Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 15 de março de 2011

De joelhos, esperando Obama chegar


O presidente americano Barack Obama ainda nem chegou ao Brasil e já começaram as demonstrações de submissão explícita. Como bons colonizados que se prezam, os responsáveis por alguns noticiários já se prestam a fazer o papel de terceiro mundo domesticado que faz reverências as autoridades americanas.
Como na última visita de Hillary Clinton, onde promoveu um espetáculo deprimente de bajulação explícita usando jovens carentes para reproduzir perguntar amistosas escolhidas a dedo pela produção, a Rede Globo e demais afiliadas já saem a campo se esforçando para conseguir de populares, declarações bajulatórias em relação ao Obama, como se este fosse algum tipo de pop star idolatrado pelos brasileiros.
Obama foi uma das maiores fraudes midiáticas dos últimos tempos, e frustrou muita gente no mundo inteiro que acreditava que cumpriria as promessas de campanha de desfazer a imagem negativa daquele país, visto como intervencionista, imperialista, que despreza os direitos humanos e que tem sido o maior risco para a paz mundial. Na prática, foi mais do mesmo que seus antecessores.
Em baixa em seu próprio país, Obama vem enfrentando a ira de parte de seus próprios apoiadores nas eleições, que também se deixaram levar pela bandeira de mudanças significativas. Nos EUA é visto como pato manco, sem controle do congresso americano e com chances remotas de se eleger.
Para a felicidade do Obama existem os bajuladores históricos de qualquer que seja o presidente americano da vez, dispostos a estender o tapete vermelho por onde ele passa. Nada como uma visita em um país com uma imprensa com complexo de vira-latas como a nossa para recuperar a auto-estima de um presidente com baixa popularidade, e ele pode ficar tranqüilo que para a velha mídia brasileira ele ainda é rei.
Eu sinceramente não tenho estômago para agüentar esses espetáculos de submissão explícita e o meu controle remoto anda nervoso. A Rede Globo faz o papel de Otávio Mangabeira da vez, e para quem não sabe quem foi ele, se trata do deputado que se ajoelhou e beijou a mão do ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando este visitou o Brasil em 1946, fotografado por Ibrahim Sued, como pode ser visto na imagem destacada desse post. Até hoje esse episódio serve como maior exemplo da submissão da elite brasileira em relação as autoridades norte-americanas
É degradante ver uma emissora que passou décadas tentando humilhar o ex-presidente Lula Por não fazer parte da elite peçonhenta do qual fazem parte, se rebaixar dessa forma para um presidente americano, passando uma imagem distorcida do povo brasileiro. Espero que esse acontecimento ajude a alertar os brasileiros que ainda tem orgulho próprio sobre as intenções de determinados veículos de imprensa, sobretudo a Rede Globo.
Comprem babadores e joelheiras e enviem para a Rede Globo, eles devem estar muito necessitados de acessórios como esses.

Obama no Brasil: O Império contra ataca?



O primeiro presidente negro eleito pelos Estados Unidos, Barack Obama estará no Rio de Janeiro no próximo domingo. Quando vi a informação em algum site de notícias, me chamou a atenção o fato do discurso, que acontecerá na Cinelândia, ser gratuito e aberto ao público. Fui tomada por uma sensação de incômodo que não soube explicar aos meus colegas. O incômodo não vem do fato da visita de Obama ao Brasil. Nem do discurso gratuito e aberto ao público. Longe disso.
Lá pelos idos de 2008, lembro-me de me emocionar com a eleição do cara. Caminhando pelo Maracanã, bairro onde moro, vi um morador de rua gritando que, finalmente, tínhamos conseguido nossa liberdade (sic). Achei graça. Mas a sensação, talvez fosse essa mesmo para a gente, que ainda tem uma gota de indignação dos anos de W.Bush, que não foram anos bons. Imagine para mim, natural de Governador Valadares?
Para quem não sabe ou não se lembra, a cidade é estigmatiza por exportar seus filhos - são mais de 30 mil, dizem as pesquisas – para aquela terra em busca de oportunidade. Cresci vendo tios, tias, vizinhos, amigos deixando a calmaria da cidade em busca do “eldorado”, em tempos que uma moeda fraca acabava fazendo com que essas pessoas melhorassem de vida, mesmo ocupando subempregos e vivendo a duras penas naquele país frio.
Este texto não tem a finalidade de expressar aquela postura de demonizar os norte-americanos. Isso é tão datado. Não significa que eu também não tenha ressalvas em relação à política daquele país. Aos muros erguidos nas fronteiras. Ao preconceito em relação a negros, homossexuais, latinos que ainda teimam direcionar as ações daquela nação. Às guerras sem propósitos. Ao boicote ao Wikileaks. Às sanções econômicas que há anos vem sufocando Cuba. As ressalvas são muitas.
Não sou tola e entendo a importância de um líder da expressão de Obama no Brasil. Mas eu, que vivi tempos de “batermos pinico” para oTio Sam, entendo que a nossa postura como brasileiros deva ser outra. É lindo Obama discursar na Cinelândia. Lá foi palco, como frisou Paulo Henrique Amorim, da vitória de Leonel Brizola e que também recebeu Lula e Dilma (eu estava nesse dia).
Os tempos são outros. Eu cresci, ganhei senso crítico. E o Brasil também. Cresceu e amadureceu como nação e hoje trata de igual para igual com TODAS AS NAÇÕES DO MUNDO. Os Estados Unidos estão entre elas.
Vi o Brasil dizer não à ALCA e a discutir questões pertinentes à nossa economia na Organização Mundial do Comércio. Vi o Brasil mediar conflitos e ampliar a relação com outros países. Sobretudo, entendi a nossa postura como liderança na América Latina. Méritos dos 8 anos de trabalho do nosso querido operário presidente, Luís Inácio Lula da Silva, que mostrou que “yes, we can!!!”
Eu não estou indignada com a presença de Obama aqui, porque o Brasil já se provou múltiplo nas suas relações. Fomos concebidos entre as diferenças e, por isso, mesmo que não da melhor maneira possível, conseguimos entendê-las. Esse bom mocismo yankee, que vai sortear camisas, livros e, pasmem, um Iphone e um Ipad aos brasileiros que melhor saudarem o presidente norte-americano é que me incomoda, (veja aqui - acréscimo deste ContextoLivre) . Houve um tempo que os colonizadores nos davam espelhos de presente.
O Obama que vem aqui não é o homem que comoveu o morador de rua lá do Maracanã. Nem aquele que prometeu tirar as tropas do Iraque e universalizar o sistema de saúde daquele país. É um presidente cuja nação está maculada pela maior crise econômica da história e que vem perdendo espaço e prestígio, embora ainda seja a maior economia do mundo. E o Brasil também não é o mesmo. Sua presença tem sido noticiada com confetes e serpentinas que são de direito ao primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América pelas nossas competentes corporações midiáticas.
Agora, por favor, um pouco mais de respeito com o meu povo. Vamos recebê-lo bem, porque assim reza a diplomacia e também porque receber bem é quase uma digital do brasileiro. Não precisamos de brindes, sovenir ou regalos
Nós estamos no controle. Então, por favor, nada de resquícios imperialistas. Mister Presidente, we can buy an Iphone and Ipad. Isso é reflexo de uma economia estabilizada, do crescimento do nosso poder aquisitivo. Nos trate com mais respeito. Há 8 anos deixamos de ser cidadãos de segunda classe. Nós temos autoestima e uma presidenta que nos representa. Entendemos nosso papel no mundo e estamos prontos para assumi-lo, começando com uma cadeira fixa no Conselho de Segurança da ONU.

