Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Petista descarta vendetta contra mídia e pede investigação séria

Nesta segunda-feira pela manhã, conversei por telefone com influente parlamentar do PT – que não quer se identificar neste momento de escolha dos nomes do partido que integrarão a CPMI do Cachoeira – que fez ponderações sobre a natureza da investigação que merecem ser divulgadas e refletidas pela militância petista e por qualquer um que queira seriedade no processo.
Perguntei a ele sobre declaração do deputado do PT de Pernambuco Fernando Ferro de que o dono da revista Veja, Roberto Civita, pode vir a ser convocado para depor na Comissão. Quis saber se ele via um sentimento na bancada de seu partido – e de outros partidos da base aliada – nesse sentido.
O parlamentar citou várias vezes a palavra “tentáculos”, dizendo que o objetivo majoritário de seu partido e dos aliados é o de esclarecer, de forma ampla, quais são e por onde se estenderam independentemente de até onde e a quem alcançaram, e descartou, peremptoriamente, um sentimento de vingança dos aliados governistas.
Quando perguntei sobre os rumores de que haveria um sentimento de boa parte do Congresso no sentido de investigar a mídia, a resposta foi a de que essa é uma posição da militância que não encontra eco na maioria das hostes governistas no Congresso, que não têm um sentimento de vingança apesar de existirem razões para terem.
Segundo essa fonte, a militância petista e mesmo os setores desvinculados de partidos que militam pela causa da democratização da comunicação precisam entender que seus sentimentos não são um sentimento comum da sociedade e que, portanto, o Parlamento tem que refletir essa postura. O foco das investigações tem que ser o de esclarecer por onde Cachoeira transitou “doa a quem doer”, mas sem busca de “vendettas” de um partido contra o outro ou destes contra qualquer um.
Na avaliação desse parlamentar, apesar da pressão da mídia, ela também não terá poderes para impedir que os fatos transpareçam, ou seja, se irromperem ligações espúrias do crime organizado com setores da imprensa ele acredita que ela mesma, como um todo, não irá querer se vincular a algum veículo que tenha ultrapassado os limites da ética e da legalidade.
Essa fonte se mostrou bastante preocupada com o entendimento que a sociedade terá do processo de composição da CPMI e da disposição do Congresso em relação a ela, e acha que mesmo eventuais tentativas de manipulação da mídia – que já estão em curso – deverão esbarrar nos fatos que transparecerão das investigações.
O parlamentar afirma que o discurso de que a CPMI terá este ou aquele foco é extemporâneo, precipitado e perigoso, pois o que tem vazado em termos de escutas da Operação Monte Carlo é só a ponta do Iceberg e, neste momento, ninguém tem condições de garantir que foco prevalecerá. E atribuiu as tentativas da mídia de escolher foco como produto de luta política que não tem qualquer chance de se transformar em fato.
A imprensa e as militâncias governistas e oposicionistas estariam jogando para a platéia ao tentarem antecipar um único foco que pode nem vir a existir, tal o alcance dos “tentáculos” de Cachoeira. Muito provavelmente, a CPMI terá mais de um foco. Pode ser governo, oposição ou, queiram ou não, a própria imprensa, dependendo do que contiveram as gravações.
Segundo a fonte, este é um momento de sobriedade e extremo cuidado porque tudo o que a direita midiática quer é retirar o caráter de seriedade da investigação para que aquilo que ela vier a apurar possa ser caracterizado como mera luta política.
Disse, por fim, que a “ameaça” de parlamentares da oposição de convocarem o ex-presidente Lula por conta de uma suposta doação de Cachoeira à sua campanha eleitoral de 2002 é apenas uma tentativa de “responder” a parlamentares governistas e militantes que propuseram a convocação do dono da Veja, que até pode acontecer dependendo do que for apurado.
Este blog pretendia fazer uma entrevista diferente com esse parlamentar, identificando-o. Mas suas ponderações parecem revestidas de lógica, de seriedade e julgo que devem ser levadas a sério para que essa investigação possa apurar responsabilidades “doa a quem doer” e sem manipulações, pois é isso o que a sociedade brasileira quer e exige.

