Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

The Guardian: Otan deixa africanos à morte no mar



A tragédia era anunciada. Não se sabia, apenas, se os refugiados africanos  que cruzam o  Mediterrâneo em barcos precários, fugindo dos bombardeios da OTAN e dos conflitos internos na Líbia iriam morrer às dezenas num naufrágio ou num incêndio a bordo…
A tragédia aconteceu. Não uma, mas duas delas.
A primeira, quando um barco com 72 homens,  mulheres e  crianças sofreu uma avaria no fim de março após deixar Trípoli, na Líbia, com destino a ilha italiana de Lampedusa. 61 deles morreram de fome e de sede, depois de 15 dias à deriva no mar.
A segunda tragédia, revelada hoje pelo jornal inglês The Guardian: eles foram vistos, mas não socorridos, pelas tropas da OTAN. Foram deixados para morrer.
O jornal ouviu os sobreviventes e fez suas próprias investigações.
Da primeira vez que os refugiados foram vistos, um helicótero militar lançou-lhes algumas garrafas d´água e biscoitos. Os dois pilotos, fardados, gesticularam que a ajuda viria. A água foi separada para os dois bebês, que morreram  depois, porém.
Depois, um porta-aviões, que o The Guardian identifica como o francês Charles De Gaulle chegou tão perto deles que, segundo os sobreviventes, seria impossível não vê-los.  Dois aviões decolaram dele e  passaram, bem baixo, sobre o barco.
Os passageiros e a tripulação em desespero não eram líbios, mas eritreus, sudaneses, etíopes e ganenses que estavam naquele país. São negros.
A  Itáliatem reclamado que está recebendo sozinha os refugiados norte-africanos.A França já fechou e abriu fronteiras para os trens que vêm do território italiano com migrantes. Outros países europeus pedem a revisão do Tratado de Schengen, que estabelece a livre circulação de pessoas e mercadorias na Europa. Lógico que a revisão não é sobre as mercadorias.
A Europa, como se sabe, está lançando bombas e mísseis sobre a Líbia para “proteger” a população civil.
Vê-se bem como se importam com ela.
PS: Mais sobre este tema em “Pobres ao mar, Madame le Pen”

Alunos cotistas: médicos tão bons quanto os outros


Não posso encerrar o dia sem deixar de registrar a ótima matéria do Estadão sobre o desempenho da primeira turma de Medicina a se formar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – a UERJ – sob o regime de admissão por cotas.
Ao contrário do que alardeiam os que defendem posições discriminatórias, sociais ou raciais, não houve  diferença de rendimento entre alunos não-cotistas e cotistas.
Dos 43 cotistas admitidos – selecionados em faixas por origem na escola pública, etnia, deficiência e baixa renda – apenas quatro não concluíram o curso, mesmo número registrado entre os não-cotistas.
Dos 35 cotistas ouvidos pelo jornal, 25 passaram nas provas para residência, onde não há cotas ou qualquerhandicap. E outros nove não a fizeram ainda, por não terem escolhido a especialidade a seguir ou precisarem ir trabalhar imediatamente, para ganhar mais que a bolsa de R$ 2.200 dos residentes. Entre 44 não-cotistas ouvidos,  oito não estão aprovados para a residência.
Parabéns a todos os novos médicos, cotistas e não cotistas. Que vocês, que são a prova viva de que, com oportunidades, todos podem chegar lá, pratiquem a Medicina com a dedicação e o espírito de solidariedade social que marca esta experiência.
Este post é uma singela homenagem ao Ali Kamel, o mais notável adversário das cotas, autor de um classico da moderna antropologia brasileira, “Não somos racistas”.
A propósito, leia a entrevista com o Secretário de Justiça da Bahia sobre o efeito da obra de Kamel na propagação do preconceito no Brasil.
 PHC.

Referendo cria Ley de Medios e critério para nomear juiz


Vai lá, garoto, faz uma Ley de Medios. Se não, te derrubam
Saiu na Folha (*), pág A15:
O referendo consultou a população sobre dez itens.

Entre eles, o endurecimento das penas para crimes de enriquecimento ilícito.

O sistema de nomeação de juízes.

E criação de uma Comissão para regular a mídia, a Ley de Medios.

A oposição estrebucha, mas reconhece a derrota: o Governo ganhou com mais de 60% dos votos.

Acorda, amigo navegante: isso aconteceu no Equador.

O Equador, a Argentina, a Bolívia, os Estados Unidos, a Inglaterra, a Itália, a França, o Canadá, Portugal, a Alemanha – todos esses países têm Ley de Medios.

Pelo jeito, o Brasil vai acabar como na Escravidão: será o último a libertar os que não têm liberdade.

Sobre a nomeação de juízes: um dos primeiros atos do corajoso presidente argentino Néstor Kirchner foi mudar os critérios para a nomeação de ministros da Suprema Corte, e poupar o povo argentino das nomeações do antecessor, Carlos Menem, também conhecido como o FHC da Argentina.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.