 Cássia Ferreira Andrade é jornalista e valadarense.

Jornalixo brasileiro, cara do vira-latas


A sucursal da Casa Branca

Por Leandro Fortes

Entre todas as bizarrices expostas pelo WikiLeaks, a mais interessante é a revelação, sem cerimônias, de que a Embaixada dos Estados Unidos mantinha (mantém?) uma verdadeira sucursal informal no Brasil, na qual se revezavam jornalistas (de uma só tendência, é verdade), a elaborar análises políticas – todas furadas, diga-se de passagem.

Na redação da embaixada brilharam, primeiro, os colunistas Diogo Mainardi, da Veja, e Merval Pereira, de O Globo. Segundo despacho de Arturo Valenzuela, secretário adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em 2009, o “renomado colunista político” Mainardi, em almoço privado (?), disse que uma coluna propondo que a ex-candidata presidencial do Partido Verde (PV) e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva se tornasse candidata a vice do tucano José Serra havia nascido “de uma longa conversa” entre os dois, Serra e Mainardi, na qual o ex-governador de São Paulo afirmara que Marina seria sua “companheira de chapa dos sonhos”. De acordo com Valenzuela, Serra alinhou naquela conversa com Mainardi as mesmas vantagens que o colunista, mais tarde, iria listar em sua coluna: a história de vida e as “credenciais esquerdistas impecáveis de Marina poderiam bater o apelo pessoal de Lula aos brasileiros pobres e colocar Dilma Rousseff em desvantagem com a esquerda. Ao mesmo tempo, a vice verde ajudaria Serra a “mitigar” sua associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso. Mainardi ainda preconizou que, mesmo sem sair como vice, Marina poderia apoiar Serra num segundo turno contra Dilma. Também apostou que Aécio Neves iria se juntar à chapa de Serra. Um profeta, como se vê.

A mesma lengalenga Arturo Valenzuela ouviu do colunista Merval Pereira, que rememorou uma conversa tida entre ele, Merval, e Aécio Neves, um dia antes do jornalista se reportar à Embaixada dos EUA, em 21 de janeiro de 2010. Ou seja, informação quentíssima! A Merval, informou Valenzuela à Casa Branca, Aécio Neves teria dito estar “firmemente compromissado” em ajudar Serra de qualquer maneira, inclusive se juntando à chapa. Uma chapa Serra-Neves, opinou Merval Pereira ao interlocutor americano, venceria fácil. “(Merval) Pereira pessoalmente acredita que não só Neves concorreria com Serra, mas que Marina também apoiaria Serra em um segundo turno”. Outro profeta.

Agora, sabemos pelo WikiLeaks que Humberto Saccomandi, editor de notícias internacionais do jornal Valor Econômico, acompanhado do analista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, também foram convocados pela sucursal da Embaixada a analisar a candidatura de Dilma, mas estes acertaram: a subida de Dilma Rousseff nas pesquisas iria favorecê-la no congresso nacional do PT, no fim de fevereiro de 2010, onde se esperava que ela anunciasse sua candidatura oficialmente.

Classificados de “críticos mais duros de Rousseff”, os jornalistas William Waack, da TV Globo, e Hélio Gurovitz, da revista Época, também foram à Embaixada dos Estados Unidos dar pitaco, mas em clima de torcida organizada pró-Serra. Waack descreveu para o Consulado Geral, em São Paulo, sua ida a um fórum de negócios do qual José Serra, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Ciro Gomes tinham participado. A análise, não fosse surreal, é pouco mais do que rasa. “De acordo com Waack, Gomes foi o mais forte no geral, Neves o mais carismático, Serra desligado, mas claramente competente (grifo meu), e Rousseff, a menos
coerente”, escreveu, à Casa Branca, o embaixador Thomas Shannon, editor-chefe da sucursal. Crítica duríssima, essa de Waack.

Helio Gurovitz, diretor da Época, foi mais adiante ao se reportar à Embaixada do EUA. Descreveu o Brasil como similar ao Chile (onde a esquerdista Michelle Bachelet perdeu a eleição para o direitista Sebastián Piñera). Argumentou que a “base social do país” se desenvolveu de maneira que esta “base” – seja lá o que for isso, o povo é que não era – preferiria alternar partidos no poder para manter continuidade (sic), em vez de manter um partido no poder no longo prazo, “com isso provocando uma guinada na direção daquele partido no espectro político”. O embaixador, creio, não entendeu nada. Mas registrou, por via das dúvidas.

Com analistas assim, não é à toa que o governo Obama se encontra na situação que está.

Clique aqui para ler “Merval e Mainardi dão informação inútil a americanos”.

Exploração de petróleo reaviva indústria naval no Brasil


Paulo Cabral
Enviado da BBC ao Rio de Janeiro

A descoberta das reservas de petróleo do pré-sal em 2007 fez com que o governo Lula apostasse no renascimento da indústria naval com base em lucros futuros da exploração e produção do produto e forte investimento estatal no presente.

