Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

POR QUE AS GUERRAS AMERICANAS NUNCA ACABAM VÃO ACABAR

A RIO-20 DOS RICOS: 'EU CONSUMO, VOCE JEJUA'


*O PT ficou  refém  da vontade de José Serra na disputa de São Paulo? (leia a opinião de Gilberto Maringoni nesta pág) 

 "(antes) a  solução que as pessoas encontravam era 'controle a população dos países em desenvolvimento, porque senão eles vão consumir o que nós precisamos (...) é a visão (malthusiana) de que o problema do mundo é que tem pobre demais e poucos recursos naturais. Agora a preocupação é outra: os pobres estão virando classe média (...) o que é uma ótima notícia. E também é verdade que isso representa um desafio para o ambiente. Mas a solução não é restringir o consumo só deles. A solução é um esforço mundial para que não haja uma divisão do gênero: a classe média americana pode ter quatro carros e classe média indiana tem que andar de bicicleta. A sinalização (deles) é a seguinte: "Nós inventamos esse conceito de classe média meio para a gente. Não é para vocês, não. Isso não é possível (...)  não se pode aceitar é que os países desenvolvidos considerem que nós temos que repensar o que é padrão de consumo de classe média, e eles, não " (embaixador  André Aranha Corrêa do Lago,  negociador-chefe do Brasil para a Rio+20, para quem essa é uma conferencia sobre desenvolvimento sustentável; Valor; 16-02)

Eleições 2012 , ainda há salvação

 

16/02/2012
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Nau
Serra lança sua nau ao Tietê, a paulicéia estará salva


Nobre Mestre professor Hariovalda Almeida Prado e demais confrades.
Lí  hoje uma notícia alvissareira, a de que nosso líder maximus, Don José Serra está articulando sua volta ao trono do palácio Anhangabaú, tal boa nova foi publicada no diário dos homens bons, a Folha de São Paulo, em sua edição eletrônica, portanto não disponível a choldra que utiliza a internet 0800.
Segundo a proba e isenta publicação , nosso almirante já está negociando com o governador e Barão de Pinda, Don Geraldo as garantias para sua recondução ao poder, dispensando assim os candidatos acessórios e as famigeradas prévias ( aliás , prévia é coisa de comunistas e petelhos ), desta forma com um candidato forte e com baixa rejeição o boneco de ventríloco turco Fernando Hadad e o noveunhento não terão a mínima chance.
Pois como é sabido, o demônio de Garanhuns tem tentado cooptar nosso atual alcaide para seu grupo, assim desta maneira com Kassab em seu palanque ele quer capitalizar a favor de seu candidato a boa administração e os altos índices de aprovação que nosso prefeito possui. Graças a candidatura de Serra, sabemos que este perigo ( Aliança PT , PSD ) está afastado, pois como é sabido por todos, Kassab só é Kassab graças a Serra que viu no jovem político paulistano um líder nato capaz de reunir as várias tendências política de bem e benz e um administrador fantástico.
Tremei Petelhos e demais congêneres da plebe que sonham tomar o poder em São Paulo , pois um de seus filhos mais ilustres está disposto a se sacrificar para impedir que a barbárie vermelha usurpe o poder divinamente outorgado aos bons de tez alva e olhos azuis.

