e até no Poder Judiciário.

Não existem, contudo, garantias de que os demais partidos da base parlamentar do governo tomarão o mesmo rumo. E nem a certeza de que os integrantes da comissão resistirão aos holofotes das televisões e a embarcar na agenda que interessa à oposição e aos demais envolvidos no inquérito da PF: concentrar os trabalhos unicamente nas atividades de Cachoeira, Perillo e Torres, e eleger a construtora Delta como única algoz dos crimes cometidos.

Também não deverá ser poupado o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que engavetou, em 2009, os autos da Operação Las Vegas, feita pela Polícia Federal, que já tinha elementos suficientes para justificar juridicamente a investigação do senador Demóstenes e as relações de Cachoeira com diversas instâncias do poder público. “É insustentável o argumento do procurador, de que aguardava o resultado da Operação Monte Carlo, que só começou em 2011”, disse um membro do PT que tem uma posição de destaque na política nacional. “Este é um caso de aparelhamento da estrutura do Estado pelo crime organizado”, concluiu a fonte.

O partido também não tem a intenção de recuar para poupar o governador do DF, Agnelo Queiroz, se for efetivamente comprovada a sua participação no esquema: o que está em jogo vale mais do que um político vindo do PCdoB apenas para disputar a eleição do DF, sem vínculos orgânicos com o PT. E o Palácio do Planalto não pretende mover uma palha para interferir nos trabalhos dos parlamentares – isto quer dizer que qualquer pressão dos envolvidos sobre o Executivo será considerada como um “erro de endereço”.

“O que a CPMI se propõe a investigar é uma rede de negócios montada a partir de tráfico de influência. Seria justo julgar apenas um membro do Legislativo por esses crimes¿”, indaga o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA). Por falta de confiança nos aliados, todavia, a ideia é não forçar depoimentos nem acusar culpas “a partir de notícias”. “Essa comissão é diferente das outras: já existe um vasto inquérito feito pela Polícia Federal”, explica Pinheiro. Os fatos fatalmente virão a público, na medida em que os autos do inquérito forem se abrindo aos membros da comissão. As convocações serão feitas conforme surgirem, de forma a não expor antecipadamente os integrantes da CPMI à pressão dos meios de comunicação.

Teoricamente, existiriam condições objetivas para levar com êxito essa estratégia na CPMI: a base governista tem maioria e vários integrantes foram vítimas diretas do esquema de escuta montado por Cachoeira, da ofensiva raivosa do senador Demóstenes Torres, ou de ambos. Na última semana, por exemplo, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, não cansava de repetir o seu lado de história para os demais colegas, em plenário, e para integrantes do governo Dilma.

Em 2007, em meio a um escândalo que envolvia a sua vida pessoal, Calheiros, então presidente da Câmara, conseguiu reverter, no Senado, uma tendência contrária à sua cassação pelo plenário da Casa. Na véspera da votação, a revista Veja publicou escutas e a versão da ida de um assessor do presidente do Senado a Goiás, para levantar algumas informações de interesse partidário.

A Veja reportou e vendeu a versão de que, na viagem, o objetivo de Francisco Escórcio era colher informações sobre o senador Demóstenes Torres – Renan, segundo a revista, estaria fazendo isso com vários senadores, para chantageá-los em plenário e obrigá-los a votar contra a sua cassação. Vários senadores, que já haviam fechado com Calheiros, mudaram o voto, argumentando que não poderia parecer à opinião pública que estariam se curvando a um esquema de chantagem. Para salvar o mandato, o senador alagoano abriu mão da Presidência do Senado.

Ainda que outros senadores do PMDB tenham razões e ressentimentos contra o esquema Cachoeira – existe a suspeita, por exemplo, de que foi o mesmo esquema de arapongagem do contraventor que provocou o caso Lunus, que acabou com a candidatura de Roseana Sarney à Presidência da República, em 2006 --, os parceiros petistas não confiam inteiramente na disposição de seus pares de comprar uma briga com a imprensa. Existem muitos interesses envolvidos, e essa pode ser uma chance de recomposição desses setores políticos com a mídia tradicional.