Ghost-writers produzem colunas políticas da grande imprensa

Os institutos de defesa do consumidor de todo país deveriam se debruçar sobre uma verdadeira trapaça de que são vítimas os leitores das colunas políticas da grande imprensa, já que boa parte dos leitorados desses veículos parece acreditar que são oriundas de alguma apuração dos jornalistas que supostamente as escreveriam.
Não são. Jornais como Folha de São Paulo, Estadão, O Globo ou revistas como Veja, Época e QuantoÉ… Digo, IstoÉ, reproduzem sempre o mesmo ponto de vista, usando sempre as mesmas expressões, as mesmas analogias e chegando, invariavelmente, às mesmas conclusões.
Em relação à recém-criada CPI do Cachoeira, por exemplo, esse fato fica absolutamente claro.  Pode-se escolher qualquer um dos veículos citados para comprovar o que está sendo dito. Salvo algumas raras exceções como a do jornalista Jânio de Freitas, da Folha, todos vêm dizendo exatamente a mesma coisa: a CPI seria contra o PT e o governo Dilma ou manobra destes para esconder o julgamento do mensalão.
Muitas vezes, as duas hipóteses estão na mesma coluna. Confiando na premissa de que escrevem para descerebrados, esses colunistas caras-de-pau apresentam as duas teses conflitantes sem se preocupar com que alguém note alguma coisa.
Além da mesmíssima teoria de que Lula, apresentado como autor intelectual da CPI, é um tolinho que nem desconfiava de que seus adversários e a mídia tentariam inverter o foco da investigação, esse colunismo despreza o fato de que alguém como o ex-presidente não chegou aonde chegou sendo ingênuo ou precipitado…
Abaixo, reproduzo um artigo que contém o pacote inteiro que você, leitor, pode encontrar nas colunas políticas de todos os veículos citados e em vários outros. Não direi já o nome do autor ou em que veículo foi publicado e proponho que você, caso não tenha lido o texto, tente descobrir quem escreveu, o que só será informado ao final do post.
—–
As CPIs desempenharam um importante papel no passado recente da história brasileira. Foi a partir das investigações promovidas por uma CPI, em junho de 1992, que o ex-presidente Fernando Collor acabou sofrendo o impeachment.
Um ano depois, coube ao Congresso Nacional instalar a CPI do Orçamento, que desbaratou um esquema de desvios do dinheiro público comandado por parlamentares e funcionários do legislativo. Seis parlamentares foram cassados, oito absolvidos e quatro preferiram renunciar para fugir da punição e da inelegibilidade.
Enquanto esteve na oposição, o PT se mostrou implacável nas CPIs. Pelo menos até o governo Lula enfrentar sua primeira CPI, criada em maio de 2005 com o objetivo específico de investigar denúncias de corrupção nos Correios.  
O estompim da crise que levou à instalação desta CPI foi a divulgação de uma fita de vídeo que mostrava o ex-funcionário da estatal Maurício Marinho aceitando propina de empresários.
Apesar de toda a precaução do governo Lula, que deixou a presidência da CPI nas mãos do senador petista Delcídio Amaral (MS) e relatoria com o deputado peemedebista Osmar Serraglio (PR), o foco da investigação acabou sendo o esquema de pagamento mensal direcionado a parlamentares da base aliada em troca de votos no Congresso Nacional, que ficou conhecido como mensalão.
Isso só foi possível porque, a cada sessão da CPI dos Correios – transmitida ao vivo para todo o país –, a sociedade brasileira se mobilizava e pressionava o Legislativo, exigindo a continuidade das investigações.
De lá para cá, as CPIs perderam sua força. Isso porque, diante do estrago político promovido pela CPI dos Correios, o PT e seus aliados mudaram de estratégia.
Nos últimos sete anos, as poucas CPIs que a oposição conseguiu emplacar não produziram efeitos práticos, como a das ONGs e dos cartões corporativos, graças à obstrução patrocinada pelo governo petista.
O Congresso tem agora nas mãos uma oportunidade de resgatar a função democrática das CPIs, investigando um novo esquema de corrupção desvendado pela Polícia Federal e comandado pelo contraventor Carlos Cachoeira.
Na expectativa de tirar o foco da sociedade em relação ao julgamento do mensalão, previsto para acontecer ainda este semestre, o PT errou no cálculo ao imaginar que poderia confundir a opinião pública ao anunciar apoio
