Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 3 de abril de 2012

Operação “Some, Demóstenes”

Na charge de O Globo, o que a mídia pretende de Demóstenes: faze-lo sumir rapidamente pelo esgoto, com medo do que pode respingar
Os grandes jornais pedem a renúncia do Senador Demóstenes Torres. A TV Globo fez o mesmo hoje de manhã.
Parece haver uma cruzada nacional para varrer rapidamente Demóstenes Torres das páginas dos jornais, fazendo com que entregue o mandato e não se inicie um processo de cassação, com audiências, testemunhas, versões e, sobretudo, fatos vindo à tona.
O Demóstenes grego, ao ver-se cercado pelos soldados de Antípatro, suicida-se.
O goiano, entretanto, não parece disposto a isso. Na carta de desfiliação que apresentou ao DEM, teve o cuidado de destacar que a alegação que contra ele se fazia (descumprimento reiterado do programa partidário) estaria contemplada pela  Resolução nº 22.610, de 25 de outubro de 2007 do TSE, que o protegeria de um processo de perda de mandato.
Ou seja, que vai ficar no cargo.
Ora, experiente que é, Demóstenes sabe que não há a menor perspectiva política de sobreviver no Senado. Seu esforço não visa a preservação do mandato, inexoravelmente perdido.
Está, sim, sinalizando que tem como despejar cachoeiras de lama a torto a direito. O fato de ter representado o papel de paladino da moralidade, enquanto recebia presentes e fazia favores a um bicheiro já mostra como este homem é frio e cínico.
É por isso que querem sepultá-lo rápido, tirando, pela renúncia, um mandato de senador que, pelos trâmites legais, vai permitir muitas e muitas sessões – com direito a televisão – de defesa, de testemunhos e de acusações a muitos que estão posando de vestais.
Demóstenes ameaça tornar-se um cadáver político insepulto e e seus odores ameaçam “meio submundo”  da política.

“O Governo não vai abandonar a indústria.” Tudo o que FHC e Cerra não diziam

 

O mercado interno é o melhor baluarte (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)


Na cerimônia em que “desindustrializou a Globo”, a Presidenta Dilma Rousseff  reafirmou:

” O Governo não vai abandonar a indústria brasileira.”

(Frase que o Presidente Fernando Henrique e seu Planejador – Mor não pronunciariam impunemente.)

“Assim como país rico é país sem miséria, país rico é país que tem indústria forte, inovadora e competitiva.”

Diante de líderes empresariais e sindicais, lembrou que o Brasil não vai enfrentar os problemas internacionais com a precarização do trabalho e a redução dos direitos do trabalhador – como, lembrou, se faz hoje na Europa e nos  Estados Unidos:

“O mercado interno é o melhor baluarte contra a crise.”

(Frase que o Farol de Alexandria e seu privator-mor não pronunciariam impunemente.)

Ela insistiu em que, dentro da legalidade, adotara as salva-guardas necessárias para proteger as empresas, os trabalhadores  e a renda da “predatória expansão monetária” dos Estados Unisos  e da Europa.

Você já imaginou o Farol e seu Privatador chamarem qualquer política americana de “predatória” ?

Não é à toa que o Farol correu para aparecer ao lado do Nunca Dantes – clique aqui para ler “Anatomia de uma foto”.

Ao lado do Padim Pade Cerra, por enquanto, só a Catanhede.


Paulo Henrique Amorim

Dilma desindustrializa Globo.
E incentiva a indústria

Guido Mantega disse diante da Presidenta e seleta plateia em Brasília – não vi a Urubologa lá -  que as medidas anunciadas hoje podem fazer o PIB crescer 4,5% este ano.

Saiu no G1:

Industria brasileira cresce 1,3% em fevereiro
e desmente a desindustrialização do Bom (?) Dia Brasil – clique aqui para ler “Globo detona – antes de saber qual é – plano da Dilma”.

Uma outra notícia horrorosa: a balança comercial está vigorosa.

Governo alivia a folha de pagamentos das empresas de onze setores industriais.

Luciano Coutinho, presidente do BNDES,  anunciou uma redução dos juros para financiar a indústria brasileira.

Para o setor de caminhões e ônibus; empresas de bens de capital, grandes e pequenas; para exportadores; para empresas inovadoras, com a participação da FINEP (“não faltarão recursos para a inovação”, disse ele).

Nesse ponto, a transmissão da GloboNews se interrompe para que o âncora dê sequência à devastadora crítica Neo-Euclidiana da Urubóloga, no Bom (?) Dia: as medidas são pontuais, disse o Lord Keynes da GloboNews.

E aí entraram os analistas de sempre para desancar o Governo.

Quer dizer: antes de saber do que se trata, o Ali Kamel é contra !

O Ministro Fernando Pimentel, da Indústria, consegue ser visto fora da GloboNews.