Hoje o setor emprega 56 mil pessoas; há dez anos, empregava duas mil.

Projetos ligados ao petróleo como a construção da plataforma P-56 são os que oferecem mais oportunidades. A Transpetro, a subsidiária de transportes da Petrobras, já encomendou 41 navios aos estaleiros brasileiros.

Em Angra dos Reis, sul fluminense, funciona um dos 37 estaleiros atualmente operando no Brasil. A maioria reabriu nos últimos anos depois de décadas de decadência.

Leia mais em: EskerdoNews 


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BAHREIN IMPÕE LEI MARCIAL



 O rei do Bahrein, Hamad Bin Isa Al Khalifa, acaba de decretar estado de emergência por três meses.  O regime delegou plenos poderes  ao comando militar para reprimir manifestantes que exigem a abertura democrática e fim da monarquia ditatorial. O decreto-lei marcial - lido na televisão estatal do Bahrein - veio se somar à ocupação do país pelas tropas da Arabia Saudita para combater  manifestações que a monarquia já não consegue mais conter. Os choques prosseguem. Um sargento saudita das tropas de ocupação, Ahmed al-Raddadi, teria sido morto a tiros hoje na capital do Bahrein, Manama. A lei marcial  militariza completamente o país que serve de estacionamento para a 5º Frota norte-americana e funciona como sentinela avançada do petróleo saudita --uma das principais fontes de abastecimento do Ocidente. Horas antes do anúncio da lei marcial, a capital ficou deserta. Escolas e estabelecimentos comerciais foram fechados; as rodovias, bloqueadas. Desde Bush, os EUA consideram Bahrein seu principal aliado fora da OTAN.

Santayana, ou a surdez das formigas


Os ouvidos da formiga

Mauro Santayana

Há anos tento recuperar o texto de um dos mais assustadores contos de ciência ficção, que li ainda na adolescência. Ao que me indica a frágil lembrança da narração, o autor era russo. Em certo dia, os astrônomos localizam uma nuvem de gás letal que se aproxima da Terra e que a cobrirá, fatalmente. Certos do fim da vida no planeta, os líderes políticos se reúnem às pressas com os cientistas e, no tempo ainda disponível, tomam providências para registrar tudo o que seria possível guardar para uma civilização que viesse a surgir, em qualquer tempo depois, em nosso planeta. Um complexo sistema é estabelecido para chamar a atenção do futuro ser inteligente, quando, passado o efeito do envenenamento atmosférico, fosse presumível a comunicação com esse desconhecido, descendente de alguma forma de vida preservada durante o grande acidente cósmico.


Um dia, os grandes alto-falantes, espalhados pelo mundo, reproduzem o som estridente das sirenes e, em seguida, em todas as línguas imagináveis, as informações sobre os arquivos da vida humana, com as chaves de sua decodificação. Durante meses, enquanto duram as potentes baterias do sistema, os sons se repetem, sem que haja qualquer reação. Segundo o conto, os únicos seres sobreviventes haviam sido as formigas – e as formigas são surdas.


Nos arquivos subterrâneos, e para sempre, enquanto o sol brilhar e a Terra existir, jazerão, tão indiferentes como as rochas, as gravações da Quinta Sinfonia de Beethoven, com sua intrigante pausa inicial; das Quatro Estações de Vivaldi, de toda a obra de Bach e Telleman, das Sinfonias de Mahler e das surpreendentes composições de Gershwin;  as mais belas esculturas; todos os livros do mundo, juntamente com as pinturas, da reprodução dos afrescos da Antiguidade a Miró e Picasso. Também guardados em recipientes de cristal selado, os grandes filmes até então produzidos.


Não estamos ouvindo os avisos da Natureza. Eles estão sendo mais insistentes em nosso século, que se inicia, do que nunca foram. Esses avisos podem ser confirmados pela ciência: o pólo magnético se desloca rapidamente, em conseqüência das tempestades magnéticas se sucedem. Há o risco, já anunciado, de que haja  tal subversão no campo magnético terrestre que todos os registros eletrônicos se apagarão em um instante – e para sempre.


O homem ainda não se deu conta de sua grandeza. A inteligência que o assiste é a maior expressão da vida no Cosmos. Fruto do acaso, ou de  deliberada intenção superior, o Universo, com seus mistérios e sua imensidão só serve ao homem, porque só o homem tem a consciência de que o Universo existe.


Nos últimos 150 anos causamos mais danos à Natureza do que em todo o curso da vida na Terra. E não adianta esquivar-se da verdade, tão clara como o sol das manhãs de verão: toda essa violência se fez em nome do lucro, em nome do acelerado crescimento do capitalismo, exacerbado a partir de sua aliança com a inteligência tecnológica. Ou paramos para refletir sobre tudo isso, ou, realmente, não merecemos o Universo que recebemos ao nascer e que, mesmo o perdendo, cada um de nós, ao morrer,  o legaremos aos que virão de nossa semente e de nossos sonhos. Nós o legaremos com o melhor de nossa essência, na arte, essa sublime cumplicidade com a natureza, no pensamento filosófico, na fé na transcendência, no registro das histórias de amor.


Isso, se conseguirmos encontrar a razão da vida, que perdemos, inebriados pelo mito do progresso sem limites, do hedonismo sem limites, da insânia sem limites. Uma coisa é certa: nosso sistema de vida, conduzido pela razão do capitalismo, é incompatível com a preservação da espécie. Temos que encontrar um novo caminho, em que o homem possa ser feliz e se realizar, enquanto o nosso planeta se mantiver girando, na órbita de uma estrela ainda viva.

Wisconsin: milhares pedem demissão de governador


A luta que iniciou no Wisconsin tem implicações nacionais tanto na política como no futuro do sindicalismo nos Estados Unidos. No sábado, cerca de 100 mil pessoas saíram às ruas numa das maiores manifestações da história do Estado de Wisconsin, pedindo a demissão do governador Scott Walker, do Partido Republicano. Versões do mesmo conflito expressam-se em pelo menos nove Estados, entre eles Indiana, Ohio e Iowa.

