Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 5 de abril de 2011

Golpe de 1964: os jornais e a "opinião pública"


Estudar e conhecer melhor os vínculos dos grupos de mídia com a articulação golpista do início da década de 60, além de ser nosso dever para com aqueles que tombaram pelo caminho, pode nos ajudar – e muito – a compreender o que ainda ocorre na democracia brasileira de nossos dias. quais justificativas eram utilizadas pela própria mídia para contornar a evidente contradição existente entre o seu discurso em “defesa da democracia” e, ao mesmo tempo, a articulação e a pregação abertas de um golpe de estado contra o presidente da República democraticamente eleito? O artigo é de Venício A. de Lima.

In memoriam de João Baptista Franco Drummond (1942-1976)

Apesar de quase cinco décadas já haverem se passado, ainda existem aspectos a ser esclarecidos sobre a participação da mídia no golpe de 1º de abril de 1964. Que os principais grupos empresarias do setor apoiaram e articularam a deposição do presidente João Goulart está suficientemente documentado. Que eles conclamaram os militares a intervir na ruptura do processo democrático, idem [cf. nesta Carta Maior, “A grande mídia e o golpe de 64”].

Uma questão intrigante, todavia, permanece: quais justificativas eram utilizadas pela própria mídia para contornar a evidente contradição existente entre o seu discurso em “defesa da democracia” e, ao mesmo tempo, a articulação e a pregação abertas de um golpe de estado contra o presidente da República democraticamente eleito?

Essa questão torna-se mais interessante quando, ao estudá-la, constatamos que o discurso justificador utilizado naquele período continua a ser utilizado ainda hoje e, em alguns casos, pelos mesmos grupos de mídia na defesa de seus velhos interesses.

“A Rede da Democracia”
Várias dissertações e teses acadêmicas têm estudado os vínculos da mídia com o golpe de 1964. Boa parte delas, no entanto, se mantém anônimas nas prateleiras das bibliotecas universitárias. Um desses trabalhos, uma pesquisa de pós-doutorado, foi transformada em livro lançado há cerca de um ano. Trata-se de “A Rede da Democracia – O Globo, O Jornal e Jornal do Brasil na queda do governo Goulart (1961-64)”, co-edição da NitPress e Editora da UFF, do historiador e cientista político Aluysio Castelo de Carvalho.

“A Rede da Democracia” foi uma cadeia de emissoras de radio idealizada pelo então deputado federal (à época, do extinto Partido Social Democrático) e vice-presidente dos Diários Associados, João Calmon (1916-1999), criada em outubro de 1963, comandada pelas rádios Tupi, Globo e Jornal do Brasil e retransmitida por centenas de emissoras em todo o país. Diariamente políticos, empresários, militares, jornalistas, intelectuais, sindicalistas, estudantes – articulados com partidos e entidades de oposição (IPES e IBAD) – faziam oposição aberta ao governo e se constituíam em espaço de articulação discursiva na conspiração que se formava para derrubada de Goulart, até as vésperas do 1º de abril. Os pronunciamentos veiculados na “rede” eram, em seguida, publicados nos respectivos jornais dos grupos empresariais de mídia.

A inspiração para a criação da “rede”, segundo Carvalho, parece ter vindo do livro de Suzanne Labin, “Em Cima da Hora – A conquista sem guerra”(original “II est moins cinq”), lançado no Brasil em 1963 (Distribuidora Record, Rio de Janeiro), com tradução, prefácio e notas do jornalista, então governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda (1914-1977).

A francesa Suzanne Labin (1913-2001), militante internacional do anticomunismo, escreveu dezenas de livros e folhetos, traduzidos em vários idiomas, que tiveram ampla distribuição como material da luta ideológica no tempo da guerra fria. No Brasil, além do “Em cima da hora”, foram também publicados títulos como “A Rússia de Stalin”, “O Duelo Rússia x EUA”, “A Condição Humana na China” e “A Guerra Política”.

No Prefácio do livro, Lacerda afirma tratar-se de “um guia no meio da confusão, um antídoto para o veneno da inércia, um roteiro contra o sofisma. Possam lê-lo os que ensinam os outros a ler” (p. 15). No texto, Labin sugere a fundação de uma “Liga da Liberdade” cuja primeira tarefa seria “recuperar a imprensa”. Para isso recomenda “a formação de uma rede de imprensa diária e periódica de tiragem suficientemente ampla, expressamente dedicada à desintoxicação dos espíritos” (p. 135). Além disso, diz ela, “a Liga não deve limitar-se à imprensa. Deve utilizar todos os outros meios de expressão, desde logo as revistas, panfletos e livros. (...) deverá também produzir filmes” (p. 136).

