Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A carta da mulher do Lupi. Ou o PiG é um nojo !


Faz tempo que querem pegar o Lupi


O Conversa Afiada recebeu esse e-mail do Max, assesor de imprensa do Ministro Lupi e filho do Oswaldo Maneschi, que foi assessor de imprensa do Brizola e é dileto amigo deste ansioso blogueiro:

Prezado Paulo Henrique

Em primeiro lugar gostaria de agradecer o espaço no CAfiada para o meu texto. Como se não bastasse o Lupi já ter os inimigos que tem, arrumei mais alguns, principalmente na Veja, por conta do texto. Mas a nossa avaliação é que guerra é guerra, e como tal, precisamos todos utilizar as ferramentas (e porque não armas) que temos. E como você vem acompanhando, não está fácil. Por isso não lhe falei antes. Muito obrigado.

Segundo, lhe encaminho um outro texto, desta vez da também jornalista Angela Rocha, ou para os mais próximos, Dona Angela. Esposa do Lupi. Há 30 anos. Fique à vontade com o texto.

Um texto emocionante e completamente desnudo de tudo. Acho que ele mostra muito bem o outro lado da guerra política, e os verdadeiros atingidos nessa porcariada toda que o PIG faz hoje. Acordos políticos e funções nomeadas, recuperam-se. Mas a vida e a família, como diria o velho Maneschão, combativo companheiro, o buraco é mais embaixo.

Abraços Paulo Henrique. Continue contribuindo de sua trincheira para um debate amplo sobre nossa sociedade. Durante os últimos cinco anos aqui em Brasília com Lupi senti muitas vezes vergonha de ter escolhido a carreira de Jornalista. Mas quando me arrependo, dou uma navegada no seu Blog ou bato um papo com o velho e lembro que vale a pena, porque os picaretas, apesar de falarem mais alto, são minoria.

Max Monjardim


Caso Lupi: a outra versão da história


Você tem direito de ter a sua verdade. Para isso você precisa conhecer todas as versões de uma história para escolher a sua. A deles é fácil, é só continuar lendo a Veja, O Globo, assistindo ao Jornal Nacional. A nossa vai precisar circular por essa nova e democrática ferramenta que é a internet.


Meu nome é Angela, sou esposa do Ministro do Trabalho e Emprego Carlos Lupi. Sou jornalista e especialista em políticas públicas. Somos casados há 30 anos, temos 3 filhos e um neto. Resolvi voltar ao texto depois de tantos anos porque a causa é justa e o motivo é nobre. Mostrar a milhares, dezenas ou a uma pessoa que seja como se monta um escândalo no Brasil.


Vamos aos fatos: No dia 3 de novembro a revista Veja envia a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho algumas perguntas genéricas sobre convênio, ONGS, repasses etc. Guarda essa informação.


Na administração pública existe uma coisa chamada pendência administrativa. O que é isso? São processos que se avolumam em mesas a espera de soluções que dependem de documentos, de comprovações de despesas, prestação de contas etc. Todo órgão público, seja na esfera municipal, estadual ou federal, tem dezenas ou centenas desses.


Como é montado o circo? A revista pega duas pendências administrativas dessas, junta com as respostas da assessoria de imprensa do ministério dando a impressão de que são muito democráticos e que ouviram a outra parte, o que não é verdade, e paralelamente a isso pegam o depoimento de alguém que não tem nome ou sobrenome, mas diz que pagou propina a alguém da assessoria do ministro.


No dia seguinte toda a mídia nacional espalha e repercute a matéria em todos os noticiários, revistas e jornais. Nada fica provado. O acusador não tem que provar que pagou, mas você tem que provar que não recebeu. Curioso isso, não? O próprio texto da matéria isentava Lupi de qualquer responsabilidade. Ele sequer é citado pelo acusador. Mas a gente não lê os textos, só os títulos e a interpretação, que vêm do estereótipo “político é tudo safado mesmo”.


Dizem que quando as coisas estão ruins podem piorar. E é verdade. Na terça-feira Lupi se reúne na sede do PDT, seu partido político em Brasília para uma coletiva com a imprensa. E é literalmente metralhado não por perguntas, o que seria natural, mas por acusações. Nossa imprensa julga, condena e manda para o pelotão de fuzilamento.


E aí entra em cena a mais imprevisível das criaturas: o ser humano. Enquanto alguns acuados recuam, paralisam, Lupi faz parte de uma minoria que contra ataca. Explode, desafia. É indelicado com a Presidenta e com a população em geral. E solta a frase bomba, manchete do dia seguinte: “Só saio a bala”. O que as pessoas interpretaram como apego ao cargo era a defesa do seu nome. Era um recado com endereço certo e cujos destinatários voltaram com força total.


Era a declaração de uma guerra que ainda não deixou mortos, mas já contabiliza muitos feridos. Em casa, passado o momento de tensão, Lupi percebe o erro, os exageros e na quinta-feira na Comissão de Justiça do Congresso Nacional presta todos os esclarecimentos, apresenta os documentos que provam que o Ministério do Trabalho já havia tomado providências em relação às ONGs que estavam sendo denunciadas e aproveita a oportunidade para admitir que passou do tom e pede desculpas públicas a Presidenta e a população em geral.


A essa altura, a acusação de corrupto já não tinha mais sustentação. Era preciso montar outro escândalo e aí entra a gravação de uma resposta e uma fotografia. A resposta é aquela que é repetida em todos os telejornais. Onde o Lupi diz “não tenho nenhum tipo de relacionamento com o Sr Adair. Fui apresentado a ele em alguns eventos públicos. Nunca andei em aeronave do Sr Adair”.


Pegam a frase e juntam a ela uma foto do Lupi descendo de uma aeronave com o seu Adair por perto. Pronto. Um novo escândalo está montado. Lupi agora não é mais corrupto, é mentiroso.


Em algum momento, em algum desses telejornais você ouviu a pergunta que foi feita ao Lupi e que originou aquela resposta? Com certeza não. Se alguém pergunta se você conhece o Seu José, porteiro do seu prédio? Você provavelmente responde: claro, conheço. Agora, se alguém pergunta: que tipo de relacionamento você tem com o Seu José? O que você responde? Nenhum, simplesmente conheço de vista.


Foi essa a pergunta que não é mostrada: que tipo de relacionamento o Sr tem com o Sr Adair? Uma pergunta bem capciosa. Enquanto isso, o próprio Sr Adair garante que a aeronave não era dele, que ele não pagou pela aeronave e que ele simplesmente indicou.


Quando comecei na profissão como estagiária na Tribuna da Imprensa, ouvi de um chefe de reportagem uma frase que nunca esqueci: “Enquanto você não ouvir todos os envolvidos e tiver todas as versões do fato, a matéria não sai. O leitor tem o direito de ler todas as versões de uma história e escolher a dele. Imprensa não julga, informa. Quem julga é o leitor”.


Quero deixar claro que isso não é um discurso para colocar o Lupi como vítima.  O Lupi não é vítima de nada. É um adulto plenamente consciente do seu papel nessa história. Ele sabe que é simplesmente o alvo menor que precisa ser abatido para que seja atingido um alvo maior. É briga de cachorro grande.


Tentaram atingir o seu nome como corrupto, mas não conseguiram. Agora é mentiroso, mas também não estão conseguindo, e tenho até medo de imaginar o que vem na sequência.


Para terminar queria deixar alguns recados:


Para os amigos que nos acompanham ou simplesmente conhecidos que observam de longe a maneira como vivemos e educamos os nossos filhos eu queria dizer que podem continuar nos procurando para prestar solidariedade e que serão bem recebidos. Aos que preferem esperar a poeira baixar ou não tocar no assunto, também agradeço. E não fiquem constrangidos se em algum momento acompanhando o noticiário tenham duvidado do Lupi. A coisa é tão bem montada que até a gente começa a duvidar de nós mesmos. Quem passou por tortura psicológica sabe o que é isso. É preciso ser muito forte e coerente com as suas convicções para continuar nessa luta.


Para os companheiros de partido, Senadores, Deputados, Vereadores, lideranças, militantes que nos últimos 30 anos testemunharam o trabalho incansável de um “maluco” que viajava o Brasil inteiro em fins de semana e feriados, filiando gente nova, fazendo reuniões intermináveis, celebrando e cumprindo acordos, respeitado até pelos adversários como um homem de palavra, que manteve o PDT vivo e dentro do cenário nacional como um dos mais importantes partidos políticos da atualidade. Eu peço só uma coisa: justiça.