Dogmas moralistas que atrasam o Brasil e intimidam políticos

Posted by eduguim



Em um momento de recrudescimento da crise econômica internacional o Brasil experimenta uma virtual imunidade a ela. Fica até estranho, pois, dizer que este país também está em crise. A crise brasileira, no entanto, não atinge só o bolso do povo, mas a sua razão, levando-o a comportamentos irracionais ou virtualmente autodestrutivos.
A economia viceja, os empregos se reproduzem, o salário do trabalhador aumenta acima de uma taxa de inflação sob estrito controle, mas não está tudo bem.
Greves de policiais militares, milhares de famílias sendo atiradas na miséria em benefício de  ricaços picaretas, cidadãos sendo espancados e até assassinados por sua natureza íntima, ruas infestadas de crianças que se drogam, prostituem-se e roubam, sistemas de Educação e Saúde falidos…
Pode parecer estranho, inicialmente, mas tudo isso faz parte de uma mesma equação.
O Brasil é um país socialmente conflagrado. Os números de mortes violentas que produz equiparam-se ou superam até os de países em guerra. E o mais impressionante é que essa tragédia social se desenrola justamente em um momento em que esse país mais está distribuindo renda e oportunidades em toda a sua história.
Todavia, ainda é insuficiente. Este pais é superpovoado onde não tem espaço e subpovoado onde tem. Mas é na superpopulação nos centros urbanos que reside problema que nos esgota os recursos e que produz tensões sociais como as supracitadas.
Recentemente, em serviço voluntário prestado no rescaldo da tragédia humanitária em São José dos Campos que entrou para a história como O Massacre do Pinheirinho, o blogueiro depara com uma jovem mulher de menos de trinta anos em um dos abrigos visitados.
Ao começar a entrevistá-la para lhe tomar queixa que seria encaminhada à Defensoria Pública, crianças começam a acorrer para junto de si – uma escadinha etária de 8, 6, 5, 3 e 2 anos. Eram todos seus filhos.
A mulher se destaca de outras que se amontoam com os filhos naqueles depósitos de seres humanos que a prefeitura de São José dos Campos diz “abrigos”. É loira de olhos claros em meio a congêneres de desgraça em maioria negras ou mestiças. Como a quase totalidade das outras, não tem profissão e quase nenhuma instrução. Mas, à semelhança da maioria, tem religião.
Descobre-se que é paranaense, do interior do Estado, e que fugiu de casa quando engravidou pela primeira vez, antes dos 18 anos.
Mesmo com a forte queda de sua taxa de natalidade, o Brasil ainda sofre os efeitos da gravidez precoce e irresponsável. As mulheres de estratos sociais mais altos têm cada vez menos filhos, mas as dos estratos mais baixos entre os mais baixos continuam gerando proles enormes – imagine você, de classe média, tendo que sustentar CINCO filhos.
Se a reflexão for puramente racional, não se consegue entender essa loucura social que faz um país não oferecer a mulheres pobres e sem qualquer instrução um meio seguro de interromper gravidezes que lhes destruirão as vidas e as daqueles que irão pôr no mundo, se forem levadas a termo.
A sociedade brasileira praticamente obriga pessoas sem qualquer condição de procriação a gerarem legiões de crianças que irão crescer largadas ao léu, sem educação, sem saúde, sem orientação de qualquer espécie. Crianças para as quais a criminalidade acaba sendo o caminho mais fácil e atraente.