Na verdade, “A Rede da Democracia” brasileira, coordenada pelos principais grupos de mídia do Rio de Janeiro, servia a propósitos políticos específicos que se concretizariam em abril de 1964.

Concepção “publicista” da opinião pública
Carvalho parte de uma visão panorâmica do papel central atribuído à “opinião pública” por alguns dos pensadores clássicos da democracia representativa liberal – Hobbes, Locke, Montesquieu, Constant – dentre outros. No Brasil, Rui Barbosa e Oliveira Vianna atribuíram “às elites dirigentes responsáveis o papel de intérprete dos interesses da nação” e também colocaram “a imprensa em primeiro plano, enfatizando sua posição central como órgão da opinião pública” (p. 29).

A principal hipótese de Carvalho é a de que, para fugir da contradição acima apontada, os jornais cariocas estudados abandonaram a concepção institucional de representatividade da opinião pública – aquela que se materializa através dos partidos, de eleições regulares e de representantes políticos – e recorreram a outra concepção – a publicista – que “ressalta a existência da imprensa como condição para a publicização das diversas opiniões individuais que constituem o público”.

A adoção da concepção publicista faz com que não só a crítica aos partidos políticos e ao Congresso se justifique, como também sustenta a posição de que os jornais são os legítimos representantes da opinião publica.

A partir da análise de pronunciamentos feitos na Rede da Democracia e de editoriais dos jornais, Carvalho afirma:

“Ocorreu por parte (de O Globo, O Jornal e Jornal do Brasil) uma exaltação da própria imprensa como modelo de instituição representativa da opinião pública, porque se viram mais comprometidos com a preservação da ordem social liberal. Os jornais cariocas construíram uma imagem positiva da imprensa, em detrimento da divulgada sobre o Congresso. (...) Os jornais se consideravam o espaço público ideal para a argumentação, em contraposição à retórica dita populista e comunista que teria se expandido no governo Goulart e estaria comprometida com a desestruturação das instituições, sobretudo do Congresso. Os jornais se colocaram na posição de porta-vozes autorizados e representativos de todos os setores sociais comprometidos com uma opinião que preservasse os tradicionais valores da sociedade brasileira ancorados na defesa da liberdade e da propriedade privada” (p. 156).

Entre os inúmeros pronunciamentos e editoriais analisados, merece destaque o publicado em O Jornal [2 de março de 1962] que toma como referência a relação entre sociedade e sistema político existente nos Estados Unidos e evoca dois clássicos liberais, Tocqueville e Lord Bryce. Diz o editorial:

“Ninguém ignora quanto o governo americano é sensível à opinião pública e se deixa conduzir por suas reações. Congresso e Poder Executivo não ousam nunca contrariá-la, temendo republicanos e democratas os seus pronunciamentos nas urnas. Os grandes autores clássicos na apreciação do sistema político norte-americano – De Tocqueville e Lorde Bryce – mostraram como, apesar do regime presidencialista submeter-se à inflexibilidade dos mandatos e por isso parecer menos maleável aos efeitos das variações da opinião, como sucede nos parlamentarismos europeus, nos Estados Unidos os governos condicionam invariavelmente as suas decisões aos resultados da auscultação da vontade e do sentimento do povo, rigorosamente traduzidos pela imprensa” (citado em Carvalho, p. 159).

Mídia e a “opinião pública” hoje
A “concepção publicista”, apresentada por Carvalho, foi um fenômeno reduzido à articulação do golpe de 1964 pelos principais jornais cariocas ou corresponde a uma postura permanente da grande mídia brasileira?

Tenho tratado do tema reiteradas vezes e mostrado como, para certos jornais e jornalistas, a opinião da mídia teria que ser uma instância levada em conta não mais apenas por ser a mediadora ou “refletora” da opinião pública, mas por ser a própria opinião pública (cf., por exemplo, “A opinião privada tornada pública” ; e “Opinião da imprensa não é a opinião pública”).

