Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Band ameaça governo: “Cuidado”

Posted by eduguim no Blog da Cidadania


Por sugestão do leitor George Alckmin, fui conferir editorial do Jornal da Band lido ontem à noite pelo comentarista Joelmir Betting. Segundo o leitor, tratou-se de um editorial “golpista”. O texto critica “omissão desse governo” em reprimir greve dos Correios que já dura semanas e elenca prejuízos que paralisação de serviço tão essencial causa à sociedade.
Até aí, ok. Parece razoável. O problema está no fecho do editorial. Pretende-se expressão da “justa indignação dos milhões de cidadãos prejudicados” e, após citar o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o presidente dos Correios dizendo que têm “medo” dos sindicalistas que encabeçam a greve, enigmaticamente recomenda “cuidado” ao governo.
Inicialmente, o leitor pareceu exagerar ao usar o termo “golpista”. Pode-se argumentar que o “cuidado” que o editorial da emissora paulista recomenda ao governo Dilma Rousseff refira-se a possível punição que poderia advir das urnas devido ao descontentamento da população com uma greve que obviamente gera inconvenientes a todos.
Parece, entretanto, exagerado insinuar que mera greve nos Correios seja capaz de fazer a “sociedade” passar a repudiar o grupo político que colhe sucessivos êxitos eleitorais desde 2002 e que já atravessou crises bem piores.
Por fim, quando o editorial da Band diz que “enganam-se esses farsantes que não estão à altura dos cargos que ocupam se pensam que poderão afrontar o interesse público por muito mais tempo”, afiançando que a continuidade da greve poderia vir a “acender o sinal vermelho da paciência nacional”, pareceu estranho. Sobretudo o tom.
Como o leitor que recomendou a matéria, este blog tampouco entendeu direito a que se referiu o comentarista. O que pode acontecer com “esse governo”, com o ministro Paulo Bernardo, com o presidente dos Correios? Essas foram as autoridades citadas. Note-se que o governo inteiro está inserido no contexto. O que é o “sinal vermelho da paciência nacional”?
Terminei de assistir ao vídeo com a mesma sensação do leitor de que, em curto prazo, alguma coisa aconteceria por conta da greve dos Correios se ela não tivesse um ponto final, e que o que aconteceria seria conseqüência do esgotamento da “paciência nacional”. O que pode acontecer em “curto prazo”, no Brasil?
Melhor que você, leitor, confira (abaixo) o vídeo do editorial e decida se os termos “ameaça” e “golpista” também lhe parecem cabíveis diante do que foi dito na concessão pública de canal de televisão que a família Saad detém. Enquanto isso, seria bom que a emissora esclarecesse melhor seu editorial. Que pareceu ameaça, pareceu. Mas de quê?


“Ocupar Wall Street” chega à TV Globo

Por Altamiro Borges

A prova de que os protestos anticapitalistas nos EUA ganham força é que a própria TV Globo, sempre tão refratária a qualquer manifestação popular, passou a noticiá-los. O Jornal Nacional até fez ontem uma cobertura equilibrada do movimento “Ocupar Wall Street”. Já na GloboNews, canal por assinatura, a correspondente da emissora inclusive manifestou certa simpatia pelos manifestantes.

Os protestos na Praça Liberty, nas imediações do centro financeiro da Wall Street, tiveram início em 17 de setembro. Aos poucos, eles ganharam a adesão de diversos setores da sociedade e se espalharam por mais de 50 cidades dos EUA. Nesta semana, a AFL-CIO, a principal central sindical do país, finalmente saiu da sua letargia e anunciou o apoio ao movimento.

“Cobrem impostos de Wall Street”

Na quarta-feira (5), mais de 10 mil manifestantes voltaram a tomar o centro de Nova York, demonstrando que não se intimidaram diante da feroz repressão quatro dias antes – quando mais de 700 pessoas foram presas e muitas ficaram feridas. Eles criticaram a minoria de ricaços do país – 1% - que explora e oprime 99% dos estadunidenses e exigiram políticas de geração de empregos.