Não é à toa que temos presídios para crianças e adolescentes abarrotados daqueles que dogmas moralistas fizeram vir ao mundo, mas que após sua chegada se esqueceram deles.
Essa maioria esmagadora dos brasileiros que é contra a política de saúde pública adotada por praticamente todos os países de melhor qualidade de vida e desenvolvimento, o aborto, acha que interromper uma gestação quando a mulher tem dentro de si uma semente do tamanho de uma ervilha, se tanto, seria “crime contra a vida”, mas não dá a mínima para o que irá se tornar aquela criança.
Para controlar uma população que produz muito mais gente do que os sistemas de Educação, de Saúde e até o mercado de trabalho podem absorver, há que constituir um exercito, pois são pessoas que nascem e crescem sem qualquer estrutura familiar e que em parte significativa acabam caindo na marginalidade.
Chega-se, pois, a outro elemento da equação: até a criminalidade convencional seria insuficiente para abrigar a tantos que a maternidade irresponsável produz se não fosse outro dogma moralista. Só a proibição do consumo de drogas oferece “mercado” para tantos “trabalhadores” do crime.
Nenhuma outra atividade ilegal é tão difícil de combater e requer tanta “mão-de-obra” quanto o tráfico. Se legalizássemos as drogas, centenas de milhares de pequenos criminosos não teriam mais serventia para organizações criminosas que exploram o mercado que o proibicionismo gera.
A suspensão da criminalização do uso de drogas e o tratamento clínico – em vez de policial – ao usuário vêm fazendo várias sociedades reduzirem custos com efeitos do tráfico e do consumo, o que lhes deixa recursos para investir na formação de sua juventude e na segurança pública.
Sem um mercado inesgotável para criminosos como é o tráfico de drogas e sem uma superpopulação forjada na obrigatoriedade de jovens imberbes e miseráveis levarem gravidezes até o fim, um país pode ter menos policiais, o que lhe permite pagar a eles melhores salários e lhes dar melhor formação.
Sem superpopulação e com educação de qualidade seria possível evitar que a população acalentasse tantos preconceitos. Estudos recentes mostram que o baixo nível de instrução é fator determinante da homofobia e do racismo, por exemplo.
Os que governam sabem de tudo isso. Pouco importa se são de direita ou de esquerda. No Brasil, quem vence eleições são políticos que sabem que é preciso legalizar o aborto e descriminalizar as drogas, mas ou se aproveitam da ignorância popular e exploram o preconceito ou ao menos não têm coragem de ficar publicamente do lado certo.
Não há dúvida de que um político que saísse em defesa do aborto ou da descriminalização das drogas jamais conseguiria se eleger para cargos no Poder Executivo que, para serem alcançados, requerem apoio da maioria de um eleitorado conservador nessas questões.
Por trás de tudo isso, as religiões. Só se sustentam com absoluto controle não só das mentes, mas dos corações e da própria alma dos “fiéis”. Manipular conceitos e valores intrínsecos permite às igrejas influírem em decisões eleitorais e, assim, tornam-se beneficiárias de uma bajulação de políticos que se traduz em isenções fiscais, financiamentos e favores análogos.
O grande dilema de um país como o Brasil, portanto, é descobrir como combater os dogmas moralistas que o atrasam. A falta dessa descoberta impõe obstáculos econômicos e sociais que acabam sendo intransponíveis. Chega a ser assustadora a descoberta de que a sociedade brasileira cria os seus próprios problemas.