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se sábado em Madison, Wisconsin, contra a lei anti-sindical assinada pelo governador Scott Walker. Tendo sofrido uma derrota legislativa, os manifestantes afirmam-se determinados a prosseguir a luta e exigem a demissão do governador.

Alguns órgãos de comunicação consideram que foi a maior manifestação, das muitas marchas e protestos realizados no último mês, e uma das maiores de sempre da história do Estado de Wisconsin. A cidade de Madison tem uma população total de cerca de 250.000 habitantes e o protesto deste sábado juntou muitas dezenas de milhares, provavelmente mesmo mais de cem mil pessoas.

O governador não tem recuado perante os protestos e utilizou uma manobra, considerada inconstitucional até pelo Partido Democrata, separando a nova lei de medidas fiscais, para passar nas duas Câmaras sem maioria absoluta e assim chegar ao governador que a assinou. O processo está ainda em apreciação pelo tribunal, mas os manifestantes afirmam que não desistem e lutam pela demissão de Scott Walker.

A nova lei anti-sindical reduz o poder de negociação dos contratos coletivos para os trabalhadores da administração pública só a questões salariais; aumenta o preço do seguro de saúde; obriga a uma votação sindical anual na qual os trabalhadores terão de reconfirmar que querem continuar sindicalizados; acaba com o desconto para os sindicatos feito diretamente pela administração pública.

Segundo assinala David Brooks, correspondente do jornal mexicano La Jornada, “versões do mesmo conflito expressam-se em pelo menos nove Estados – Indiana, Ohio e Iowa, entre outros -, onde está em marcha uma ofensiva política que procura romper o poder político e social dos sindicatos no setor público utilizando como justificação a necessidade de reparar os problemas fiscais que sofrem todas as entidades públicas como resultado da crise financeira nacional que estalou em 2007. Assim, a luta que se iniciou no Wisconsin tem implicações nacionais tanto na política como no futuro do sindicalismo neste país”.

A eutanásia da classe média nos EUA e na Europa


O grosso das riquezas acumuladas na história foi adquirida ou mediante a conquista armada de terras ou por meio de concessões políticas privilegiadas, como foi o caso dos terrenos públicos presenteados para a construção das ferrovias nos EUA no século XIX. As grandes fortunas norte-americanas foram construídas com o saque do domínio público de terras, empresas e direitos de monopólio, porque os principais ativos estavam no domínio público. A história agora se repete na Europa e nos EUA. Contra a sugestão de John Maynard Keynes de realizar a "eutanásia do rentista", querem eutanasiar a classe média. O artigo é de Michael Hudson e Jeffrey Sommers.

No entardecer da quarta-feira da semana passada, em uma sessão que acabou se convertendo numa verdadeira noite dos longos punhais, a integridade de Wisconsin foi brutalmente violada no Capitólio do Estado. No dia 9 de março, a integridade e a confiança construídas durante um século foram arrasadas quando os senadores do estado de Wisconsin fizeram uma manobra e dividiram pela metade sua “lei orçamentária de reparação” do déficit orçamentário. Os assuntos financeiros requerem um quórum especial. A negociação coletiva sindical foi retirada dessa lei, a fim de permitir sua votação imediata em separado. Mesmo assim, estava se violando a lei estatal de reuniões abertas, que exige um prazo de 24 horas para assegurar a transparência. Os senadores republicanos do estado de Wisconsin empurraram a nova legislação sem aviso prévio, sem respeitar prazos, deixando um único e estupefato legislador democrata, Peter Barca, a pregar no deserto lendo em voz alta a lei de reuniões abertas para evitar que os senadores concretizassem a votação. Mas o Senado votou, ignorando suas objeções.

O estilo de Wisconsin sempre foi centrado na integridade. Com efeito, essa é a única vantagem comparativa que esse estado federado podia reivindicar. Já não pode mais. Abolida a negociação coletiva, uma multidão de assuntos de enorme importância fica fora do controle dos trabalhadores. A privatização dos ativos públicos está agora na agenda política com a lei orçamentária de reparações ainda por ser votada.

Wisconsin é um Estado que inventou a Era Progressista dominada pelo Partido Republicano no século XIX e início do XX, sob a égide de populistas progressistas como Robert La Follette. Sob seu mandato, a busca de rendas privadas extraídas do domínio público e corruptelas análogas foram combatidas e freadas por um robusto setor público ancorado na integridade. A longa história desse Estado federado em matéria de reformas foi o solo que deu origem a uma próspera classe média e converteu seu território em um modelo de governo limpo, sólidas infraestruturas, sindicalismo organizado e indústria de alto valor agregado gerida por socialistas e progressistas ao estilo de La Follette.

Muito diferentes de Scott Walker hoje. Representante de uma nova estirpe incomparável a dos republicanos de antigamente em Wisconsin, Walker busca o renascimento do latrocínio de ativos que caracterizou a Era da Cobiça (a época dos “barões ladrões” e das grandes fortunas especulativas, entre outros, com o negócio das ferrovias no período pós-guerra civil norte-americana). Uma praga de rentistas em busca de lucro rápido pela via da privatização do setor público e da instituição de rentáveis pedágios de acesso às estradas, aos serviços de energia e a outras infraestruturas básicas.

Os manuais de economia e os telejornais da cadeia Fox (de extrema direita), com apoio de agressivos locutores radiofônicos, propagam o mito de que se ganham fortunas produtivamente investindo em equipamento de capital e empregando trabalho para produzir bens e serviços que as pessoas querem comprar. Pode ser que seja assim que prosperam as economias, mas não é assim que se fazem fortunas do modo mais fácil. Basta ler Balzac para saber que por trás de cada fortuna familiar há um grande roubo, frequentemente esquecido há muito tempo ou ainda não descoberto.

Mas de quem se rouba? O grosso das riquezas registradas na história foi adquirida ou mediante a conquista armada de terras ou por meio de concessões políticas privilegiadas, como foi o caso dos terrenos públicos presenteados para a construção das ferrovias nos EUA no século XIX. As grandes fortunas norte-americanas foram construídas com o saque do domínio público de terras, empresas e direitos de monopólio, porque os principais ativos estavam no domínio público.