Fora da GloboNews, sabe-se que haverá um programa de redução de impostos – que pode chegar a 30% – , e as empresas terão que aplicar 0,15% da receita em inovação.

E haverá faixas de produção doméstica para assegurar empregos aqui.

O Brasil é o quarto produtor de automóveis do mundo (o segundo de caminhões) e os produtos tem que incorporar o máximo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) – disse Pimentel.


Paulo Henrique Amorim

Imprensa permanece blindada no caso “Cachoeira”

*MARIA INÊS NASSIF:  "uma sólida relação entre Demóstenes e a mídia conseguiu curvar um país inteiro aos interesses de uma quadrilha sediada em Goiás" (leia a coluna da editora de política de Carta Maior, nesta pág) ** HOJE, no Sind. dos Engenheiros de SP : ATO CONTRA A PRIVATARIA NA TV CULTURA  




Dezenas de agentes ligados ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira já estão sob a mira da Justiça, do Congresso, da imprensa e da opinião pública após serem citados nas investigações que deflagraram a operação Monte Carlo. Envolvimento de jornalistas, porém, não recebe os mesmos holofotes. Questionada, Veja indicou telefone de consultoria jurídica que nega trabalhar em algo relativo à revista.

Brasília - A Operação Monte Carlo resultou na prisão de 35 pessoas acusadas de envolvimento com a quadrilha da jogatina de Carlinhos Cachoeira, em Goiás. Entre os acusados, dois delegados da Polícia Federal, seis delegados da Polícia Civil goiana, um agente da Polícia Rodoviária Federal e 29 soldados, cabos e oficiais da Polícia Militar de Goiás.

A classe política também sangra com a operação. Após terem seus nomes mencionados nas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO), João Sandes Júnior (PP-GO) e Rubens Otoni (PT-GO) e, especialmente, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) já são alvos de diversas reportagens e de um inquérito encaminhado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caminho parecido deve seguir o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), dadas as denúncias crescentes na mídia que expõe seus vínculos com Cachoeira.

Mais complicado, entretanto, é vir a público quais são os setores da imprensa envolvidos com a organização criminosa.

Conforme
noticiou Carta Maior, partes do inquérito que deram origem a Operação Monte Carlo - publicadas na internet – citam relações promíscuas de jornalistas com a quadrilha de Cachoeira. Porém, apenas o nome de Wagner Relâmpago, repórter do programa DF Alerta, da TV Brasília/Rede TV, é explicitado.

Os três procuradores federais do Ministério Público responsáveis pelo caso - Daniel de Resende Salgado, Léa Batista de Oliveira e Marcelo Ribeiro de Oliveira - não deram maiores informações sobre o envolvimento de jornalistas. “Vamos ter que estudar isso”, limitou-se a dizer o procurador Marcelo Ribeiro.

Por meio de sua assessoria, o juiz da 11ª Vara da Justiça Federal em Goiás, Paulo Augusto Moreira Lima, que expediu os mandados da operação Monte Carlo, disse que não vai se pronunciar porque o processo corre em segredo de Justiça e só quem tem acesso a ele são as partes envolvidas e seus procuradores.

Porém, diversas outras informações, além daquelas que já são públicas devido ao vazamento de trechos do inquérito citado acima, seguem sendo meticulosamente reveladas por veículos de comunicação. Mas, praticamente nada diz respeito aos jornalistas envolvidos.

Rara exceção foi o jornalista Luis Nassif, que obteve a informação de que as investigações registraram mais de 200 telefonemas entre Cachoeira e o diretor da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior.

No intuito de se defender, no último sábado (31), a revista tornou pública a gravação de uma conversa, que teria sido feita em 8 de julho de 2011, entre Cachoeira e o ex-agente da Abin, Jairo Martins, acusado pela Justiça de pertencer à quadrilha. Na conversa, Cachoeira cita Policarpo como “alguém que nunca vai ser nosso” e ainda afirma que foi seu grupo quem deu “os grande furos do Policarpo”,“limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí”.

Para Nassif, esta gravação não é suficiente para desfazer a associação da quadrilha com a revista, entre outras razões, porque foi registrada em uma época em que a antiga relação entre elas já estava esgarçada. “Há um vazamento seletivo. Por que não divulgam os demais grampos?”, indaga.

Procurada pela reportagem, a revista Veja alegou que o assunto deveria ser tratado com seu departamento jurídico. Entretanto, no telefone informado, a Novoa Prado Consultoria Jurídica afirmou que, apesar de já ter prestado serviços para a Editora Abril, nunca trabalhou em nada relativo à revista Veja

O assunto parece mesmo proibido nos veículos da mídia tradicional, ainda que em mínimas proporções. O blog “Rádio do Moreno”, que faz parte da edição digital do jornal O Globo, teve que retirar do ar, na última sexta-feira (30), um texto do colaborador Théofilo Silva. O artigo mencionava que “o poderoso editor da revista Veja” estaria envolvido com Cachoeira e indagava “se você compra a imprensa e as autoridades públicas, o que mais falta para ser o dono do Estado?”