Em vídeo conclamando os movimentos populares a cobrarem a instalação da nova CPI, o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, imaginou que poderia atingir a oposição. Em especial, o governador de Goiás, Marconi Perillo, que causou constrangimentos a Lula em 2005 ao declarar publicamente que o alertara para o mensalão.
Nada foi comprovado contra Perillo. A situação se complicou, de fato, para o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, e uma das principais empreiteiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Construtora Delta.
Os indícios e provas de que Agnelo e a Delta mantinham uma estreita relação com Cachoeira evidenciam o arrependimento de setores do PT e do próprio governo na sua estratégia de desviar o foco do julgamento do mensalão.
(…)
—–
Vamos adivinhar. Ricardo Noblat, Merval Pereira, Eliane Cantanhêde, Fernando Rodrigues, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo ou Augusto Nunes? Poderia ser qualquer um destes ou vários outros colunistas de Folha, Globo, Estadão, Veja etc. Mas não. Apesar de o texto dizer, ipsis-litteris, o que esses vêm dizendo sem parar, é do presidente do PSDB, Sergio Guerra, e foi publicado neste domingo na Folha de São Paulo.
Fica difícil deixar de imaginar que todos os colunistas supracitados tiveram longas conversas com o tucano antes de escreverem, todo dia, cada premissa que ele apresentou nesse artigo. Esses colunistas também têm dito, aliás, que haveria mais elementos de prova ou indícios contra Agnelo Queiroz do que contra Marconi Perillo. Exatamente como seu ghost-writer.
Mais adiante, no mesmo jornal, bem escondidinha, matéria revela que não é bem assim. Sem chamada na primeira página, incrustada lá na página A14 (sim, onze páginas mais adiante e sem chamada na primeira página), uma bomba: “Perillo é citado como ‘irmão’ por aliado de Cachoeira”.
Eis o diálogo entre Carlinhos Cachoeira e Wladimir Garcez, ex-vereador pelo PSDB de Goiânia:
—–
Garcez – A conversa, para você ter uma idéia, foi uma hora lá, nós dois juntos. (…) Foi uma covnersa boa, sabe. Falando das dificuldades que tem, de umas coisas que ele [Perillo]… Até pediu para nós olharmos uma coisa para ele depois, um trem que aconteceu aí, tal. Ele chega na quarta-feira, [e ele disse]: “Não, então marca para quinta, eu, você e ele. Nós vamos sentar, bater um papo, quero conversar com ele, quero ter mais um conceito. Mas uma conversa assim mais pessoal, questão de confiança, tal”. (…) Achei uma conversa daquela de irmão. (…)
Cachoeira – Ô, foi bom para caralho, hein.
Garcez – Foi uma coisa assim, íntima mesmo, sabe. Ele levantou, deixou [a gente] na sala, “Vou ali tomar banho”. Fiquei esperando ele. Tomou banho, pôs o terno e voltou.
Cachoeira – Ele [Perillo] quer que eu olhe para ele o quê?
Garcez – É um negócio aí, [ele falou]: “Não, pode deixar ele [Cachoeira] voltar. Ele [Perillo] quer isso, você [Cachoeira], ele não quer outra o pessoa, o Cláudio [Abreu, da Delta]. Aí ele [Perillo]falou assim: “Não, é uma coisa que eu RO conversar com ele [Cachoeira], é porque confio nele [Cachoeira], tá, e em você [Garcez]”. Aí passou para mim (…) para quinta-feira a gente [Garcez, Cachoeira e Perillo] sentar e conversar.
Cachoeira – É o que que é?
Garcez – Não… É um trem duma coisa dele, sabe?
Cachoeira – Ah, não excelente. Coisa boa (…)
Garcez – Beleza.
—–
É um diálogo revelador e comprometedor, mas não é o pior. Outras gravações revelam doações em dinheiro de Cachoeira para Perillo, sociedade entre eles em empresas do bicheiro e muito, muito mais. O pior ainda está por aparecer, e aparecerá na CPI.
Aí a explicação sobre por que a oposição está cada vez mais raquítica. Essa gente continua achando que pode criar um universo paralelo e fazer todos viverem nele. Será que todo o leitorado de uma Folha, por exemplo, é incapaz de perceber que o discurso dos colunistas do jornal parece ter sido escrito pelo presidente do PSDB?
Foi um erro o jornal publicar esse artigo. Quem tem cérebro e não é militante demo-tucano descobriu quem é o escritor-fantasma de uma imprensa que vai perdendo cada vez mais a conexão com a realidade e acreditando que pode ajudar seus aliados a chegarem ao poder oferecendo moralismo de quinta em lugar de propostas para o país.
—–
PS: garanto que eu não sabia que a pesquisa Datafolha tinha ido a campo quando disse que a popularidade de Dilma iria disparar. Ah, sim: juro, também, que não tenho bola de cristal. Uso, apenas, a lógica.