Aos colegas jornalistas que estão fazendo o seu trabalho, aos que estão aborrecidos com esse cara que parece arrogante e fica desafiando todo mundo, aos que só seguem orientação da editoria sem questionamento, aos que observam e questionam, não importa. A todos vocês eu queria deixar um pensamento: reflexão. Qual é o nosso papel na sociedade?


E a você Lupi, companheiro de uma vida, quero te dizer, como representante desse pequeno nucleozinho que é a nossa família, que nós estamos cansados, indignados e tristes, mas unidos como sempre estivemos. Pode continuar lutando enquanto precisar, não para manter cargo, pois isso é pequeno, mas para manter limpo o seu nome construído em 30 anos de vida pública.


E quando estiver muito cansado dessa guerra vai repousar no seu refúgio que não é uma mansão em Angra dos Reis, nem uma fazenda em Goiás, sequer uma casa em Búzios, e sim um pequeno sítio em Magé. Que corrupto é esse? Que País é esse?

Brancos têm duas vezes mais acesso a planos de saúde no Brasil que negros

Maurício Moraes
Serviço público de saúde no Brasil. ABr
Quando precisam de tratamento apenas 10,9% dos negros recorrem a um médico particular
A população branca tem duas vezes mais acesso a planos de saúde em comparação aos negros, no Brasil.
Os dados são do Instituto Data Popular e vêm de uma pesquisa feita em parceria com o Fundo Baobá.
Para Athayde Motta, diretor do fundo, que levanta recursos para projetos voltados à população negra, "o acesso aos serviço é em geral pior para os negros, que vivem em locais mais distantes, onde o tratamento não é de qualidade".
"Se você ganha um pouquinho mais, a primeira coisa que faz é ter um plano de saúde privado e pagar escola particular para o filho. O sistema público de saúde e educação no Brasil ainda é muito ruim".
O dado sobre acesso a plano de saúde reflete a desigualdade racial no país, onde, segundo dados do Censo 2010 divulgados em maio passado, o número de pobres pardos ou pretos é 2,7 vezes o número de pobres brancos.
Dados da pesquisa do Instituto Data Popular indicam ainda que os negros continuam sendo minoria nos estratos mais ricos.
A classe A, por exemplo, é formada por 82,3% de brancos e 17,7% de negros. Já na classe E, os negros são 76,3% do total e os brancos 23,7%.
A classe C é a camada social onde há menos desigualdade entre brancos (56,9%) e negros (43,1%).
Médico particular
A cabeleireira Dulcinéia Luz, de 32 anos, nunca teve um plano de saúde.
Para o marido, a filha e os cinco irmãos, todos residentes em Araçoiaba da Serra, a 120 km de São Paulo, o SUS é a primeira opção quando precisam de atendimento médico.
"Penso em ter um plano de saúde no futuro, você nunca sabe quando pode precisar. Mas acho também que o SUS poderia melhorar. Se o SUS fosse bom, eu nem pensaria em ter um plano de saúde", diz.
Assim como outros milhões de integrantes da classe C, Dulcinéia viu a vida melhorar nos últimos anos. Sua filha hoje tem um computador, luxo impensável há alguns anos, assim como o acesso a um médico particular.
Sem plano de saúde, e descontente com os serviços do SUS, ela recorre a consultórios particulares se "a necessidade for grande".
"Quando acho que dá para ser atendida no SUS, vou ao SUS. Se for mais grave, eu pago", diz.
Athayde Motta. Divulgação
Para Motta, há diferença no tratamento médico para brancos e negros no Brasil
A pesquisa mostra que quando precisam de tratamento médico apenas 10,9% dos negros e 27,3% dos brancos recorrem a um médico particular.
Ambulatório
A primeira opção, para a maioria dos negros (64,5% deles), é o ambulatório de empresas e sindicatos. O índice entre os brancos que recorrem a ambulatórios é de 49,2%.
Esse é o caso de Marcelo Antonio de Jesus, 36 anos, residente na Penha, zona leste de São Paulo.
Jesus teve, por cinco anos, plano de saúde pago pela empresa para a qual trabalhava.
"Hoje os planos de saúde mais baratos têm pouca qualidade, o atendimento é demorado. Já os planos bons são muito caros", explica.
Educador de uma ONG, Jesus conta que gostaria de voltar a ter acesso a um plano privado, "com atendimento mais rápido".
Clique Leia mais: Negro sofre 'discriminação institucionalizada' no serviço de saúde, diz diretor de ONG

A GROBO VACILA E ENTREGA O JOGO SUJO.


Amoral Nato

Nessa edição (16/11/11) do 'programa' do jornalismo de programa da GROBO, o GROBONIUS em Pauta,  o esbelto e vazio Sérgio Aguiar, começa mais um programelho institucional, daqueles que se apresenta quando falta notícia, ou quando falta vergonha na cara de assumir os próprios vacilos e micos monumentais.

Ele vai entrevistar o Ascânio Selênio (que nome!), diretor de redação d'O GROBO e responsável, desde setembro, por uma equipe de mais de 400 pessoas, aqui e no exterior; especializadas em nos desviar a atenção dos fatos mais importantes que deveriam sim ser manchete.

 Dessa vez, para variar mesmo e surpreendentemente, a entrevista começa já com a confissão de que O GROBO faz uma triagem das notícias a apresentar, coisa do mais puro jornalismo de esgoto. A desculpa é que hoje a informação é rápida e o jornalismo tem que ser mais rápido ainda. O fato em si é estranho, estranho eles assumirem que fazem triagem das notícias, sendo que o critério da escolha é estabelecido por eles. Eles dizem o que nós vamos ler ou assistir, independente de verdadeira relevância. No mesmo dia, por exemplo, o caso Lupi foi manchete (amarelada) repetida ad nauseun em todos os telejornais da emissora, enquanto a vazamento de óleo da plataforma da CHEVRON já rola há uma semana e ninguém aborda o assunto com a seriedade que seria de se esperar!

 Estranho eles quererem nos convencer de idoneidade revelando que sim, escolhem, segundo critérios obscuros, o que vai ser apresentado não só no jornal, como nos telejornais do grupo (monstro) Marinho!

Acompanhem mais essa do Jornalismo de Programa da GROBO.


http://g1.globo.com/videos/globo-news/globo-news-em-pauta/t/todos-os-videos/v/ascanio-seleme-a-gente-faz-noticia-para-publicar-no-minuto-seguinte/1698970/

Nova York alerta: liberdade faz mal à saúde


Nirlando Beirão

A polícia de Nova York tratou com aquele seu jeitinho delicado de recepcionar turistas e de amansar terrorristas os manifestantes do movimento Occupy Wall Street.

Podia ter pedido emprestado o know da PM de São Paulo, aquela que barbarizou no campus da USP, se já não tivesse a expertise de Guantánamo e de Abi Ghraib.

Nesta manhã de terça, 15, desceu o cassete na garotada que estava acampada desde 17 de setembro no Zuccotti Park, na ponta sul de Manhattan.

(Em Oakland, em várias outras cidades que replicaram o Occupy Wall Street, o pau também comeu, até com mais violência)

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, alegou que a ocupação representava um perigo à saúde pública.

Quero ver o que dirão os jornalões gringos.

Quando os egípcios decidiram ocupar a Praça Tahrir, no Cairo, aí era a manifestação era legítima – um importante protesto em prol da democracia nos países árabes.

(Mubarak também poderia ter alegado que, naquele improvisado acampamento, a saúde pública estava em risco)

A Primavera Árabe foi saudada nos EUA com todos os fogos de artifício.

Quando se tratam de manifestantes que protestam em casa contra os abusos do poder da plutocracia, aí, claro, eles não passam de infectos baderneiros que insistem em desafiar a ordem pública.

Se tirassem a hipocrisia da política americana – tanto a interna quanto a externa – não sobraria nada.