De qualquer forma, para o PT a CPMI é a porta de acesso aos autos não apenas da Operação Monte Cassino, objeto dos vazamentos que implicaram Demóstenes e Perillo no esquema Cachoeira, mas na Operação Las Vegas, que foi entregue pela PF ao procurador-geral da República em 2009, e da qual pouco se sabe. Seguramente, as informações dessa operação que antecedeu a Monte Cassino trazem o tamanho da omissão do procurador-geral da República. Ao que tudo indica, o resultado das investigações concluídas em 2009 já davam elementos suficientes para fechar o cerco em torno de Demóstenes e Perillo. Gurgel, o procurador, no mínimo beneficiou-os com a “cochilada”. Existe potencial para que os autos da primeira operação atinjam um número maior de pessoas, mas Gurgel pode ser um alvo unânime dos parlamentares. “Tem muita gente se perguntando por que o procurador foi tão rápido em processos que os envolviam, e tão lento nos que diziam respeito a Demóstenes”, disse uma fonte do PT.

Embora uma vastidão de interesses e ressentimentos seja um potencial mobilizador dessa CPI, a ação de parlamentares aliados, mesmo os da esquerda, relativizam essa possibilidade. Na semana passada, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) articulava às claras uma solução jurídica para impedir a convocação de jornalistas e empresas de comunicação. Invocou o artigo 207 do Código Penal, que proíbe a tomada de depoimentos das pessoas protegidas por segredo profissional. “Não se chama um padre para depor”, argumentava Teixeira. “Os jornalistas podem alegar essas razões para não depor, mas isso não impede que sejam chamadas”, contrapôs o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), também membro da comissão. A outra forma de concentrar excessivamente as investigações da CPI na Construtora Delta, do esquema de Cachoeira, foi um acordo feito entre oposição e chamados “independentes” de “seguir o dinheiro”, também uma proposta de Teixeira. As relações do esquema Cachoeira com a Veja, na opinião de parlamentares ouvidos pela Carta Maior não necessariamente envolveram dinheiro, embora obrigatoriamente tenham envolvido tráfico de influência, o que configura crime da mesma forma.

 


Blogueiro progressista se torna ministro e Dilma peita bancos



Os trabalhadores não têm do que se queixar neste 1º de maio. Em março, o desemprego subiu para 6,2%, mas, por incrível que pareça, essa é uma boa notícia porque sempre sobe nessa época do ano e, em 2012, teve o menor aumento desde que começou a ser apurado pela metodologia inaugurada em 2002, portanto há uma década.
A massa salarial, por sua vez, segue engordando. A renda média em seis regiões metropolitanas sob escrutínio constante do IBGE cresceu 5,6% acima da inflação apurada nos últimos 12 meses e a renda dos trabalhadores superou a inflação em 7% no período. Como se não bastasse, o consumo vai muito bem, obrigado. As vendas ao varejo subiram 8,7% em 2012.
E não param por aí os motivos de comemoração para a esmagadora maioria de brasileiros que faz o país andar. Dilma teve um senso de timing impecável. Valeu-se de momento em que a atividade econômica impede abusos no consumo e nos preços e tomou duas medidas  que puseram a mídia e a elite a que serve de cabelos em pé.
Ao fazer pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, a presidente driblou todos os malabarismos da mídia para distorcer a queda nos juros liderada pelo Estado e ainda espancou a oposição de esquerda que diz que seu governo é “neoliberal”, pois enfrentar bancos é medida de esquerda que nunca antes fora adotada na história contemporânea deste país.
Uma curiosidade: ontem à noite, no Jornal da Globo, e hoje nas primeiras página da Folha de São Paulo e do Estadão, a manchete foi a mesma, de que Dilma “atacou” os bancos. Os textos irritados mostram bem a quem servem esses meliantes que controlam a mídia no Brasil.
Em poucos minutos de pronunciamento, porém, Dilma anulou todo o noticiário negativo dos últimos 16 meses e encheu os brasileiros de boas notícias, mas não foi só. Ao tornar ministro do Trabalho o blogueiro progressista Brizola Neto, Dilma mandou vários recados políticos não só à oposição demo-tucano-midiática, mas aos aliados: quem manda é ela.
Sobre Brizola, um capítulo à parte. Conheci pessoalmente o novo ministro do Trabalho em meados do ano passado, durante o segundo Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em Brasília, que contou com a presença do ex-presidente Lula. Pude conversar bem com ele. É um jovem com idade para ser meu filho. Pessoa simples, idéias arejadas e absolutamente progressistas, como o avô.
Para que não se tenha dúvida sobre o ideário político-ideológico e sobre a ser humano que é Brizola Neto, reproduzo, abaixo, um dos vários textos em que ele me cita e que muito me honra. Por esse artigo escrito no momento em que tomei uma medida que influiu na eleição de Dilma, também é possível prever que o jovem ministro deverá sofrer fortes ataques da direita.
Fique, abaixo, com o artigo intitulado “Homenagem a um lutador”, de autoria Carlos Daudt Brizola, mais conhecido como Brizola Neto. O texto foi publicado em 11 de maio de 2010. E bom Dia do Trabalho a você que, com o seu esforço de trabalhador, ajuda a erigir o Brasil pelo qual este povo esperou durante 500 anos.
Clique na imagem abaixo para ir à página original do texto