Quem controla a informação ? É o nó da CPI da Veja


A batalha não é sobre a associação do crime organizado ao PiG (*) e a governos tucanos.

Aparentemente,  o que surgiu até agora do tucano Marconi Perillo é a ponta do iceberg.

( O senador Requião quer que a CPI da Veja investigue a possibilidade de Carlinhos Cachoeira ter negociado a instalação do crime organizado no Paraná, com  membros do governo tucano do Beto Richa.)

Sobre o PiG, alem do conluio entre a Veja e a Globo – a Globo transforma em Chanel # 5 o sólido detrito de maré baixa da Veja -, a associação do Correio Braziliense e outros notáveis órgãos do grupo Associados ao crime organizado ruborizaria o próprio Chateaubriand.

Mas, não é tudo.

Suspeita-se que notáveis colonistas (**) de notáveis jornais do PiG se tenham enlameado nos grampos do Cachoeira.

A desmoralização do PiG, colonistas e de governadores tucanos não significa desmoralizar a hipocrisia da oposição.

Por um motivo muito simples.

A oposição de verdade é o PiG.

Que precisa  vingar a derrota nas três últimas eleições presidenciais e a próxima queda do reduto conservador na cidade de Sao Paulo.

Derrotas que o PiG sofreu na carne, porque o Alckmin e do Cerra não passavam de seus meros instrumentos eleitorais.

Clique aqui para ler a interpretação que Fernando Brito, no Tijolaço, deu à pesquisa do Datafalha que mostra a es-pe-ta-cu-lar popularidade da Dilma e do Lula.

A manipulação da CPI da Veja e a condenação do José Dirceu no mensalão serão o terceiro turno do PiG – já que Alckmin e Cerra foram impotentes.

Para conseguir isso, o PiG tenta, antes,  um Golpe contra ministros do Supremo.

Ganhar no tapetão, com a gazua, a faca no pescoço dos juízes.

Constranger os ministros, impor uma urgência artificial, exigir um compromisso publico, irreversivel, porque a cabeça de Dirceu é como a de João Batista – só ela vingará Herodias.

(Quem seria a Herodias de Brasília – do Estadão, da Folha ou do/a Globo, amigo navegante  ?)

Para atingir esses objetivos edificantes, o PiG empregará um expediente estratégico: controlar as informações que brotem da CPI.

Porque já tem o quase-monopólio dos meios formais de comunicação.