Ao longo da história, as economias mais bem sucedidas foram as que conseguiram frear esse tipo de acumulação primitiva. A economia norte-americana de nossos dias anda se arrastando em muito boa medida porque suas tradicionais barreiras protetoras frente aos rentistas foram quebradas.

Em nenhum lugar pode-se ver isso de maneira mais perturbadora do que em Wisconsin. Hoje, Milwaukee – a maior cidade de Wisconsin e outrora a mais rica dos EUA – acha-se entre as quatro grandes cidades mais pobres dos EUA. Wisconsin é apenas o caso mais recente de uma série de grandes assaltos. “Etapa final” da doutrina neoliberal, o próprio governo dos EUA e suas agências reguladoras estão sendo privatizados.

Basta uma olhada na chamada “Lei orçamentária de reparação” do governador Walker para descobrir um verdadeiro mostruário de horrores, que são exatamente o contrário de uma verdadeira “reparação” do déficit. Entre os pontos enumerados pela lei até a noite da quarta-feira passada havia privatizações liquidadoras de plantas públicas de geração de energia, em contratos sem leilões, obviamente favorecedores de vantagens com informação privilegiada interna.

As 37 plantas que Walker pretende vender por liquidação produzem calefação e refrigeração a baixo custo para as universidades e prisões do Estado. A lei orçamentária de reparação liquida-as a baixo preço, presumivelmente em favor de doadores de sua campanha eleitoral, como as indústrias Koch, e impõe uma fatura perpétua aos contribuintes de Wisconsin que pagarão maiores preços pela energia produzida. E tudo isso é vendido como um plano de “alívio ao contribuinte”! Inexoravelmente, isso dará lugar a uma legislação posterior, assim que se desvie a atenção da disputa atual.

A lei orçamentária prevê também a demolição do Sistema de Aposentadoria de Wisconsin (WRS, na sigla em inglês). Isso não é Nova Jersey, onde uma sucessão de governos corruptos terminou no subfinanciamento (leia-se: roubo) do sistema estatal de pensões, a fim de deslocar recursos para cobrir os furos orçamentários na arrecadação geral causados pelos cortes de impostos em favor dos ricos. Não, o WRS é um dos sistemas públicos de pensões mais estáveis, melhor financiado e melhor gerido da nação. Ainda que Wisconsin não seja um grande estado, o WRS chegou a acumular 75 bilhões em reservas, e paga pontualmente generosas pensões a seus funcionários aposentados, sem necessidade de subsídios públicos. A lei de Walker está redigida com uma linguagem adequada à demolição deste sistema, assaltando seus ativos para pagar posteriores cortes fiscais para os ricos (especialmente os proprietários) e lançando uma boa carniça aos tubarões de Wall Street, a medida que os funcionários públicos passarão aos planos 401k (sistemas privados de poupança para a aposentadoria), administrados por gestores de recursos privados que trabalham por comissão.

Em uma proposta separada, o governador Walker começaria o processo de privatização dos campi da Universidade de Wisconsin que subvencionam doutorados. Ironicamente, as universidades estaduais às quais o Estado federal concedeu (no último terço do século XIX) terrenos federais para sua construção – entre as quais a de Wisconsin – foram criadas pelos republicados protecionistas do século XIX para promover visões alternativas à doutrina britânica do livre mercado que dominava as prestigiadas e muito anglófilas universidades da Liga Ivy (as oito grandes universidades privadas do noroeste dos EUA, encabeçadas por Harvard). Essas universidades públicas estabelecidas em terrenos federais cedidos aos estados, como suas semelhantes na Alemanha, ensinavam uma nova política econômica de gestão estatal e empresa pública que formou a base do subsequente desenvolvimento norte-americano e alemão.

Walker pretende liquidar essa tradição e oferecer a produção intelectual a quem der o melhor preço. Outras propostas sugerem a venda dos bosques públicos setentrionais de Wisconsin, ricos em minerais e madeira. E se diz que há muitas outras propostas deste tipo em preparação.

Assim, a guerra de Walker não é somente contra os Democratas e os trabalhadores: é uma guerra também contra as instituições da Era Progressista de Wisconsin. Sua política ameaça provocar a pauperização do estado, atinge as instituições da Era Progressista e leva à proletarização das classes médias desse estado. Contra a gentil sugestão de John Maynard Keynes de realizar a “eutanásia do rentista”, querem eutanasiar agora, nos EUA e em toda a Europa, a classe média.

Michael Hudson trabalhou como economista em Wall Street e atualmente é professor na Universidade de Misoury, Kansas City, e presidente do Institute for the Study of Long-Term Economic Trends.

Jeffrey Sommers é professor visitante na Escola de Economia de Estocolmo, em Riga.


Tradução: Katarina Peixoto 

O DRAMA JAPONÊS E O PAPEL DO ESTADO: NA CATÁSTROFE, OS MERCADOS RECUAM


 Especial Fome e Desordem Financeira Mundial - Clique para ver o especial 

"A paralisação de boa parte da máquina produtiva do Japão, a terceira economia mundial, espalha dificuldades para toda a rede integrada de fabricação regional asiática, em uma cadeia de consequências que atinge o Brasil. Com a destruição assustadora do nordeste do país, o perigo de mais vazamentos radioativos na usina nuclear atingida pelo terremoto e sem perspectiva de regularização do fornecimento de energia por várias semanas, a Sony, maior exportadora japonesa de eletrônicos de consumo, suspendeu a operação de dez fábricas. A Toyota, maior montadora do mundo, fez o mesmo ..." (Valor).
 "...a catástrofe exigirá, sem dúvida, um imenso gasto público para auxiliar o processo de recuperação, mesmo que isto deprima a economia japonesa e reduza a arrecadação fiscal..." (Paul Krugman; NYT)

(Carta Maior; 3º feira, 15/03/2011)