Leia mais em: O Esquerdopata
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Belo monte de inúteis

A contragosto – porque o assunto é chato e inútil – e a pedido de um amigo virtual assisti a uma peça publicitária que circula na internet. No vídeo, um bando de playboys e socialites militontos –  autoproclamados “artistas”, mas que não passam de arroz-de-festa – destilam baboseiras sobre a futura usina hidrelétrica de Belo Monte.
Por falta do que fazer, abraçaram causa pseudo “ecológica” e doaram um tiquinho do tempo que passam torrando dinheiro em shoppings para gravar um vídeo em que o bando de branquinhos, loirinhos de classe média alta se atira à defesa de “índios” em uma peça que, se tirarem som e legendas, facilmente pensarão que foi produzida na Noruega.
Gente que provavelmente, em boa parte, nunca viu um índio de perto defendendo “índios”. Gente que só conhece por fotos a região da futura usina dando ao governo a receita “brilhante” de que, em vez de construir hidrelétricas, aumente o parque energético do país com energia “eólica” ou “solar”. Um país que tem, “apenas”, 8.514.876 km²…
O bando de “atores” e “atrizes” da Globo, porém, não teve nenhum surto de consciência social. Está apenas “trabalhando”, porque a mesma grande mídia golpista, racista e de ultradireita que vive tentando inventar um “apagão” como o que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou acontecer, é contra Belo Monte.
O vídeo é uma empulhação do começo ao fim porque deixa a sensação de que a usina hidrelétrica destruirá uma região que deve ser preservada, sim, mas que tem que dar ao país ao menos essa tão necessária fração das riquezas naturais que encerra. Fizeram o mesmo com as obras no Rio São Francisco, pois são obras que colocarão o Brasil no século XXI.
Apesar de Lula ter investido pesadamente em geração de energia elétrica de forma a reverter o desastre energético que herdou de FHC, este país está no limite de sua capacidade de geração de energia. Em uma década, se tanto, sem uma matriz energética ampliada este país para. Não haverá energia eólica, solar ou nuclear que baste, sem novas hidrelétricas.
Onde vamos construí-las? Na Barra da Tijuca ou nos Jardins, onde habitam as socialites e playboys da tal peça publicitária que me consumiu preciosos minutos da vida mortal?
Com a pujança econômica que este país vem exibindo em um mundo embasbacado com ela por estar atravessando a pior crise econômica desde o início do século passado, não construir hidrelétricas capazes de sustentar esse crescimento, sobretudo em um país tão carente de redução da pobreza, seria um crime de lesa-pátria igual ao que cometeu FHC.
Que fique claro: para um país deste tamanho, energia hidrelétrica é a única alternativa de curto prazo, sendo as energias nuclear, eólica ou solar um legítimo delírio, porque jamais haveria como suprir dessa forma uma demanda energética que cresce em escala geométrica e que deve crescer ainda mais rapidamente nos próximos anos.
Não precisam acreditar em mim. Busquem informação com qualquer especialista e perguntem se há como suprir com energia nuclear, vento ou luz do sol a demanda descomunal por energia que tem hoje o país. É uma farsa, pois, acenarem com moinhos de vento ou com caríssimos painéis solares equipando casas, fábricas, comércio, hospitais etc.
O que revolta mesmo, porém, é usarem “os índios”. Será que um país deste tamanho não tem condições de oferecer outro local para as populações daquela região? Claro que se fosse verdadeira essa empulhação dos empregados da Globo de que o governo pretende jogar “os índios” no meio da rua, eu estaria entre os primeiros a cobrar consciência social. Mas é mentira.
Toda essa farsa se explica porque, ao lado do fracasso da Copa de 2014 ou de uma recessão causada pela crise internacional, um “apagão” energético neste governo, de preferência igual ou pior do que o produzido pela inépcia de FHC, está entre os objetos de desejo dessa direita insana que tenta recuperar o poder ao custo da literal sabotagem do país.
Se alguém quiser perder algum tempo de sua vida, eis, abaixo, essa peça patética que me fizeram assistir.

Ditadura brasileira foi cérebro da repressão na América Latina







 

A verdade sem rasuras. Na medida em que se tem acesso aos papéis da ditadura brasileira, mesmo àqueles com nomes cobertos por tarjas pretas, fica exposta a falsa história oficial sobre sua participação supostamente secundária e breve na Operação Condor. Documentos mostram que Brasil serviu como cérebro logístico da repressão na América Latina. Militares brasileiros espionaram, prenderam e entregaram cidadãos de outros países para "ditaduras amigas".

Documentos secretos obtidos pelo jornal Página 12 mostram que o regime militar iniciado em 1964 e concluído em 1985 no Brasil, um dos mais longevos da região, participou e propiciou a caçada perpetrada nos anos 70 contra todo foco de resistência, na América Latina e na Europa, ao terrorismo de Estado sul americano. Nos arquivos da inteligência brasileira há relatórios sobre as atividades do escritor Juan Gelman em Roma e sobre uma viagem que supostamente realizouem Madri "junto com Bidegain, Bonasso M. e outros dirigentes…no dia 17 de junho de 1978", descreve a nota incluída num dossiê do Estado Maior do Exército do Brasil, intitulado "Movimiento Peronista Montonero en el exterior, Accionar, Contactos, Conexiones con Grupos Terroristas, Antecedentes".

"Soube que fui espionado até pela Stasi (polícia política da Alemanha Oriental), mas ignorava que meu nome estivesse nos arquivos da ditadura brasileira, como você está me informando agora" se surpreende Juan Gelman do México, no começo da conversação telefônica.

Mais adiante, depois de conhecer outras informações escondidas durante décadas nos armários de Brasília, Gelman pondera: "enfim, a verdade é que não parece ser tão assombroso que meu nome figure nos documentos brasileiros que você citou, porque houve montoneros importantes seqüestrados aí, Horacio Campliglia foi um".

Ele se refere ao guerrilheiro desaparecido após ser capturado em março de 1980 por agentes de ambos os países no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para posteriormente ser transladado ao calabouço do Campo de Mayo.

"No Arquivo do Terror paraguaio estava guardado um telegrama enviado do Brasil falando sobre a coordenação com a Argentina e os raptos em 1980, isso foi descoberto por Stella Calloni, autora de um grande trabalho sobre a operação Condor", assinala o premio Nobel da Paz alternativo Martín Almada.

No dossiê do Exército brasileiro também existem detalhes sobre as tarefas dos exilados argentinos no México para conseguir o exílio do ex-presidente Héctor Cámpora, recluso em Buenos Aires, assim como dados sobre um encontro em Beirute, no dia 21 de junho de 1978, entre "chefes do Ejército Peronista Montoneros (com) os serviços especializados da resistência palestina".

Cruzados
Outras comunicações reservadas, estas procedentes da embaixada em Roma, falam das atividades desenvolvidas por religiosos brasileiros perante organismos internacionais de direitos humanos, operações que contavam com o aval da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no seio da qual houve cardiais como Paulo Evaristo Arns que acolheu refugiados argentinos em São Paulo.

Pode-se observar nas notas elaboradas pelos diplomatas e agentes da Operação Condor brasileira uma preocupação recorrente com os religiosos ligados à Teologia da Libertação, tanto pelas pressões que esta realizava no Vaticano quanto pelo suposto "financiamento internacional" que receberiam as comunidades eclesiásticas radicadas em zonas rurais onde atuava a guerrilha do Partido Comunista de Brasil.

A obsessão sobre os efeitos "subversivos" dos padres "terceiro-mundistas" reaparece em uma ficha onde está escrito que os "Montoneros são a única organização guerrilheira que têm em seu seio, de forma oficial, sacerdotes com hierarquia de capelão".

Mais adiante o mesmo texto, por momentos apagado, traz informações do padre argentino Jorge Adur, que ostentava "o grau de capitão do Exército Montonero… organização que em julho de 78 enviou uma notificação ao Vaticano sobre sua designação".

O relatório, com carimbo do Exército brasileiro e supostamente escrito pelos serviços argentinos, está datado em setembro de 1978, quase dois anos antes da desaparição de Adur, ocorrida em junho de 1980, pouco depois de ter sido visto no estado do Rio Grande do Sul para onde viajara para apresentar denúncias diante da comitiva do papa João Paulo II.

(In)Segurança Nacional
Uma nota "confidencial", gerada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Ministério do Exército, aborda a presença "de terroristas do ERP e Montoneros no Brasil", divaga sobre os motivos da "infiltração" argentina e ordena aos membros das forças armadas e da polícia que intensifiquem os esforços para capturá-los.

E em outro escrito restrito de 4 de abril de 78, o SNI, máximo organismo de espionagem subordinado diretamente à Presidência, indica que os Montoneros "voltariam a intensificar suas operações (na Argentina) durante a realização da Copa do Mundo, buscando afetar entidades governamentais …e interferir nas estações de rádio e televisão".

