Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sábado, 5 de novembro de 2011

Demita de uma vez o próximo ministro, presidenta Dilma

Diante da sexta denúncia da imprensa contra mais um ministro de Vossa Excelência, este blog vem pleitear que o país, desta vez, seja poupado de processo similar aos cinco desgastantes processos anteriores que culminaram com a rendição de seu governo ao clamor da imprensa após semanas de humilhação pública dos acusados e de paralisação da administração pública.
Não se questiona, aqui, a prerrogativa de Vossa Excelência de nomear e demitir auxiliares e de resistir ou não a ultimatos como o que um colunista da revista Veja acaba de fazer ao dizer que a senhora irá “descobrir” que “não pode” manter ministros no cargo quando “a imprensa” se decide a derrubá-los e que, por isso, deve demitir logo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Cinco experiências anteriores bastam para provar que se tornou inviável Vossa Excelência resistir, pois qualquer suspeita levantada pela imprensa cedo ou tarde gera um desenlace que, se ocorresse com qualquer governo além do governo federal, inviabilizaria a administração pública em qualquer nível (federal, estadual e municipal) assim como vai inviabilizando a do país.
Ao perguntar a qualquer pessoa o que lhe vem à cabeça quando se menciona o governo de Vossa Excelência, a resposta fatalmente será “Queda de ministros por corrupção”. Isso a despeito da existência de uma corrente de pensamento que ainda trata cada uma dessas quedas como fato isolado em vez de como parte de um processo que começou por volta do quarto mês de seu governo e não parou mais.
Como essa corrente de pensamento é a que tem prevalecido nas considerações e decisões de Vossa Excelência, presidenta, apesar de suas declarações anteriores à queda do ex-ministro Orlando Silva de que outros ministros que deixaram o cargo o fizeram por iniciativa própria, não há por que perder mais tempo. A demissão do ex-ministro do Esporte provou que não era bem assim.
Não faltou a Orlando Silva e ao seu partido disposição para resistir. O que lhes faltou foi o apoio de Vossa Excelência, que, após um pronunciamento inicial, não mais saiu a público denunciando o processo de sabotagem político-administrativa de seu governo que a nova denúncia comprova que está em curso, até por força de ter sido feita em um espaço de tempo ridiculamente pequeno entre a denúncia anterior e a atual.
Eis o script que o país se habituou a ver: o ministro-alvo irá negar as acusações, seu partido protestará, Vossa Excelência manifestará confiança no acusado e professará fé no “princípio civilizatório de presunção da inocência”, alguns aliados do governo dirão que é melhor demitir, o Ministério Público se curvará e denunciará o acusado mesmo sem provas, o Judiciário o seguirá e, ao fim, outro ministro cairá.
Não se nega o direito constitucional de Vossa Excelência de agir como bem entender em relação aos seus auxiliares e adversários políticos. O que se questiona, aqui, é a paralisação da administração federal por semanas antes da capitulação. A sociedade inteira, assim, acaba prejudicada por incompetência ou por desonestidade do Poder Executivo (como querem a imprensa e a oposição) ou por fraqueza política desse Poder (como prefere este blog).
Nesse aspecto, o colunista da revista Veja que lhe fez um ultimato que tantos outros iguais a ele farão nos próximos dias, tem razão. Vossa Excelência “não pode” manter ministros que a imprensa e a oposição queiram derrubar. Não estão inventando nada.
Sendo assim, demita logo mais esse ministro, presidenta. O desgaste político e administrativo será infinitamente menor e a parcela da sociedade menos afeita à política, aquele setor que demora mais para tomar conhecimento de fatos como esse, talvez nem fique sabendo de nada se Vossa Excelência obedecer mais celeremente ao “clamor da imprensa”.

Entendendo a Agressão de Israel e EUA ao Povo Palestino


          Durante muitos séculos não houve conflito algum no Oriente Médio. Até o Século XIX a terra da Palestina era habitada por uma população multicultural – atingindo aproximadamente 86% de muçulmanos, 10% de cristãos e 4% de judeus em meados do século XIX – vivendo em paz.