Relembro, todavia, um episódio, no mínimo, curioso. No auge da crise que envolveu o Senado Federal em 2009 e em meio às pressões para sua renúncia, falando por ocasião do Dia Internacional da Democracia, o Senador José Sarney afirmou:

"A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é justamente esta: quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje, um contra o outro, que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas. Isso não se discute aqui; estou repetindo aquilo que, no mundo inteiro, hoje, se discute"(cf.Sarney vs. Imprensa: Quem mudou: o senador ou a grande mídia?).

Quarenta e cinco anos depois do golpe de 1964, em 2009, um de seus principais apoiadores e, ele próprio, proprietário de jornal e concessionário do serviço público de radiodifusão, questiona a mesma “concepção publicista” de que a mídia se valeu para justificar sua posição golpista.

Dois anos mais tarde, em 2011, é necessário que as devidas lições sejam aprendidas. Estudar e conhecer melhor os vínculos dos grupos de mídia com a articulação golpista do início da década de 60, além de ser nosso dever para com aqueles que tombaram pelo caminho, pode nos ajudar – e muito – a compreender o que ainda ocorre na democracia brasileira de nossos dias.

(*) Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.

Banco de Daniel Dantas diz que seu “mensalão” foi para a Globo


Dantas x Rainha do PiG - um duelo de titãs

Sumiu dinheiro que
o Dantas mandou para a Globo

Saiu no Blog Amigos do Presidente Lula:

Banco de Daniel Dantas diz que seu “mensalão” foi para a Globo


Quando os tubarões brigam, o povo ganha.


O Opportunity, banco de Daniel Dantas, emitiu nota considerando idiota a reportagem da revista Época, ao considerá-lo fonte de pagamentos ao governo, no chamado “mensalão”, pois desde que o governo Lula assumiu, o seu banco não teve mais a “generosidade” encontrada no governo FHC, e precisou enfrentar as barras da lei.


Dessa vez, e só desta, temos que concordar em parte com Dantas. A CPI dos Correios apurou que a Telemig Celular e a Amazônia Celular, pagou R$ 152 milhões às empresas de Marcos Valério. A Brasil Telecom, R$ 4,7 milhões. Se esse dinheiro foi para políticos, não foi para o governo Lula (hostil às investidas de Dantas), e sim para a bancada de Dantas, no Congresso ou nos estados.


Mas o curioso é o final da nota: “Na Telemig, segundo informações prestadas à CPI do Mensalão, a maioria dos recursos eram repassados as Organizações Globo. Por isso, a apuração desses fatos fica fácil de ser feita pela Época.”


Se o “mensalão” da Telemig foi para a Globo, alguém não contabilizou todo o valor.


A CPI apurou R$ 122,3 milhões pagos pela Telemig para as empresas de Marcos Valério, entre 2000 e 2005.


Os pagamentos para o Grupo Globo, apurados pela CPI, no mesmo período, foram de R$ 7,4 milhões.


Tem R$ 114 milhões de diferença, não contabilizados.


Então ou a Globo apresenta voluntariamente sua planilha dos recebimentos da DNA e SMPB para dirimir dúvidas, ou o Ministério Público precisa pedir a quebra do sigilo bancário e contábil das empresas das Organizações Globo para encontrar essa diferença.


Clique aqui para ler “PF incrimina Dantas no mensalão. Nem Época conseguiu esconder”.

aqui para ler “Será que Macabu vai absolver Dantas na semana em que até a Época, da Globo, o incrimina ?”.