Tarso Genro desanca a Globo. Prefere os blogs


O Conversa Afiada reproduz comentário do amigo navegante João:

jõao


Enviado em 01/05/2012


Tarso Genro: “passei a responder através dos blogs”


De RS Urgente


“Passei a responder através dos blogs e das redes porque esta forma de colunismo é uma armadilha”


Po Marco Aurélio Weissheimer.


Em nota publicada neste domingo no site PTSul, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, respondeu à colunista política Rosane de Oliveira, do jornal Zero Hora, que neste domingo afirmou que o governador será “incoerente ou irresponsável” na solução para o tema do piso nacional do magistério. A nota afirma:


Pela segunda vez neste mês, um articulista de ZH utiliza o espaço do jornal para fazer ataques diretos a políticos do governo do Estado, reportando-se diretamente à pessoa do governador. Neste domingo, foi a vez da jornalista Rosane de Oliveira “sentenciar” que Tarso Genro será “incoerente ou irresponsável”, na solução para o pagamento do piso nacional do magistério. A colunista desconsidera o fato de que o governo da Unidade Popular Pelo Rio Grande adotou uma outra posição para retirar o estado da crise, que não a do governo anterior de criação do “déficit zero”, que diminuiu as funções do Estado, sucateou a administração pública e congelou salários.

p>Neste sábado, ao ler a coluna, quando voltava de mais uma edição da Interiorização de Governo, em Rio Grande, o governador fez algumas considerações sobre o novo episódio de ideologização da notícia, através do falseamento da verdade.


1- Sobre o Colunismo Político predominante

“É um certo tipo de colunismo político que ainda não se esgotou no país, mas que tende rapidamente a esgotar-se pela falta de credibilidade, pois ele vem perdendo a sua capacidade de transmitir informações e críticas fundadas. Ele perdeu a “fala” universal, que caracterizou os grandes colunistas políticos do país, com capacidade de informar e criticar com seriedade e passou a defender posições ideológicas dissimuladas, “adaptando” ou inventando os fatos, para contentar um público determinado –aquele que este tipo de jornalismo cativa, com seus malabarismos factuais e lugares comuns: os que adoraram as ideias do neoliberalismo que está levando a Europa à ruína e que, aqui, foram retratados no famoso “déficit” zero. Aliás, não é de graça que a colunista de política da Zero Hora é a mais saudosa do “déficit zero”, que não só paralisou o estado, mas aplicou um brutal arrocho salarial nos servidores, situação que agora estamos começando a reverter”.


2- As constantes criações de factóides e inverdades

“O mesmo estilo de jornalismo político que “define” que o governador será incoerente ou irresponsável, é o mesmo que inventou, por exemplo, que eu defendi uma posição contrária aos sistema de PPPs no caso da RS 10, quando, na verdade, defendi e defendo a PPP e tenho negociado com os prefeitos a adaptação para baratear a proposta. Nunca fui contrário a PPPs. O que sou contrário é que elas sejam apenas um negócio bom para as empresas e não atendam o interesse público. Sou, inclusive, um dos elaboradores da atual lei que rege as parcerias público-privadas no país, cuja redação foi comandada pelo Fernando Haddadd quando ele era Secretário do Ministério do Planejamento e eu era ministro do CDES, no primeiro governo Lula. Este tipo de jornalismo inventa, por exemplo, que prometi “mundos e fundos” para os servidores e que prometi pagar o piso dos professores imediatamente. Isso é uma deslavada inverdade, pois está gravado nos debates e está escrito numa carta remetida ao CPERS que nós criaríamos as condições para pagar o piso e que isto ocorreria de forma processual. Esta foi e é a minha posição.