O balanço provisório surgido da leitura de centenas de telegramas e informes reservados é que o aparato repressivo dos ditadores, particularmente de Ernesto Geisel (que governou entre 1974 e 1979) e João Baptista Figueiredo (1979-1985), tipificava a guerrilha argentina como uma ameaça à "segurança nacional" brasileira (tal como comparece textualmente em algumas mensagens).

Daí se infere que a repressão ilegal contra os guerrilheiros dos Montoneros e do ERP e aqueles que fossem suspeitos de lhes dar apoio, respondia a uma política de Estado, com o qual fica desterrada a versão, muito divulgada até hoje aqui, de que os grupos de tarefas foram grupos desencaminhados, o que leva a crer na falsa tese de que a guerra suja ocorreu sem o aval dos altos comandos e foi o resultado da "desobediência indevida" de um punhado de oficiais.

A estratégia de espionar, informar, capturar e, eventualmente, eliminar estrangeiros no Brasil e compatriotas no exterior, foi aplicada sistematicamente pelo aparato militar-diplomático montado pouco depois do golpe contra o presidente democrático João Goulart em 1964, sustenta Martín Almada, descobridor dos Arquivos do Terror, o maior acervo de documentos da Operação Condor.

"Os brasileiros viam os demais países do cone sul como seu pátio dos fundos, e o queriam disciplinado dentro de seu plano de guerra ao comunismo, e em função dela seqüestraram e assassinaram dissidentes paraguaios, a pedido de (Alfredo) Stroessner, que lhes retribuiu fazendo a mesma coisa, colaborando na perseguição de brasileiros no Paraguai; vi vários telegramas vindos do Brasil pedindo a captura de Carlos Marighella (líder guerrilheiro)".

"O Brasil foi bem dissimulado, trabalhou com eficácia, sem deixar pistas dentro da Operação Condor, se articulou muito com as ditaduras do Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia, é lógico que deve haver bastante por descobrir sobre sua colaboração com a Argentina" declarou Almada em entrevista ao Página12, depois de oferecer uma coletiva diante de parlamentares em Brasília.

"Falta descobrir muita coisa, espero que esta Comissão da Verdade deslanche, acho que há vontade, a presidenta Dilma Rousseff mostrou coragem impulsionando-a, os brasileiros são responsáveis do que eu chamo de Pré-Condor, e disso não se sabe quase nada", sustenta Almada.

Certamente o "know how" da coordenação repressiva não surgiu em novembro de 1975, com a formalização da Operação Condor durante a cúpula secreta das forças repressivas estatais sul americanas em Santiago do Chile, encabeçada pelo coronel Manuel Contreras naquele país.

É provável que algumas das primeiras ações terroristas binacionais tenham ocorrido em Buenos Aires, em 1970 e 1971, quando, em duas operações coordenadas com o Brasil, foram seqüestrados, primeiro, o ex-coronel nacionalista Jefferson Cardim e, mais tarde, o guerrilheiro Edmur Péricles Camargo, até hoje desaparecido.

Segundo um telegrama com data de Buenos Aires em 1971, obtido pelo Página 12 no Arquivo Nacional, a captura de Péricles Camargo foi monitorada pela Embaixada brasileira, cujo titular era Antonio Francisco Azeredo da Silveira.

Houve outros brasileiros seqüestrados em 1973, sempre com o provável, para não dizer seguro, consentimento de Azeredo da Silveira, que depois de sua condescendência com o terrorismo regionalizado ascendeu a chanceler da ditadura e estabeleceu um vínculo extraordinariamente próximo com outro funcionário acusado de propiciar o genocídio sul americano: Henry Kissinger.

Alfredo Astiz

A ditadura brasileira sabia que Alfredo Astiz era procurado pela justiça francesa pelo assassinato de duas freiras, mas ainda assim realizou operações junto à Grã Bretanha para sua repatriação em 1982, revelou a Folha de São Paulo.

"Acho importante que se tenha publicado a informação sobre como o Brasil
intercedeu a favor de Astiz, e é fantástico que eu saiba disso no mesmo dia que aguardamos sua sentença em Buenos Aires" pela causa da ESMA, disse Juan Gelman por telefone, do México, na quarta-feira passada, quando em Brasília o Congresso, motivado pela presidenta Dilma Rousseff, aprovava a Comissão da Verdade, 26 anos depois que João Batista Figueiredo, o último ditador, deixara o poder.

O Palácio do Itamaraty foi informado por sua embaixada em Londres que Astiz era requerido pelos juízes da França e da Suécia, mas isso não freou a pressão para que fosse libertado, o que finalmente aconteceu em um avião que antes de decolar em Buenos Aires fez escala no Rio, e a bordo do qual viajou um diplomata brasileiro.

Telegramas do Serviço Exterior de 1982 tornados públicos pelo governo de Rousseff refletem o empenho com que o embaixador brasileiro em Londres, Roberto Campos, amigo do então chanceler argentino Nicanor Costa Mendes, trabalhou pela liberdade/impunidade de Astiz, prisioneiro das forças britânicas após se render na Geórgia do Sul.

Até hoje o relato oficial sobre a solidariedade brasileira com os generais e almirantes argentinos durante a guerra das Malvinas escondeu que sob o repentino antiimperialismo do ditador Figueiredo, que durante anos comandou os serviços de inteligência, se encontrava a solidariedade entre os camaradas da guerra suja transnacional.

Como explica Martín Almada, a partir dos anos 80 entrou em ação uma "nova fase da Operação Condor" que entre outras tarefas se atreviu a dar cobertura aos assassinos requeridos pela Justiça, e assim vários repressores argentinos fugiram para o Brasil e para o Paraguai nos anos 80, alguns alegando serem perseguidos políticos da democracia.

A recompilação de uma dezena de comunicados secretos gerados pela Embaixada do Brasil em Buenos Aires entre 1975 e 1978, ilustra sobre os contatos com os altos mandos militares em que se exibem coincidências na necessidade de atuar conjuntamente contra a "subversão".

Observa-se nesses documentos, até há pouco tempo secretos, uma recorrente menção à Marinha e considerações elogiosas sobre Eduardo Massera, como demonstra o "telegrama confidencial urgente" do dia 27 de julho de 1977.

Ali se fala de uma suposta viagem de Massera ao Rio de Janeiro como parte de sua agenda diplomática pessoal e da influência do marinheiro na política externa da ditadura, que esteve marcada pela aproximação com Brasília.

"Essa mulher"
O ex-prisioneiro da ESMA, Victor Basterra, declarou ao Página 12 que teve conhecimento do enlace entre esse centro de detenção clandestino da Armada e os serviços brasileiros.

Basterra,que realizou um extraordinário trabalho de contra inteligência sobre a repressão durante seus anos de cativeiro, lembra que na ESMA foi obrigado a montar cartazes com as fotos de Juan Gelman e do padre Jorge Adur, desaparecido em 1980, que foram enviados à fronteira com o Brasil.

A cooperação entre a ESMA e os organismos repressivos brasileiros se prolongou pelo menos até novembro de 1982, "isto me consta, tenho certeza de que foi assim", afirma o ex-prisioneiro político depois de citar datas e nomes com uma precisão que assombra.

O testemunho de Basterra e os telegramas enviados da Embaixada de Londres não deixam dúvidas de que Brasília esteve envolvida na Operação Condor, no plano repressivo e diplomático até 1982. O conluio começou poucos dias antes do golpe, no dia 18 de março de 1976 quando foi seqüestrado o pianista Francisco Tenório Cerqueira Santos, que havia participado em um espetáculo oferecido por Vinicius de Moraes e Toquinho no teatro Gran Rex.

A historiadora Janaína Teles conta com provas incontestáveis, datadas nos dias 20 e 25 de março de 1976 (teriam sido apresentadas perante a Justiça argentina), sobre a cumplicidade entre o regime brasileiro e a ESMA nesse crime.

Trata-se de duas notas enviadas à Embaixada do Brasil, assinadas por Jorge "Tigre" Acosta, que fazem referência à detenção e posterior morte do pianista.

Um dia depois do comunicado que a Marinha dirigiu à Embaixada em Buenos Aires, em 26 de março de 1976, a Sociedade Musical Brasileira requereu ao ditador Ernesto Geisel informações sobre Cerqueira Santos, e o Itamaraty respondeu que estava realizando "esforços" para dar com seu paradeiro, mas carecia de qualquer informação ao respeito.