A região em 1917, antes da criação de Israel


O Sionismo
No final do século XIX, um grupo na Europa decidiu “colonizar” aquela terra. Conhecidos como Sionistas, aquele grupo compunha uma pequena minoria do povo judeu. A vontade última do movimento sionista era criar um Estado Judeu, cogitando lugares na África e nas Américas antes de se decidir pela Palestina.
          A migração de judeus da Europa para a Palestina, no início, não causou problema algum. Contudo, à medida que mais e mais Sionistas migraram para a Palestina – muitos com o desejo expresso de tomar posse da terra para criar um Estado Judeu – a população local ficou alarmada. Num determinado momento a luta começou e ondas de violência se tornaram crescentes. A subida de Hitler ao poder na Europa e as atrocidades nazistas, combinadas às atividades sionistas de sabotagem aos esforços de alocação de refugiados judeus em países ocidentais conduziram a uma escalada na migração daquele povo para a Palestina. O conflito cresceu.

O Plano de Partilha da ONU

         Em 1947, finalmente, a ONU decidiu intervir. Contudo, ao invés de adotar o princípio democrático esposado décadas antes por Woodrow Wilson, de “auto-determinação dos povos”, pela qual os povos criariam seu próprio Estado e sistema de governo, a ONU escolheu reverter ao princípio medieval segundo o qual um poder externo decide a partilha da terra de outro povo.

          Debaixo de considerável pressão sionista, a ONU recomendou a cessão de 55% da Palestina ao novo Estado Judeu – apesar do fato de aquele grupo representar à época cerca de 30% do total da população e possuía menos de 7% da terra.



A partilha de 1947
A Guerra de 1947 – 1949
          Embora seja ampla e corretamente relatado que aquela Guerra, num dado momento, incluiu 5 Exércitos Árabes, menos conhecido é o fato de que durante aquela Guerra as forças judias mantiveram uma superioridade numérica de 3 judeus contra 1 árabe. Mais: ao contrário do que reza o senso comum incentivado pela propaganda os Exércitos Árabes jamais invadiram Israel. Todos os combates se deram em território que deveria ser o Estado Palestino – jamais reconhecido ou respeitado pelo Estado de Israel.
          Finalmente, é de alta relevância ressaltar que os Exércitos Árabes só entraram no conflito após as forças do Estado de Israel haverem cometido 16 massacres, incluindo o brutal massacre de 100 homens, mulheres e crianças em Deir Yassin. O futuro Primeiro-Ministro de Israel, Menachen Begin, líder de grupos terroristas, chamou aquele episódio de “esplêndido ato de conquista”, acrescentando: “em Deir Yassin, como em toda a parte, vamos atacar e massacrar o inimigo. Deus, Deus, O Senhor nos escolheu para a conquista”. Com esta filosofia em mente, forças Sionistas cometeram mais de 30 massacres a Palestinos até 1949.
          Ao final da Guerra, Israel havia conquistado 78% do território da Palestina; 75 milhões de Palestinos se transformaram em refugiados; mais de 500 cidades e aldeias foram destruídas; um novo mapa foi desenhado, no qual todas as cidades, todos os rios e montes receberam um novo nome em hebraico e todos os vestígios da cultura secular dos palestinos foram obliterados. Por muitas décadas o Estado de Israel negou até mesmo a existência da população palestina. A ex-primeira-ministra Golda Meir uma vez disse; “Não existe essa coisa de ‘Palestino’”.

 
Entre 1948 e 1967 - A Palestina vai sendo fagocitada por Israel


A Guerra de 1967 e o “USS Liberty”
Em 1967 Israel conquistou ainda mais território. Na sequência da Guerra dos Seis Dias, durante a qual forças israelenses lançaram um ataque bem-sucedido ao Egito, Israel ocupou um adicional de 22% do território Palestino, segundo as Fronteiras Internacionais decididas pela ONU em 1948 – na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Uma vez que as Leis Internacionais consideram inadmissível adquirir territórios através de Guerra, estes são territórios ocupados, não pertencem a Israel. Durante aquele conflito, Israel ocupou ainda partes do Egito – já devolvidas – e da Síria – as Colunas de Golam – até hoje ocupadas por Israel.
Um episódio grave e pouco divulgado foi o ataque de Israel a um navio estadunidense, o “USS Liberty”. 200 profissionais estadunidenses foram mortos no episódio. A respeito do episódio, o presidente Lyndon Johnson declarou, relembrando vôos de resgate e o apoio dos EUA a Israel, que “não é interessante causar embaraços a um aliado”; o episódio foi suprimido das notícias e livros de história...
(Em 2004, uma comissão de alto nível, dirigida pelo Almirante Thomas Moorer, declarou ser aquele “um ato de guerra contra os Estados Unidos da América", fato pouquíssimo noticiado pela mídia, se o foi...).

