Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 22 de maio de 2010

OPINIÃO – Fracos não têm vez nem credibilidade



Paulo Ricardo da Rocha Paiva

Coronel de Infantaria e Estado-Maior, é doutor em ciências militares
Foi só roubarem a cena do principal protagonista na condução do processo Irã & Contras do Oriente Médio e já o irmão do norte, mordido no seu ego intocável, resolve dizer um não à iniciativa do Brasil e da Turquia, que podem até serem acusados de crédulos de carteirinha, mas, jamais, de omissos na busca de uma solução menos radical, sem potencial de ameaças a um país que, até provas em contrário, como fez o Iraque, afirma não ter armas de destruição em massa e não estar empenhado em sua produção.
Afinal de contas, os foguetes balísticos testados pelas forças iranianas, em verdade, não constituem meios de grande poder letal, embora incomodem os atores que ameaçadoramente, próximo ao litoral iraniano, fazem singrar aeródromos agressivos plenos de caças supersônicos, os mesmos empregados no desmantelamento de cidades vizinhas.

Não é novidade: do século 21 em diante a vida no mundo passou a girar em torno dos desígnios das grandes potências militares. Ao final da 2ª Guerra Mundial, já poderios nucleares se alçaram acima do bem e do mal, encastelados no Conselho de Segurança da ONU, com direito de veto sobre toda e qualquer iniciativa que viesse a contrariar seus interesses.
Quem esperava que Rússia e China fossem respaldar o acordo obtido sem o aval de Washington por certo não avaliou: que a primeira já está visualizando seu futuro ameaçado pela segunda e um natural alinhamento com a Otan frente ao “tsunami amarelo” que se agiganta debruçado sobre a Sibéria; que à segunda, pelo menos por enquanto, não interessa antagonizar os Estados Unidos, pois, ao que tudo indica, estes já deglutiram o fato de que chineses podem até fingir, mas de modo algum vão pressionar pela desnuclearização da Coreia do Norte, a ponta de lança destes frente ao Japão, principal aliado dos americanos na Ásia. Fica a pergunta: mas, e se o acordo tivesse sido logrado por outras potências atômicas daquele “quinteto viciado”, como teria reagido a diplomacia de Tio Sam?
O desfecho que vai tomando a questão está a provar de novo que, quando se coloca em xeque os interesses dos poderosos, não há força de diplomacia que consiga suplantar a diplomacia de força, sendo ingênuo acreditar que os “arrasa-quarteirão” surgidos após 1945 já não mandem neste mundo ainda tão desigual.
Que não se duvide, queiramos ou não e por mais que machuque a verdade, hoje no planeta, além das grandes potências tradicionais, só detêm soberania plena em condições reais de manutenção aquelas nações que pelo seu poder de dissuasão definitivo são capazes de dirimir ameaças, evitando, em consequência, a necessidade de lutar.
Não é preciso ser muito cordato para se aceitar o fato de que, se a Amazônia fizesse parte do território da Índia, os todo-poderosos não se sentiriam à vontade em proclamá-la “patrimônio da humanidade” nem os indianos assimilariam tal idiossincrasia como o fazem alguns brasileiros malgerados, indignos daqueles bem-nascidos que colocam a pátria, ainda que indefesa, acima de tudo.
Fragilizados não têm vez, o que não quer dizer todavia que estejam impedidos de vir a constituir um dia a bola da vez. Em sendo assim, admitir que um emergente detenha tecnologia revolucionária para o enriquecimento de urânio, muito mais em conta do que a deles, é demais para os senhores da guerra, visto que, simplesmente, não vão sossegar enquanto não aceitarmos entregar mais esse trunfo nacional em prol do bem da humanidade. Ainda há tempo para se fazer o dever de casa estratégico?
Acorda, Brasil!

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