Na nota em que comunicou a retirada do texto, Jorge Moreno disse ter recebido “uma grave e merecida advertência do diretor de redação, Ascânio Seleme”, alegou falta de apuração e concluiu “não considero correto que um blog de jornalista agrida outro jornalista”.



A Sucursal do Inferno

Em "A Sucursal do Inferno", o novo romance de Izaías Almada, se denuncia o que acontece quando a mídia deixa de ser fonte de esclarecimento do público e se converte em complacente disseminadora do fuxico demolidor, o dócil acessório da nova ordem, vitoriosa frente ao vazio aberto pelo desmoronamento da dialética ideológica de outros tempos. Ficcção ou realidade? Compete ao leitor contribuir com a sua parte de lucidez para que finalmente se realize o exorcismo. O artigo é de Isabel de Sena.

“Por vezes, é melhor não saber o que é o mistério...”

É o comentário feito pelo misterioso e carismático pastor, Hamilton, a uma jornalista que tem como missão desvendar a verdade sobre uma seita que aculuma riquezas insuspeitadas, levando-a a explorar os tortuosos caminhos pelos que se escrevem no mundo atual a política, a religião transformada em negócio lucrativo, bem como a verdade sobre um país que ainda não fez as pazes com o seu passado. A partir dessa proposta de dois gumes—thriller e denúncia feroz das indignidades que o capitalismo tece—se desenvolve este romance, o quarto de Izaías Almada.

Manina, a jornalista, vai abrindo caminho pela selva escura de operações financeiras ilícitas, de práticas religiosas que parecem ser demasiado bem ensaiadas para ser transparentes, o incontornável fulanismo e compadrío que impede tanto o profissionalismo (de um jornalista, de um detetive) quanto a promoção de um funcionário honesto, e inclusive, por quê não?, podem conduzir à morte de um policial. Ou dois. Ou o afastamento oportuno de outro. São os inconvenientes do ofício.

Pontuando os quatro movimentos que nos conduzem ao final, afinal inevitável, porque sutilmente anunciado desde o início, surgem três interlúdios , a ferida exposta do passado não resolvido, a violência de outra época silenciada mas não muda, a figura trágica, mater dolorosa do paradoxo central da narrativa: pode uma nova ordem nascer do diabólico casamento entre o Bem e o Mal? Serão ambos duas faces da mesma moeda, completando-se e multiplicando-se, num jogo singularmente perigoso mas aliciante, tão sensualmente tentador quando se projeta disfarçado pelas possibilidades que o dinheiro dá?

Se Manina se arrisca e se deixa seduzir, resistência moral mais firme encontramos em Montezuma, seu amigo detetive, monarca já nascido destronado, dos que sabem instintivamente com que linhas se cose um destino infausto, uma curiosidade inconveniente.

Para que haja tragédia, e recordemos que Izaías Almada é também dramaturgo, há que sacrificar uma vítima, para que alguma coisa sobreviva a este mundo de traições, ambições e paraísos fiscais, nem que seja só justiça poética. Neste romance há duas vítimas, ambas mulheres, uma para cada tempo, e seus corpos são os mapas desta trajetória da indignação, da necessidade explosiva de denunciar as teias que cruzam fronteiras em que vivemos cada vez mais emaranhados, nossas sucursais do inferno.

Em contraste com os parceiros e donos das palavras do jornal para o qual trabalha Manina, apropriadamente chamados Marco Antônio e César Augusto, Izaías Almada, que também é jornalista, recusa o compromisso e abraça o ser comprometido. Neste romance se denuncia o que acontece quando a mídia deixa de ser fonte de esclarecimento do público e se converte em complacente disseminadora do fuxico demolidor, o dócil acessório da nova ordem, vitoriosa frente ao vazio aberto pelo desmoronamento da dialética ideológica de outros tempos.

Ficcção ou realidade? Compete ao leitor contribuir com a sua parte de lucidez para que finalmente se realize o exorcismo.

(*) - Isabel de Sena é professora de português e espanhol em Sarah Lawrence College, em Nova Iorque, tem escrito sobre ficção moderna espanhola e latino-americana. Entre suas traduções figuram Between the Acts, romance póstumo de Virginia Woolf (para português) e, para o inglês, Verdade Tropical de Caetano Veloso.

(**) Lançamento da Editora Prumo, São Paulo, no dia 12 de abril de 2012 na Livraria da Vila, rua Fradique Coutinho,915 – Vila Madalena – das 18,30hs até às 21,30hs.