Após a Guerra - Seis países Árabes ocupados por tropas Israelenses


O Conflito Recente

Há duas questões primárias, que estão na raiz destes conflitos contínuos desde a criação do Estado de Israel até o dia de hoje:

1 – O efeito desestabilizante de se manter um Estado com preferências étnico-religiosas, particularmente quando é massiçamente composto por um povo de origem externa – a população original do que é hoje Israel era composta por 96% de muçulmanos e cristãos. Nos territórios ocupados por Israel, refugiados muçulmanos e cristãos são proibidos de retornar a suas casas e aqueles que vivem no Estado de Israel são submetidos a sistemática discriminação.

No magnífico documentário “Peace, Propaganda and The Promised Land”, dirigido por Sut Jhally e contando com a participação de intelectuais e ativistas judeus, ocidentais e palestinos, percebe-se como é difícil a vida dos palestinos nos territórios ocupados; entre complicações mil, particularmente relativas ao estrangulamento econômico e ao vandalismo praticado por Israel contra todos os aspectos de representação cultural palestina, ressalta-se:

_ destroem-se bairros inteiros de casas palestinas – sob a falsa alegação de se tratar de “retaliação” a homens-bomba – a fim de que se construam luxuosos condomínios israelitas.
_ o fornecimento da vital água corrente às populações nativas restringe-se a 2 horas por semana enquanto, nos vizinhos condomínios judeus fechados mantém-se piscinas e regam-se plantas ostensivamente todos os dias.
_ é verdade que os palestinos têm controle sobre suas próprias casas durante algum tempo (jamais sabem quando suas vivendas podem ser consideradas “de interesse da segurança nacional de Israel” e assim perder seu direito a moradia) contudo, todas a estradas e passagensdentro do território que em 1948 a ONU decretou ser o Estado Palestino mas Israel jamais respeitou, são controladas por Israel. Um quadro que é descrito como se tivéssemos controle sobre os cômodos de nossa casa mas, a cada vez que precisássemos sair de um cômodo a outro precisássemos da relutante autorização de soldados e fiscais estrangeiros que controlam todos os corredores.
2 – Os habitantes palestinos resistem como podem à contínua ocupação militar israelense e o confisco de propriedades fundiárias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Estes espaços, reduzidos em 22% do que foi decidido pela ONU em 1947, deveriam se tornar o Estado Palestino, segundo os acordos de paz de Oslo, de 1993. Contudo, uma vez que Israel não apenas posterga há já 15 anos o cumprimento dos Acordos de Oslo como vem ampliando o confisco e a ocupação de terra naqueles territórios, os palestinos se rebelam.
          Os judeus moderados apontam estas táticas do Estado de Israel como potencialmente anti-sionistas. Esclarecem que há grupos anti-sionistas capazes de perpetrar atos realmente danosos contra os judeus em escala mundial e a postura agressiva do Estado de Israel, desrespeitando os direitos humanos, praticando crimes de guerras em base cotidiana e desrespeitando a legislação internacional há décadas, contribui violentamente para macular a imagem dos judeus no mundo.

O que resta da Palestina hoje... 