Roda histérica


Eduardo  guimarães - blog cidadania
Ao fim da edição desta semana do programa Roda Viva, da TV Cultura, fiquei sem saber quem me provocou o maior sentimento de que joguei fora mais de uma hora da minha vida, se a roda de jornalistas emocionalmente descontrolados ou o entrevistado pelo programa, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, do PT gaúcho, que, à diferença do show que deu José Dirceu no mesmo programa no mês passado, poderia ter se poupado, e ao público, daquela perda de tempo.
Para entrevistar Maia, a tevê estatal tucana escalou jornalistas que continuam em campanha eleitoral, acorrentados ao discurso anti-Lula de José Serra e Fernando Henrique Cardoso. Quem adivinhar do que trataram Augusto Nunes (Veja), Eliane Cantanhêde (Folha de São Paulo), Marília Gabriela (Globo News e TV Cultura), Paulo Moreira Leite (Época) e Delmo Moreira (IstoÉ), ganha um fim de semana inteirinho ao lado dos dois tucanos que fazem a cabeça desse grupelho pseudojornalístico.
Se você disser que, basicamente, se limitaram a abordar o “mensalão” e as picuinhas com o Irã, acertará em cheio. Por incrível que pareça.
No início do programa, a “mediadora”, Marília Gabriela, anunciou que o presidente da Câmara estava lá “para falar de política, de seus planos, dos compromissos assumidos, de corporativismo e de governabilidade”. Não foi o que se viu. Maia foi levado até lá apenas para servir de saco de pancadas, para ouvir insultos ao governo Lula e a si mesmo e para atuar como coadjuvante das cenas de verdadeira histeria de Nunes, Cantanhêde e Gabriela, que disputavam entre si o troféu descontrole emocional.
Alguns que possam ter assistido ao programa ou que clicarem neste link e tiverem paciência de assisti-lo dirão que Maia se comportou da única forma que lhe cabia diante de cinco entrevistadores que nada mais faziam além de insultar o partido do entrevistado, ele próprio e, sobretudo, o ex-presidente Lula, e que, quando lhe era concedida a palavra, era impedido de falar, aos berros, pelo grupo de “entrevistadores”.
O presidente da Câmara passou os quatro blocos do programa fugindo do confronto, até que, a certa altura, refugiou-se em um mantra de que os jornalistas deveriam olhar também para o “lado positivo” do que acontece no Brasil, recitando os exemplos de tudo que melhorou. Como a cada vez que respondia assim os entrevistadores ficavam mais belicosos, o mantra foi se tornando robotizado, o que deve ter produzido no telespectador a sensação de estar assistindo a um teatro do absurdo.
Aliás, Cantanhêde e Gabriela, a certa altura, pensei que sofreriam uma síncope em meio a uma teatralização patética em suas intervenções, gesticulando muito, modulando o tom de voz de uma forma que chegava ao ponto de fazê-las quase berrar com os olhos postos no nada e os membros superiores se agitando descontroladamente.
Descreviam Lula como defensor de corruptos e de ditadores e inimigo dos direitos humanos, repisando o mesmo discurso sobre Delúbio Soares, Silvio Pereira, Land Rover, dólar na cueca etc., etc., etc. Por alguns momentos, voltei a 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010, tempo durante o qual esses assuntos estiveram todo santo dia nos veículos dos patrões daquela bancada de paus-mandados.
O único momento um pouco melhor de Maia, quando saiu um pouco do mantra sobre a mídia dever também mostrar o lado positivo do Brasil, foi quando começaram a questionar que ele ocupasse a residência oficial do presidente de uma das Casas do Congresso e ele explicou que, na verdade, precisava de uma residência adequada a receber até chefes de Estado em jantares ou reuniões, e que a Casa que passa a ocupar se pareceria mais com uma “repartição pública”.
O absurdo programa nada teve de jornalismo. Mais pareceu uma exibição de telecatch (luta livre quase sem regras), não passando de um bate-boca, ou melhor, de espancamento de um membro de uma facção por um grupo de outra.
Duvido que alguém saiba dizer o que foi que conseguiu extrair de novo ou de relevante daquele programa. Mesmo os que odeiam Lula – o alvo primordial de tudo – apenas ouviram, pela putilionézima vez, os mesmos ataques ao ex-presidente repetidos à exaustão nos últimos seis anos, ao menos.
Para coroar aquela atração patética, o golpe de misericórdia foi a fala final a que cada integrante daquela roda histérica teve direito para, pela última vez, insultar um entrevistado que não conseguiu completar duas frases sem ser interrompido durante um programa que parecia que não acabaria nunca.
Reproduzirei apenas a fala final de Eliane Cantanhêde, que, numa cartada desesperada, tentou o insulto pessoal visando que Maia perdesse o controle, o que não fez claramente por medo, pois é óbvio que, se tivesse reagido, a mídia empreenderia uma campanha para derrubá-lo da presidência da Câmara, logo arrumando algum escândalo para si. Então, dispôs-se a aturar isso que vai a seguir, um ataque pequeno, condizente com alguém que nada tinha a dizer e disse assim mesmo.
 Fiquei surpresa porque, como o senhor não é um deputado de primeiro time – passou a ser agora, porque o senhor era um deputado de segundo time, desculpa dizer isso –, saiu muito bem (sic) no programa e foi muito esperto ao defender, principalmente, o governo Lula. Mas não foi muito esperto ao defender a instituição Câmara.