A palavra de ordem dos manifestantes foi “All day, all week, occupy Wall Street” [o dia todo, a semana toda, ocupem Wall Street]. Os acampados se deslocaram da Praça Liberty até se encontrarem com as colunas de trabalhadores convocados pelos sindicatos. Eles portavam cartazes com reivindicações: “façam postos de trabalho e não cortes”, “cobrem imposto de Wall Street”.

Adesão de trabalhadores e universitários

Estudantes universitários também deixaram as aulas para engrossar o ato, que contou a participação organizada de metalúrgicos, professores, metroviários, enfermeiras, aposentados, mutuários e desempregados. Entre as organizações sociais, destaque para a Coalizão dos Sem Teto, que reúne milhares de estadunidenses que foram despejados de suas casas devido à crise econômica.

O presidente da AFL-CIO, Richard Trumka, divulgou nota em que afirma que “o Ocupem Wall Street capturou a imaginação e a paixão de milhões de americanos que tinham perdido a esperança. Nós apoiamos os manifestantes em sua determinação de imputar Wall Street e criar bons empregos”.

"EUA não funcionam para 99% das pessoas"

Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes, Larry Hanley, afirmou que “estes jovens falam pela vasta maioria de americanos frustrada pelos banqueiros e especuladores. Enquanto nós batalhamos duro dia após dia, mês após mês, os milionários e bilionários de Wall Street se aboletam, não são penalizados, e pontificam sobre o nível do nosso sacrifício”.

Michael Mulgrew, presidente da Federação Unida dos Professores, que representa 200 mil docentes, disse aos manifestantes que “a forma como nossa sociedade é dirigida não funciona para 99% das pessoas. Assim, quando o Ocupem Wall Street começou, ele captou isso e foi capaz de gerar um debate nacional que nós pensamos que há anos precisava ser instaurado”.

Repressão não cala os manifestantes

No final do protesto, a polícia voltou a realizar prisões e a lançar spray de pimenta contra manifestantes, numa prova de que a tal democracia estadunidense, tão propagandeada pela mídia e bajulada pelas elites colonizadas, é pura falsidade. Além de matar milhões de pessoas em suas intervenções expansionistas pelo mundo, o império reprime duramente quem protesta nos EUA.

A repressão, porém, não tem conseguido calar os manifestantes. Os protestos decorrem da grave situação econômica do país. O coração do capitalismo está enfermo. Já são mais 25 milhões de desempregados; cenas de miséria, antes só vistas na periferia do sistema, multiplicam-se no império, com pessoas despejadas de suas residências, moradores de rua e filas de famintos.

Obama frustra e direita se assanha

Barack Obama, que surgiu como esperança de mudança, tornou-se uma decepção. Diante da pressão dos grupos econômicos, ele optou pelo pragmatismo e abandonou as suas promessas de campanha. Diante da acelerada queda da sua popularidade, Obama tenta agora sair das cordas, mas já parece tarde. A direita republicana mais hidrófoba ameaça retornar ao poder em 2012.

O complexo industrial-financeiro-militar não aceita perder qualquer privilégio. Quer jogar todo peso da grave crise econômica nas costas dos trabalhadores e da juventude. Segundo dados oficiais, os 400 maiores ricaços dos EUA possuem riqueza equivalente a 180 milhões de estadunidenses. E riqueza dessa minoria parasitária cresceu 12% em pleno período da recessão que atingiu o país.

É contra essa brutal desigualdade que as vítimas da crise nos EUA decidiram “ocupar Wall Street”. As contradições do capitalismo finalmente se expressam com maior força e visibilidade no coração deste sistema exploração. Algo de novo pode estar surgindo! Até a TV Globo está preocupada.

Cala a boca, Globo!