Nunca prometi “mundos e fundos”, mas uma política de recuperação salarial que está sendo implementada, e que, aliás, está sendo criticada pela oposição, representada na coluna de ZH de domingo pelo presidente do PP e ex-secretário de Relações Institucionais do governo anterior, Celso Bernardi. Este jornalismo, recentemente, também inventou que a nossa proposta de aumento para uma parte da categoria dos professores era a mesma da governadora Yeda. E o fez rapidamente, sem ter a mínima noção do que é uma transação judicial. Omitiu deliberadamente que a posição do governo não exigiu nenhuma renúncia de direito pelos servidores do magistério; que a nossa posição não retira a proposta de alcançar o piso até 2014; que ela não exigiu a alteração do “quadro de carreira” e que o aumento atual constituiu-se, apenas, em mais um aumento -um adiantamento de aumento ao magistério. Ao dizer isso -que a nossa proposta era igual a da governadora Yeda- a colunista revela duas coisas: primeiro, que não se informou sobre o que estava acontecendo e, segundo, que se apressou a forjar uma suposta informação que confirmaria a nossa “incoerência”. Na verdade, quando ela fala em incoerência, quer é lembrar que o bom era o “déficit zero”. Por isso sua análise das nossas medidas salariais envolve dois extremos: critica os aumentos excessivos aos servidores e diz, ao mesmo tempo, que os aumentos -no caso dos professores- são insatisfatórios”.


3- Sobre a estratégia, pouco compreendida ou não aceita pela oposição ao nosso governo, de consolidar o Estado como indutor do desenvolvimento ecônomico e social

“A nossa estratégia, até agora, está dando certo: usar os recursos próprios para reorganizar a máquina pública que estava destruída e melhorar os salários dos servidores; buscar recursos do Governo Federal para investimentos -inclusive através do recebimento da dívida da União com a CEEE; buscar financiamentos no BID, no Banco Mundial e no BNDES; aumentar, com meios técnicos adequados, as receitas sem aumentar impostos; estabelecer uma política de relações internacionais para atrair investimentos produtivos; retomar o crescimento no estado tendo como ponto de partida a base produtiva local, voltados para a renovação da nossa base tecnológica; fazer um “déficit” responsável sem cair na armadilha neoliberal de reduzir políticas de proteção e promoção social, deixando os pobres a ver navios”.


4- A utilização das redes socias e dos blogs para responder à grande mídia

“Eu passei a responder através dos “blogs” e das redes, porque esta forma de colunismo que estamos falando é, também, uma armadilha: constrói fatos para promover a sua visão de mundo, de Estado e de política, e também quer monopolizar o debate, frequentemente só publicando parte das respostas daqueles que são alvos da suas invenções. Quando se tratam de matérias que contam fatos verdadeiros e que pendem, sobre ela, uma interpretação política, ideológica ou econômica, acho adequado que se responda pelo próprio jornal, quando ele permite a resposta, como, aliás, é o caso da Zero Hora”.


5- Direito de resposta também em tom crítico

Tenho respeito pela colunista Rosane de Oliveira. Acho que ela cumpre rigorosamente o seu papel crítico, que é esperado pelo jornal a que serve, que, como sabemos, não pode ser considerado simpatizante do projeto que nós, do PT e da esquerda, representamos. Mas ela merece, da nossa parte, a atenção e respeito que temos com todas as forças políticas democráticas do estado. Nem acho que se trata de má-fé, mas de miopia ideológica: se os fatos não tem confirmado que o Tarso é incoerente, mas, ao contrário, tem confirmado que temos aplicado o nosso programa de governo de forma coerente, é preciso “adaptar” os fatos e repetir a acusação de incoerência para, ao final, consolidar uma “verdade” pela repetição. E também, imediatamente, para salvaguardar a defesa do “déficit zero”, que sempre foi apresentado pela colunista como um exemplo de boa gestão pública”.


6- Sugestão

“Assim como fui cobrado como governador, também defendo que a colunista seja mais responsável e não crie falsas incoerências ou irresponsabilidades. Recomendo à ela, por exemplo, que leia todas as colunas do falecido Carlos Castello Branco, do Márcio Moreira Alvez e do grande Newton Carlos, paradigmas da seriedade no jornalismo político”.