Em 1979 a mítica Elis Regina dedicou seu disco "Essa Mulher" à memória do pianista assassinado.

Projeto da grande imprensa é varrer a ‘era Lula’

Por Roberto Amaral*

O ponto de partida dessas reflexões é uma obviedade: a crise dos partidos, que no Brasil não é maior nem menor do que a crise dos partidos europeus e norte-americanos. No velho e exausto continente desapareceu a esquerda socialista e os socialdemocratas se confundem com os conservadores, e todos se afundam de braços dados na crise do capitalismo. Nos EUA, o bipartidarismo tacanho é construtor de impasses institucionais, de que é exemplo a negociação do teto da dívida. Em nosso país reproduz-se o esgarçamento ideológico dos partidos de esquerda e é crescente a distância entre a vontade do eleitor e o titular do mandato, construindo a falência do sistema representativo, de que a desmoralização do Legislativo e da vida parlamentar é exemplo acachapante.  Ainda no caso brasileiro, talvez nos separando da crise europeia, identificamos perigoso desdobramento, a saber, a desconstituição da política, com a desmoralização do seu fazer e o anúncio de sua desnecessidade.
'O projeto, agora, é varrer a ‘era Lula’, preferentemente destruindo o político Lula', diz Roberto Amaral. Foto: Instituto Lula
Tira-se a política da vida democrática, fica o quê?
Tiram-se os partidos do processo político, fica o que?
Tirem-se os políticos da política, ficará o quê?
Ainda que a expressão golpe sugira putsch, ação rápida, virada de mesa, os golpes-de-Estado são longamente preparados. A implantação do Estado Novo foi gestada já nas entranhas do governo constitucional de 1934; o golpe militar que culminou com o suicídio de Vargas e a posse de Café Filho, a serviço da UDN e dos militares, foi longamente preparado pela grande imprensa que também preparou a opinião pública para o golpe de 1964 que, na caserna, começou a ser tramado pelo Gal. Denis (cf. suas memórias) no dia imediato da posse de João Goulart.
De comum, na retórica dos golpistas, a denúncia da corrupção, não como fenômeno em si, mas como doença sistêmica do Estado e, agora, manipulada pelos partidos que ousam ocupar os cargos para os quais seus representantes foram eleitos pela vontade da soberania popular.  Foi igualmente o combate à corrupção que construiu Jânio Quadros (“varre-varre vassourinha, a sujeira desse país”) e Fernando Collor (o ‘caçador de marajás’), com os resultados conhecidos.
Vargas, homem probo, era acusado por Carlos Lacerda de governar sentado sobre um “mar de lama”, que se revelou igual às ‘armas de destruição em massa’ de Saddam.
Não afirmo que esteja em gestação um golpe-de-Estado (como realmente esteve em 2005), mas digo que estão sendo criadas as condições subjetivas que amanhã poderão tornar palatável um ataque ao sistema democrático, como consequência natural da perseguida desmoralização dos políticos, dos partidos, da democracia, da política e do Poder Legislativo.
A quem interessa essa desmoralização da vida pública, afastando o cidadão da política, ao convencê-lo de que a corrupção é elemento intrínseco ao fazer político?
Pode o sistema democrático-representativo conviver com a demonização dos partidos?
Quando a imprensa reduz todos os problemas do país à corrupção, e a apresenta como intrínseca à política – ameaçando a continuidade do processo democrático –, ela está igualmente interditando o debate sobre as questões centrais do país: a desfuncionalidade do regime capitalista.
O ex-ministro Roberto Amaral, novo colunista de CartaCapital
No Brasil, a crise dos partidos atinge indistintamente esquerda e direita. A esquerda renuncia ao papel finalístico de crítica ao regime econômico, a direita ora se esconde sob o disfarce da socialdemocracia, ora se transforma em porta-voz de uma imprensa sem compromissos com a democracia e os interesses nacionais. É esta imprensa, todavia, que pauta a vida política nacional.
No Brasil, ao invés de os partidos possuírem meios de comunicação ou de utilizá-los em seu processo de vida, isto é, na batalha ideológica, é a imprensa que possui partidos e nessa condição dita-lhes metas, temas, ações e conspirações. Dessa forma a chamada “grande imprensa” articula a oposição. A mesma imprensa que participou das operações de desestabilização do governo Vargas e da preparação do golpe de 1964, por ela sustentado, é a mesma que não consegue assimilar a emergência social e política das parcelas menos aquinhoadas da população. Para essa imprensa preconceituosa, é insuportável as ruas cheias de carros dirigidos por pobres e pobres superlotando os aeroportos. E mais: é insuportável que seja essa gente, a gente do povo, quem esteja decidindo as eleições no Brasil.
Fernando Henrique Cardoso, em um de seus inumeráveis momentos de excepcional infelicidade, anunciou o fim da “era Vargas”, prometendo realizar o que os militares não haviam logrado em 20 anos de ditadura. Também não conseguiu. Mas a direita é renitente. O projeto, agora, é varrer a “era Lula”, preferentemente destruindo o político Lula, ainda que seja ao preço de destruir a democracia, para poder destruir o que ele representa, e representou a frustrada experiência de João Goulart, donde a sentença de morte executada no dia 1º de abril de 1964: a emergência das massas.
Mas, lamentavelmente, não é só isso, pois é inesgotável o poço de preconceitos de nossas elites.
A Presidência da República foi sempre um posto reservado “aos mais iguais”, os marechais, os generais, os grandes fazendeiros ou seus representantes, os doutores. Mas eis que uma disfunção sistêmica permite a eleição de um outsider: um operário, um líder sindical, de sobrenome Silva, sem passagem pela academia, expulso pela seca do rincão mais profundo e pobre do sertão nordestino. E… escandalizam-se os repórteres, um monoglota. Esse intruso, além de eleger-se, se reelege, e, suprema humilhação, elege sua sucessora. Nada obstante toda a resistência que provoca, Lula pode retornar ao poder – este o grande temor da direita brasileira –, se não fisicamente, muito provavelmente mediante um governo que seja a continuidade do seu.
Nesse ponto se dão as mãos o reacionarismo da grande imprensa e a degenerescência cultural de grande parte da classe-média brasileira: ambas desprezam o povo, nosso povo, o homem comum das ruas, mestiço, trabalhador, a quem negam as qualidades de pioneiro e construtor. Por isso, a elite brasileira quer ser branca, fisicamente europeia e culturalmente norte-americana; depois de sonhar com Londres e Paris, construiu como meta de vida passear na Disneylândia. Para essa elite, para essa classe-média, para essa imprensa é insuportável a vitória do homem do povo, de um “Zé da Silva”. Pois foi um Silva, nordestino (ainda mais um nordestino!) expulso de sua terra pela inclemência do clima, que consertou o Brasil e refez a obra, a desastrada obra de desconstituição do País, encetada pelo “príncipe” dos sociólogos brasileiros, professor titular da orgulhosa USP.
É preciso, pois, demolir um sistema político que permite a eleição de um Lula.
O ponto de partida é a destruição da política, depois da desmoralização dos políticos e dos partidos. Como sabemos que é impossível sustentar uma democracia sem políticos e sem partidos políticos…
Esta operação está em curso.
Nem mesmo os néscios de carteirinha supõem que a atual campanha da grande imprensa tem por objeto a defesa dos interesses de nosso povo ou de nosso país. Senão a desmoralização da política
No Brasil, a liberdade de imprensa, que precisa ser a mais ampla possível, limita-se à liberdade, sem responsabilidade, das grandes empresas de comunicação, que expressam o pensamento único, não apenas em seus editoriais (que ninguém lê), mas agora quase principalmente no noticiário, seja nacional seja internacional (repertório das grandes agências), nas reportagens e no pensamento de seus colunistas e colaboradores. Estes são escolhidos ou por partilharem do pensamento patrão, ou por a ele se haverem adaptado para serem colunistas. E nesta hipótese, serviçais, procuram ser mais realistas do que o próprio rei.
Não sejamos injustos, porém, atribuindo esse discurso único e a cantilena reacionária exclusivamente ao mando dos interesses do baronato da grande imprensa: ela é alimentada, cevada, por uma geração de jornalistas e repórteres fiel a essa forma unilateral de ver o mundo. Para essa gente a defesa dos interesses do país é um arcaísmo, a especulação financeira um sinal de modernismo, a concentração de renda o caminho do desenvolvimento, a política, um entrave, a democracia, um “detalhe”.
Um de seus subprodutos é o denuncismo gratuito, irresponsável, a acusação que primeiro se faz, para depois perquirir a prova. O denunciado é condenado já pela simples denúncia, sem possibilidade de reparação pública. Se amanhã a acusação não se comprova, azar.
Nos recentes tempos da recente ditadura seus opositores eram, primeiro demitidos, presos, torturados e muitas vezes “desaparecidos”, para depois serem processados e em alguns casos até “absolvidos”. Vencido o terrorismo militar, os políticos são expostos à execração da opinião pública, eviscerados em sua intimidade política, e ao fim destruídos eleitoralmente, depois de assassinados moralmente, culpados ou não. A regra é a mesma: primeiro a pena, depois o julgamento.
Se, por um lado, é plenamente respeitada e garantida a liberdade de imprensa, por qualquer de seus meios, falta ao povo a liberdade de informação ou o direito à informação isenta.  Faltam-nos meios de obter outras visões da mesma realidade, de uma análise crítica das questões nacionais e internacionais, e qualquer tentativa de alterar o lamentável quadro vigente é, de forma alarmante, noticiada pelas empresas de comunicação como ameaça à liberdade de imprensa.
Ainda sob os efeitos das vitórias de Lula, alcançadas sob o tiroteio implacável de uma imprensa unanimemente opositora, os partidos de esquerda tendem a subestimar o papel ideologicamente corrosivo exercido pela grande imprensa – rádios AM, televisão, jornais e revistas — exercem sobre as cabeças e mentes dos brasileiros.