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OUTUBRO: NOVO MARCADOR HISTÓRICO? Forte repressão no Chile. Nova greve geral é convocada

 
Colapso do neoliberalismo passa a ser decidido nas ruas.  Primeira semana de outubro reúne ingredientes de um ponto de mutação: greve geral na Grécia põe em xeque a solução ortodoxa para a crise; ascensão fulminante dos indignados nos EUA instala a contestação  ao neoliberalismo no coração do sistema financeiro internacional e pauta a sucessão de Obama. Passeatas de desempregados na Espanha  afrontam a rendição socialdemocrata aos 'livres mercados'. Radicalização  política no Chile desmascara a 'direita moderna da AL' em sua vitrine mais festejada. A maior greve bancária brasileira em duas décadas desmente acomodação sindical e expõe lucros obscenos do poder financeiro. PT fará seminário sobre regulação da mídia.
(Carta Maior; 6ª feira,07/10/ 2011)
 
 
 

A quinta-feira terminou com números panelaços em protesto contra a nova jornada de repressão que fez lembrar os piores momentos da ditadura de Pinochet. Enquanto isso, outra vez, as barricadas acendiam no meio da noite, dando conta de um movimento que vai mais além da mobilização dos estudantes e que envolve toda uma sociedade que reclama mudanças em modelo que está fazendo água não só no Chile, mas no mundo inteiro. Contra a repressão, estudantes e trabalhadores convocam nova greve geral para o dia 19 de outubro. A reportagem é de Christian Palma, direto de Santiago.

A pesar de não terem sido autorizados pela prefeitura para marchar pela capital chilena, os estudantes se reuniram assim mesmo, quinta-feira, na Praça Itália, tradicional ponto de encontro nestes cinco meses de ocupações e greves, para iniciar uma nova caminhada denunciando a intransigência do governo de Sebastian Piñera, sobretudo na última reunião entre ambas as partes, que culminou com a saída dos estudantes da mesa de diálogo, após o Ministério da Educação reafirmar que a educação no Chile não pode ser grátis.

A líder universitária, Camila Vallejo, junto com um grupo de dirigentes e estudantes, encabeçava a marcha portando um lenço com a frase “Unidos com + força”. No entanto, poucos minutos após o início da marcha, os manifestantes foram reprimidos por um carro com jatos d’água, dos carabineiros, que acabou com a manifestação que estava apenas começando.

Esse fato deu início a duros enfrentamentos entre estudantes e carabineiros em diferentes pontos de Santiago, sobretudo em frente à Universidade Católica, à Universidade do Chile, ao Instituto Nacional (colégio secundário mais importante do Chile) e nas cercanias do Palácio de La Moneda, em pleno centro de Santiago, onde um grupo de jovens com o rosto coberto (encapuzados) instalaram barricadas na principal avenida da capital, a Alameda, provocando a aparição imediata da polícia que os esperava para entrar em ação. E fez isso com força. A polícia reprimiu a todos por igual, aos que faziam desordens, aos estudantes inocentes e as pessoas comuns que passavam pelo lugar naquele momento. Foram cinco horas de luta contínua que deixou 150 detidos e vários feridos, entre civis e policiais.

A ruptura da mesa de diálogo pela educação, que não apresentou nenhum avanço na direção de uma educação gratuita e de qualidade, segue unificando os jovens que ontem também rechaçaram a repressão aplicada pelo governo contra os manifestantes.

Neste cenário, a Confederação de Estudantes do Chile (Confech), representada pelos porta-vozes Camila Vallejo e Camilo Ballesteros, juntamente com o presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Arturo Martínez, e o presidente do Colégio de Professores, Jaime Gajardo, anunciaram que continuarão com as mobilizações e convocarão uma nova greve nacional para o dia 19 de outubro.

“Resolvemos convocar para a próxima semana a todas as organizações sociais, culturais, sindicais, ecologistas e profissionais para uma mobilização. Convocamos a todas as organizações que estão contra a repressão”, disse Martínez.

A respeito do balanço sobre a jornada de quinta-feira, a totalidade dos dirigentes que convocaram a greve geral nacional coincidiram em classificar a ação do governo como uma das mais violentas e repressivas até agora. “Lamentamos novamente como o governo decidiu enfrentar o movimento. A prefeitura deu-lhes liberdade absoluta para reprimir, para evitar reuniões nos espaços públicos e essas coisas são inaceitáveis, porque violam uma liberdade constitucional, assinalou Camila Vallejo.