O envolvimento dos EUA
Noam Chomsky, filósofo judeu estadunidense, menciona, em “O Império Americano”, um episódio emblemático: em meados da década de 90, helicópteros israelenses mais uma vez reduziram a escombros duas aldeias palestinas pacíficas na fronteira norte do país, fronteira com o Líbano. Os palestinos reclamaram na ONU o uso de helicópteros “Apache” estadunidenses no massacre a populações desarmadas. O então presidente “democrata” norte-americano Bill Clinton tomou uma medida exemplar (contra a ONU e os Palestinos, como de hábito): mandou mais 5 helicópteros “Apache”, além de pessoal para treinamento das forças israelenses, possibilitando o aumento da eficácia em futuros massacres.
Segundo estimativa de Sut Jhally no documentário acima citado, os EUA enviaram a Israel, entre 1948 e 2008, mais de 100 trilhões de dólares! Anualmente, o contribuinte estadunidense subvenciona o genocídio dos EUA e Israel contra a população palestina em valores anuais de U$ 7 milhões. Certa feita o Governator Arnold Schwarzenegger, se queixou: a administração federal estava enviando mais recursos a Israel do que à Califórnia!
Enquanto os EUA apoiarem e Israel praticar a mais longa ocupação militar da história moderna, esta perpetrada na Cisjordânia e Faixa de Gaza, as chances de paz estão minimizadas.
Confira, no vídeo abaixo, as opiniões de Norman Finkelstein, um intelectual e ativista pela paz entre judeus e palestinos, sobre a ocupação e as brutalidades praticadas por EUA/Israel contra os Palestinos:

O Cachete

CAMPANHA PELA COERÊNCIA.

OK, o pessoal que está cobrando coerência do ex-presidente Lula de se tratar no SUS já que ele defende tanto o sistema conseguiu me convencer. Por isto, abro aqui uma campanha de coerência geral.
  1. Que o ex-presidente FHC que chamou os aposentados de “vagabundos” abra mão das suas cinco aposentadorias para mostrar coerência.
  2. Que o ex-candidato José Serra só se trate com medicamentos genéricos e sempre pegos no programa Dose Certa.
  3. Que o prefeito Gilberto Kassab só ande de ônibus e não de helicóptero.
  4. Que os donos das empresas de comunicação demitam todos os seus filhos e parentes dos comandos de redação para combater o nepotismo de que tanto falam ser contra.
  5. Que a revista Veja, o jornal Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo prestem contas à sociedade do dinheiro público que recebem da venda de milhares de assinaturas feitas pelo governo estadual, assim como cobram das entidades e ONGs que recebem verbas do governo.
  6. Que o pessoal do CQC se tiverem filhas consideradas feias que permitam que sejam estupradas e ainda agradeçam.
  7. Se vivo fosse, seria justo pedir que o ex-ministro Paulo Renato de Souza matriculasse seus filhos nas escolas estaduais (pois foi secretário de Educação de SP), que vivesse com o salário de um professor da rede (pois foi contra o aumento da categoria quando era secretário) e também que exigisse que os seus filhos estudassem nas faculdades e “unis” particulares da qual foi responsável pela sua expansão quando era ministro.
  8. Que os brancos que adoram “Casa Grande e Senzala” obriguem suas filhas a trabalharem como domésticas em casas de famílias negras e que sejam estupradas pelos patrões como eram as africanas escravizadas na época da colonização.
  9. Que os “democratas” da Europa e EUA apóiem a proposta de referendo do primeiro ministro grego com relação ao pacote econômico imposto pelos credores.
  10. Que quem chama prostituta de mulher de vida fácil passe noites e noites ao relento exposto a violência e topando transar com quem se dispor a pagar.
  11. Que todo homem que acha certo bater na companheira, tope casar com uma mulher maior, mais forte e de preferência capoeirista faixa preta.
  12. Que quem é contra o Estado da Palestina tope que uma família inimiga da sua, agressiva e bem armada tome conta de 2/3 da sua casa e que decida quando você pode sair e entrar na sua própria casa.
  13. Que quem acha que favelado é privilegiado porque não paga conta nenhuma troque sua confortável casa por um barraco em qualquer favela.
  14. Que quem defende que a Polícia e as Forças Armadas devem entrar nos morros do Rio de Janeiro arrepiando para pegar os “traficantes” tope que façam o mesmo no seu bairro (inclusive com tanques passando por cima de carros estacionados como foi no Rio) caso apareça alguns meninos fumando um baseado na esquina.
  15. Que quem condena as religiões de matriz africana porque maltrata os animais pare de comer qualquer carne, não tome mais nenhum remédio, vacina ou soro (pois ela é feita com base em experiências e procedimentos em animais).
Enfim, está aberta a campanha pela coerência geral. Aguardamos adesões… e provavelmente carapuças vestidas.