A falta de ética na Comissão de Ética

 


A Comissão de Ética da Presidência da República é um órgão de asessoramento, nada mais que isso.
Seus integrantes são nomeados, não eleitos. Sua legitimidade decorre exclusivamente da confiança de quem ocupa o cargo de presidente e os indica.
Portanto, depende exclusivamente da confiança e do julgamento do eleito. O mandato é apenas uma regulação do prazo de investidura, não conferindo estabilidade juridica a ninguém que o exerça. Serve, também, nos termos do decreto – nem lei é – que  a  reformulou, em 2007, para promover o rodízio entre seus membros e limitar a permanência deles, permitindo uma única recondução.
Cinco de seus membros encerrarão estes mandatos em junho e julho deste ano. Dois deles, já reconduzidos, nem mesmo podem continuar lá. Os três outros podem, ou não, a exclusivo critério da presidente Dilma. É o que está na lei.
Ontem, o Estadão disse que Dilma iria trocar três dos integrantes da Comissão. Como já terá, obrigatoriamente, de trocar dois, resta que a presidente usaria apenas uma das outras três vagas que tem a liberdade de preencher.
Normal, natural.
Mas não para a conselheira Marília Muricy – uma das quais tem o mandato expirante -, que vai ao jornal dizer que “seria desonroso” para a presidente excercer seu direito legal de substituir conselheiros.
Como assim, D. Marília? Desonroso? Os conselheiros são donos dos cargos? Qual é a desonra em exercer uma atribuição que está mais do que prevista? A senhora, por si, já decidiu que deve ser reeconduzida? A cadeira de conselheira é um trono imperial?
E ainda diz que não crê que vai ser substituído “quem está exercendo corretamente a função pública”. D. Marília, a senhora é uma mulher culta, deve ter lido Cervantes e não lhe escapou, certamente, a observação de D. Quixote de que louvor em boca própria é vitupério.
É, no mínimo, duvidoso o procedimento que alguns dos integrantes da comisão têm ao comunicar aos jornais um procedimento que ão é decisão, mas simples análise de se é ou não o caso de instaurar procedimento de avaliação de conduta ética.
Está lá, no decreto que institui o sistema de Ética do Governo Federal:
Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, até que esteja concluído, qualquer procedimento instaurado para apuração de prática em desrespeito às normas éticas.
§ 1o Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os autos do procedimento deixarão de ser reservados.
Será que chamar a imprensa para dizer que a Comissão vai ou não decidir se há razão para um procedimento não é um desrespeito ao que está previsto no decreto?
Mais que tudo, será ético um integrante da Comissão, justamente um dos que tem o mandato a se encerrar, ir aos jornais dizer que seria “desonroso” a presidente eleita pelo voto dos brasileiros trocar, no devido prazo, um integrante de um órgão de mero assessoramento?
A senhora, a esta altura, não é uma ingênua que não sabe que isso vai ser usado para criar um constragimento político para a presidente, embora Dilma não vá se vergar a essa manobrinha de terceira categoria.
Até porque  com a condutade um de seus integrante, sendo assim pretensiosa e arrogante, mesquinha e eivada de interesse pessoal, que tipo de Ética se praticará na Comissão?
Aquela da marchinha de carnaval, para aproveitarmos as metáforas da estação, que dizia “daqui não saio, daqui ninguém me tira”?

O mito do mensalão.Gilson Caroni Filho: Outra novela do mensalão vem aí


É irreal a propagada urgência para evitar a prescrição do mensalão; rotular os ministros do STF como partidários da acusação ou da defesa é ofensivo.
Platão, no seu mito da caverna, descreve uma situação muito próxima ao modo que uma parcela da nossa sociedade enxerga a ação penal número 470 do Supremo Tribunal Federal, conhecida como processo do mensalão.

Na alegoria criada pelo filósofo, um grupo de indivíduos, dentro de uma caverna, olhava exclusivamente as imagens das sombras que, trazidas pela luz do mundo exterior, eram refletidas, trêmulas, nas paredes de pedra. Todos pressupunham que aqueles espectros traduziam a realidade e ninguém olhava para fora da caverna, onde a vida se desenvolvia de fato.

Com a proximidade do julgamento, as sombras do mensalão estão assumindo ares de realidade, enquanto o processo, as provas, as nossas leis e os princípios constitucionais desaparecem de vista.

De início, nada mais irreal do que a tão propagada urgência na decisão para se evitar a prescrição. A pressa é tanta que até mesmo a manifestação de um ministro no sentido de que pretende ler o caso é vista como algo capaz de caducar toda a acusação.

Isso não faz sentido algum, já que basta abrir o Código Penal para ver que a próxima data de prescrição ocorrerá somente no ano de 2015.

Os ministros do STF também são alvos de visões distorcidas. Desde o início do caso, antes da produção das provas, foram levianamente rotulados como partidários da acusação ou da defesa.


Após essa absurda classificação, campanhas foram iniciadas com o fim de se evitar a aposentadoria dos julgadores tachados como pró-condenação. Nada pode ser mais ofensivo e desrespeitoso com a trajetória dos atuais ministros, que, sem exceção, não cometem pré-julgamentos. Ao contrário: eles decidem com base nas provas, sempre respeitando a presunção de inocência e a ampla defesa.

Para quem quiser comprovar essa grata realidade, basta ligar a TV ou acessar a internet. Os julgamentos são transmitidos ao vivo e as decisões são disponibilizadas na íntegra no site do tribunal.

Mas o status máximo de mito do processo do mensalão veio com as recentes declarações de alguns destacados magistrados de segunda instância, especulando que a ampla divulgação pela mídia das investigações do Conselho Nacional de Justiça têm como causa a iminência do julgamento.