É uma velha estrategia do arsenal piguento: controlar o fluxo de informações e fechar o acesso aos podres dos tucanos e membros do PiG.

Foi o que fez na CPI dos Correios, dita do mensalão.

O PiG recebe informações privilegiadas, exclusivas, joga fora o que não  interesse, e pendura o Governo e aliados no poste.

Transforma a Delta em mãe do PAC e o Protogenes em filho do Cachoeira.

Hoje, o PiG se abastece de advogados e procuradores.

Dupla que substitui o Cachoeira como fonte de informação do PiG e seus colonistas (**).

O desafio do PT na CPI e na Comissão de Ética do Senado é quebrar esse monopólio.

“Democratizar” a informação.

Levar o Robert(o) Civita para abrir os trabalhos e mostrar como produzia detritos sólidos que a Globo transforma em Chanel # 5.

Seria um bom começo.

A desmoralização escancarada do Robert(o) vai respingar em todo o PiG e a oposição.

Porque a Veja era o gérmen das tentativas mais dramáticas de Golpe.

O grampo sem audio que salvou o Daniel Dantas.

E as imagens de corrupção nos Correios,  produzidas pelo Cachoeira e o Robert(o), e levaram à queda do Dirceu.

Clique aqui para ler “TV Record melou o mensalão”.

Depois do Robert(o), o segundo a depor deveria ser o Ernani de Paula, que revelou a autoria do Cachoeira  e do Demóstenes nesse vídeo dos Correios.

Depois, o Lereia, o alto dirigente tucano, que desempenha o papel de porta-voz do Cachoeira.

A CPI controlada pelo Governo deve chamar também o Ali Kamel para revelar a formula do Chanel # 5.

E explicar por que a Globo usou o Mino Pedrosa, notável colonista do PiG (*), para incriminar o Jose Dirceu.

Está nas mãos do relator do PT democratizar as informações da CPI da Veja.

Se é que o PT já percebeu que o PiG é a maior ameaça à democracia brasileira.

Não é isso, Bernardo ?

Clique aqui para ler “a CPI da Veja vai acabar com o ‘espetáculo’ da Globo”.


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

CPI vai desmanchar o “espetáculo” da Globo

Gray, Sader, o ansioso blogueiro e Safatle elogiam a Veja (Foto: Geórgia Pinheiro)


O ansioso blogueiro teve o grande prazer de moderar um debate entre Vladimir Safatle, Emir Sader e John Gray na Bienal do Livro de Brasília, na semana que passou.

Diante de uma plateia de 400 jovens, o ansioso blogueiro não perdeu a oportunidade de relembrar que a CPI da Veja e do Globo vai mostrar uma face até então oculta do PiG (*) brasileiro: a comunhão com o crime organizado.

Ou seja, a conexão Demóstenes, Cachoeira, Veja e Globo.

O ansioso blogueiro foi muito aplaudido – sem falsa modéstia – quando assegurou que a Globo transforma em Chanel # 5 o detrito sólido de maré baixa que a Veja expele.

John Gray, autor do clássico “O Falso Despertar”, que, em 1998, previu a falência do neolibelismo (**), lembrou, então, em Brasília, que, um dia, se encontrou com o principal executivo da empresa de televisão do Berlusconi na Itália.

Berlusconi estava no auge do poder.

E se sustentava no global alcance do controle da mídia italiana.

(Tinha tanto poder que botou a TV Montecarlo da Globo para correr da Itália.)

Gray perguntou ao executivo berlusconiano: o que que ele queria fazer com tanto poder ?

A resposta foi imediata: realizar a “sociedade do espetáculo” do Guy Debord.
“The Society of the Spectacle”, de 1967, do francês Debord, é a condenação mais impiedosa “de toda a vida nas sociedades em que prevalecem as modernas condições (neolibelês (**)) de produção e que se apresenta como a acumulação de ‘espetáculos’.

“Espetáculos” que apresentam uma visão parcial da sociedade como se fosse um pseudo-mundo-à-parte em que o engano engana a si mesmo.