*Roberto Amaral é cientista político, advogado e escritor. Foi ministro de Ciência e Tecnologia no primeiro governo Lula e diretor-geral da Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Atualmente, é membro do Conselho de Administração do BNDES, conselheiro da Itaipu Binacional, secretário-geral da Coordenação Socialista Latino-americana (CSL) e primeiro vice-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB)

Lupi tem que ficar

Sardenberg foi quem autorizou a BrOi na Anatel

O ansioso blogueiro assistiu a trechos da sabatina do Ministro Lupi no Senado.

O buzilis da questão é:

1) Lupi usou dinheiro do Erário para ir ao Maranhão ?

Resposta: não.

2) Lupi usou o Ministério do Trabalho para beneficiar o empresário porque é dono do avião em que viajou?

Não.

O resto, como diria o Nelson Rodrigues, é o luar de Paquetá.

Se o amigo navegante fosse Ministro do Trabalho andaria de avião sem saber quem é o dono ?

Não.

Não é correto.

Como não foi correto o Ministro Sardenberg do Governo impoluto do Farol de Alexandria usar avião da FAB para passear em Fernando de Noronha.

E o Supremo o absolveu por 6 a 5 porque, segundo o Supremo, ministros merecem um tratamento  especial …

Viva o Brasil !

Como não é correto o Senador Heráclito Fortes andar para cima e para baixo no jatinho do banqueiro condenado.

Mas, isso não justifica mandar o Lupi embora.

Lupi chamuscou a imagem do Governo Dilma ?

Sim.

Dilma deveria trocá-lo na próxima reforma ministerial.

Provavelmente sim.

Dilma deveria ceder à Veja ?

Não.

Agora, amigo navegante, o PiG é nocivo não porque denuncie corrupção.

Lupi não meteu a mão no Erário.

Lupi não comprou ambulância super-faturada.

Tem que ficar.

Em tempo: a última intervenção na sabatina foi a do Senador tucano de São Paulo e filiado ao PT, Eduardo Suplicy, o que lhe garantiu trânsito livre no PiG. Breve será entrevistado no “Entre Caspas” da Globo News.

Paulo Henrique Amorim

Satiagraha: Gurgel, sebo nas canelas !

  ínclito delegado Protógenes Queiroz se recupera de quase fatal lesão no tornozelo, fruto de uma bola dividida em medíocre pelada com o time dos deputados federais.

Foi quando ouviu de uma enfermeira:
deputado ? Não, esse eu não atendo !

Agora, o contundido deputado divulga a informação que pode salvar a Operação Satiagraha.

O brindeiro Procurador Geral, Roberto Gurgel, acaba de receber do Superior Tribunal de Justiça a estarrecedora decisão do STJ de sepultar a Operação Satiagraha por “perigo de gol”.

O STJ seguiu a decisão da “Súmula Vinculante” do próprio STJ, no sepultamento da Castelo de Areia:
rico não pode ser sequer investigado; quanto mais condenado.

De posse, agora, da estarecedora decisão, cabe ao brindeiro Procurador recorrer ao Supremo e fazer a Satiagraha sobreviver.

O ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo vai se considerar impedido de votar, por ter cometido aquele ato que se inscreveu na História da Magistratura Ocidental: dar dois HCs Canguru em 48 horas para soltar um banqueiro condenado a dez anos de cadeia.
Clique aqui para ver a reportagem histórica do jornal nacional e que Gilmar Dantas (*) solenemente ignorou.

A credibilidade da Justiça brasileira está nas mãos do brindeiro Gurgel.

Será que ele participou daquela pelada de procuradores no campo do Cruzeiro, do mesmo presidente do Cruzeiro que os Procuradores, teoricamente, devem investigar ? (
Clique aqui para ler a edificante reportagem da Folha.)
Clique aqui para ir ao vídeo em que a Corregedora Calmon diz umas coisinhas sobre a Justiça e a promiscuidade, o conflito de interesse.


Paulo Henrique Amorim


(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.


Al-Qaeda neoliberal ameaça Europa


Fanáticos pelo mercado ameaçam Europa 

Pouco a pouco, começam a ficar claros os problemas reais e os problemas imaginários que empurram a Europa para perto do abismo e podem jogar a economia mundial num pesadelo medonho.

Há um problema institucional real. A crise européia é uma típica crise de demanda que, aprende-se nos manuais econômicos, deve ser enfrentada por medidas anti-cíclicas de crescimento. O problema: o Banco Central Europeu, que costuma desempenhar esse papel em qualquer parte do mundo, não tem a mesma liberdade para agir no Velho Mundo. O BCE não pode imprimir dinheiro comprando titulos diretamente do tesouro de cada país, medida que seria útil para manter uma oferta de crédito capaz de estimular a economia.

Mas há um problema político. Nada impede – teoricamente – o Banco Central europeu de comprar títulos nacionais nos mercados. O efeito traria benefícios semelhantes e poderia jogar a crise para longe. Mas o BCE resiste a tomar essas medidas. O BCE até tem feito compras, mas gasta pouco: algo como 187 bilhões de euros, ou apenas 10% de seus gastos, nos últimos doze meses, quando seu infeliz ex-presidente dizia que a prioridade da instituição era combater a inflação. Na semana passada, enquanto os juros italianos explodiam, o BCE fez compras ainda mais modestas, no valor de 4,5 bilhões de euros, ou a metade dos gastos de uma semana antes, quando a crise ainda não era tão grave. É claro que, se tivesse feito compras num volume maior, os juros italianos não teriam atingido um nível recorde.

E também é certo que, se o BCE deixasse claro que essa seria sua política até a crise sumir do horizonte, os juros começariam a baixar e os mercados iriam dirigir sua cobiça para outros lugares.

É certo que nem todos os problemas da Europa estariam resolvidos. Mas, pelo menos, estariam encaminhados sob outra perspectiva. Haveria tranquilidade política para se discutir o que fazer daqui para a frente.
Mas o BCE não faz isso e é duvidoso que comece a fazê-lo. A certeza de que há novas chances de ganhos para os mercados foi a alta nos juros que os
franceses tiveram de pagar nos últimos dias para rolar suas próprias dívidas. Não foi uma alta recorde mas foi uma alta suficiente para deixar Nicolas Sarkozy
falando sòzinho, sem direito à coreografia de vice-rei europeu ao lado da monarca absolutista Angela Merkel.

Há outra distorção, porém. Num artigo publicado na primeira página do Internacional Herald Tribune, em 15/11/2011, e que é fonte dos dados que usei acima, Jack Ewing observa:
“Desde o começo da crise financeira, o BCE tem emprestado aos bancos privados da zona do euro todo o dinheiro que eles desejam, tentando manter a liquidiz que é o sistema circulatorio do sistema financeiro global. Mas porque o BCE tem-se  recusado a oferecer o mesmo serviço a países como Italia e Espanha, não está enfrentando o problema fundamental da área do euro. E assim os governo endividados têm de pagar altos juros para pegar dinheiro no mercado.”