Sem um único indício ou argumento lógico, especulou-se publicamente que as divergências internas do Poder Judiciário poderiam ser geradas por interessados em pressionar o STF na decisão de sua ação penal mais famosa. Parece que tudo pode ser livremente atribuído ao processo do mensalão, com a mesma tranquilidade com que se dizia, diante de um nó em crina de cavalo, que "foi obra do Saci".

Um mito é sempre superdimensionado. Valendo a regra, dizem que a ação do mensalão irá nos brindar com o julgamento da "era Lula". Isso pode soar grandioso, mas não é verdade, pois o ex-presidente já foi julgado politicamente nas eleições de 2006 e 2010. E, principalmente, porque o objeto do processo são os fatos narrados na denúncia e as provas produzidas com as garantias próprias de um Estado democrático de Direito.

Enquanto o mito do mensalão é interpretado em sombras cada vez mais desencontradas, o processo judicial que representa a realidade dos fatos é ignorado.

Aqueles que bradam pela condenação querem distância das provas estampadas na ação penal, que sempre foi pública e está digitalizada. Sem deturpações, é fundamental para a democracia brasileira que o debate sobre o julgamento da ação penal número 470 seja feito com responsabilidade, para que a nossa sociedade se torne cada dia mais preparada para enxergar a justiça.

JOSÉ LUIS OLIVEIRA LIMA, 45, e RODRIGO DALL'ACQUA, 35, são advogados criminalistas e defensores do ex-ministro José Dirceu na ação penal nº 470 do STF
 
Mensalão: o anúncio do grotesco midiático
por Gilson Caroni Filho
A manchete do jornal O Globo, em sua edição de 15 de fevereiro de 2012 ( ” Marcos Valério é o primeiro condenado do Mensalão”), não deixa dúvidas quanto ao espetáculo que dominará páginas e telas depois do carnaval: à medida em que se aproxima o julgamento do processo que a imprensa chama de “escândalo da mensalão”,  velhos expedientes são reeditados sem qualquer cerimônia que busque manter a aparência de jornalismo sério. A condenação do publicitário por crimes de sonegação fiscal e falsificação de documentos públicos seria, mesmo que não surjam provas de conduta delituosa por parte dos réus, a senha para o STF homologar a narrativa midiática e não ficar maculado pela imagem de “pizza” que uma absolvição inevitavelmente traria à mais alta corte do país.
Como destaca Pedro Estevam Serrano, em sua coluna para a revista CartaCapital,”o que verificamos é a ocorrência constante de matérias jornalísticas em alguns veículos que procuram nitidamente criar um ambiente de opinião pública contrária aos réus, apelando a matérias mais dotadas da verossimilhança dos romances que à verdade que deveria ser o mote dos relatos jornalísticos”. Os riscos aos pilares básicos do Estado Democrático de Direito são nítidos na empreitada. Serrano alerta para o objetivo último das corporações:
“E tal comportamento tem intenção política evidente, qual seja procurar criminalizar o PT e o governo Lula, pois ao distanciar o julgamento de sua concretude por relatos abstratos e simbólicos o que se procura pôr no banco dos réus não são apenas as condutas pessoais em pauta mas sim todo um segmento político e ideológico.”