Eu curei um câncer no SUS. FORÇA LULA



O Conversa Afiada reproduz comentário do amigo navegante Nylson:

NYLSON FILHO disse:


4 de novembro de 2011


Como todos meus amigos próximos sabem, eu fui acometido de um linfoma altamente maligno em 1991. O diagnóstico foi tardio (estava do estadio 3 do câncer quando o máximo de gravidade é 4) e, sem muito saber o que fazer, amigos meus indicaram-me um hospital público que tinha um núcleo de hematologia onde se estudava e tratava das doenças do sangue, o Hospital Brigadeiro. Passei 3 meses sob tratamento quimioterápico e outros tratamentos mais para tentar controlar a doença sendo que, ao final, passei por sessões de radioterapia no HC, também um hospital público. Após tudo isso foi constatado uma remissão completa do linfoma. Segundo a equipe médica, se os tumores não voltassem em 5 anos poder-se-ia considerar uma cura completa. Já se passaram 20 anos e estou vivo e saudável. Devo minha vida à equipe do Hospital Brigadeiro e aos meus colegas de departamento. Por isso os desajustados que estão comemorando a doença do Lula podem tirar o cavalinho da chuva porque as coisas não são bem o que eles pensam.


Resolvi escrever isso após ler uma série de comentários na mídia esgoto sobre os insultos ao Lula, mandando-o se tratar na saúde pública. Lula uma vez disse que a burguesia brasileira era perversa no que ele está coberto de razão. Basta ver como ele está sendo tratado nas “redes sociais” e, portanto, este meu depoimento é para dar força a ele. Se pudesse chegar ao conhecimento dele ficaria mais satisfeito e confortado.


Nylson Gomes da Silveira Filho

Professor aposentado da UNIFESP

Leandro Fortes: Voto distrital, de volta ao Brasil-Colônia

por Leandro Fortes, em CartaCapital
O problema não está no sistema eleitoral, mas na qualidade do eleitor. Quem vota em Paulo Maluf, por exemplo, não vai deixar de ser um mau caráter do voto proporcional para virar uma reserva moral do voto distrital. O que certa direita nervosa pretende, com essa propaganda infantil sobre as benesses do voto distrital, é minar as representações coletivas no Parlamento, sobretudo aquelas vinculadas aos movimentos sociais.
A crescente estruturação desses movimentos, notadamente os de caráter progressista e de origem popular, tem gerado uma ampliação razoável do espectro de representação política no Legislativo e, ato contínuo, pressionado os demais poderes a se curvar a outros interesses, que não só aos dos suspeitos de sempre.
Numa recente palestra que dei aos acampados do MST, em Brasília, esses milhares de trabalhadores que a mídia agora anuncia não mais existirem, ouvi de uma liderança uma explicação definitiva sobre a relação apavorada das elites brasileiras com a dinâmica do movimento: “Eles não estão mais somente preocupados com o fato de ter gente ocupando terras, mas, principalmente, porque essa gente está pensando, discutindo, se preparando para algo maior”.
Esse algo maior é a política. O capital eleitoral dos movimentos sociais é enorme, na verdade, incalculável, mas a dispersão territorial e de objetivos comuns ainda gera distorções de caráter colonial. O fato de a bancada ruralista – de latifundiários, escravagista, reacionária – ser maior do que a de trabalhadores rurais, é só a mais impressionante delas.
A submissão dos governos do PT, ditos progressistas, às tradicionais alianças políticas de governabilidade, mantém o País estagnado na poça cultural do velho acordo das elites nacionais, donde se cria e recria paraísos falsamente plurais de participação popular, desde que sob o comando das mesmas forças de outrora, sejam os coronéis de terras, seja a velha mídia, esta que ora decide que ministros deve a presidenta colocar ou não a correr.
O blog de Leandro Fortes — Brasília, eu vi — fica aqui.
Leia também:
Paulo Moreira Leite: Silêncio vergonhoso