Mundo ferve, mídia trôpega


Por Alberto Dines -Observatório da Imprensa.
Iniciado o ano real, efetivo: os jornalões voltam ao seu estado natural – desnorteados, atarantados, incapazes de responder com grandeza às convocações do noticiário. O mundo ferve, a mídia vai levando. A sucessão de calamidades e catástrofes não cria um sistema capaz de responder com rapidez às angústias do seu público. Prefere iludi-lo com banalidades ao invés de preocupá-lo com transcendências.
No domingo [13/3], nenhum deles conseguiu oferecer algum tipo de reação a respeito do desastre nuclear que ronda o Japão, embora as notícias sobre as complicações na central de Fukushima tenham começado na sexta-feira [11/3], em seguida ao terremoto. Afinal, o Brasil tem duas centrais em funcionamento em Angra dos Reis e o novo governo está empenhado em terminar a montagem da terceira.
Emocionados com a tragédia japonesa, seria aconselhável que não se perdessem de vista as implicações locais do que acontece nos antípodas: a energia nuclear volta a ser duramente questionada. Principalmente na Alemanha, onde teoricamente está banida.
Os reatores são seguros, garantem os técnicos – seguros até que um fato novo ou evento máximo escancare a sua vulnerabilidade. Este questionamento só pode ser acionado pela mídia – o legislativo federal continua fixado em cargos, verbas, vantagens e assim ficará pelo menos até o segundo semestre.
Estímulos
Nossa mídia só reage ao estímulo das denúncias de corrupção – mesmo assim, somente às de alto bordo, a grande corrupção político-partidária que sabe explorar com perfeição em benefício de suas preferências.
O escândalo da polícia civil do Rio sumiu misteriosamente do noticiário e ele tem a ver com a perigosa metástase do narcotráfico que iguala o país à velha Colômbia ou ao novo México.
Sossegada pela sábia estratégia da presidente Dilma Rousseff de não espicaçar os seus pontos fracos, a mídia perdeu aquele mínimo de animação e combatividade que exibiu em alguns momentos. Aceita tudo, engole tudo, nada lhe parece incômodo, estranho, acintoso ou indecente. Relaxa e goza, desde que não se toque nos mercados nem se convoque o Estado para novas tarefas – como a de acabar com o duopólio do transporte aéreo que castiga a sociedade e compromete o desenvolvimento do país.
Complacência
Exemplo desta modorra e complacência foi a aceitação dos resultados dos concursos das escolas de samba no Rio de Janeiro e de São Paulo. Estes resultados no fim do Carnaval sempre foram motivo de calorosas e saudáveis controvérsias, isca para provocar o cidadão e levá-lo a se engajar num debate de teor cultural. A premiação deste ano, privilegiando o gênero da biografia fajutada, agride a tradição dos samba-enredos criativos e originais, sofisticados e populares, mix que só as escolas de samba conseguem produzir com perfeição.
A escolha de duas celebridades, Roberto Carlos (Beija-Flor) e o ex-pianista-agora-maestro João Carlos Martins (Vai-Vai), não esconde uma predileção pelas fontes de apoio e financiamento fácil. O músico homenageado pela escola paulistana é da entourage de Paulo Maluf e seu irmão, Ives Gandra Martins, representante máximo da Opus Dei no Brasil.
Ninguém lembrou que o mesmo Roberto Carlos conseguiu embargar judicialmente a publicação de uma biografia não-autorizada e a queima dos volumes impressos, façanha que o coloca ao lado da Santa Inquisição.
O anúncio de que a mesma Beija-Flor do Rio vai cantar Angola no Carnaval de 2012 não produziu a menor faísca de indignação em nossa valente mídia: José Eduardo dos Santos, o presidente da ex-colônia portuguesa, é um autêntico ditador, no poder há 32 anos consecutivos – mais do que Hosni Mubarak –, capo de um dos estados mais corruptos da África e cuja família comprou com diamantes parte da mídia portuguesa e que agora desembarca no Brasil.
A mídia não esconde que vive de celebridades, precisa delas, mesmo caquéticas ou suspeitas. O endeusamento de Hebe Camargo porque teve um câncer e o descarado salvo-conduto oferecido ao falido banqueiro-apresentador Silvio Santos são provas de um afrouxamento generalizado nos padrões das exigências morais que em algum momento será cobrado. Em 2012 teremos eleições, em 2014 também. Então tudo muda

Charge do Bessinha

Quem Muito se Abaixa mostra o Cú


Altamiro Borges: Folha se curva para a visita de Obama

O editorial da Folha de hoje é mais uma prova cabal do “complexo de vira-lata” que impera na mídia brasileira. O jornal, que mais se parece uma sucursal rastaqüera do Departamento de Estado dos EUA, aproveita a visita de Barack Obama ao país para fustigar a política externa do governo Lula e para aconselhar Dilma Rousseff sobre a melhor forma de relacionamento com o império.

Por Altamiro Borges

“Depois do período de esfriamento nas relações entre Brasil e EUA, no segundo mandato de Lula, a visita de Barack Obama ao Brasil de Dilma Rousseff, sábado e domingo, oferece boa oportunidade para reconstituir uma agenda de cooperação bilateral. O aumento do intercâmbio comercial com os EUA deve ser uma prioridade brasileira”, recomenda o diário colonizado.

Servil diante do protecionismo ianque
Parece até que a pretensa retração no “intercâmbio comercial” é culpa do Brasil. O editorial não fala uma linha sobre a grave crise econômica que abala os EUA e que contaminou o restante da economia mundial. Também não critica a política protecionista dos EUA, onde vigora a tese do “façam o que eu falo, não façam o que eu faço”. Ele isenta o império e responsabiliza o Brasil.

A política externa altiva e ativa do governo Lula seria a vilã. “O país insiste há anos nos mesmos contenciosos - aço, carne, suco de laranja, álcool -, quando mais de 85% das importações dos EUA se encontram livres de restrições tarifárias e cotas”. Para o jornal, o Brasil até pode denunciar as barreiras à exportação do álcool brasileiro, “mas não deve fazer disso uma precondição”.

Defesa do “alinhamento automático”
Na prática, o jornal defende que o Brasil volte à política do "alinhamento automático" com os EUA, como era praticada por FHC. “Após o estranhamento dos últimos anos, em parte conseqüência de inclinações ideológicas da diplomacia brasileira, chegou a hora de encetar uma nova parceria estratégica. Será um bom teste para a noção de que Dilma Rousseff busca inflexão mais substancial na política externa”. Haja servilismo!


Vermelho


Risco de retrocesso na ABL


E por estas bandas, depois da perda irreparável que representou a morte do escritor Moacir Scliar (foto), um expoente da literatura brasileira, começa a corrida na Academia Brasileira de Letras para o preenchimento da vaga deixada por ele.

Nos últimos anos até que a ABL estava deixando para trás os tempos em que até um general da ditadura brasileira, Aurélio Lira Tavares, ocupou uma cadeira. Nomes do primeiro time foram escolhidos nos últimos anos. Por lá passaram, entre outros, Darci Ribeiro, que dispensa apresentação, e seguem Ana Maria Machado, Nélida Piñon e Cícero Sandroni, entre outros.

Pois bem, não é que agora aparece um pleiteante, uma figura que representaria um retrocesso para a ABL se fosse escolhido. Trata-se do colunista de O Globo, Merval Pereira, autor de um livro intitulado “Lulismo no Poder”, um trabalho que politicamente se inscreve na categoria de panfleto de direita. E só.