A unificação editorial em favor da manutenção dos direitos do CNJ em votação de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) não revela apenas preocupação com o indispensável controle externo do poder judiciário, mas o constrangimento necessário de juízes às vésperas de um julgamento que envolve, a construção política mais cara à mídia corporativa. No lugar do contraditório, a  imposição de uma agenda. Ocupando o espaço da correta publicidade dos fatos, a recorrente tentativa de manipulação da opinião pública. A trama, no entanto, deve ser olhada pelo que traz de pedagógico,  explicitando papéis e funções no campo jornalístico.
O pensamento único, para o ser, não basta ser hegemônico; tem que ser excludente. Não apenas de outros pensamentos, mas do próprio pensar. Parafraseando Aldous Huxley, “se o indivíduo pensa, a estrutura de poder fica tensa”. Na verdade, na sociedade administrada não pode haver indivíduo. Apenas a massa disforme, cujo universo cognitivo e intelectivo é, de alto a baixo, subministrado pelos detentores do poder social. É nessa crença que se movem articulistas, editores e seus patrões.
Em um sistema de dominação é essa, e nenhuma outra, a função da “mídia”: induzir o espírito de manada, o não-pensar, o abrir mão da razão e aderir entusiasticamente à insensatez programada pelos que puxam os cordões. Os fracassos recentes não nos permitem desdenhar do capital simbólico que as corporações ainda detêm para defender os seus interesses e o das frações de classe a ela associadas.
Nesse processo, o principal indutor é o “Sistema Globo”, que o falecido Paulo Francis, antes de capitular, apropriadamente crismou como “Metástase”, pois de fato suas toxinas se espalham por todo o tecido social. Seus carros-chefe, que frequentemente se realimentam reciprocamente, são o jornal da classe média conservadora  e, principalmente, o Jornal Nacional, meticulosamente pautado “de [William] Bonner para Homer [Simpson]“  que, de segunda a sábado, despeja ideologia mal travestida de notícia sobre dezenas de milhões de incautos
E o que “deu” no Jornal Nacional “pauta” desde as editorias dos jornais impresso –  O Globo por cima e o Extra por baixo — e das revistas, “da casa” ou de uma “concorrência” cujo único objetivo é ser ainda mais sensacionalista e leviana. Algumas vezes, o movimento segue o sentido inverso: uma publicação semanal produz a ficção que só repercute graças à reprodução da corporação.
Os outros instrumentos de espetaculosidade complementam o processo, impondo suas versões de pseudo-realidade: o Fantástico, ersatz dominical do JN; as novelas “campeãs de audiência”, com seus “conflitos” descarnados e suas “causas sociais” oportunisticamente selecionadas como desconversa; e, culminando, o Big Brother Brasil, a celebração máxima da total vacuidade.
Processo análogo vem sendo usado, há mais de duas décadas, para esvaziar e despolitizar a política, reduzindo-a às futricas de bastidores, ao “em off” e aos “papos de cafezinho”; e, em época eleitoral, à corrida de cavalões das pesquisas de intenção de voto que ocupam as manchetes, o noticiário, as colunas – ah, as colunas! – e até mesmo a discussão supostamente acadêmica. A não menos velha desconversa nacional: olha todo mundo pra cá, e pela minha lente, para que ninguém olhe pra lá.
Falar-se em “opinião pública”, nesse cenário, é um escárnio. “Opinião” pressupõe um espaço interno, em cada indivíduo, para reflexão, ponderação, crítica e elaboração, não controlado pelo poder social. “Pública” requer que exista uma esfera pública, de discurso racional entre iguais, aberto ao contraditório e não subordinado aos ditames do “mercado” ou subministrado de fio a pavio pelo braço “midiático” do mesmo poder. Nem uma nem outra condição pode existir em ambiente que tenta subjugar “corações e mentes”, induzindo-o sistemática e deliberadamente à loucura social.
Avançamos bastante, mas não nos iludamos: o que vem por aí é uma luta renhida. De um lado, o espetáculo autoritário. E, de outro, a cidadania e o Estado de Direito como permanente construção.
PS do Viomundo: Vimos de dentro o processo de dar pernas às capas da Veja. Elas pulavam direto para o Jornal Nacional de sábado e ganhavam a imprensa escrita na semana seguinte. A primeira novela do mensalão ocupou toda a campanha de reeleição de Lula, em 2006. Em nome da equidade, a Globo dava 50 segundos para cada candidato. Tinha dia em que três candidatos atacavam o governo (150 segundos), contra 50 segundos de Lula.
Foi nesse período que o então editor de economia do Jornal Nacional em São Paulo, Marco Aurélio Mello, recebeu a ordem para “tirar o pé” da cobertura econômica (o crescimento da venda de cimento, no cálculo da Globo, era notícia positiva para Lula). Além disso, poderia atrapalhar a paginação do JN, que vinha carregada de matérias investigativas contra o governo.
Quando a pressão interna conseguiu emplacar uma única pauta sobre o escândalo das ambulâncias, que poderia atingir indiretamente o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, ela foi feita, editada, mas nunca entrou no ar! O problema é que o escândalo das ambulâncias superfaturadas estava na conta do PT, apesar de Lula ter “herdado” o esquema do “governo anterior” (eufemismo da Globo quando era inconveniente falar em governo FHC ou governo do PSDB). A matéria arquivada tinha um único dado comprometedor: 70% das ambulâncias superfaturadas tinham sido entregues na gestão de José Serra como ministro da Saúde — e do sucessor que ele deixou na vaga quando concorreu ao Planalto, em 2002. Isso, sim, era de estragar a paginação do JN.
Descrevi isso melhor no post O que eu pretendia dizer na TV sobre as ambulâncias de Serra.
Leia também:
Ivan Valente: Dilma entregou setor estratégico a estrangeiros