Dilma dribla mídia e começa a devolver a Vale ao Brasil



A rainha Marta é capaz de ter ensinado esse drible à Presidenta
A imprensa conservadora está sem ter o que dizer.
Em três meses apenas, Dilma Rousseff fez o que Lula passou anos querendo fazer.
Retomar – não a propriedade, que Fernando Henrique entregou na bacia das almas – mas o papel da Vale como indutora do desenvolvimento brasileiro.
E, para isso, era preciso acabar com o reinado de Roger Agnelli, o homem que queria vender cada vez mais rápido maiores quantidades de minério, não pensava em investir no seu beneficiamento e transformação em aço e, ainda por cima, não tinha uma política de compras interna, como demonstrou na compra de 12 navios gigantes – cada um deles maior que o  morro Pão de Açúcar -  na China, sem um parafuso feito aqui.
O esquadrão midiático de Agnelli foi solenemente driblado.
Primeiro, quis fritar o Ministro Guido Mantega por ter conversado com Lázaro Brandão, presidente do Bradesco e acionista de verdade da Valepar, controladora da Vale. Mesmo com sua bufunfa de R$ 1,3 milhão por mês, Agnelli não tem ações para escolher sequer o  chefe do setor de zeladores do prédio da Vale.
Depois, quis apresentar a mudança como um “aparelhamento da Vale” e os únicos sinais concretos de promiscuidade política da Vale vieram do próprio Agnelli, que armou uma operação com o DEM para atacar o Governo, e o fato de se ter lá dentro uma todo-poderosa senhora que entrou pela janela tucana na empresa e, como braço de ferro de Agnelli, “enquadra” na vontade de funcionários a diretores da empresa.
Perdido Agnelli, tentaram enfiar na Vale o nome de sua preferência. Quietinha, a mineira Dilma deixou que dessem por escolhido o substituto. Na hora H, emplacou uma solução técnica, vinda de dentro da própria empresa ,o ex-funcionário da Vale e membro de sua diretoria, Murilo Ferreira, um excutivo com quem a Presidenta já teve muito contato quando Ministra das Minas e Energia.
Claro que se trata de um profissional de mercado, experiente e capaz. Mas dirigir uma empresa como a Vale requer mais que simples competência técnica. Exige visão estratégica da empresa e do país. E capacidade política de perseguir estes objetivos.
Os jornalistas de mercado adoram falar nas virtudes da sinergia, isto é, na capacidade de duas instituições multiplicarem seus resultados agindo em sintonia.
E curioso que não falassem nunca em quanto a empresa e o país perdiam com a ação de Agnelli em desalinho com as macropolíticas econômicas brasileiras.
A direita midiática levou um competente drible e caiu sentada no chão.

O dia que durou 21 anos. No ar, mas não na netd


Posto aí em cima um trailler do documentário “O dia que durou 21 anos”  dirigido por Camilo Tavares, filho e parceiro do jornalista Flávio Tavares, companheiro de meu avô na resistência à ditadura.
O primeiro episódio – de três – foi ao ar ontem e, nas próximas segundas-feiras, a série será completada.
No primeiro episódio, que só assisti pelo trailler, dá para ver em documentos americanos como a ação dos golpistas foi apoiada e financiada pelos EUA.
Você pode ler aqui, no site da TV Brasil, uma matéria completa sobre o documentário.
E eu lamento que a emissora pública, tendo produzido um documento tão importante sobre a história brasileira, ainda não tenha colocado – ao menos o episódio já exibido – disponível na internet.
Até porque daqui a pouco alguém que gravou o coloca  na rede.
Como nós vamos colocar, todos os domingos, uma linda série de documentários produzidos pela TV pública da Argentina sobre os presidentes latinoamericanos. Um trabalho muitíssimo bem realizado, que deve ser assistido por cada pessoa que se preocupe com o nosso continente.

Globo foge do manicômio para atacar Haddad


Simão Bacamarte, médico, alikâmicamente disfarçado de editorialista


O Globo, o mais sólido dos pilares do PiG (*) (só por causa do caixa da  televisão), traz hoje, na pág. 6, um editorial de inspiração alikâmica: “Vírus da intolerância ameaça IBC e Ines”.

O editorialista mistura manicômio com cotas para pobres e negros nas universidades (êpa !  êpa !, o Ali Kamel não pode nem ouvir falar nisso !) com o Instituto Nacional de Educação de Surdos.

Assim como tentou furiosamente manter o Agnelli na presidência da Vale – clique aqui para ler“Presidenta decepciona o PiG e nomeia presidente da Vale” – o Globo está agora determinado a manter o aberto o Instituto dos Surdos, que, segundo o Globo, o Fernando Haddad, Ministro da Educação quer fechar.

O Instituto funciona num belíssimo prédio da Rua das Laranjeiras, no Rio.

É uma referência internacional de educação de surdos.

Agora, no Governo Lula, renovou o parque gráfico com máquinas alemãs e se tornou o maior parque gráfico da América Latina, na especialidade.

Haddad não pretende fechá-lo.

Como não pretende desamparar internos em manicômios – onde se encontram provavelmente alguns editorialistas do PiG (*) – nem destruir o sonho das elites com as cotas na universidade.

Como se sabe, segundo as palavras abalizadas de Raymundo Faoro, o sonho das elites brasileiras é construir um país de 20 milhões de pessoas.