O “espetáculo” oferece uma concreta inversão da vida, como um movimento autônomo de não-vida.

En todas as suas manifestações específicas – no noticiário, na propaganda ou no próprio consumo do entretenimento – o “espetáculo” contém, reúne a vigente estrutura social.

O “espetáculo” cria um mundo em que a REALIDADE (ênfase do autor) vira de cabeça para baixo, em que a realidade é apenas um momento da mentira.

(O ansioso blogueiro fez uma tradução livre de trechos do primeiro capítulo de Debord, numa edição da Zone Books, de Nova York, do Capítulo I – “A Separação Perfeita”.)

Para voltar a Gray.

Gray pondera que o executivo berlusconiano vivia numa utopia.

A utopia de que seria possível transformar o “espetáculo“ em realidade, para sempre.

Em que a mentira do “espetáculo” eliminasse a realidade.

Berlusconi caiu de forma es-pe-ta-cu-lar !

Porque não é possível suprimir a realidade em que a indústria do “espetáculo” se sustenta e que pretende sustentar – foi a tese de Gray.

Para voltar ao ansioso blogueiro.

O “espetáculo“ da Globo berlusconiana também tem prazo de vencimento.

A mentira não pode suprimir a verdade por muito tempo.

A CPIdaG não pode mascarar a realidade dos governos tucanos atoladas até o pescoço no crime organizado.

A CPIdaG não pode salvar o pescoço do Robert(o) Civita.

Porque salvar o Robert(o) é o mesmo que salvar a própria Globo, já que ela transforma em Chanel # 5 o que o Robert(o) Civita expele.

A CPI da Veja e da Globo terá maioria do Governo e o relator será do PT.

Provavelmente aquele que o Lula recomendar.

Porque o Lula sabe que foi essa turma – Demóstenes, Cachoeira, Robert(o) e os filhos do Roberto Marinho (que não tem nome próprio) – que tentou derrubá-lo com o mensalão (que ainda está por provar-se, como diz o Mino).

O “espetáculo” na Itália se desmontou com um velho babão a correr atrás de prostitutas marroquinas.

Aqui, será mais grotesco.

O cheiro será pior.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

STF: OS JUÍZES E O JUÍZO DA HISTÓRIA


*Hollande vence o 1º turno: candidato socialista obtém 28,5% dos votos contra 26,6% de Sarkozy e é o favorito para levar o 2º turno, em 6 de maio**Mélenchon fica abaixo de 12% mas extrema direita supreende e faz cerca de 19% % dos votos** eleição francesa redefine a agenda da crise mundial;ortodoxia pode perder a decisiva trincheira do euro (LEIA a reportagem do correspondente em Paris, Eduardo Febbro, nesta pág) 
Quando os políticos falam como  juízes a democracia se eclipsa; quando os juízes falam pelos políticos, ela se desmoraliza. Nos dois casos o Judiciário deixa de ser o que promete. A crueza desse mal-estar  tem predominado no discernimento da sociedade brasileira após as  turbulentas magistraturas de Gilmar Mendes e  Cezar Peluso no STF. Do primeiro, basta a deprimente lembrança do duplo, instantâneo e subserviente habeas-corpus concedido ao banqueiro Daniel Dantas. Do segundo, remeta-se ao destampatório  excretado em entrevista que selou o inexcedível testamento de pequenez e  despreparo  na despedida de sua presidência. O saldo herdado pelo ministro Ayres Brito, o novo presidente do Supremo, não poderia ser mais delicado.  Cabe-lhe, em primeiro lugar, desautorizar a captura do STF por interesses e agendas que desfrutavam ali do abrigo para exercer uma hegemonia que a urna e a história  lhes tem negado.  A pressão midiática para o STF apressar o julgamento do chamado  mensalão condensa esse estado de coisa. O calendário da pressa denuncia a sofreguidão política e eleitoral para fazer desse evento um aliado oposicionista no pleito municipal de outubro deste ano.(LEIA MAIS AQUI)