Presidente do Equador ganha processo contra jornal por injúria

SERÁ QUE ALGO ASSIM , SÓ É POSSÍVEL PARA OS OUTROS?


QUITO, 16 Fev (Reuters) - A Corte Nacional de Justiça do Equador confirmou nesta quinta-feira uma ordem de prisão contra os diretores de um dos jornais mais críticos ao governo, encerrando um polêmico processo movido pelo presidente Rafael Correa por injúria.
O presidente apresentou há quase um ano um processo contra os irmãos Carlos, César e Nicolás Pérez, diretores do diário El Universo, e contra o editorialista Emilio Palacio, que tempos depois saiu do jornal e atualmente pede asilo político nos EUA.
A sentença abre um novo capítulo na conturbada relação entre Correa e os meios de comunicação em seus cinco anos de governo ao mesmo tempo em que tramita na Assembleia uma polêmica lei que regula os conteúdos relacionados a violência e impõe sanções a jornalistas.
"Graças a Deus que a verdade brilhou e nos permitiu terminar com total êxito esta duríssima prova (...) Isso vai mudar a história", afirmou Correa, que permaneceu na audiência privada por mais de 15 horas com colaboradores e simpatizantes.
O jornal deve ainda indenizar em 40 milhões de dólares o presidente, que move outro processo contra dois jornalistas, acusando-os de danos morais por uma informação publicada em um livro que revela contratos proibidos de seu irmão Fabricio Correa.

(Por Alexandra Valencia e José Llangarí)