Para se ter uma ideia, o referido jornalista, em setembro do ano passado, portanto, em plena campanha eleitoral, esteve no Clube Militar junto com Reinaldo Azevedo, da Veja, destilando ódio contra o então Presidente Lula e fazendo proselitismo reacionário contra a candidata Dilma Rousseff. Foi ovacionado por vários oficiais da reserva que rezam a mesma cartilha de Merval Pereira e do outro. Parte do receituário apresentado aos que tinham comando durante a ditadura encontra-se no livro que ele apresenta e com isso pretende pleitear a vaga de Scliar.

Espera-se que os acadêmicos não se dobrem ao esquema plim-plim, que além de um retrocesso representaria uma ofensa à memória de Moacir Scliar e à própria literatura brasileira. Eles farão justiça e dignificarão a Casa se escolherem, agora em abril, o escritor, aí sim um escritor na verdadeira acepção da palavra, baiano radicado no Rio de Janeiro, Antonio Torres, autor de consagradas obras, algumas circulando no exterior, como “Essa Terra”, “Um cão uivando para a Lua”, “Balada da infância perdida” e “Um táxi para Viena d’Áustria”, entre outras.

Não há grau de comparação entre um e outro. Com a palavra os acadêmicos.

Em matéria de democratização da comunicação foi dado um passo adiante com a reunião no Congresso da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular. Do grupo que está sendo criado participam parlamentares e representantes de movimentos que lutam pela democratização da mídia.

Estiveram presentes, entre outros a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS). Como representantes de entidades da sociedade civil compareceram, entre outras, a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC), a Campanha Ética na TV, o Centro de Estudos da Mídi Barão de Itararé, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

E, como afirmou Erundina, “a liberdade de expressão e o direito à comunicação são condição para o pleno exercício da democracia no Brasil”. Sem isso, podem crer, não há democracia na pura acepção da palavra, apenas a “democracia” defendida pela mídia de mercado.

Enquanto isso, na Líbia permanece o impasse nos confrontos entre as forças leais a Muammar Khadafi e os insurgentes que anunciaram a instalação de um governo na cidade de Benghazi, já reconhecido pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy. Os países integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), capitaneados pelos Estados Unidos, seguem os preparativos para desencadearem algum tipo de ação militar que vai agravar a situação. As últimas informações indicam uma retomada de áreas pelas forças leais a Khadafi.

A Secretária de Estado (ou será Sectária de Estado?) norte-americana, cinicamente diz que o seu país não vai abandonar o povo líbio. Clinton e os seus seguidores têm menosprezo pelos líbios ou qualquer outro povo, pois o negócio deles é escoar armas e pegar o petróleo em regiões ricas pelo mundo a fora.

O Brasil que se cuide com o pré-sal, muito cobiçado pelos Estados Unidos, tanto assim que Barack Obama está vindo por aqui, isso se não acontecer nenhum adiamento da visita em função dos acontecimentos na Líbia.

Antes de falar qualquer coisa, Clinton deveria dizer a verdade segundo a qual a indústria armamentista estadunidense desovou material. bélico na Líbia, o mesmo que está sendo usado nos confrontos. Afinal de contas, para os comerciantes da morte, negócios são negócios. Agora vir com a história de que o governo estadunidense está preocupado com o povo líbio é conversa para enganar eventuais incautos e abastecer as editorias internacionais dos jornalões e telejornalões. Vamos ver o que vem por aí.

A tragédia da natureza no Japão colocou a Líbia em segundo plano nos telejornalões.


Mário Augusto Jakobskind
Direto da Redação

Tem digitais, tem plumas de tucano no Mensalão do DEM


Barbosa autoriza inquérito contra Jaqueline Roriz no Supremo


Se puxar vai sair mais tucanos do ninho.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa autorizou nesta segunda-feira abertura de inquérito contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), filmada recebendo dinheiro de suposta propina do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa.

O ministro acolheu pedido do Ministério Público Federal. Com a abertura do inquérito, o procurador-geral, Roberto Gurgel, começa a investigar a denúncia de que ela teria recebido pelo menos R$ 50 mil do esquema. Ao concluir o caso, Gurgel decide se oferece ou não denúncia contra a deputada ao Supremo.

Relator do caso, o ministro autorizou duas diligências a serem realizadas pela Polícia Federal em até 30 dias: a oitiva de Jaqueline e a perícia com degravação do vídeo no qual ela aparece recebendo dinheiro.


"Diante da existência de indícios da prática de crime pela investigada, determino o prosseguimento do inquérito", disse o ministro no despacho.

Jaqueline será investigada por peculato --quando o detentor de cargo público "apropria-se de dinheiro ou desvia, em proveito próprio ou alheio". Caberá a Barbosa decidir se o caso tramitará em sigilo.

Em nota divulgada hoje, Jaqueline admitiu que recebeu caixa dois para bancar a campanha eleitoral de 2006, quando foi eleita deputada distrital.

"Durante a campanha eleitoral de 2006, estive algumas vezes no escritório do senhor Durval Barbosa, a pedido dele, para receber recursos financeiros para a campanha distrital, que não foram devidamente contabilizados na prestação de contas da campanha", escreveu a deputada.

À época do vídeo, Barbosa era presidente da Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal), nomeado pelo pai de Jaqueline, o ex-governador Joaquim Roriz.

A deputada, contudo, preferiu não comentar o vídeo em que aparece recebendo dinheiro de Barbosa. "Aguardo a resposta do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido dos meus advogados para tomar conhecimento completo do teor do vídeo."

Jaqueline disse ainda que, por "recomendação médica", estará em licença da Câmara dos Deputados por cinco dias.

DELATOR

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Barbosa afirmou que foram feitos mais repasses de dinheiro para a deputada federal além daquele registrado em vídeo.

Segundo ele, o dinheiro era uma retribuição pela não participação da deputada na campanha de Maria de Lourdes Abadia (PSDB) ao governo do Distrito Federal em 2006. Jaqueline integrava a coligação de Abadia nas eleições.
De acordo com o procurador-geral da Republica, o delator admitiu que os recursos entregues a Jaqueline teriam origem ilícita. Folha