Embora o desastre esteja cada vez mais visível, essa postura do BCE  tem o respaldo de grandes instituições financeiras e mesmo do governo alemão e até agora dos franceses. Todos concordam com os empréstimos aos bancos privados, que cumprem a função – necessária – de impedir sua falência. Mas condenam toda medida capaz de salvar países que podem quebrar – o que é mais necessário ainda. Com variações de ênfase, todos insistem na mesma linha: tanto a Espanha, como a Italia, podem sair da crise financeira. O que lhes falta não é apoio financeiro, mas vontade política, dizem.  Só não se esclarece o principal: vontade política para que? Simples: é vontade para enfrentar a população de seus países e obrigá-la a aceitar cortes nas aposentadorias, elevação do desemprego, redução no consumo das famílias. Por essa razão George Papandreou foi forçado a renunciar ao governo da Grécia e parar com aquela brincadeira de mau gosto chamada referendo e Silvio Berlusconi foi demitido sem bunga-bunga.

O risco de um futuro socialmente horroroso está claro.

Se o BCE mantiver seu comportamento atual, o avanço da crise irá quebrar os governos europeus e derrubar diversas economias, uma apos a outra. O estado do Bem-Estar social será inviabilizado por falta de receitas, que só podem ser obtidas com desemprego baixo, salários em dia e consumo em alta. A Europa entrará naquele processo clássico  chamado de “destruição criadora.” Após as ruínas do modelo atual, pode surgir no fim do funel um novo desenho economico, baseado mão-de-obra barata, em serviços públicos desmoralizados, num salve-se quem puder autorizado pelos mercados.

Há muitos anos que os fanáticos pelo mercado sonham com essa oportunidade. Estão convencidos, sinceramente, de que o mundo ficará melhor desse jeito — ao menos para eles e os poucos que puderem participar de sua festa.  Acham que as garantias sociais ameaçam a liberdade das pessoas e são um fardo para o crescimento. Não chegam ao extremo de identificar bem-estar social e comunismo, como a direita americana, mas se aproximam.

Dizem isso. Escrevem.  Essa visão deixa sem ação  boa parte dos governantes europeus, que não ousam ferir nenhum centavo destes interesses. Assistem ao desastre e, hipocritamente, dizem lamentar-se pelo sofrimento dos que não tem como se defender.

Este é o jogo na Europa, hoje.
Leia mais em: O Esquerdopata

Brasil em 2008 – Marolinha. AO MESTRE COM CARINHO

A Marolinha e os Abutres
Com 20 dias da explosão do Lehman Brothers e da crise instalada de forma incontrolada nos EUA e ameaçando a Europa, o ex-Presidente Lula de forma simples definiu o que seria a crise no Brasil: Marolinha. Depois reafirmou que “o Brasil será o último a entrar em crise e o primeiro a sair”.
A reação foi desenfreada para desqualificar o Presidente Lula, quilos e quilos de editoriais, “especialistas” nos programas de televisão para desmentir o que ele dizia, nem a humildade de perceber que as palavras ali eram para que o cidadão comum entendesse a crise e que o Brasil podia enfrentá-lo, nada foi considerado. Aqui uma pequena amostra do que disseram – a mídia e a oposição – na melhor fusão de ambos:
“Era um telhado com goteiras, e o dono da casa tentava pegar a água com baldinhos. Ontem caiu parte do telhado: a queda de 17,2% da produção industrial em janeiro, em comparação com janeiro de 2008 — o pior resultado desde 1991 —, fez cair a ficha de que o país pode ter recessão em 2009. Há fatos preocupantes. Quem acreditou na tese da “marolinha” tomou decisões que aprofundam a crise agora.
(…)
O governo Lula continua perdido. Para ele, o que há é uma crise do “neoliberalismo”. O que há é uma crise econômica, senhores e senhora. Ela é grande e nos atingiu há meses.
(Miriam Leitão 7/3/2009)
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“O quixotesco presidente Lula é outro que prefere indicar o caminho de um otimismo imaginário e enganador a aceitar a realidade. Diante da intensidade da crise nos últimos 30 dias, a tentativa de reduzi-la ao tamanho de uma marolinha mostrou-se ridícula. Lula até descreve direitinho a cadeia de acontecimentos: se o cidadão não compra, as vendas caem, as empresas reduzem a produção e o trabalhador perde o emprego. Afinal, é isso que ensinam manuais de economia e é o que está acontecendo. Só que Lula ignora um detalhe poderoso: quem desencadeia a perda de vendas, da produção e do emprego não é o cidadão, mas a pior crise econômica global dos últimos 70 anos. Não serão seus extravagantes conselhos de consumo que irão derrotá-la.” (O Estado SP – O real e o imaginário na crise 11/01/2009) *Suely Caldas, jornalista, é professora de Comunicação da PUC-Rio
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“A percepção popular é a de que a população está sendo lograda. A história da marolinha pegou e as pessoas estão vendo que o Lula as estava ludibriando”, afirmou Agripino Maia. “Há uma realidade que o governo não foi capaz de enfrentar, de encarar de frente o risco de uma crise interna e externa. A opinião pública está sentindo que, na prática, a crise não está sendo verdadeiramente enfrentada”, disse Sérgio Guerra. (O Estado SP – Para oposição, crise derrubou aprovação ao governo Lula 30/03/2009)
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“Os brasileiros, portanto, ainda acreditam em Papai Noel e que a crise é só uma marolinha, enquanto o tsunami devora 1,2 milhão de vagas em três meses e 533 mil num único mês nos EUA. E está vindo.
Isso demonstra má informação e confiança quase mística em Lula.”
* Eliane Catanhêde (Folha Sp – Bota tsunami nisso! 7/12/2008)
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“O governo perdeu a chance de preparar o Brasil para a crise. Num aspecto, estamos piores do que a própria Argentina, que não tem déficit na conta corrente do balanço de pagamentos nem déficit fiscal.
“A crise é do Bush, não é minha”. “Aqui, se a crise chegar, vai ser uma marolinha”. O talento do presidente Lula para se esquivar de responsabilidades é conhecido. Mas o país depende agora de duas habilidades que seu governo ainda não mostrou: firmeza e competência para tomar decisões difíceis e capacidade de negociação transparente e baseada no interesse nacional.
* Sérgio Guerra, economista, é senador da República pelo PSDB-PE e presidente nacional do PSDB. (Folha SP – Uma crise (inter) nacional 14/10/2008)
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“Mesmo os mais cabeludos já estão carecas de saber que o presidente Lula exagerou, exageradamente, ao dizer, em outubro passado, que a crise – “um tsunami lá nos Estados Unidos – chegaria ao Brasil, se chegasse, como uma “marolinha”. Hoje, Lula é malhado, com razão, sem dó nem piedade, por gregos e baianos – principalmente os que lhe fazem oposição.” José Paulo Kupfer, Estadão 17/03/2009)
O DataFolha foi usado para tentar “provar” que Lula estava errado, que a declaração sobre marolinha não era aprovada pela população:
“Diminuiu sensivelmente desde novembro a concordância com a frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a crise, se chegasse aqui, seria apenas “uma marolinha”, informa pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta sexta-feira pela Folha.
Segundo a pesquisa, a porcentagem dos que concordam caiu de 42% para 35%, enquanto os que discordam aumentaram de 39% para 50%. Mas segue alto o grau de concordância com outra frase –a de que “o Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito pequeno”: ele caiu de 53% para 50%.
A piora da crise econômica mundial fez a aprovação ao governo Lula cair cinco pontos percentuais –de 70% para 65%. O levantamento revela também que o percentual de brasileiros que tomaram conhecimento da crise subiu de 72% para 81%, em relação a última pesquisa divulgado em novembro do ano passado”. (Folha de S, Paulo 20/03/2009)
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A Virada de Lula