Do outro lado, a prefeita de Santiago, Cecília Perez, qualificou os dirigentes do movimento como “responsáveis pelos desmandes”. Nesta linha, Camila Vallejo respondeu que a “Prefeitura não só deu à polícia, conscientemente, absoluta liberdade para reprimir e não permitir que a manifestação avançasse pela Alameda, como também para impedir que as pessoas se reunissem nos espaços públicos”. A dirigente estudantil chamou a todos os chilenos “para apoiar o movimento e para manifestar repúdio a essa repressão”.

Na noite de quinta, na televisão, o ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, defendeu o Projeto de Lei denominado “antitomas”, firmado pelo presidente Sebastian Piñera no domingo passado, que estabelece sanções para aqueles que tomem de forma violenta edifícios públicos e privados, ou que participem de saques e desordens públicas. “Estamos seguros que representamos a grande maioria dos chilenos e chilenas. Aqueles que saqueiam com força e violência um pequeno armazém, uma escola, um hospital, uma igreja, estão cometendo um delito”, afirmou.

A quinta-feira terminou com números panelaços em protesto contra a nova jornada de repressão que fez lembrar os piores momentos da ditadura de Pinochet. Enquanto isso, outra vez, as barricadas acendiam no meio da noite, dando conta de um movimento que vai mais além da mobilização dos estudantes e que envolve toda uma sociedade que reclama mudanças em modelo que está fazendo água não só no Chile, mas no mundo inteiro.

Tradução: Katarina Peixoto

 
 
 

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 

PT discute Ley de Medios. Bernardo é do PT ?

Saiu no Globo online:


PT vai realizar seminário para discutir o marco regulatório dos meios de comunicação

BRASÍLIA – O PT decidiu, em reunião da Executiva Nacional, nesta quinta-feira, que o partido vai realizar um seminário na última semana de novembro em São Paulo para discutir o marco regulatório dos meios de comunicação. Com o discurso preventivo ( sic – PHA) de que não se trata de controle de mídia ou de conteúdos, o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), disse que o partido está apenas abrindo o debate com a sociedade:

- Abrimos uma discussão sobre o tema. Aqui no PT ninguém fala em controle de conteúdo, mas de liberdade de imprensa. Os meios de comunicação deveriam se interessar por esse debate.

Questionado sobre o fato de o governo Dilma já ter dito que não tem interesse em tratar de qualquer tipo de regulação de mídia, ( quando, onde  ? – PHA)  Vargas afirmou:

- Queremos ter sintonia com o governo, mas nosso foco é a sociedade.

O deputado diz que entre os temas do seminário estão o monopólio dos meios de comunicação, fim da propriedade cruzada – em que uma mesma empresa possui diferentes veículos de comunicação -, direito de resposta, convergência de mídia, financiamento de mídia, e banda larga e internet.

- Inclusive já é inconstitucional a propriedade cruzada. Temos que regulamentar. Mas nós sabemos que esse é um debate que vai durar anos – afirmou André Vargas.


Em tempo: O Blog do Miro convoca para a “Faxina na Globo”:

19 de outubro: “faxina na Rede Globo”

Nesta segunda-feira (03/10), o plenário do Sindicato dos Jornalistas no Rio de Janeiro ficou lotado. Lideranças dos mais diversos movimentos da sociedade carioca se reuniram para preparar as atividades da Semana Internacional da Democratização da Mídia que ocorrerá entre 17 e 21 de outubro. Na agenda está marcada uma faxina na Rede Globo de televisão no dia 19/10 e um ato pelo Marco Regulatório da Comunicação no dia 18/10.

A semana começará na terça-feira (18/10) a partir das 16 horas no Buraco do Lume com diversas atividades culturais em defesa do Marco Regulatório das Comunicações.

No dia seguinte um grande ato público acontecerá na frente da sede da Rede Globo de televisão no Jardim Botânico. Os organizadores prometem fazer uma “faxina na Globo” como forma de repúdio ao monopólio dos meios de comunicação no Brasil. Será na quarta-feira (19/10) a partir das 13 horas.