E as cotas são uma séria ameaça a isso.

O que Haddad quer ?

(Além de construir uma Nação de mais de 20 milhões de pessoas. E, por isso, insiste no ENEM, que é a porta de entrada do pobre na Universidade).

Haddad quer estimular a socialização do surdo.

E fazer com que ele COMPLEMENTE, ADICIONE ao estudo especializado no Instituto um segundo turno – se o surdo quiser ! – numa escola pública ao lado de crianças não-surdas.

Que os surdos tenham a alternativa (ALTERNATIVA) de reforçar o conhecimento ao lado de crianças diferentes, com outra história de vida, com crianças como aquelas que os surdos vão encontrar lá fora.

A ideia de Haddad é abrir essa possibilidade no âmbito do Pedro II, uma escola (excelente !) do Governo Federal, no Rio.

A criança surda poderia ir a uma unidade do Pedro II, ou o Pedro II abriria uma unidade no Instituto de Surdos.

Seria numa matrícula ADICIONAL.

E incorporar o surdo gradualmente à vida adulta normal.

O amigo navegante percebe aí alguma manifestação de “sanha persecutória” ?

Ou trata-se de uma “pílula supostamente progressista, que, na realidade, é um composto no qual se disfarça o DNA o autoritarismo e da intolerância” ?

É provável que o editorial seja de autoria do Simão Bacamarte, o mais famoso maluco do Brasil.

Ou de seu enviado ao Globo, alikâmicamente disssimulado.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

DANÇANDO NA BOCA DO VULCÃO


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O Brasil está  imerso numa chuva de dólar. Na contramão do senso comum, Celso Furtado explicava que 'não há nada pior na vida de uma Nação do que uma chuva de dinheiro". A pluviosidade sonante desorganiza a produção local; importações baratas de mercadorias e insumos deslocam demanda e empregos para outras praças; mascara-se a inflação via importados --não raro subsidiados. A farra gera dependência e déficit nas contas externas e, finalmente, arrebenta o país quando o fluxo se inverte e os capitais partem em debandada. O Brasil já passou por essa via crucis algumas vezes. A última delas em 1998/1999 no esgotamento do Plano Real quando, horas depois de conquistar o segundo mandato, FHC implodiu a economia impondo uma máxidesvalorização da 'moeda forte' da ordem de 50% que deixou o país na tanga. Diferentes razões explicam a tempestade atual: capitais especulativos inundam o país para gozar as delícias de uma taxa de juros sem paralelo no planeta (mas os consultores das finanças insistem que a purgação se faça aumentando ainda mais a Selic...).  Há também o preço do sucesso em regime de mercados abertos numa era de colapso dos mercados abertos. Aos fatos: o Brasil cresceu 7,5% em 2020; tem pela frente 50 bilhões de barris de petróleo garantidos com a regulação soberana do pré-sal; tem autossuficiência em alimentos e energia limpa; tem uma Copa do Mundo, uma Olimpíada e uma lista de obras do PAC para se transformar num dos maiores canteiros de obras do mundo;
tem democracia; governo popular e um mercado de massa equivalente a 53% da população e 46% da renda nacional. Resultado: no primeiro bimestre deste ano recebeu em termos líquidos  US$ 24,356 bi. É mais do que todo volume internalizado em 2010. O governo tomou medidas paliativas para fechar as comportas: fixou um imposto de 6% (IOF para  captações com prazo inferior a um ano --um jeito de penalizar fluxos de curtíssimo prazo; dificultou apostas no cassino cambial do mercado futuro de dólares etc  Não resolveu. Quanto mais demonstra desinteresse pelo excesso, mais confiável o país se torna aos olhos dos investidores,  mais a enxurrada aumenta. Nesta 2º feira, outra agencia internacional de risco elevou a cotação da economia brasileira... Estamos dançando na boca do vulcão . Por enquanto, jorra dinheiro; amanhã a lava poderá derreter tudo a sua volta. Existe uma saída: adotar a quarentena em vigor no Chile, que impõe uma permanência mínima do dinheiro externo, prevenindo fugas em massa e ingressos especulativos. O governo Dilma não pode tardar na decisão. Como diz Maria da Conceição, " não é matéria para se discutir pelos jornais. É para  fazer".
(Carta Maior; 3º feira, 05/04/2011