Bem-vindo ao século 21, ministro

Leio no site Agência Carta Maior que durante recente “seminário sobre políticas de telecomunicações” o ministro Paulo Bernardo teria se “alinhado a empresas de radiodifusão, para as quais a única forma de controle deve ser o controle remoto”.
Segundo a matéria, o ministro das Comunicações teria “reconhecido” que o “setor de radiodifusão” seria “capaz de fazer pressão suficiente para intimidar o governo” de forma a que desista de propor ao Congresso um marco regulatório para as comunicações.
Segundo a matéria, Paulo Bernardo acha que a grande mídia é capaz de chantagear o governo por ter “um peso muito grande no Brasil”, já que seus serviços seriam “extremamente populares”.
Normalmente, teria digerido essa declaração como parte do processo de revelação ao país de que quem ganhou a eleição presidencial no ano retrasado foi uma aliança aparentemente progressista, mas que, na verdade, é bem mais conservadora do que se suponha.
Contudo, coincidentemente li isso logo após assistir, pela terceira vez, ao mais importante documentário sobre a revolução progressista que eclodiu nas Américas no limiar do novo século e que desde então vem se aprofundando.
O documentário em questão é do premiado cineasta norte-americano Oliver Stone, ganhador de dois Oscars de melhor diretor com os filmes Platoon e Born on the Fourth of July (Nascido em quatro de julho).
South of the Border (Ao Sul da Fronteira) estreou na 66ª Edição do Festival de Veneza em 7 de setembro de 2009, mas não disputou o Leão de Ouro. A partir do ano passado começou a se espalhar pela internet, já que não conseguiu espaço nos circuitos comerciais.
Stone e sua equipe viajaram do Caribe até o sul da Cordilheira dos Andes em busca de uma explicação para a guinada à esquerda na América Latina que terminou por eleger presidentes dessa ideologia em praticamente toda a América do Sul e em parte da América Central.
O cineasta entrevistou Hugo Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Luiz Inácio Lula da Silva, Néstor e Cristina Kirchner, Rafael Correa e Raúl Castro. O historiador britânico de origem paquistanesa Tariq Ali definiu o projeto como “um road movie político”.
O grande mérito da obra é o de não explicar apenas como foram eleitos de modo inédito na região esses políticos que os norte-americanos jamais acreditaram que chegariam ao poder, mas também por que eles emergiram como forças políticas extremamente poderosas.
O documentário explica que a ascensão dessas lideranças políticas de esquerda foi subproduto das políticas econômicas que a região adotou durante décadas sob inspiração norte-americana via instrumentos como o Fundo Monetário Internacional, por exemplo.
Imagino que o ministro Paulo Bernardo não tenha assistido Ao Sul da Fronteira. Se tivesse assistido, jamais diria que os impérios dos barões da mídia são populares. O documentário mostra que, bem diferente disso, estão se tornando cada vez mais impopulares.
Chávez, Morales, Lula, Kirchner, Correa ou Castro, atualmente, são muito mais populares do que a mídia que o ministro teme. Não é por outra razão que se elegeram, reelegeram-se e, alguns, ainda elegeram seus sucessores CONTRA a “popularidade” da mídia conservadora.
A inflexão à direita do governo do Brasil, governo esse que tem um ministro que parece desconhecer quantos líderes políticos vêm desafiando a mídia, coaduna-se com a frustração da aposta que Stone fazia em um Obama que chegava à cena naquele ano.
O ministro, caso tenha dito realmente essas coisas – pode ter sido mal interpretado –, parou no século passado, em um tempo em que a mídia ainda detinha poder de fazer o que Ao Sul da Fronteira mostra que não consegue mais, ao menos impunemente.

Presidente do Equador ganha processo contra jornal por injúria

 
QUITO, 16 Fev (Reuters) - A Corte Nacional de Justiça do Equador confirmou nesta quinta-feira uma ordem de prisão contra os diretores de um dos jornais mais críticos ao governo, encerrando um polêmico processo movido pelo presidente Rafael Correa por injúria.
O presidente apresentou há quase um ano um processo contra os irmãos Carlos, César e Nicolás Pérez, diretores do diário El Universo, e contra o editorialista Emilio Palacio, que tempos depois saiu do jornal e atualmente pede asilo político nos EUA.
A sentença abre um novo capítulo na conturbada relação entre Correa e os meios de comunicação em seus cinco anos de governo ao mesmo tempo em que tramita na Assembleia uma polêmica lei que regula os conteúdos relacionados a violência e impõe sanções a jornalistas.
"Graças a Deus que a verdade brilhou e nos permitiu terminar com total êxito esta duríssima prova (...) Isso vai mudar a história", afirmou Correa, que permaneceu na audiência privada por mais de 15 horas com colaboradores e simpatizantes.
O jornal deve ainda indenizar em 40 milhões de dólares o presidente, que move outro processo contra dois jornalistas, acusando-os de danos morais por uma informação publicada em um livro que revela contratos proibidos de seu irmão Fabricio Correa.
(Por Alexandra Valencia e José Llangarí)