“O movimento estudantil do Rio de Janeiro estará em peso na frente da Rede Globo para mostrar nosso descontentamento com as manipulações diárias que vemos na TV”, afirmou o vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, Edson Santana.

O diretor do DCE Facha, José Roberto Medeiros, avisou que a universidade enviará um ônibus lotado com estudantes para protestar contra a Globo. “Assim como outras universidades, a Facha também enviará um ônibus lotado para manifestar nossa insatisfação com esse canal que confunde opinião publicada com opinião pública”, assegurou José Roberto.

Durante a Semana Internacional Pela Democratização da Mídia os movimentos apresentarão a proposta de Marco Regulatório das Comunicações que está aberta para Consulta Pública.

O evento está sendo convocado pelo Facebook através do seguinte link: Lavagem da Calçada da Rede Globo

Atividades culturais pelo Marco Regulatório das Comunicações

Dia: Terça-feira, 18/10, a partir das 16 horas.
Local: Buraco do Lume

Faxina na Rede Globo de Televisão

Dia: Quarta-feira, 19/10, a partir das 13 horas.
Local: Rede Globo de Televisão, (Rua Von Martius, 22, Jardim Botânico).

Presidente da Nissan diz o que a Miriam não queria ouvir

Vai tudo comprar carro do Ghosn. Que horror !

Carlos Ghosn deu entrevista à Urubóloga e disse a ela tudo o que ela não queria ouvir.

Clique aqui para ver na íntegra.

Sobre o IPI, matéria que levou a Miriam a denunciar o Brasil à Organização Mundial do Comércio e a Folha (*) a dar uma mãozinha a um empresário.

Sobre o IPI, Ghosn elogiou a Presidenta Dilma: foi uma das medidas mais acertadas do Governo.

As indústrias têm que vir produzir aqui, disse ele.

A Nissan anunciou a produção no Rio e vai expandir a produção no Paraná.

A Urubóloga falou da carga tributária, que, segundo ela, é um empecilho quase incontornável.

Ghosn admitiu que a carga tributaria é alta e que o preço do aço no Brasil é alto.

(O Johannpeter talvez discorde.)

Mas,  nada disso impede que o Brasil venha a ser a terceira economia do mundo (já é a quarta).

Sobre a China, que parece assustar a Urubóloga – já que a economia chinesa contrabalança os efeitos da crise bendita (para a Miriam) na Europa e nos Estados Unidos -, sobre a China, o Ghosn também está entusiasmado.

Por que ?

Porque o mercado interno da China é muito grande.

É a maldita classe C, amigo navegante.

É a maldita classe C, que desmoraliza os Neolibelês e o Farol de Alexandria, que se aproveita de estar fora do Brasil para falar mal do Nunca Dantes.

O Ghosn passou com um trator por cima da Urubóloga e por cima do empresário da Folha (*) que quer derrubar o IPI só pra ele.

O Raymundo Faoro dizia que os Neolibelês (**) gostavam de um Brasil de 20 milhões.

Como diz o Delfim, o problema foi o Nunca Dantes dar a partida ao “processo civilizatório” que permite à filha da cozinheira estudar Medicina e comprar um carrinho do Ghosn.

Que horror !