Como toda declaração de Lula quase foi massacrado pela mídia e seus acólitos no parlamento. Porém ele jogou todo seu patrimônio político no combate a crise, enfrentou-a de peito aberto, com o significativo pronunciamento no natal de 2008.
Mesmo com toda torcida contra, Lula jogou todas as suas forças e recursos do Estado para que o Brasil fosse pouco atingido pelos efeitos da crise, importante lembrar os coveiros (Miriam Leitão, Sardenberg, PSDB e DEM) que torciam entusiasmados com a possibilidade de derrotar o governo, todo dia eles comemoravam um número ruim que saiam, em abril chegaram a dizer que o desemprego iria explodir em 2009, que a geração de novos empregos seria nula. No parlamento a ‘“marolinha” era motivo de chacota, os programas eleitorais do DEM/PSDB/PPS repetiam as piadas sobre a crise.
Logo em junho a situação se reverteu, o pior passara, o crescimento seria ZERO, mas o mundo todo em média seria de -4%, ou seja, estávamos no Lucro. A previsão de geração de emprego foi de 1 milhão(confirmado com 995 mil novos empregos).
Para variar Lula foi reconhecido no exterior pela sua imensa coragem de enfrentar a crise, ao contrário do governo FHC que sucumbira nas crises: Tigres Asiáticos e Russa. Lula saiu como o grande vencedor, mas melhor ler o que publicou o Le Monde no começo de Setembro de 2009:
Ao prever com ironia um ano atrás que “o tsunami” da crise provocaria em seu país uma simples “marola”, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, acertou: a recessão só duraria um semestre.
O produto interno bruto aumentou 1,9% no segundo trimestre de 2009, depois de ter recuado durante dois trimestres consecutivos: -3,4% (outubro-dezembro 2008) e -1% (janeiro-março 2009).
Segundo o ministro da economia, Guido Mantega, o gigante sulamericano deverá recuperar em 2010 sua velocidade média anterior à crise, em torno de +4,5%.
Atingido pela recessão mais tarde que a maioria dos países do mundo, o Brasil também saiu dela antes, como mostram dois outros índices: a Bolsa de São Paulo retomou seu alto nível de um ano atrás e a moeda, o real, recuperou toda sua força frente ao dólar e o euro.
A rápida recuperação do Brasil mostra como foi acertada a estratégia adotada pelo governo, com enfoque sobre o apoio do mercado interno. Reduções de impostos na indústria automobilística e de eletrodomésticos mantiveram as vendas nesses dois setores industriais cruciais.
O Banco Central ajudou os bancos em dificuldades, retirando de suas gordas reservas – US$ 200 bilhões – para irrigar o mercado que havia secado. Grandes empresas, como a gigante mineradora Vale, ficaram com medo, congelando seus investimentos, o que é criticado pelo presidente Lula hoje. Mas a confiança dos consumidores não foi abalada: “A economia sobreviveu graças aos mais pobres”, ressalta Lula.
Lula passou a ser visto no mundo como o “CARA” nas palavras de Obama, sua rapidez de agir, firmeza e principalmente a confiança de que só nós podíamos vencer a crise convenceu a população de que era possível. Jamais, em tempo algum, aqueles acima citados fizeram ou farão mea-culpa do que escreveram e falaram, mas eles passarão para história apenas como ideólogos do caos, do sentimento de vira-latas que assolou por longos anos o Brasil.

A mancha da vergonha


Ontem, com a entrada da Polícia Federal no assunto, o escândalo do vazamento de petróleo começa, ainda que timidamente, a aparecer.
E, com ele, as dimensões da mancha de vergonha que cobre a grande imprensa brasileira.
Na Folha, já se fala até que a PF apura até a presença de autoridades americanas na plataforma sem comunicação oficial ao Brasil.
Seria isso o que a grande imprensa, segunda-feira, publicava como “” para enfrentar o problema, repetindo os releases da companhia?
Se o distinto leitor procurar na internet, até este momento, não verá nenhum nome de pessoa ligada à Chevron dando qualquer explicação, apenas transcrições dos releases da empresa.
Aliás, para não ser injusto, verá apenas a assessora de imprensa, na quinta-feira passada, dizendo que o desastre era “natural” e, no mesmo dia, uma vaga menção à Sra. Patrícia Pradal, diretora de relações do governos da empresa, a mesma que foi apontada pelo Wikileaks como interlocutora de José Serra.
Não é possível que um simples blog como este, durante cinco dias, tenha podido ter mais informações que toda a grande imprensa, inclusive as imagens da mancha de óleo que só hoje foram publicadas pela Folha.
E, assim mesmo, registrando que a Chevron disse à ANP que a mancha tinha 24 km de extensão, quando na própria reprodução do jornal fica evidente que ela tem mmais de 100 km de comprimento e largura variável. Detalhe: a foto é do dia 13, quando as condições atmosféricas ainda permitiam que o mar fosse visto sem nuvens o cobrindo.
Ou seja, a simples imagem desmente a versão da petroleira e ninguém é chamado às falas para explicar.
Ainda assim, muito bom que a Folha a tenha publicado.
Em nome do interesse público é vital que tenham começado a aparecer as verdadeiras dimensões do desastre.
Mas, com ela, também vai se revelando a imensa mancha de vergonha que cobre o comportamento da mídia brasileira neste processo.

Barões da mídia estarão mortos e Lula ainda estará fazendo política


Este blogueiro e sua família foram surpreendidos pela imagem enternecedora, porém algo melancólica, da senhora Marisa Letícia tirando a barba de um Lula já privado dos cabelos. Minha mulher, minha primogênita, meu filho e eu mesmo admiramos o gesto do ex-presidente, mas o consideramos um tanto quanto abatido. Mas, enfim, é subjetivo.
Escrevo por outra razão: a ferocidade dos cães da imprensa golpista que não concedem ao homem nem o direito de adoecer sem lhe fazer acusações pela doença mortal que o acomete. Ferocidade que não dá trégua. Acusam-no de explorar politicamente essa coisinha de nada que foi cabelos e barba começarem a cair devido à torturante quimioterapia que enfrenta.
Claro, Lula só pensa em política. Está sentindo os efeitos de um tratamento que pode – ou não – salvar sua vida e nem assim interrompe esse crime de que seus adversários o acusam há mais de trinta anos, o crime de fazer política.
Bem, este blogueiro sujo (segundo José Serra) e primário (segundo o colunismo da Folha de São Paulo) tem uma má notícia não só para os pistoleiros que os barões do café… digo, da mídia contrataram para atacar sem qualquer resquício de humanidade os seus adversários políticos: daqui a cem anos, estarão todos mortos e Lula ainda estará fazendo política.
Lula não pode evitar fazer política. Sua presença em qualquer lugar público faz política.  Sua mera imagem faz política. Simplesmente porque Lula, falando ou de boca fechada, com ou sem cabelo ou barba e, sobretudo, vivo ou morto estará sempre fazendo política simplesmente por sua história, devido a de onde veio, o que fez e como fez.
Lula fará sempre política, em tempo integral, simplesmente por existir.
Por tudo isso, ninguém duvida de qual será o papel dele na história e de qual papel está reservado a barões da mídia como Otavinho ou como esse ítalo-argentino que a cada semana conspurca um tantinho mais o jornalismo pátrio com seus mastins loucos: um será estudado, exaltado e influenciará a política para sempre, enquanto os outros…

LULA , OS PELOS E A PELE



Em mais de trinta anos de vida política, Lula foi virado no avesso pelo conservadorismo nativo. A direita e seus ventríloquos  midiáticos , com maior ou menor dose de recato,e em alguns casos sem nenhum ,  submeteram  a sua alma, seu coração e seus pensamentos, ademais de manifestações  explícitas de natureza política, a uma tomografia ininterrupta.  Lula ficou nu. Não escaparam seu passado e o futuro --especulado e várias vezes sepultado precocemente , bem como o presente dos parentes próximos ou distantes, amigos , companheiros e colaboradores mais estreitos.  A sofreguidão  frustrou-se a cada golpe desmascarado, cada fraude  e calúnia esfareladas.  A cada suposto revés  definitivo o vínculo  do líder com a sociedade estreitou-se. De um lado cresceu o mito; de outro, recrudesceu o ódio respingado agora da boca dos mais afoitos no episódio do câncer  que o acometeu. O segredo de sua liderança, como ele próprio sintetizou um dia a seu modo, decorre de ser uma assumida construção coletiva do povo brasileiro com o qual estabeleceu um vínculo feito de lutas, conquistas, erros e acertos.  Ao se depilar  publicamente agora pelas mãos da esposa, antecipando-se a colaterais da quimioterapia,  Lula  reitera a confiança nesse laço que se sobrepõe às aparências e às versões. Ontem, ele  foi vital para vencer o cerco político. Hoje , emanará energia positiva por parte daqueles que sabem enxergar além das aparências: Lula raspou pelos, mas não trocou de pele.
(Carta Maior; 5ª feira, 17/11/ 2011)