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

A Espiral da Insensatez


A Espiral da Insensatez
Claudius
por Silvio Caccia Bava
Agora não é mais uma bolha que explode. É uma crise sistêmica e planetária do modelo de capitalismo financeirizado que domina o mundo. Ninguém escapa dela.
Tal como grandes animais predadores, as grandes corporações financeiras internacionais estão devastando o tecido social europeu, criando uma zona de crescente instabilidade política e colocando em risco a economia global, mas também estão criando espaços para sua contestação.
Desde meados dos anos 1980 essas grandes corporações financeiras internacionais se fortalecem. Hoje elas controlam os governos e os organismos multilaterais, como o FMI, o Banco Mundial e o Banco Central Europeu. Isso ficou claro na crise de 2007/2008, quando um grupo dos mais importantes executivos, reunido com o FMI, impôs aos governos nacionais que se endividassem para salvar os grandes bancos privados. E os governos se endividaram muito além de sua capacidade.
Esse endividamento golpeou o governo da Irlanda, da Grécia, de Portugal, da Espanha e da Itália, e coloca sob ameaça mesmo a França e a Inglaterra. E para salvar esses países do default(calote) da dívida pública, novos pacotes de volumosos empréstimos foram mobilizados, com uma importante participação das grandes corporações financeiras internacionais, que viram nessas operações, com taxas de juros recordes, a possibilidade de grandes ganhos.
A crise, no entanto, recrudesce. A receita amarga das brutais políticas nacionais de ajuste, isto é, os cortes no orçamento público, nos salários, nas aposentadorias e nas políticas sociais não são suficientes para que esses governos paguem o que devem. E assim vai se desenhando uma espiral descendente cujo horizonte é mais recessão.
Quando esses grandes bancos privados perceberam o novo risco de defaulte viram o valor de suas ações despencar, mobilizaram outra vez os governos e a União Europeia, para garantir não só processos de recapitalização, mas também seus investimentos em bônus do tesouro de vários países. Numa conjuntura tão delicada, os conflitos de interesses no seio da União Europeia estão impedindo até o momento políticas regionais articuladas de enfrentamento da crise. Esse imobilismo faz que os riscos de desastre cresçam.
O que está em questão é o poder dessas grandes corporações financeiras internacionais. Se elas continuarem governando o mundo, a crise só se aprofundará. Abre-se então um novo campo de debate. Como superar essa crise?
O que era inimaginável poucos anos atrás está sendo discutido como uma das opções: a estatização do sistema financeiro privado − algo que a Índia já fez há mais de dez anos.
Aliás, vale lembrar que tanto a Índia como o Brasil (que tem 48% de seu sistema financeiro nas mãos de bancos públicos), pela importância do sistema financeiro público, puderam tomar medidas coordenadas de políticas anticíclicas e assim reduzir o impacto da crise de 2007/2008 sobre sua economia e sociedade.
Uma alternativa em discussão é a proibição da operação com derivativos: trata-se de impedir o sistema financeiro de especular e operar sem o necessário lastro de riqueza. Mas essa é uma política que necessita de coordenação internacional, e os atuais organismos de regulação internacional estão capturados pelos donos do poder.
Também volta como proposta a auditoria das dívidas públicas, as contraídas pelos governos. Experiências recentes, como a do Equador, resultaram em substancial redução de seu valor.
Os novos movimentos sociais impulsionados pela juventude na Espanha, na Grécia e no Chile vão além. Eles também querem a estatização dos bancos privados, mas trazem outras propostas: o fim das heranças e o salário-base de 30 mil euros anuais para todos, empregados e desempregados. No Chile, os estudantes não estão interessados em negociar com o Congresso; querem um plebiscito para definir que educação não pode ser objeto de lucro. Tem de ser pública, universal, gratuita e de qualidade.
Enquanto essas propostas ainda não ganham corpo, os grandes bancos buscam criar soluções para garantir sua própria sobrevivência. Para eles, trata-se de corrigir falhas do sistema, não de questioná-lo.
As propostas vão desde o patético apelo do bilionário Warren Buffet − de que os ricos precisam pagar mais impostos, com o que as grandes corporações discordam plenamente, e o Tea Party, nos Estados Unidos, está igualmente em radical discordância − até a versão da Taxa Tobin para os ricos, uma taxa sobre as transações financeiras, cujos recursos seriam destinados a um fundo europeu de estabilização para a recapitalização de bancos em dificuldades.
É da natureza do bicho. As grandes corporações não olham para o interesse público; elas têm como objetivo o máximo lucro. E, se os governos não foram capazes de impor essa dimensão de regulação pública à sua atuação, é porque foram capturados por ela. Isso compromete o sistema político e a democracia.
Os governos, com as políticas de ajuste, passaram a estar contra as maiorias. E, se o sistema político está controlado, sem condições de ser a arena pública da disputa e dos conflitos, da negociação, então as tensões ganham as ruas. A crise sistêmica é também a crise do sistema político.
Silvio Caccia Bava é editor de Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.